Minha Luta
(Mein Kampf)
Por Adolf Hitler
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PREFÁCIO
No dia 1.° de abril de 1924, por força de sentença do
Tribunal de Munique, tinha eu entrado no presídio militar de Landsberg sobre o
Lech.
Assim se me oferecia, pela primeira vez, depois de anos de
ininterrupto trabalho, a possibilidade de dedicar-me a uma obra, por muitos
solicitada e por mim mesmo julgada conveniente ao movimento nacional socialista.
Decidi-me, pois, a esclarecer, em dois volumes, a finalidade do nosso
movimento e, ao mesmo tempo, esboçar um quadro do seu desenvolvimento.
Nesse trabalho aprender-se-á mais do que em uma dissertação puramente
doutrinária.
Apresentava-se-me também a oportunidade de dar uma
descrição de minha vida, no que fosse necessário à compreensão do primeiro e do
segundo volumes e no que pudesse servir para destruir o retrato lendário da
minha pessoa feito pela imprensa semítica.
Com esse livro eu não me
dirijo aos estranhos mas aos adeptos do movimento que ao mesmo aderiram de
coração e que aspiram esclarecimentos mais substanciais.
Sei muito bem
que se conquistam adeptos menos pela palavra escrita do que pela palavra falada
e que, neste mundo, as grandes causas devem seu desenvolvimento não aos grandes
escritores mas aos grandes oradores.
Isso não obstante, os princípios de
uma doutrinação devem ser estabelecidos para sempre por necessidade de sua
defesa regular e contínua.
Que estes dois volumes valham como blocos com
que contribuo à construção da obra coletiva.
O AUTOR
Landsberg sobre o
Lech
Presídio Militar
DEDICATÓRIA
No dia 9 de novembro de 1923, na firme crença da
ressurreição do seu povo, às 12 horas e 30 minutos da tarde, tombaram diante do
quartel general assim como no pátio do antigo Ministério da Guerra de Munique os
seguintes cidadãos:
Alfarth (Felix). Negociante, nascido a 5 de julho de
1901.
Bauriedl (Andreas). Chapeleiro, nascido a 4 de maio de 1879.
Casella (Theodor). Bancário, nascido a 8 de agosto de 1900.
Ehrlich
(Wilhelm). Bancário, nascido a 19 de agosto de 1894.
Faust (Martin).
Bancário, nascido a 27 de janeiro de 1901.
Hechenberger (Ant.).
Serralheiro, nascido a 28 de setembro de 1902.
Kõrner (Oskar).
Negociante, nascido a 4 de janeiro de 1875.
Kuhn (Karl). Garção.Cehfe,
nascido a 26 de julho de 1897.
Laforce (Karl). Estudante de engenharia,
nascido a 28 de outubro de 1904.
Neubauer (Kurt). Doméstico, nascido a
27 de março de 1899.
Pope (Claus von). Negociante, nascido a 16 de
agôsto de 1904.
Pforden (Theodor von der). Membro do Supremo Tribunal,
nascido a 14 de maio de 1873.
Rickmers (Joh.). Capitão de Cavalaria,
nascido a 7 de maio de 1881.
Scheubner-Richter (Max Erwin von).
Engenheiro, nascido a 9 de janeiro de 1884.
Stransky (Lorenz Ritter
von). Engenheiro, nascido a 14 de março de 1899.
Wolf (Wilhelm).
Negociante, nascido a 19 de outubro de 1898.
As chamadas autoridades
nacionais recusaram aos heróis mortos um túmulo comum.
Por isso eu lhes
dedico, para a lembrança de todos, o primeiro volume desta obra, a fim de que
esses mártires iluminem para sempre os adeptos do nosso movimento.
Landsberg sobre o Lech, Presídio Militar, 16 de outubro de 1924.
Adolf
Hitler
PRIMEIRA PARTE
CAPÍTULO I - NA CASA PATERNA
Considero hoje como uma feliz
determinação da sorte que Braunau no Inn tenha sido destinada para lugar do meu
nascimento. Essa cidadezinha está situada nos limites dos dois países alemães
cuja volta à unidade antiga é vista, pelo menos por nós jovens, como uma questão
de vida e de morte.
A Áustria alemã deve voltar a fazer parte da grande
Pátria germânica, aliás sem se atender a motivos de ordem econômica. Mesmo que
essa união fosse, sob o ponto de vista econômico, inócua ou até prejudicial, ela
deveria realizar-se. Povos em cujas veias corre o mesmo sangue devem pertencer
ao mesmo Estado. Ao povo alemão não assistem razões morais para uma política
ativa de colonização, enquanto não conseguir reunir os seus próprios filhos em
uma pátria única. Somente quando as fronteiras do Estado tiverem abarcado todos
os alemães sem que se lhes possa oferecer a segurança da alimentação, só então
surgirá, da necessidade do próprio povo, o direito, justificado pela moral, da
conquista de terra estrangeira. O arado, nesse momento será a espada, e, regado
com as lágrimas da guerra, o pão de cada dia será assegurado à posteridade.
Por isso, essa cidadezinha da fronteira aparece aos meus olhos como o
símbolo de uma grande missão. Sob certo aspecto, ela se apresenta como uma
exortação nos tempos que correm. Há mais de cem anos, esse modesto ninho,
cenário de uma tragédia cuja significação todo o povo alemão compreende,
conquistou, pelo menos, na história alemã, o direito à imortalidade. No tempo da
maior humilhação infligida à nossa Pátria, tombou ali, por amor à sua idolatrada
Alemanha, Johannes Palm, de Nuremberg, livreiro burguês, obstinado nacionalista
e inimigo dos franceses. Tenazmente recusara-se, como Leo Schlagter, a denunciar
os seus cúmplices, ou melhor os cabeças do movimento. Como este, ele foi
denunciado à França, por um representante do governo. Um chefe de polícia de
Ausburgo conquistou para si essa triste glória e serviu assim de modelo às
autoridades alemãs no governo de Severing.
Nessa cidadezinha do Inn,
imortalizada pelo martírio de grandes alemães, bávara pelo sangue, austríaca
quanto ao governo, moravam meus pais no fim do ano 80 do século passado, meu pai
como funcionário público, fiel cumpridor dos seus deveres, minha mãe toda
absorvida nos afazeres domésticos e, sobretudo, sempre dedicada aos cuidados da
família. Na minha memória, pouco ficou desse tempo, pois, dentro de alguns anos,
meu pai teve que deixar a querida cidadezinha e ir ocupar novo lugar em Passau,
na própria Alemanha.
A sorte de empregado aduaneiro austríaco se
traduzia, naquele tempo, por uma constante peregrinação. Pouco tempo depois, meu
pai foi para Linz, para onde finalmente se dirigiu também depois de aposentado.
Essa aposentadoria não devia, porém, significar um verdadeiro descanso para o
velho funcionário. Filho de um pobre lavrador, já noutros tempos ele não
tolerava a vida inativa em casa. Ainda não contava treze anos e já o jovem de
então fazia os seus preparativos e deixava a casa paterna no Waldviertel. Apesar
dos conselhos em contrário dos "experientes" moradores da aldeia, o jovem
dirigiu-se para Viena, como objetivo de aprender um ofício manual. Isso
aconteceu entre 1850 e 1860. Arrojada resolução essa de afrontar o desconhecido
com três florins para as despesas de viagem. Aos dezessete anos, tinha ele feito
as provas de aprendiz. Não estava, porém, contente. Muito ao contrário. A longa
duração das necessidades de outrora, a miséria e o sofrimento constantes
fortaleceram a resolução de abandonar de novo o ofício, para vir a ser alguma
coisa mais elevada. Naquele tempo, aos olhos do pobre jovem, a posição de pároco
de aldeia parecia a mais elevada a que se podia aspirar; agora, porém, na esfera
mais vasta da grande capital, a sua ambição maior era entrar para o
funcionalismo. Com a tenacidade de quem, na meninice, já era um velho, por
eleito da penúria e das aflições, o jovem de dezessete anos insistiu na sua
resolução e tornou-se funcionário público. Depois dos Vinte e três anos, creio
eu, estava atingido o seu objetivo. Parecia assim estar cumprida a promessa que
o pobre rapaz havia feito, isto é, de não voltar para a aldeia paterna sem que
tivesse melhorado a sua situação.
Agora estava atingido o seu ideal. Na
aldeia, porém ninguém mais dele se lembrava e a ele mesmo a aldeia se tornara
desconhecida.
Quando, aos cinqüenta e seis anos, ele se aposentou, não
pôde suportar esse descanso na ociosidade. Comprou, então, uma propriedade na
vila de Lambach, na alta Áustria, valorizou-a e voltou assim, depois de uma vida
longa e trabalhosa, à mesma origem dos seus pais.
Nesse tempo,
formavam-se no meu espírito os primeiros ideais. As correrias ao ar livre, a
longa caminhada para a escola, as relações com rapazes extremamente robustos - o
que muitas vezes causava a minha mãe os maiores cuidados - esses hábitos me
poderiam preparar para tudo menos para uma vida sedentária. Embora, mal pensasse
ainda seriamente sobre a minha futura vocação, de nenhum modo as minhas
simpatias se dirigiam para a linha de vida seguida por meu pai. Eu creio que já
nessa. época meu talento verbal se adestrava nas discussões com os camaradas.
Eu me tinha tornado um pequeno chefe de motins, que, na escola, aprendia
com facilidade, mas era difícil de ser dirigido.
Quando, nas minhas
horas livres, eu recebia lições de canto no coro paroquial de Lambach, tinha a
melhor oportunidade de extasiar-me ante as pompas festivas das brilhantíssimas
festas da igreja. Assim como meu pai via na posição de pároco de aldeia o ideal
na vida, a mim também a situação de abade pareceu a aspiração mais elevada. Pelo
menos temporariamente isso se deu.
Desde que meu pai, por motivos de
fácil compreensão, não podia dar o devido apreço ao talento oratório do seu
bulhento filho, para daí tirar conclusões favoráveis ao futuro do seu pimpolho,
é óbvio que ele não concordasse com essas idéias de mocidade. Apreensivo, ele
observava essa disparidade da natureza.
Na realidade a vocação
temporária por essa profissão desapareceu muito cedo, para dar lugar a
esperanças mais conformes com o meu temperamento.
Revolvendo a
biblioteca paterna, deparei com diversos livros sobre assuntos militares, entre
eles uma edição popular da guerra franco-alemã de 1870-1871. Eram dois volumes
de uma revista ilustrada daquele tempo. Tornaram-se a minha leitura favorita.
Não tardou muito para que a grande luta de heróis se transformasse para mim em
um acontecimento da mais alta significação. Daí em diante, eu me entusiasmava
cada vez mais por tudo que, de qualquer modo, se relacionasse com guerra ou com
a vida militar. Sob outro aspecto, isso também deveria vir a ser de importância
para mim. Pela primeira vez, embora ainda de maneira confusa, surgiu no meu
espírito a pergunta sobre se havia alguma diferença entre estes alemães que
lutavam e os outros e, em caso afirmativo, qual era essa diferença. Por que a
Áustria não combateu com a Alemanha nesta guerra? Por que meu pai e todos os
outros não se bateram também? Não somos iguais a todos os outros alemães? Não
formamos todos um corpo único? Esse problema começou, pela primeira vez, a
agitar o meu espírito infantil. Com uma inveja intima, deveria às minhas
cautelosas perguntas aceitar a resposta de que nem todo alemão possuía a
felicidade de pertencer ao império de Bismarck. Isso era inconcebível para mim.
Estava decidido que eu deveria estudar.
Considerando o meu caráter
e, sobretudo o meu temperamento, pensou meu pai poder chegar à conclusão de que
o curso de humanidades oferecia uma contradição com as minhas tendências
intelectuais. Pareceu-lhe que uma escola profissional corresponderia melhor ao
caso. Nessa opinião, ele se fortaleceu ainda mais ante minha manifesta aptidão
para o desenho, matéria cujo estudo, no seu modo de ver, era muito negligenciado
nos ginásios austríacos. Talvez estivesse também exercendo influência decisiva
nisso a sua difícil luta pela vida, na qual, aos seus olhos, o estudo de
humanidades de pouca utilidade seria. Por princípio, era de opinião que, como
ele, seu filho naturalmente seria e deveria ser funcionário público. Sua amarga
juventude fez com que o êxito na vida fosse por ele visto como tanto maior
quanto considerava o mesmo como produto de uma férrea disposição e de sua
própria capacidade de trabalho. Era o orgulho do homem que se fez por si que o
induzia a querer elevar seu filho a uma posição igual ou, se possível, mais alta
que a do seu pai, tanto mais quando por sua própria diligência, estava apto a
facilitar de muito a evolução deste.
O pensamento de uma repulsa aquilo
que, para ele, se tornou o objetivo de uma vida inteira, parecia-lhe
inconcebível. A resolução de meu pai era, pois, simples, definida, clara e, a
seus olhos, compreensível por si mesma. Finalmente para o seu temperamento
tornado imperioso através de uma amarga luta pela existência, no decorrer da sua
vida inteira, parecia coisa absolutamente intolerável, em tais assuntos,
entregar a decisão final a um jovem que lhe parecia inexperiente e ainda sem
responsabilidade.
Seria impossível que isso se coadunasse com a sua
usual concepção do cumprimento do dever, pois representava uma diminuição
reprovável de sua autoridade paterna. Além disso, a ele cabia a responsabilidade
do futuro do seu filho.
E, não obstante, coisa diferente deveria
acontecer. Pela primeira vez na vida fui, mal chegava aos onze anos, forçado a
fazer oposição.
Por mais firmemente decidido que meu pai estivesse na
execução dos planos e propósitos que se formara, não era menor a teimosia e a
obstinação de seu filho em repelir um pensamento que pouco ou nada lhe agradava.
Eu não queria ser funcionário.
Nem conselhos nem "sérias"
admoestações conseguiram demover-me dessa oposição.
Nunca, jamais, em
tempo algum, eu seria funcionário público.
Todas as tentativas para
despertar em mim o amor por essa profissão, inclusive a descrição da vida de meu
pai, malogravam-se, produziam o efeito contrário.
Era para mim
abominável o pensamento de, como um escravo, um dia sentar-me em um escritório,
de não ser senhor do meu tempo mas, ao contrário, limitar-me a ter como
finalidade na vida encher formulários! Que pensamento poderia isso despertar em
um jovem que era tudo menos bom no sentido usual da palavra? O estudo
extremamente fácil na escola proporcionava-me tanto tempo disponível que eu era
mais visível ao ar livre do que em casa.
Quando hoje, meus adversários
políticos examinam com carinhosa atenção a minha vida até aos tempos da minha
juventude para, finalmente, poder apontar com satisfação os maus feitos que esse
Hitler já na mocidade havia perpetrado, agradeço aos céus que agora alguma coisa
me restitua à memória daqueles tempos felizes.
Campos e florestas eram
outrora a sala de esgrima na qual as antíteses de sempre vinham à luz.
Mesmo a freqüência à escola profissional que se seguiu a isso em nada me
serviu de estorvo.
Uma outra questão deveria, porém, ser decidida.
Enquanto a resolução de meu pai de fazer-me funcionário público encontrou
em mim apenas uma oposição de princípios, o conflito foi facilmente suportável.
Eu podia, então dissimular minhas idéias íntimas, não sendo preciso contraditar
constantemente. Para minha tranqüilidade, bastava-me a firme decisão de não
entrar de futuro para a burocracia. Essa resolução era, porém, inabalável. A
situação agravou-se quando ao plano de meu pai eu opus o meu. Esse fato
aconteceu já aos treze anos. Como isso se deu, não sei bem hoje, mas um dia
pareceu-me claro que eu deveria ser artista, pintor.
Meu talento para o
desenho, inquestionavelmente, continuava a afirmar-se, e foi até uma das razões
por que meu pai me mandou à escola profissional sem contudo nunca lhe ter
ocorrido dirigir a minha educação nesse sentido. Muito ao contrário. Quando eu,
pela primeira vez, depois de renovada oposição ao pensamento favorito de meu
pai, fui interrogado sobre que profissão desejava então escolher e quase de
repente deixei escapar a firme resolução que havia adotado de ser pintor, ele
quase perdeu a palavra.
"Pintor! Artista!" exclamou ele.
Julgou
que eu tinha perdido o juízo ou talvez que eu não tivesse ouvido ou entendido
bem a sua pergunta.
Quando compreendeu, porém, que não tinha havido
mal-entendido, quando sentiu a seriedade da minha resolução, lançou-se com a
mais inabalável decisão contra a minha idéia.
Sua resolução era
demasiado firme. Inútil seria argumentar com as minhas aptidões para essa
profissão.
"Pintor, não! Enquanto eu viver, nunca!" terminou meu pai.
O filho que, entre outras qualidades do pai, havia herdado a teimosia,
retrucou com uma resposta semelhante mas no sentido contrário.
Cada um
ficou irredutível no seu ponto de vista. Meu pai não abandonava o seu nunca e eu
reforçava cada vez mais o meu não obstante.
As conseqüências disso não
foram muito agradáveis. O velho tornou-se irritado e eu também, apesar de gostar
muito dele. Afastou-se para mim qualquer esperança de vir a ser educado para a
pintura. Fui mais adiante e declarei então absolutamente não mais estudar. Como
eu, naturalmente, com essa declaração teria todas as desvantagens, pois o velho
parecia disposto a fazer triunfar a sua autoridade sem considerações de qualquer
natureza, resolvi calar daí por diante, convertendo, porém, as minhas ameaças em
realidade.
Acreditava que quando meu pai observasse a minha falta de
aproveitamento na escola profissional, por bem ou por mal consentiria na minha
sonhada felicidade.
Não sei se meus cálculos dariam certo. A verdade é
que meu insucesso na escola verificou-se. Só estudava o que me agradava,
sobretudo aquilo de que eu poderia precisar mais tarde como pintor. O que me
parecia sem significação para esse objetivo ou o que não me era agradável, eu
punha de lado inteiramente.
Nesse tempo os meus certificados de estudos,
apresentavam sempre notas extremas, de acordo com as matérias e o apreço em que
eu as tinha. Digno de louvor e ótimo, de um lado; sofrível ou péssimo do outro.
Incomparavelmente melhores eram os meus trabalhos em geografia e,
sobretudo, em história. Eram essas as duas matérias favoritas, nas quais eu
fazia progressos na classe.
Quando, depois de muitos anos, examino o
resultado daqueles tempos, vejo dois fatos de muita significação:
1.°
Tornei-me nacionalista.
2.° Aprendi a entender a história pelo seu
verdadeiro sentido.
A antiga Áustria era um "estado de muitas
nacionalidades".
O cidadão do império alemão, pelo menos outrora, não
podia, em última análise, compreender a significação desse fato na vida diária
do indivíduo, em um Estado assim organizado como a Áustria.
Depois do
maravilhoso cortejo triunfal dos heróis da guerra franco-prussiana, os alemães
que viviam no estrangeiro eram vistos como cada vez mais estranhos à vida da
nação, que, em parte, não se esforçavam por apreciar ou mesmo não o podiam.
Confundia-se, na Alemanha, sobretudo em relação aos austro-alemães, a
desmoralizada dinastia austríaca com o povo que, na essência, se mantinha são.
Não se concebe como o alemão na Áustria - não fosse ele da melhor têmpera -
pudesse possuir força para exercer a sua influência em um Estado de 52 milhões.
Não se concebe também, sem essa hipótese, que, até na Alemanha, se tenha formado
a opinião errada de que a Áustria era um Estado alemão, disparate de sérias
conseqüências que constitui, porém, um brilhante atestado em favor dos dez
milhões de alemães da fronteira oriental.
Só hoje, que essa triste
fatalidade caiu sobre muitos milhões dos nossos próprios compatriotas, que, sob
o domínio estrangeiro, acham-se afastados da Pátria e dela se lembram com
angustiosa saudade e se esforçam por ter ao menos o direito à sagrada língua
materna, compreende-se, em maiores proporções, o que significa ser obrigado a
lutar pela sua nacionalidade.
Só então um ou outro poderá, talvez,
avaliar a grandeza do sentimento alemão na velha fronteira oriental, sentimento
que se manteve por si mesmo, e que, durar te séculos, protegera o Reich na
fronteira oriental para finalmente se resumir a pequenas guerras destinadas
apenas a conservar as fronteiras da língua. Isso se dava em um tempo em que o
governo alemão se interessava por uma política colonial, enquanto se mantinha
indiferente pela defesa da carne e do sangue de seu povo, diante de suas portas.
Como sempre acontece em todas as lutas, havia na campanha pela língua três
classes distintas: os lutadores, os indiferentes e os traidores.
Já na
escola se começava a notar essa separação, pois o mais digno de nota na luta
pela língua é que é justamente na escola, como viveiro das gerações futuras, que
as ondas do movimento se fazem sentir mais vibrantes.
Em torno da
criança empenha-se a luta, e a ela é dirigido o primeiro apelo:
"Menino
de sangue alemão, não te esqueças de que és um alemão; menina, pensa que um dia
deverás ser mãe alemã".
Quem conhece a alma da juventude poderá
compreender que são justamente os moços que com mais intensa alegria ouvem tal
grito de guerra. De centenas de maneiras diferentes costumam eles dirigir essa
luta em que empregam os seus próprios meios e armas. Eles evitam canções não
alemães, entusiasmam-se pelos heróis alemães, tanto mais quanto maior é o
esforço para deles afastá-los, sacrificam o estômago para economizarem dinheiro
para a luta dos grandes Em relação ao estudante não-alemão, são incrivelmente
curiosos e ao mesmo tempo intratáveis. Usam as insígnias proibidas da nação e
sentem-se felizes em ser por isso castigados ou mesmo batidos. São, em pequenas
proporções, um quadro fiel dos grandes, freqüentemente com melhores e mais
sinceros sentimentos.
A mim também se ofereceu outrora a possibilidade
de, ainda relativamente muito jovem, tomar parte na luta pela nacionalidade da
antiga Áustria. Quando reunidos na associação escolar, expressávamos os nossos
sentimentos usando lóios e as cores preta, vermelha e ouro, que,
entusiasticamente, saudávamos com urras. Em vez da canção imperial, cantávamos
"Deutschland über alles", apesar das admoestações e dos castigos. A juventude
era assim politicamente ensinada em um tempo em que os membros de uma soi-disant
nacionalidade, na maioria da sua nacionalidade conhecia pouco mais do que a
linguagem. Que eu então não pertencia aos indiferentes, compreende-se por si
mesmo. Dentro de pouco tempo, eu me tinha transformado em um fanático
Nacional-Alemão, designação que, de nenhuma maneira, é idêntica à concepção do
atual partido com esse nome.
Essa evolução fez em mim progressos muito
rápidos, tanto que, aos quinze anos, já tinha chegado a compreender a diferença
entre patriotismo dinástico e nacionalismo racista. O último conhecia eu, então,
muito mais.
Para quem nunca se deu ao trabalho de estudar as condições
internas da monarquia dos Habsburgos, um tal acontecimento poderá não parecer
claro. Somente as lições na escola sobre a história universal deveriam, na
Áustria, lançar o germe desse desenvolvimento, mas só em pequenas proporções
existe uma história austríaca específica.
O destino desse Estado é tão
intimamente ligado à vida e ao crescimento do povo alemão, que uma separação
entre a história alemã e a austríaca parece impossível. Quando, por fim, a
Alemanha começou a separar-se em dois Estados diferentes, até essa separação
passou para a história alemã.
As insígnias do Imperador, sinais do
esplendor antigo do Império, preservadas em Viena, parecem atuar mais como um
poder de atração do que como penhor de uma eterna solidariedade.
O primeiro
grito dos austro-alemães, nos dias do desmembramento do Estado dos Habsburgos,
no sentido de uma união com a Alemanha, era apenas efeito de um sentimento
adormecido mas de raízes profundas no coração dos dois povos o anelo pela volta
à mãe-pátria nunca esquecida.
Nunca seria isso, porém, compreensível, se
a aprendizagem histórica dos austro-alemães não fosse a causa de uma aspiração
tão geral. Ai está a fonte que nunca se estanca, a qual, sobretudo nos momentos
de esquecimento, pondo de parte as delícias do presente, exorta o povo, pela
lembrança do passado, a pensar em um novo futuro.
O ensino da história
universal nas chamadas escolas médias ainda hoje muito deixa a desejar. Poucos
professores compreendem que a finalidade do ensino da história não deve
consistir em aprender de cor datas e acontecimentos ou obrigar o aluno a saber
quando esta ou aquela batalha se realizou, quando nasceu um general ou quando um
monarca quase sempre sem significação, pôs sobre a cabeça a coroa dos seus avós.
Não, graças a Deus não é disso que se deve tratar.
Aprender história
quer dizer procurar e encontrar as forças que conduzem às causas das ações que
vemos como acontecimentos históricos. A arte da leitura como da instrução
consiste nisto: conservar o essencial, esquecer o dispensável.
Foi
talvez decisivo para a minha vida posterior que me fosse dada a felicidade de
ter como professor de história um dos poucos que a entendiam por esse ponto de
vista e assim a ensinavam. O professor Leopold Pötsch, da escola profissional de
Linz, realizara esse objetivo de maneira ideal. Era ele um homem idoso, bom mas
enérgico e, sobretudo pela sua deslumbrante eloqüência, conseguia não só prender
a nossa atenção mas empolgar-nos de verdade. Ainda hoje, lembro-me com doce
emoção do velho professor que, no calor de sua exposição, fazia-nos esquecer o
presente, encantava-nos com o passado e do nevoeiro dos séculos retirava os
áridos acontecimentos históricos para transformá-los em viva realidade. Nós o
ouvíamos muitas vezes dominados pelo mais intenso entusiasmo, outras vezes
comovidos até às lágrimas. O nosso contentamento era tanto maior quanto este
professor entendia que o presente devia ser esclarecido pelo passado e deste
deviam ser tiradas as conseqüências para dai deduzir o presente. Assim fornecia
ele, muito freqüentemente, explicações para o problema do dia, que outrora nos
deixava em confusão. Nosso fanatismo nacional de jovens era um recurso
educacional de que ele, freqüentemente apelando para o nosso sentimento
patriótico, se servia para completar a nossa preparação mais depressa do que
teria sido possível por quaisquer outros meios. Esse professor fez da história o
meu estudo favorito. Assim, já naqueles tempos, tornei-me um jovem
revolucionário, sem que fosse esse o seu objetivo.
Quem, com um tal
professor, poderia aprender a história alemã, sem ficar inimigo do governo que,
de maneira tão nefasta, exercia a sua influência sobre os destinos da nação?
Quem poderia, finalmente, ficar fiel ao imperador de uma dinastia que no
passado e no presente sempre traiu os interesses do povo alemão, em beneficio de
mesquinhos interesses pessoais?
Já não sabíamos, nós jovens, que esse
Estado austríaco nenhum amor por nós possuía e sobretudo não podia possuir?
O conhecimento histórico da atuação dos Habsburgos foi reforçado pela
experiência diária. No norte e no sul, o veneno estrangeiro devorava o nosso
sentimento racial, e até Viena tornava-se, a olhos vistos e cada vez mais,
estranha ao espírito alemão.
A Casa da Áustria tchequizava-se, por toda
parte, e foi por efeito do punho da deusa do direito eterno e da inexorável lei
de Talião que o inimigo mortal da Áustria alemã, arquiduque Franz Ferdinando,
foi vítima de uma bala que ele próprio havia ajudado a fundir. Era ele o patrono
da eslavização da Áustria, que se operava de cima para baixo, por todas as
formas possíveis.
Enormes foram os ônus que se exigiam do povo alemão,
inauditos os seus sacrifícios em impostos e em sangue, e, não obstante, quem
quer que não fosse cego, deveria reconhecer que tudo isso seria inútil.
O que nos era mais doloroso era o fato de ser esse sistema moralmente
protegido pela aliança com a Alemanha, e que a lenta extirpação do sentimento
alemão na velha monarquia até certo ponto tinha a sanção da própria Alemanha.
A hipocrisia dos Habsburgos com a qual se pretendia dar no exterior a
aparência de que a Áustria ainda era um Estado alemão, fazia crescer o ódio
contra a Casa Austríaca, até atingir a indignação e, ao mesmo tempo, o desprezo.
Só no Reich os já então predestinados" nada viam de tudo isso.
Como
atingidos pela cegueira, caminhavam eles ao lado de um cadáver e, nos sinais da
decomposição, acreditavam descobrir indícios de nova vida.
Na fatal
aliança do jovem império alemão com o arremedo de Estado austríaco estava o
germe da Grande Guerra, mas também o do desmembramento.
No decurso deste
livro terei que me ocupar mais demoradamente deste problema. Basta que aqui se
constate que, já nos primeiros anos da juventude, eu havia chegado a uma opinião
que nunca mais me abandonou, mas, pelo contrário, cada vez mais se fortificou. E
essa era que a segurança do germanismo pressupunha a destruição da Áustria e que
o sentimento nacional não era idêntico ao patriotismo dinástico e que, antes de
tudo, a Casa dos Habsburgos estava destinada a fazer a infelicidade do povo
alemão.
Dessa convicção eu já tinha outrora tirado as conseqüências:
amor ao meu berço austro-alemão, profundo ódio contra o governo austríaco.
A arte de pensar pela história, que me tinha sido ensinada na escola, nunca
mais me abandonou. A história universal tornou-se para mim, cada vez mais, uma
fonte inesgotável de conhecimentos para agir no presente, isto é, para a
política. Eu não quero aprender a história por si, mas, ao contrário, quero que
ela me sirva de ensinamento para a vida.
Assim como logo cedo tornei-me
revolucionário, também tornei-me artista.
A capital da alta Áustria
possuía outrora um teatro que não era mau. Nêle se representava quase tudo. Aos
doze anos, vi pela primeira vez "Guilherme Te!!" e, alguns meses depois,
"Lohengrin", a primeira ópera que assisti na minha vida. Senti-me imediatamente
cativado pela música. O entusiasmo juvenil pelo mestre de Bayreuth não conhecia
limites.
Cada vez mais me sentia atraído pela sua obra, e considero hoje
uma felicidade especial que a maneira modesta por que foram as peças
representadas na capital da província me tivesse deixado a possibilidade de um
aumento de entusiasmo em representações posteriores mais perfeitas.
Tudo
isso fortificava minha profunda aversão pela profissão que meu pai me havia
escolhido. Essa aversão cresceu depois de passados os dias da meninice, que para
mim foram cheios de pesares. Cada vez mais eu me convencia que nunca seria feliz
como empregado público. Depois que, na escola profissional, meus dotes de
desenhista se tornaram conhecidos, a minha resolução ainda mais se afirmou.
Nem pedidos nem ameaças seriam capazes de modificar essa decisão.
Eu queria ser pintor e, de modo algum, funcionário público.
E,
coisa singular, com o decorrer dos anos aumentava sempre o meu interesses pela
arquitetura.
Eu considerava isso, outrora, como um natural complemento
da minha inclinação para a pintura e regozijava-me intimamente com esse
desenvolvimento da minha formação artística.
Que outra coisa, contrário
a isso, viesse acontecer, não previa eu.
O problema da minha profissão
devia, porém, ser decidido mais rapidamente do que eu supunha.
Aos treze
anos perdi repentinamente meu pai. Ainda muito vigoroso, foi vítima de um ataque
apoplético que, sem provocar-lhe nenhum sofrimento, encerrou a sua peregrinação
na terra, mergulhando-nos na mais profunda dor.
O que mais almejava,
isto é, facilitar a existência de seu filho, para poupar-lhe a vida de
dificuldades que ele próprio experimentara, não havia sido alcançado, na sua
opinião. Apenas sem o saber, ele lançou as bases de um futuro que não havíamos
previsto, nem ele, nem eu.
Aparentemente, a situação não se modificou
logo.
Minha mãe sentia-se no dever de, conforme aos desejos de meu pai,
continuar minha educação, isto é, fazer-me estudar para a carreira de
funcionário. Eu, porém, estava ainda mais decidido do que antes, a não ser
burocrata, sob condição alguma. A proporção que a escola média, pelas matérias
estudadas ou pela maneira de ensiná-las, afastava-se do meu ideal, eu me tornava
indiferente ao estudo.
Inesperadamente, uma enfermidade veio em meu
auxílio e, em poucas semanas, decidiu do meu futuro, pondo termo à constante
controvérsia na casa paterna.
Uma grave afecção pulmonar fez com que o
médico aconselhasse a minha mãe, com o maior empenho, a não permitir
absolutamente. que, de futuro, eu me entregasse a trabalhos de escritório. A
freqüência à escola profissional deveria também ser suspensa pelo menos por um
ano.
Aquilo que eu, durante tanto tempo, almejava, e por que tanto me
tinha batido, ia, por força desse fato, uma vez por todas, transformar-se em
realidade.
Sob a impressão da minha moléstia, minha mãe consentiu
finalmente em tirar-me, tempos depois, da escola profissional e em deixar-me
freqüentar a Academia.
Foram os dias mais felizes da minha vida, que me
pareciam quase que um sonho e na realidade de sonho não passaram.
Dois
anos mais tarde, o falecimento de minha mãe dava a esses belos projetos um
inesperado desenlace.
A sua morte se deu depois de uma longa e dolorosa
enfermidade que, logo de começo, pouca esperança de cura oferecia. Não obstante
isso, o golpe atingiu-me atrozmente. Eu respeitava meu pai, mas por minha mãe
tinha verdadeiro amor.
A pobreza e a dura realidade da vida forçaram-me
a tomar uma rápida resolução. Os pequenos recursos econômicos deixados por meu
pai foram quase esgotados durante a grave enfermidade de minha mãe. A pensão que
me coube como órfão, não era suficiente nem para as necessidades mais
imperiosas. Estava escrito que eu, de uma maneira ou de outra, deveria ganhar o
pão com o meu trabalho.
Tendo na mão unia pequena mala de roupa e, no
coração, uma vontade imperturbável, viajei para Viena.
O que meu pai,
cinqüenta anos antes, havia conseguido, esperava eu também obter da sorte. Eu
queria tornar-me "alguém", mas, em caso algum, empregado público.
CAPÍTULO II - ANOS DE APRENDIZADO E DE SOFRIMENTO EM VIENA
Quando minha mãe morreu, meu destino sob certo aspecto já se tinha
decidido.
Nos seus últimos meses de sofrimento eu tinha ido a Viena para
fazer exame de admissão à Academia. Armado de um grosso volume de desenhos,
dirigi-me à capital austríaca convencido de poder facilmente ser aprovado no
exame. Na escola profissional eu já era sem nenhuma dúvida, o primeiro aluno de
desenho da minha classe. Daquele tempo para cá a minha aptidão se tinha
desenvolvido extraordinariamente. de maneira que, contente comigo mesmo,
esperava, orgulhoso e feliz, obter o melhor resultado da prova a que me ia
submeter.
Só uma coisa me afligia: meu talento para a pintura parecia
sobrepujado pelo talento para o desenho, sobretudo no domínio da arquitetura. Ao
mesmo tempo, crescia cada vez mais meu interesses pela arte das construções.
Mais vivo ainda se tornou esse interesse quando, aos dezesseis anos incompletos,
fiz minha primeira visita a Viena, visita que durou duas semanas. Ali fui para
estudar a galeria de pintura do "Hofmuseum", mas quase só me interessava o
próprio edifício do museu. Passava o dia inteiro, desde a manhã até tarde da
noite, percorrendo com a vista todas as raridades nele contidas, mas, na
realidade, as construções é que mais me prendiam a atenção. Durante horas
seguidas, ficava diante da Ópera ou admirando o edifício de Parlamento. A
"Ringstrasse" atuava sobre mim como um conto de mil-e-uma noites.
Achava-me agora, pela segunda vez, na grande cidade, e esperava com ardente
impaciência, e, ao mesmo tempo, com orgulhosa confiança, o resultado do meu
exame de admissão. Estava tão convencido do êxito do meu exame que a reprovação
que me anunciaram feriu-me como um raio que caísse de um céu sereno. Era, no
entanto, uma pura verdade. Quando me apresentei ao diretor para pedir-lhe os
motivos da minha não aceitação à escola pública de pintura, assegurou-me ele
que, pelos desenhos por mim trazidos, evidenciava-se a minha inaptidão para a
pintura e que a minha vocação era visivelmente para a arquitetura. No meu caso,
acrescentou ele, o problema não era de escola de pintura mas de escola de
arquitetura.
Não se pode absolutamente compreender, em face disso, que
eu até hoje não tenha freqüentado nenhuma escola de arquitetura nem mesmo tomado
sequer uma lição.
Abatido, deixei o magnífico edifício da
"Shillerplatz", sentindo-me. pela primeira vez na vida, em luta comigo mesmo. O
que o diretor me havia dito a respeito da minha capacidade agiu sobre mim como
um raio deslumbrante a revelar uma luta íntima, que, de há muito, eu vinha
sofrendo, sem até então poder dar-me conta do porquê e do como.
Em pouco
tempo, convenci-me de que um dia eu deveria ser arquiteto. O caminho era, porém,
dificílimo, pois o que eu, por teimosia, tinha evitado aprender na escola
profissional, ia agora fazer-me falta. A freqüência da Escola de Arquitetura da
Academia dependia da freqüência da escola técnica de construções e a entrada
para essa exigia um exame de madureza em uma escola média. Tudo isso me faltava
completamente. Dentro das possibilidades humanas, já não me era mais lícito
esperar a realização dos meus sonhos de artista.
Quando, depois da morte
de minha mãe, pela terceira vez, e desta vez para demorar-me muitos anos, fui a
Viena, a tranqüilidade e uma firme resolução tinham voltado a mim, com o tempo
decorrido nesse intervalo.
A antiga teimosia também tinha voltado e com
ela a persistência na realização do meu objetivo. Eu queria ser arquiteto.
Obstáculos existem não para que capitulemos diante deles mas para os vencermos.
E eu estava disposto a arrostar com todas essas dificuldades, sempre tendo,
diante dos olhos, a imagem de meu pai, que, de simples aprendiz de sapateiro de
aldeia, tinha subido até ao funcionalismo público. O chão sobre que eu pisava
era mais firme, as possibilidades na luta, maiores. O que, outrora, me parecia
aspereza da sorte, aprecio hoje como sabedoria da Providência. Enquanto a
necessidade me oprimia e ameaçava aniquilar-me, crescia a vontade de lutar. E,
finalmente, foi vitoriosa a vontade. Agradeço àqueles tempos o ter-me tornado
forte e poder sê-lo ainda. E ainda mais agradeço o ter-me livrado do tédio da
vida fácil e ter-me tirado do conforto despreocupado do lar, para dar-me o
sofrimento como substituto de minha mãe e lançar-me na luta de um mundo de
misérias e de pobreza, que aprendi a conhecer e pelo qual mais tarde deveria
lutar.
Nesse tempo, abriram-se-me os olhos para dois perigos que eu mal
conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me apresentavam nitidamente na
sua horrível significação para a existência do povo germânico: marxismo e
judaísmo.
Viena, a cidade que para muitos reputada como um complexo de
inocentes prazeres, como lugar para homens que se querem divertir, vale para
mim, infelizmente, como uma viva lembrança dos mais tristes tempos da minha
vida. Ainda hoje, essa capital só desperta em mim pensamentos sombrios. Cinco
anos de miséria e de sofrimentos, eis o que significa a minha estadia nessa
cidade de prazeres. Cinco anos em que, primeiro como ajudante de operário,
depois como aprendiz de pintor, vime forçado a trabalhar pelo pão quotidiano,
mesquinho pão que nunca bastava para saciar a minha fome habitual, A fome era
então minha companheira fiel que nunca me deixava sozinho e que de tudo
igualmente participava. Cada livro que eu comprava aumentava a sua participação
na minha vida. Uma visita à Ópera fazia com que ela me fizesse companhia o dia
inteiro. Era uma eterna luta com o meu impiedoso companheiro. E, não obstante
isso, nesse tempo aprendi mais do que nunca. Além do meu trabalho em
construções, das raras visitas à Ópera, - feitas com o sacrifício do estômago -
tinha como único prazer a leitura. Li muito e profundamente. No tempo livre,
depois do trabalho, subia imediatamente ao meu quarto de estudo. Em poucos anos,
lancei os alicerces de conhecimentos de que ainda hoje me utilizo. Mais
importante do que tudo isso: naqueles tempos adquiri uma noção do mundo que
serviu de fundamento granítico para o meu modo de agir de então. A essa noção
precisei acrescentar pouca coisa, mudar nada.
Ao contrário.
Estou firmemente convencido de que, em conjunto, várias idéias criadoras
que hoje possuo, já na mocidade apareciam fundadas em princípios. Faço diferença
entre a sabedoria da velhice, que vale pela sua maior profundidade e prudência,
resultantes da experiência de uma longa vida, e a genialidade da juventude que,
em inesgotável proliferação, cria pensamentos e idéias sem poder logo
elaborá-las definitivamente, em conseqüência do tumulto em que elas se sucedem.
A mocidade fornece o material de construção e os pia-nos de futuro, dos quais a
velhice toma os blocos, trabalha-os e levanta a construção, isso quando a
chamada sabedoria dos velhos não sufoca a genialidade dos moços.
A vida
que eu até ali tinha levado na casa paterna diferenciava-se em pouco ou em nada
da vida dos outros. Sem cuidados, podia esperar pelo dia seguinte, e para mim
não havia questão social. As relações da minha juventude compunham-se de
pequenos burgueses, por conseguinte de um mundo que mantinha muito poucas
relações com o verdadeiro operário. Por mais estranho que isso possa parecer à
primeira vista, o abismo entre essa camada social, cuja situação econômica nada
tem de brilhante, e o trabalhador manual, é freqüentemente mais profundo do que
se pensa. A razão dessa quase inimizade jaz no receio que tem um grupo social
que, apenas há pouco tempo, elevou-se acima do nível do proletariado, de descer
à antiga e pouco prezada posição ou de, pelo menos, ser visto como pertencendo a
essa classe. A isso se acrescente, entre muitos, a desagradável lembrança da
ignorância dessa baixa classe, a constante brutalidade nas suas relações uns com
os outros e compreender-se-á porque a pequena burguesia, em uma posição social
ainda inferior, considera todo contato com essas ínfimas camadas sociais como um
fardo insuportável.
Isso explica porque é mais freqüente a uma pessoa
altamente colocada, do que a um parvenu, nivelar-se, sem afetação, com os mais
humildes. O parvenu é o que, por sua própria força de vontade, passa, na luta
pela vida, de uma posição social a outra mais elevada. Essa luta, as mais das
vezes áspera, mata a compaixão no coração humano e estanca a simpatia pelos
sofrimentos dos que ficam atrás.
Sob esse aspecto, a sorte foi comigo
compassiva. Enquanto me compelia a voltar para esse mundo de pobreza e de
incertezas, que, no decurso de sua vida, meu pai já havia abandonado, punha, ao
mesmo tempo, diante dos meus olhos, com todos os seus aspectos repugnantes, a
educação estreita dos pequenos burgueses. Só então aprendi a conhecer os homens,
aprendi a fazer a diferença entre ocas aparências, exteriorizações brutais e a
essência íntima das coisas.
Já no fim do século passado, Viena pertencia
ao número das cidades em que era visível o desequilíbrio social.
Brilhante riqueza e degradante pobreza revezavam-se em contrastes
violentos. No centro da cidade e nas suas adjacências sentia-se o bater do pulso
do Império de cinqüenta e dois milhões, com todo o seu poder mágico de atração,
nesse Estado de várias nacionalidades. A Corte no seu deslumbrante esplendor,
agia como ímã sobre a riqueza e a inteligência do resto do Estado. A isso
deve-se juntar a forte centralização da política da monarquia dos Habsburgos.
Nessa concentração, estava a única possibilidade de manter-se em firme união
essa salada de povos. A conseqüência disso foi, porém, uma exagerada
concentração das autoridades governamentais na capital, na residência da Corte
Além disso, Viena era, não só espiritual e politicamente, mas também
economicamente, o centro da antiga monarquia danubiana. Em frente ao exército de
oficiais superiores, funcionários públicos, artistas e sábios, estendia-se um
exército ainda maior, composto de trabalhadores; em frente da riqueza da
aristocracia e do comércio, uma pobreza atroz. Diante dos palácios da
Ringstrasse perambulavam milhares de sem-trabalho e, por baixo dessa via
triunfal da velha Áustria, amontoavam-se os sem-teto, no lusco-fusco e na
imundície dos canais.
Dificilmente em uma cidade alemã se poderia tão
bem estudar a questão social como em Viena. Mas ninguém se iluda. esse estudo
não pode ser feito de cima para baixo. Quem não se viu nas garras dessa víbora
nunca aprenderá a conhecer os seus dentes venenosos. Sem essa etapa, tudo
redunda em palavreado superficial ou sentimentalismo hipócrita. Um e outro caso
são de conseqüências nocivas: no primeiro, porque não se pode descer ao âmago da
questão, no segundo, porque se passa sobre ela.
Não sei o que é mais
desolador: a indiferença pela miséria social que se nota diariamente na maioria
dos que foram favorecidos pela sorte ou que subiram pelos seus próprios méritos,
ou a afabilidade soberba, importuna, sem tato, embora sempre compassiva, de
certas senhoras da moda que afetam sentir com o povo. Essa gente peca por falta
de instinto mais do que se pode supor. Por isso, com surpresa sua, o resultado
de sua atividade social é sempre nulo, freqüentemente provoca repulsa, o que é
interpretado como prova da ingratidão do povo.
Dificilmente entra na
cabeça dessa gente que uma atividade social não consiste nisso e que, sobretudo,
não se deve esperar gratidão, pois, no caso, não se trata de distribuição de
favores mas apenas de restabelecimento de direitos.
Por isso, escapei de
entender a questão social por essa forma. Quando ela me arrastou aos seus
domínios parecia não me convidar para aprender mas sim para pôr-me à prova. Não
foi por seu merecimento que a cobaia, ainda sadia, suportou a operação.
Na maior parte dos casos não era muito difícil, naquele tempo, encontrar
trabalho, uma vez que eu não era operário técnico, mas devia conquistar o pão de
cada dia, como ajudante de operário e muitas vezes como trabalhador de.
emergência.
Colocava-me, por isso, no ponto de vista daqueles que
sacodem dos pés a poeira da Europa, com o irremovível propósito de, rio Novo
Mundo, criar uma nova vida, construir uma nova pátria. Libertados de todas as
noções até aqui falhas sobre profissão, ambiente e tradições, pegam-se a todo
ganho que se lhes oferece, agarram-se a todo trabalho, lutando sempre, com a
convicção de que nenhuma atividade envergonha, pouco importando de que natureza
esta possa ser. Assim estava eu também decidido a lançar-me de corpo e alma no
mundo para mim novo e abrir-me um caminho, lutando.
Cedo me convenci de
que trabalho há sempre, mas perdemo-lo com a mesma facilidade com que o
encontramos.
A incerteza do ganho do pão quotidiano, dentro de pouco
tempo pareceu-me ser o aspecto mais sombrio da nova vida.
O operário
técnico não é lançado tão freqüentemente na rua, como os que não o são, mas ele
também não está inteiramente ao abrigo dessa sorte. Entre eles, ao lado da perda
do pão por falta de trabalho, podem concorrer o chômage e as suas próprias
greves.
Nesses casos, a incerteza do ganho do pão diário tem fortes
reações sobre toda a economia.
O camponês que se dirige às grandes
cidades atraído pelo trabalho que imagina fácil ou que o é realmente, mas sempre
trabalho de pouca duração, ou o que é atraído pelo esplendor da grande cidade, o
que sucede na maioria dos casos, esse ainda está habituado a uma certa segurança
do pão. Ele costuma só abandonar os antigos postos, quando tem outro pelo menos
em perspectiva.
A falta de trabalhadores do campo é grande e, por isso,
a probabilidade de falta de trabalho é ali muito pequena.
É pois, um
erro acreditar que o jovem trabalhador que se dirige à cidade seja inferior ao
que fica trabalhando na aldeia. A experiência mostra que acontece o contrário
com todos os elementos de emigração, quando são sadios e ativos. Entre esses
emigrantes devem-se contar não só os que vão para a América mas também os jovens
que se decidem a abandonar sua aldeia para se dirigirem as grandes capitais
desconhecidas. Esses também estão dispostos a aceitar uma sorte incerta. Na
maioria, trazem algum dinheiro, e, por isso, não se vêem na contingência de ser
arrastados ao desespero logo nos primeiros dias, se, por infelicidade, de começo
não encontram trabalho. O pior é, porém, quando perdem, em pouco tempo, o
trabalho que haviam encontrado. Encontrar outro, sobretudo no inverno, é
difícil, se não impossível. Nas primeiras semanas, a situação é ainda
insuportável, pois ele recebe da caixa do sindicato a proteção dada ao seu
trabalho e atravessa como pode os dias de desemprego. Quando o seu último vintém
é gasto, quando a caixa, em conseqüência da longa duração da falta de trabalho,
também suspende o pagamento, vem a grande miséria. Então, faminto, erra para
cima e para baixo, empenha ou vende os objetos que lhe restam e cada vez mais
sensível se lhe torna a falta de roupas. Desce a uma Convivência que acaba por
envenenar-lhe o corpo e a alma. Fica sem casa e, se isso acontece no inverno
como é comum, então a miséria aumenta. Finalmente, encontra algum trabalho, mas
o jogo se repete. Uma segunda vez atingiu de maneira semelhante à primeira, a
terceira vez as coisas se tornaram ainda mais difíceis, e assim, pouco a pouco,
ele aprende a suportar com indiferença a eterna insegurança. Por fim, a
repetição adquire força de hábito.
E assim o homem, outrora diligente,
abandona inteiramente a sua antiga concepção da vida, para, pouco a pouco,
transformar-se em um instrumento cego daqueles que dele se utilizam apenas na
satisfação dos mais baixos proveitos. Sem nenhuma culpa sua ele ficou tantas
vezes sem trabalho, que, mais uma vez, menos uma vez, pouco lhe importa. Assim
mesmo quando não se trata da luta pelos direitos econômicos do operariado mas de
destruição dos valores políticos, sociais ou culturais, ele será então, quando
não entusiasta de greves, pelo menos indiferente a elas.
Essa evolução
eu tive oportunidade de acompanhar cuidadosamente em milhares de exemplos.
Quanto mais eu observava esses fatos, tanto mais aumentava a minha aversão pela
cidade dos milhões que os homens, cheios de cobiça, acumulavam para, depois, tão
cruelmente, desperdiçá-los.
Eu também fui fustigado pela vida na grande
metrópole e à minha própria custa submeti-me a essa provação, experimentando,
uma por uma todas essas dolorosas sensações.
Observei ainda que essa
rápida mudança do trabalho para a ociosidade forçada e vice-versa, essa eterna
oscilação do emprego para o desemprego, com o tempo, haveria de destruir o
sentimento de economia e as razões para um prudente equilíbrio de vida.
Lentamente o corpo parece acostumar-se a viver à farta nos bons tempos e a
passar fome nos maus. A fome destrói todos os projetos dos operários no sentido
de um melhor e mais razoável modus vivendi. Nos bons tempos eles se deixam
embalar por uma constante miragem pelo sonho de uma vida melhor, sonho que
empolga de tal modo a sua existência que eles esquecem as antigas privações,
logo que recebem os seus salários. Dai resulta que o que consegue trabalho,
imediatamente, da maneira mais desrazoável, esquece uma prudente distribuição de
suas despesas, para viver à larga, apenas nos dias imediatos. Isso conduz ao
transtorno da manutenção da casa durante a semana, tornando não mais possível
uma razoável distribuição da receita. O dinheiro da semana, de começo, dá para
cinco dias em vez de sete, mais tarde para três em vez de quatro, finalmente
apenas para um dia e, por fim, logo na primeira noite é inteiramente gasto em
prazeres.
Em casa, as mais das vezes, há mulher e crianças. Também elas
recebem a influência dessa maneira de viver, principalmente se o chefe de
família é bom para os seus. Nesse caso, o ganho da semana é esbanjado com todos
em casa nos três primeiros dias. Come-se e bebe-se enquanto o dinheiro dura, e,
nos últimos dias, todos passam fome. Então a mulher percorre humildemente a
vizinhança e os arredores, pede emprestado alguma coisa, faz pequenas dividas no
vendeiro e procura assim manter-se com os seus nos últimos dias da semana. Ao
meio-dia, sentam-se todos juntos, diante de magros pratos, muitas vezes até
esses faltam, e, fazendo planos, esperam pelo dia do pagamento. Enquanto passam
fome sonham de novo com a felicidade. E assim as crianças desde a mais tenra
idade, acostumam-se a essa miséria, o pior, porém, é quando, desde o começo, o
marido segue o seu caminho e a mulher, por amor aos filhos, levanta-se contra
isso. Então surgem as brigas, as disputas constantes. E à proporção que o marido
se afasta da mulher, aproxima-se do álcool. Todos os sábados ele se embriaga.
Por instinto de conservação, por si e pelos filhos, a mulher briga para tomar os
últimos vinténs do marido quando este se dirige da fábrica para a espelunca. Por
fim, domingo ou segunda-feira, à noite, ele volta para casa, embriagado e
brutal, sempre sem vintém. Então desenrolam-se freqüentemente cenas lastimáveis.
Assisti tudo isso em centenas de casos. No começo sentia-me enojado ou
irritado para, mais tarde, compreender toda a tragédia dessa miséria e as suas
causas mais profundas. Infelizes vitimas de péssimas condições sociais.
Tão tristes, talvez, eram, outrora, as condições das habitações. A crise de
casas para os ajudantes de operários de Viena era horrível. Ainda hoje sinto
calafrios quando penso naqueles horríveis covis, as estalagens e nas habitações
coletivas, naqueles sombrios quadros de sujeira e de escândalos. Que poderia
resultar daí, quando desses covis de miséria a torrente de escravos abandonados
se lançasse sobre a outra parte da humanidade, livre de cuidados, despreocupada?
Sim, o resto do mundo é despreocupado. Despreocupado fica, deixando que as
coisas sigam o seu caminho, sem pensar que, na sua falta de intuição, a revanche
terá lugar, mais cedo ou mais tarde, se em tempo os homens não modificarem essa
triste realidade.
Quanto agradeço hoje à Providência o ter-me lançado
nessa escola! Aí eu não podia mais sabotar o que não me era agradável. Essa
escola educou-me depressa e solidamente.
A menos que eu não quisesse
perder a esperança nos homens com quem convivia outrora, deveria fazer a
diferença entre a vida que aparentavam e as razões da mesma. Tudo isso deveria,
pois, ser suportado sem desânimo. Então, de toda essa infelicidade e miséria, de
toda essa sujidade e degradação, deveriam surgir na minha mente não mais homens,
mas miseráveis produtos de leis miseráveis. Por isso, a gravidade da luta pela
vida que sustentei, evitou que eu capitulasse por mero sentimentalismo ante os
pecos resultados desse processo de evolução.
Não, isso não deveria ser
compreendido assim.
Já, naqueles tempos, eu havia chegado à conclusão de
que só um caminho duplo poderia conduzir ao objetivo da melhoria dessa situação:
um mais profundo sentimento de responsabilidade no sentido do estabelecimento de
melhores bases para a nossa evolução, combinado isso com a brutal resolução de
demolir todas as incorrigíveis excrescências.
Assim como a natureza
concentra os seus maiores esforços não na conservação do que existe mas no
cultivo do que cria, para continuação da espécie, assim também na vida humana
trata-se menos de melhorar artificialmente o que há de mau - o que, pela
natureza humana, em noventa e nove por cento dos casos é impossível - do que,
desde o início, assegurar, por melhores métodos, a evolução das novas criações
Já durante a minha luta pela vida em Viena, tornou-se evidente ao meu
espírito que a atividade social nunca deverá ser vista como uma obra de proteção
sem- finalidade e irrisória, mas sim na remoção de defeitos substanciais na
organização de nossa vida econômica e cultural que possam concorrer para a
degeneração dos indivíduos ou pelo menos para o seu desvio.
A
dificuldade dessa maneira de proceder em face dos últimos e brutais meios contra
os delitos dos inimigos do Estado, jaz justamente na incerteza do julgamento
sobre os. motivos íntimos ou causas principais dos fenômenos contemporâneos.
Essa incerteza é fundada na convicção da culpa de cada um nessas tragédias
do passado e inutiliza toda séria e firme resolução. Causa ao mesmo tempo, a
fraqueza e a indecisão na execução até mesmo das mais necessárias medidas de
conservação.
Quando um tempo vier não mais empanado pela sombra da
consciência da própria culpabilidade, a conservação de si mesmo criará a
tranqüilidade íntima, a força exterior, brutal e sem considerações, para matar
os maus rebentos da erva ruim.
Como o Estado Austríaco praticamente
desconhecia qualquer legislação social, sua incapacidade para o combate de morte
aos maus germes saltava diante dos nossos olhos em toda sua evidência.
Eu não sei o que naqueles tempos mais me horrorizava, se 'a miséria
econômica dos meus camaradas, se a sua grosseria espiritual .e moral e o nível
baixo de sua cultura.
Quantas vozes não se tomava de cólera a nossa
burguesia, quando, da boca de algum miserável vagabundo, ouvia a declaração de
que lhe era indiferente ser ou não alemão, contanto que ele tivesse a sua
subsistência garantida.
Essa falta de orgulho nacional, é, então,
censurada da maneira mais incisiva e a repulsa por um tal modo de sentir é
expressa em termos enérgicos.
Quantos, porém, já se fizeram a pergunta
sobre quais eram as causas de possuírem eles próprios melhores sentimentos?
Quantos compreendem a infinidade de recordações pessoais sobre a grandeza
da pátria, da nação,' em todas as fronteiras da vida artística e cultural que
lhes inspiram o justo orgulho de poderem pertencer a um povo tão favorecido?
Quantos pensam na dependência do orgulho nacional em relação ao
conhecimento das grandezas da Pátria em todos esses domínios?
Refletem
nossos círculos burgueses em que irrisória extensão esses motivos de orgulho
nacional se apresentam ao povo?
Ninguém se desculpe com o argumento de
que "em outros países a coisa não se passa de outra maneira" e que, não
obstante, o trabalhador orgulha-se da sua nacionalidade. Mesmo que isso fosse
assim, não poderia servir como desculpa para a nossa própria negligência. Tal,
porém, não se dá. O que nós sempre pintamos como uma educação "chauvinística"
dos franceses, por exemplo, não é mais do que a exaltação das grandezas da
França em todos os domínios da Cultura, ou da "civilisation", como a denominam
os nossos vizinhos.
O jovem francês não é educado para o objetivismo,
mas para as opiniões subjetivas, que a gente só pode avaliar, quando se trata da
significação das grandezas políticas ou culturais da sua pátria.
Essa
educação terá que ser sempre restrita aos grandes e gerais pontos de vista que,
se preciso, por meio de eterna repetição, se gravem na memória e nos sentimentos
do povo.
Entre nós, aos erros por omissão, junta-se ainda a destruição
do pouco que o indivíduo tem a felicidade de aprender na escola. O envenenamento
político do nosso povo elimina ainda esse pouco do coração e da memória das
vastas massas, quando a necessidade e os sofrimentos já não o tinham feito.
Pense-se no seguinte.
Em um alojamento subterrâneo, composto de
dois quartos abafados, mora uma família proletária de sete pessoas. Entre os
cinco filhos, suponhamos um de três anos. É esta a idade em que a consciência da
criança recebe as primeiras impressões. Entre os mais dotados encontra-se, mesmo
na idade madura, vestígio da lembrança desse tempo. O espaço demasiado estreito
para tanta gente não oferece condições vantajosas para a convivência. Brigas e
disputas, só por esse motivo, surgirão freqüentemente. As pessoas não vivem umas
com as outras, mas se comprimem umas contra as outras. Todas as divergências,
sobretudo as menores, que, nas habitações espaçosas, podem ser sanadas por um
ligeiro isolamento, conduzem aqui a repugnantes e intermináveis disputas. Para
as crianças isso é ainda suportável. Em tais situações, elas brigam sempre e
esquecem tudo depressa e completamente. Se, porém, essa luta se passa entre os
pais, quase todos os dias, e de maneira a nada deixar a desejar em matéria de
grosseria, o resultado de uma tal lição de coisas faz-se sentir entre as
crianças. Quem tais meios desconhece dificilmente pode fazer uma idéia do
resultado dessa lição objetiva, quando essa discórdia recíproca toma a forma de
grosseiros desregramentos do pai para com a mãe e até de maus tratos nos
momentos de embriaguez. Aos seis anos, já o jovem conhece coisas deploráveis,
diante das quais até um adulto só horror pode sentir. Envenenado moralmente, mal
alimentado, com a pobre cabecinha cheia de piolhos, o jovem "cidadão" entra para
a escola.
A custo ele chega a ler e escrever. Isso é quase tudo. Quanto
a aprender em casa, nem se fale nisso. Até na presença dos filhos, mãe e pai
falam da escola de tal maneira que não se pode repetir e estão sempre mais
prontos a dizer grosserias do que pôr os filhos nos joelhos e dar-lhes
conselhos. O que a criança ouve em casa não é de molde a fortalecer o respeito
às pessoas com que vai conviver. Ali nada de bom parece existir na humanidade;
todas as instituições são combatidas, desde o professor até às posições mais
elevadas do Estado. Trata-se de religião ou da moral em si, do Estado ou da
sociedade, tudo é igualmente ultrajado da maneira mais torpe e arrastado na lama
dos mais baixos sentimentos. Quando o rapazinho, apenas com quatorze anos, sai
da escola, é difícil saber o que é maior nele: a incrível estupidez no que diz
respeito a conhecimentos reais ou a cáustica imprudência de suas atitudes,
aliada a uma amoralidade que, naquela idade, faz arrepiar os cabelos.
Esse homem, para quem já quase nada é digno de respeito, que nada de grande
aprendeu a conhecer, que, ao contrário, conhece todas as vilezas humanas, tal
criatura, repetimos, que posição poderá ocupar na vida, na qual ele está à
margem?
De menino de treze anos ele passou, aos quinze, a um
desrespeitador de toda autoridade.
Sujidade e mais sujidade, eis tudo o
que ele aprendeu. E isso não é de molde a estimulá-lo a mais elevadas
aspirações.
Agora entra ele, pela primeira vez, na grande escola da
vida.
Então começa a mesma existência que nos anos da - meninice ele
aprendeu de seus pais. Anda para cima e para baixo, entra em casa Deus sabe
quando, para variar bate ele mesmo na alquebrada criatura que foi outrora sua
mãe, blasfema contra Deus e o mundo e, enfim, por qualquer motivo especial, é
condenado e arrastado a uma prisão de menores.
Lá recebe ele os últimos
polimentos.
O mundo burguês admira-se, no entanto, da falta de
"entusiasmo nacional" deste jovem "cidadão".
A burguesia vê, como no
teatro e no cinema, no lixo da literatura e na torpeza da imprensa, dia a dia, o
veneno se derramar sobre o povo, em grandes quantidades, e admira-se ainda do
precário "valor moral", da "indiferença nacional" da massa desse povo, como se a
sujeira da imprensa e do cinema e coisas semelhantes pudessem fornecer base para
o conhecimento das grandezas da Pátria, abstraindo-se mesmo a educação
individual anterior. Pude então bem compreender a seguinte verdade, em que
jamais havia pensado:
O problema da "nacionalização" de um povo deve
começar pela criação de condições sociais sadias como fundamento de uma
possibilidade de educação do indivíduo. Somente quem, pela educação e pela
escola, aprende a conhecer as grandes alturas, econômicas e, sobretudo,
políticas da própria Pátria, pode adquirir e adquirirá, certamente, aquele
orgulho íntimo de pertencer a um tal povo. Só se pode lutar pelo que se ama, só
se pode amar o que se respeita e respeitar o que pelo menos se conhece.
Logo que o interesses pela questão social foi em mim despertado, comecei a
estudá-la profundamente. Aos meus olhos surgia um novo mundo até então
desconhecido.
No ano de 1909 para 1910, minha própria situação modificou
se um pouco porque não precisava mais ganhar o pão de cada dia como ajudante de
operário. Já trabalhava, por minha conta, como desenhista e aquarelista.
Continuava a ganhar muito pouco - o essencial para viver - mas em compensação
tinha lazeres para aperfeiçoar-me na profissão que havia escolhido. Já não
entrava em casa, à noite, como antigamente, cansado ao extremo, incapaz de parar
a vista em um livro sem adormecer dentro de pouco tempo. Meu trabalho de agora
corria paralelo com a minha profissão artística. Podia, então, como senhor do
meu próprio tempo, dividi-lo melhor do que antes.
Eu pintava para ganhar
o pão e estudava por prazer.
Assim foi possível às minhas observações
sobre a questão social juntar o complemento teórico indispensável. Eu estudava
quase tudo que sobre esse assunto se podia assimilar em livros, dando assim às
minhas próprias idéias base mais sólida.
Creio que os que comigo
conviviam naquele tempo tinham-me por um tipo esquisito.
Era natural que
eu, com ardor, satisfizesse à minha paixão pela arquitetura. Ao lado da música,
a arquitetura me parecia a rainha das artes. Minha atividade, em tais condições,
não era um trabalho, mas um grande prazer. Podia ler ou desenhar até tarde da
noite, sem cansar-me absolutamente. Assim fortalecia-se a convicção de que o meu
belo sonho, depois de longos anos, transformar-se-ia em realidade. Estava
inteiramente convencido de um dia conquistar um nome como arquiteto.
Não
me parecia muito significativo que eu também tivesse o maior interesse por tudo
que se relacionasse com a política. Ao contrário, isso era, em minha opinião, um
dever natural de cada ser pensante. Quem nada entende de política perde o
direito a qualquer critica, a qualquer reivindicação.
Também sobre esse
assunto li e aprendi muito.
Sob o nome de leitura, concebo coisa muito
diferente do que pensa a grande maioria dos chamados intelectuais.
Conheço indivíduos que lêem muitíssimo, livro por livro letra por letra, e
que, no entanto, não podem ser apontados como "lidos". Eles possuem uma multidão
de "conhecimentos", mas o seu cérebro não consegue executar uma distribuição e
um registro do material adquirido. Falta-lhes a arte de separar, no livro, o que
lhes é de valor e o que é inútil, conservar para sempre de memória o que lhes
interessa e, se possível, passar por cima, desprezar o que não lhes traz
vantagens, em qualquer hipótese não conservar consigo esse peso sem finalidade.
A leitura não deve ser vista como finalidade, mas sim como meio para alcançar
uma finalidade. Em primeiro lugar, a leitura deve auxiliar a formação do
espírito, a despertar as disposições intelectuais e inclinações de cada um. Em
seguida, deve fornecer o instrumento, o material de que cada um tem necessidade
na sua profissão, tanto para o simples ganha-pão como para a satisfação de mais
elevados desígnios. Em segundo lugar, deve proporcionar uma idéia de conjunto do
mundo. Em ambos os casos, é, porem, necessário que o conteúdo de qualquer
leitura não seja confiado à guarda da memória na ordem de sucessão dos livros,
mas como pequenos mosaicos que, no quadro de conjunto, tomem o seu lugar na
posição que lhes é destinada, assim auxiliando a formar este quadro no cérebro
do leitor. De outra maneira, resulta um bric-á-brac de matérias aprendidas de
cor, inteiramente inúteis, que transformam o seu infeliz possuidor em um
presunçoso, seriamente convencido de ser um homem instruído, de entender alguma
coisa da vida, de possuir cultura, ao passo que a verdade é que, a cada
acréscimo dessa sorte de conhecimentos, mais se afasta do mundo, até que acaba
em um sanatório ou, como "político", em um parlamento.
Nunca um cérebro
assim formado conseguirá, da confusão de sua "ciência", retirar o que é
apropriado às exigências de determinado momento, pois seu lastro espiritual está
arranjado não na ordem natural da vida mas na ordem de sucessão dos livros, como
os leu e pela maneira por que amontoou os assuntos no cérebro. Quando as
exigências da vida diária dele reclamam o justo emprego do que outrora aprendeu
então precisará mencionar os livros e o número das páginas e, pobre infeliz,
nunca encontrará exatamente o que procura.
Nas horas críticas, esses
"sábios", quando se vêem na dolorosa contingência de pesquisar casos análogos
para aplicar às circunstâncias, só descobrem receitas falsas.
Não fosse
assim e não se poderiam conceber os atos políticos dos nossos sábios heróis do
Governo que ocupam as mais elevadas posições, a menos que a gente se decidisse a
aceitar as suas soluções não como conseqüências de disposições intelectuais
patológicas, mas como infâmias e trapaçarias.
Quem possui, porém, a arte
da boa leitura, ao ler qualquer livro, revista ou brochura, dirigirá sua atenção
para tudo o que, no seu modo de ver, mereça ser conservado durante muito tempo,
quer porque seja útil, quer porque seja de valor para a cultura geral.
O
que por esse meio se adquire encontra sua racional ligação no quadro sempre
existente que a representação desta ou daquela coisa criou, e corrigindo ou
reparando, realizará a justeza ou a clareza do mesmo. Se qualquer problema da
vida se apresenta para exame ou contestação, a memória, por esta arte de ler,
poderá recorrer ao modelo do quadro de percepção já existente, e por ele todas
as contribuições coligidas durante dezenas de anos e que dizem respeito a esse
problema são submetidas a uma prova racional e ao nosso exame, até que a questão
seja esclarecida ou respondida.
Só assim a leitura tem sentido e
finalidade.
Um leitor, por exemplo, que, por esse meio, não fornecer à
sua razão os fundamentos necessários, nunca estará na situação de defender os
seus pontos de vista ante uma contradita, correspondam os mesmos mil vezes à
verdade. Em cada discussão a memória o abandonará desdenhosamente. Ele não
encontrará razões nem para o fortalecimento de suas afirmações, nem para a
refutação das idéias do adversário. Enquanto isso acarreta, como no caso de um
orador o ridículo da própria pessoa, ainda se pode tolerar; de péssimas
conseqüências é, porém, que esses indivíduos que "sabem" tudo e não são capazes
de coisa alguma, sejam colocados na direção de um Estado.
Muito cedo
esforcei-me por ler por aquele processo e fui, da maneira mais feliz, auxiliado
pela memória e pela razão. Observadas as coisas por esse aspecto, foi me fecundo
e proveitoso, sobretudo o tempo que passei em Viena. A experiência da vida
diária servia de estímulo para sempre novos estudos dos mais diversos problemas.
Quando eu, por fim, cheguei à situação de poder fundamentar a realidade na
teoria e tirar a prova da teoria na experiência, na prática, estava em condições
de evitar o excesso de apego à teoria, ou descer demais à realidade.
Assim, a experiência da vida diária, nesse tempo, em dois dos mais
importantes problemas, além do social, tornou-se definitiva e serviu de
estimulante para sólido estudo teórico.
Quem sabe se eu algum dia me
teria aprofundado na teoria e na vida do marxismo, se, outrora, eu não tivesse
quebrado a cabeça com esse problema? O que eu, na minha mocidade, conhecia sobre
a social democracia era muito pouco e muito errado.
Causava-me intenso
prazer que a social democracia dirigisse a luta pelo direito do voto secreto e
universal. A minha razão já me dizia, porém, que essa conquista deveria levar a
um enfraquecimento do regime dos Habsburgos, por mim já tão odiado.
Na
convicção de que o Estado danubiano nunca se manteria sem o sacrifício do
espírito alemão, e que o mesmo prêmio de uma lenta eslavização do elemento
germânico de modo algum ofereceria garantia de um governo verdadeiramente
viável, pois a força criadora do Estado dos eslavos é muito hipotética, via eu
com prazer todo movimento que, na minha imaginação, poderia contribuir para o
desmembramento desse Estado de dez milhões de alemães, inviável e condenado à
morte. Quanto mais o palavrório corroía o parlamento, mais próximo deveria estar
a hora da ruína desse Estado babilônico e com ela também a hora da libertação
dos meus compatriotas austro-alemães. Só assim se poderia voltar à antiga
anexação à mãe-pátria.
Por isso, a atividade da social-democracia não me
parecia antipática. Como esse movimento se preocupava em melhorar as condições
vitais do operariado - como eu acreditava na minha ingenuidade de outrora -
pareceu-me melhor falar a seu favor do que contra. O que mais me afastava da
social-democracia era sua posição de adversária em relação ao movimento pela
conservação do espírito germânico, a deplorável inclinação em favor dos
"camaradas" eslavos que só aceitavam esse alerta quando era acompanhado de
concessões práticas, repelindo-o, arrogantes e orgulhosos, quando não viam
interesses. Davam, assim, ao importuno mendigo a paga merecida.
Na idade
de dezessete anos, a palavra marxismo era-me pouco conhecida, enquanto
socialismo e social-democracia pareciam-me concepções idênticas. Foi preciso,
também, nesse caso, que o punho forte do destino me abrisse os olhos para essa
maldita maneira de ludibriar o povo.
Até então eu só tinha contato com a
social-democracia como observador em algumas demonstrações coletivas, sem
possuir nenhuma idéia da mentalidade de seus adeptos ou da essência da doutrina.
De repente. pude sentir os efeitos de sua doutrinação e de sua maneira de
encarar o mundo. O que, talvez só depois de dezenas de anos, tivesse acontecido,
aprendi agora no decurso de poucos meses, isto é, a verdadeira significação de
uma peste ambulante sob a máscara de virtude social e amor ao próximo e da qual
se deve depressa libertar a terra, pois, ao contrário, muito facilmente a
humanidade será por ela imolada.
No serviço de construções teve lugar o
meu primeiro encontro com os sociais-democratas. Logo de começo, não foi muito
agradável. Minhas roupas ainda estavam em ordem, minha linguagem era cuidada,
minha vida comedida. Tinha tanto que lutar com a minha sorte que pouco podia
cuidar do que me cercava. Só procurava trabalho para não passar fome e para ter
a possibilidade de continuar, mesmo lentamente, a minha educação. Talvez eu não
me tivesse absolutamente preocupado com o novo meio em que me achava, se, 1á no
terceiro ou quarto dia, não se tivesse dado um fato que me forçou a tomar
imediatamente uma posição definida: fui intimado a entrar no sindicato.
Meus conhecimentos sobre organização sindical eram então quase nulos. Nem a
sua utilidade nem a sua inutilidade podia eu aquilatar. Quando me esclareceram
que eu deveria entrar, recusei-me. Fundamentava a minha resolução com a razão de
que eu não entendia do assunto e que, sobretudo, não me deixava levar à força
para parte alguma. Talvez fosse a primeira a razão por que não me puseram
imediatamente na rua. Talvez esperassem que, dentro de alguns dias, eu estivesse
convertido ou pelo menos mais dócil.
Haviam-se enganado radicalmente.
Depois de quatorze dias, eu não poderia mais entrar para o sindicato, mesmo
que o tivesse desejado. Nestes quatorze dias, pude conhecer de mais perto os que
me cercavam, de modo que nenhuma força do mundo poderia mais arrastar-me a uma
organização, cujos esteios me apareceram sob uma luz tão desfavorável.
Nos primeiros dias fiquei indignado. Ao meio-dia, uma parte dos
operários ia para a estalagem próxima, enquanto a outra ficava no local da-
construção e aí tinha o seu magro almoço. Estes eram casados, para os quais as
mulheres, em miseráveis vasilhas, traziam a sopa do meio-dia. Para o fim da
semana, o número desses era sempre maior. A razão disso só mais tarde
compreendi.
Então conversava-se política.
Eu bebia minha garrafa de leite e comia o meu pedaço de pão,
conservando-me sempre afastado, e estudava com atenção meus novos conhecidos ou
refletia sobre a minha triste sorte. Não obstante isso, ouvia mais do que o
suficiente. Pareceu-me freqüentemente que se aproximavam de mim de propósito
para me forçarem a tomar uma posição. Em todo caso, como vim a saber, isso
visava o efeito de me provocar.
Ali tudo se negava: a nação era uma
invenção das classes capitalistas (que número infinito de vezes ouvi essa
palavra!); a Pátria era um instrumento da burguesia para exploração das massas
trabalhadoras; a autoridade da lei era simples meio de opressão do proletariado;
a escola era instituto de cultura do material escravo e mantenedor da
escravidão; a religião era vista como meio de atemorizar o povo para melhor
exploração do mesmo; a moral não passava de uma prova da estúpida paciência de
carneiro do povo. Não havia nada, por mais puro, que não fosse arrastado na lama
mais asquerosa.
De começo, tentei manter-me em silêncio. Por fim, não
podia mais. Comecei a tomar posição, comecei a contraditar. Então passei a
compreendei- que essa oposição de nada valia, enquanto eu não possuísse
conhecimentos seguros sobre os pontos debatidos. Comecei a pesquisar nas
próprias fontes, de onde eles extraíam a sua fictícia sabedoria. Li livros sobre
livros, brochuras sobre brochuras. No local do serviço, as coisas chegavam
freqüentemente à exaltação. Eu discutia cada vez melhor, até que um dia foi
empregado um meio que facilmente levava de vencida a razão: o terror, a força.
Alguns dos defensores do lado contrário intimaram-me a abandonar a construção
imediatamente ou a ser jogado do andaime. Como estava sozinho e a resistência
seria impossível, preferi seguir o primeiro alvitre, adquirindo assim mais uma
experiência.
Saí, enojado, mas, ao mesmo tempo, tão impressionado que já
agora seria inteiramente impossível para mim abandonar a questão. Não. Depois da
eclosão da primeira revolta, a obstinação de novo venceu. Estava firmemente
resolvido a voltar, apesar de tudo para outro serviço de construção. Essa
decisão foi fortalecida pela situação precária em que me encontrei algumas
semanas mais tarde, depois de gastar as pequenas economias. Não me restava outra
saída, quer eu quisesse quer não. E cena idêntica desenrolou-se, para acabar da
mesma forma que a primeira.
Travou-se uma luta no meu íntimo, que se
define nesta pergunta: isso é gente digna de pertencer a um grande povo?
Eis uma pergunta angustiosa. Se a respondermos afirmativamente, a luta por
uma nacionalidade merecerá os trabalhos e os sacrifícios que os melhores fazem
por um tal rebotalho? Se a resposta for negativa, então o nosso povo já está
muito pobre em homens.
Com desânimo inquietador via eu, naqueles dias
críticos e atormentados, a massa, que já não pertencia a seu povo, tornar-se um
exército ameaçador.
Com que sentimentos diferentes fitava, então, as
filas sem fim dos trabalhadores vienenses em um dia de demonstração coletiva!
Durante quase duas horas, de pé, um dia, observei, com a respiração suspensa, a
monstruosa onda humana que rolava lentamente. Tomado de um desânimo inquieto,
abandonei a praça e dirigi-me para casa. No caminho, vi em uma tabacaria o
"Arbeiterzeitung", órgão central da antiga social-democracia. Em um café
popular, que eu freqüentava constantemente a fim de ler os jornais, esse
periódico também era exposto à venda. Eu não podia, porém, fazer o sacrifício de
passar uma vista por mais de dois minutos na folha infame, que, para mim, tinha
o efeito do vitríolo.
Debaixo da acabrunhadora impressão que a
demonstração coletiva havia produzido, senti uma voz íntima que me incitava a
comprar o jornal e lê-lo inteiramente. À noite tratei disso, vencendo a
crescente repulsa que sempre experimentava ao ver essa torneira de mentiras
concentradas. Melhor do que em toda a literatura teórica, pude, pela leitura
diária da imprensa social-democrática, estudar a essência do movimento e o curso
das suas idéias.
Que diferença entre as cintilantes frases de liberdade,
beleza e dignidade da literatura teórica, entre o fogo-fátuo do palavrório que,
laboriosamente, aparenta a mais profunda e irresistível sabedoria, pregada com
uma segurança profética, e a brutal virtuosidade da mentira da imprensa diária
que trabalhava pela salvação da nova humanidade sem recuar ante nenhuma objeção,
usando de todos os recursos da calúnia!
Uma é destinada aos estúpidos
das camadas intelectuais médias e superiores, a outra às massas.
A
meditação sobre a literatura e a imprensa dessa doutrinação, servia-me para
descobrir de novo a minha gente.
O que, a princípio, me parecia um
abismo intransponível, devia tornar-se motivo para amar cada vez mais o meu
povo.
Só um louco poderia, depois de conhecer esse monstruoso trabalho
de envenenamento, condenar ainda as vítimas do mesmo. Quanto mais independente
eu me tornava nos anos seguintes, tanto mais longe alcançava a minha vista as
causas íntimas do êxito da social-democracia. Então compreendendo a significação
da exigência brutal feita ao operário para só ler jornais vermelhos, só
freqüentar assembléias vermelhas, só ler livros vermelhos, etc., vi, muito
claro, os efeitos violentos dessa doutrinação da intolerância.
A psique
das massas é de natureza a não se deixar influenciar per meias medidas, por atos
de fraqueza.
Assim como as mulheres, cuja receptividade mental é
determinada menos por motivos de ordem abstrata do que por uma indefinível
necessidade sentimental de uma força que as complete e, que, por isso preferem
curvar-se aos fortes a dominar os fracos, assim também as massas gostam mais dos
que mandam do que dos que pedem e sentem-se mais satisfeitas com uma doutrina
que não tolera nenhuma outra do que com a tolerante largueza do liberalismo.
Elas não sabem o que fazer da liberdade e, por isso, facilmente sentem-se
abandonadas.
A impudência do terrorismo espiritual passa-lhes
despercebida, assim como os crescentes atentados contra a sua liberdade que as
deveriam levar à revolta. Elas não se apercebem, de nenhum modo, dos erros
intrínsecos dessa doutrinação. Elas vêem apenas a força incontrastável e a
brutalidade de suas resolutas manifestações externas, ante as quais sempre se
curvam.
Se uma doutrina que encerrasse mais inveracidade ao lado de
idêntica brutalidade na propaganda, fosse oposta à social-democracia,
triunfaria, do mesmo modo, por mais áspera que fosse a luta.
Em menos de
dois anos, não só a doutrina da social-democracia mas também o seu emprego como
instrumento prático, tornaram-se-me claros.
Eu compreendi o infame
terror espiritual que esse movimento exerce especialmente sobre a burguesia.
A um dado sinal, os seus propagandistas lançam um chuveiro de mentiras e
calúnias contra o adversário que lhes parece mais perigoso, até que se rompam os
nervos dos agredidos que, para terem tranqüilidade, se rendem ao inimigo.
Mas é do destino dos tolos nunca alcançarem o sossego.
O jogo
recomeça e repete-se inúmeras vozes, até que o pavor ante os monstros selvagens
provoca uma significativa imobilidade do adversário.
Como a social
democracia, por experiência própria, conhece muito bem o valor da força,
lança-se mais violentamente contra aqueles em cuja individualidade descobre
algum sistema de resistência. Por outro lado, incensa todos os fracos do lado
oposto, a princípio cautelosamente e depois abertamente, conforme essas
qualidades morais sejam reais ou imaginárias.
Eles receiam menos um
gênio impotente e sem vontade do que uma natureza forte, mesmo intelectualmente
modesta.
A social-democracia se recomenda sobretudo aos fracos de
espírito e de caráter.
Esse partido sabe aparentar que só ele conhece o
segredo da paz e tranqüilidade, enquanto, cautelosamente mas de maneira
decidida, conquista uma posição depois da outra, ora por meio de discreta
pressão, ora através de requintadas escamoteações em momentos em que a atenção
geral está dirigida para outros assuntos, não quer por ele ser despertada ou tem
a oportunidade como não merecendo grande interesses ou receia provocar o
perverso adversário.
Essa é uma tática que, tendo em conta exatamente
tidas as fraquezas humanas, é coroada de êxito matemático, quando o adversário
não aprende a usar gás venenoso contra gás venenoso, isto é, as mesmas armas do
agressor.
É preciso que se diga às naturezas fracas que se trata de uma
luta de vida ou de morte.
Não menos compreensível para mim tornou-se a
significação do terror material em relação aos indivíduos e às massas.
Aqui também havia um cálculo exato de atuação psicológica. O terror nos
lugares de trabalho, nas fábricas, nos locais de reunião e por ocasião das
demonstrações coletivas, era sempre coroado de êxito, enquanto um terror maior
não se lhe opunha.
Quando acontece essa última hipótese, o partido, em
gritos de pavor, embora habituado a desrespeitar a autoridade do Estado, em
altos berros pedirá seu auxílio, para, na maioria dos casos, no meio da confusão
geral, alcançar o seu verdadeiro objetivo, isto é: encontrar covardes
autoridades que, na tímida esperança de poder de futuro contar com o temível
adversário, auxiliem-no a combater o inimigo.
Que impressão um tal êxito
exerce sobre o espírito das vastas massas e dos seus adeptos, assim como sobre o
vencedor, só pode avaliar quem conhece a alma do povo, não através de livros mas
pelo estudo da própria vida, pois, enquanto, no círculo dos vencedores, o
triunfo alcançado é tido como uma vitória do direito de sua causa, o adversário
batido, na maioria dos casos, duvida do êxito de uma outra resistência.
Quanto melhor eu conhecia os métodos da violência material, tanto mais me
inclinava a desculpar as centenas de milhares de proletários que cediam ante a
força bruta.
A compreensão desse fato devo principalmente aos meus
antigos tempos de sofrimentos, os quais me fizeram entender o meu povo e fazer a
diferença entre as vítimas e os seus condutores.
Como vítimas devem ser
vistos os que foram submetidos a essa situação corruptora. Quando eu me
esforçava por estudar, na vida real, a natureza íntima dessas camadas
"inferiores", não podia delas fazer uma idéia justa, sem a segurança de que,
nesse meio, também encontrava qualidades recomendáveis, como sejam capacidade de
sacrifício, fiel camaradagem, extraordinária sobriedade, discreta modéstia,
virtudes essas muito comuns, sobretudo nos antigos sindicatos. Se é verdade que
essas virtudes se diluíam cada vez mais nas novas gerações, sob a atuação das
grandes cidades, incontestável é também que muitas conseguiam triunfar sobre as
vilezas comuns da vida. Se esses homens, bons e bravos, na sua atividade
política, entravam nas fileiras dos inimigos do nosso povo e a estes auxiliavam,
era porque não compreendiam e nem podiam compreender a vileza da nova doutrina
ou porque, em ultima ratio, as injunções sociais eram mais fortes do que todas
as vontades em contrário. As contingências da vida a que, de um modo ou de
outro, estavam fatalmente sujeitos, faziam-nos entrar no acampamento da
social-democracia.
Como a burguesia, inúmeras vezes, da maneira mais
inepta e também a mais imoral, fazia frente às mais justas aspirações coletivas,
sem muitas vezes retirar ou esperar retirar qualquer proveito de uma tal
atitude, mesmo o mais ordeiro trabalhador saia da organização sindical para
tomar parte na atividade política.
Milhões de proletários, na
intimidade, foram, sem dúvida, de começo, inimigos do partido
social-democrático. Foram, porém, derrotados na sua oposição pela conduta idiota
do partido burguês combatendo todas as reivindicações da massa dos
trabalhadores.
A impugnação cega da burguesia a todos os ensaios por uma
melhoria nas condições do trabalho, tais como um aparelhamento de defesa contra
as máquinas, a proteção ao trabalho das crianças e a proteção da mulher, pelo
menos nos últimos meses de gravidez, tudo isso auxiliou a social-democracia a
pegar as massas nas suas redes. Esse partido sabia aproveitar todos os casos em
que pudesse manifestar sentimentos de piedade para com os oprimidos. Nunca mais
poderá a nossa burguesia política reparar os seus erros, pois, enquanto ela se
opunha a todas as tentativas por uma remoção dos males sociais, semeava ódio e
justificava mesmo as afirmações dos inimigos da nacionalidade, segundo as quais
só o Partido Social Democrata defendia os interesses das classes produtoras.
Aí estão as razões morais da resistência dos sindicatos e os motivos por
que prestaram os melhores serviços àquele partido político.
Nos meus
anos de aprendizado em Viena fui forçado, quer quisesse quer não, a tomar
posição no problema dos sindicatos.
Como eu os via como parte integral e
indivisível do Partido Social Democrata, minha decisão foi rápida e falsa.
Como era natural, recusei-me a entrar para o sindicato.
Também
nesta importante questão foi a vida real que me serviu de mestre.
O
resultado foi uma reviravolta nos meus primeiros julgamentos.
Aos vinte
anos, já fazia a diferença entre o sindicato como meio de defesa dos direitos
sociais dos empregados e de luta pela melhoria das condições de vida dos mesmos
e o sindicato como instrumento do partido na luta política de classes.
Como a social-democracia compreendeu a enorme significação do movimento
sindicalista, assegurou para si a colaboração desse instrumento e dai o seu
êxito; como a burguesia não a compreendeu, isso lhe custou a sua posição
política. Na sua teimosa oposição, imaginou a burguesia fazer parar uma evolução
fatal e, na realidade, conseguiu apenas forçá-la a tomar um caminho ilógico.
Dizer-se que o movimento sindical em si é inimigo da Pátria é uma idiotice, e
além disso, uma inverdade. O contrário é que é a verdade. Se uma atividade
sindical tem como objetivo a melhoria de uma classe que constitui uma das
colunas mestras da nação e se esforça por realizá-lo, essa atividade não só não
se exerce contra a Pátria e o Estado mas, no verdadeiro sentido da palavra,
consulta os interesses nacionais. É fora de qualquer dúvida que essa atuação
auxilia a criar programas sociais, sem o que nem se deve pensar em uma educação
nacional coletiva. Esse movimento atinge seu maior mérito quando, pelo combate
aos cancros sociais existentes, ataca as causas das moléstias do corpo e do
espírito, contribuindo para a conservação da saúde do povo. É ociosa a discussão
sobre as vantagens dessas agitações.
Enquanto, entre os que distribuírem
trabalho, houver homens que não compreendam a questão social ou possuam idéias
erradas de direito e de justiça, é não só direito mas dever dos por eles
empregados, - que aliás formam uma parte do nosso povo - proteger os interesses
da quase totalidade contra a avidez ou a irracionalidade de poucos, pois a
manutenção da fé na massa do povo é para o bem-estar da nação tão importante
quanto a conservação da sua saúde.
Ambos esses interesses serão
seriamente ameaçados pelos indignos empregadores que não têm os mesmos
sentimentos da coletividade, de que vivem divorciados. Devido à sua condenável
atitude, inspirada na ambição ou na intransigência, nuvens ameaçadoras anunciam
tempestades futuras.
Remover as causas de uma tal evolução é conquistar
um mérito em relação à Pátria. Agir ao contrário é trabalhar contra os
interesses da nação.
Não se diga que cada um tem independência
suficiente para tirar todas as conclusões das injustiças reais ou fictícias que
lhe são feitas. Não, isso é hipocrisia e deve ser visto como tentativa para
desviar a atenção das soluções justas.
A alternativa é a seguinte:
evitar acontecimentos nocivos à coletividade consulta ou não os interesses da
nação? Na primeira hipótese, a luta deve ser aceita com todas as armas que
possam assegurar o triunfo.
O trabalhador, individualmente, não está
nunca em condições de empenhar-se, com êxito, em uma luta contra o poder do
grande empregador. Nesse conflito não se trata do problema da vitória do
direito. Se assim fosse, o simples reconhecimento desse direito faria cessar
toda luta, pois desapareceria, em ambas as partes, o desejo de combater.
Trata-se, porém, de uma questão de força. Naquele caso, o sentimento de justiça
por si só faria terminar a luta de modo honroso, ou melhor, nunca se chegaria a
ela. Se atos indignos ou contrários aos interesses sociais arrastam à -reação, a
luta só poderá ser decidida em favor do lado mais forte, salvo se a justiça se
dispuser à solução desses males.
Além disso, é evidente que o
empregador, apoiado na força concentrada de suas empresas, terá que enfrentar o
corpo de empregados, se não quiser ser compelido a perder, desde o início,
qualquer esperança de vitória.
Assim a organização sindical pode
produzir o fortalecimento dos ideais sociais por unia atuação mais prática e,
com isso, o afastamento de causas de irritação que sempre dão motivo a
descontentamentos e a queixas. Se isso não acontece deve-se em grande parte
àqueles que a todas as soluções legais das dificuldades do povo julgam opor
obstáculos ou impedi-las por meio de sua influência política.
Enquanto a
burguesia não compreendia a significação da organização sindical, ou, melhor,
não queria entendê-la, e insistia em fazer-lhe oposição, a social-democracia
punha-se ao lado do movimento combatido.
Vendo longe, ela criou para si
uma base firme que nos momentos críticos, já lhe havia servido de último esteio.
A verdade, porém, é que a antiga finalidade era, pouco a pouco, abandonada, para
dar lugar a outros objetivos.
A social-democracia nunca pensou em
solucionar os problemas reais do movimento profissional.
Em poucas
décadas, nas mãos espertas da social-democracia, o movimento sindical de
instrumento de defesa dos direitos sociais passou a ser instrumento de
destruição da economia nacional.
Os interesses dos trabalhadores não
deveriam em nada obstar a sua ação, pois, politicamente, o emprego de meios de
compressão econômica sempre permite a extorsão e o exercício de violências a
toda hora, sempre que, de um lado, há a necessária falta de escrúpulos e, do
outro, a suficiente estupidez junta a uma paciência de cordeiro. E isso acontece
nos dois campos em luta.
Já no começo deste século o movimento sindical,
de há muito, havia deixado de servir ao seu objetivo de outrora.
De ano
a ano, ele, cada vez mais, caía nas mãos dos políticos da social-democracia,
para, por fim, ser utilizado apenas como pára-choque na luta de classes. Em
conseqüência de permanentes conflitos deveria, finalmente, levar à ruína toda a
organização econômica, pacientemente construída, arrastando o edifício do Estado
à mesma sorte, pela destruição de suas fundações econômicas.
Cogitava-se
cada vez menos da defesa de todos os interesses reais do proletariado, até
chegar-se à conclusão de que a prudência política considerava como não
aconselhável melhorar as condições sociais e culturais das grandes massas, pois,
ao contrário, corria-se o perigo de que essas, tendo seus desejos satisfeitos,
não mais poderiam ser eternamente utilizadas como tropas de combate facilmente
manejáveis.
Essa evolução atemorizou de tal maneira os guias da luta de
classes que eles, por fim, se opuseram a todas as salutares reformas sociais e,
da maneira mais decidida, tomaram posição de combate às mesmas.
Na
justificação dos fundamentos dessa atitude negativa e incompreensível nada
deviam recear.
No campo burguês estava se escandalizado com essa visível
falta de sinceridade da tática da social democracia, sem que, porém, dai se
tirassem as mínimas conclusões para um acertado plano de ação. Justamente o
receio da social-democracia diante de cada melhoria real da situação do
proletariado em relação à profundidade de sua até então miséria cultural e
social, talvez tivesse concorrido a arrancar esse instrumento das mãos dos
representantes de classes
Isso não aconteceu, porém. Em vez de tomar a
ofensiva, a burguesia deixou apertar-se cada vez mais o cerco em torno de si
para, enfim, adotar providências inadequadas que, por muito tardias, tornaram-se
sem eficiência, e, por isso mesmo, eram facilmente repelidas. Assim ficou tudo
como antes, apenas o descontentamento tornou-se cada vez maior.
Os
"sindicatos independentes", como uma nuvem tempestuosa, obscureciam o horizonte
político, ameaçando também a existência dos indivíduos. Essas organizações se
transformaram no mais temível instrumento de terror contra a segurança e
independência da economia nacional, a solidez do Estado e a liberdade dos
indivíduos.
Foram eles, sobretudo, que transformaram a concepção da
democracia em uma frase asquerosa e ridícula, que profanava a liberdade e
escarnecia, de maneira imperecível, da fraternidade, nesta proposição: "Se não
quiseres ser dos nossos, nós te arrebentaremos a cabeça".
Assim começava
eu a conhecer esses inimigos do "gênero humano".
No decurso dos anos, a
opinião sobre eles desenvolveu-se e aprofundou-se, sem modificar-se, porém.
Quanto mais eu estudava o aspecto exterior da social-democracia, tanto mais
crescia o desejo de penetrar na estrutura íntima dessa doutrina.
A
literatura oficial do Partido de pouca utilidade me poderia ser na realização
desse objetivo. Ela é, no que diz respeito a questões econômicas, falsa nas suas
afirmações e conclusões e mentirosa quanto à finalidade política.
Daí a
razão por que eu me sentia, de coração, afastado dos novos modos de expressão da
eterna rabulice política e da sua maneira de descrever as coisas.
Com um
inconcebível luxo de palavras de significação obscura, gaguejavam sentenças que
deveriam ser ricas de pensamento como eram falhas de senso.
Só a
decadência dos nossos intelectuais das grandes cidades poderia, neste labirinto
da razão, sentir-se confortavelmente, para, no nevoeiro deste dadaismo
literário, compreender a "vida íntima", apoiado na proverbial inclinação de uma
parte do nosso povo, para sempre farejar a sabedoria profunda no meio dos
paradoxos pessoais.
Enquanto eu, na realidade de suas demonstrações,
pesava todas as mentiras e desatinos teóricos dessa doutrina, chegava, pouco a
pouco, a uma compreensão mais clara da sua vontade.
Nestas horas
apoderavam-se de mim idéias tristes e maus presságios. Vi diante de mim uma
doutrina, constituída de egoísmo e de ódio, que, por leis matemáticas, poderá
ser levada à vitória mas arrastará a humanidade à ruína.
Nesse ínterim,
eu já tinha compreendido a ligação entre essa doutrina de destruição e o caráter
de uma certa raça para mim até então desconhecida.
Só o conhecimento dos
judeus ofereceu-me a chave para a compreensão dos propósitos íntimos e, por
isso, reais da social-democracia. Quem conhece este povo vê cair-se-lhe dos
olhos o véu que impedia descobrir as concepções falsas sobre a finalidade e o
sentido deste partido e, do nevoeiro do palavreado de sua propaganda, de dentes
arreganhados, vê aparecer a caricatura do marxismo.
Hoje é-me difícil,
senão impossível, dizer quando a palavra judeu pela primeira vez foi objeto de
minhas reflexões. Na casa paterna, durante a vida de meu pai, não me lembro de
tê-la ouvido. Creio que ele já via nessa palavra a expressão de uma cultura
retrógrada. No curso de sua vida, ele chegou a uma concepção mais ou menos
cosmopolita do mundo combinada a um nacionalismo radical que, também, exercia
seus efeitos sobre mim.
Na escola também não encontrei oportunidade que
me pudesse levar a uma modificação desse modo de encarar as coisas, que me havia
transmitido meu pai.
É verdade que, na escola profissional, eu havia
conhecido um jovem judeu que era tratado por nós com certa prevenção, mas isso
somente porque não tínhamos confiança nele, devido ao seu todo taciturno e a
vários fatos que nos haviam escarmentado. Nem a mim nem aos outros despertou
isso quaisquer reflexões.
Só dos meus quatorze para os quinze anos
deparei freqüentemente com a palavra judeu, ligada em parte a conversas sobre
assuntos políticos. Sentia contra isso uma ligeira repulsa e não podia evitar
essa impressão desagradável que, aliás, sempre se apoderava de mim quando
discussões religiosas se travavam na minha presença.
Nesse tempo eu não
via a questão sob qualquer outro aspecto.
Em Linz havia muito poucos
judeus. Com o decorrer dos séculos, o aspecto do judeu se havia europeizado e
ele se tornara parecido com gente. Eu os tinha por alemães, Não me era possível
compreender o erro desse julgamento, porque o único traço diferencial que neles
via era o aspecto religioso diferente do nosso. Minha condenação a manifestações
contrárias a eles, a perseguição que se lhes movia, por motivos de religião como
eu acreditava, levavam-me à irritação, Eu não pensava absolutamente na
existência de um plano regular de combate aos judeus.
Com essas idéias
vim para Viena.
Absorvido pela avalancha de impressões que a arquitetura
despertava, abatido pelo peso da minha própria sorte, eu não tinha olhos para
observar a estrutura da população da grande cidade.
Embora Viena, já
naquele tempo, possuísse duzentos mil judeus em uma população de dois milhões,
não me apercebi desse fato. Nas primeiras semanas, os meus sentidos não puderam
abarcar o conjunto de tantos valores e idéias novas. Só depois que, pouco a
pouco, a serenidade voltou e as imagens confusas dos primeiros tempos começaram
a esclarecer-se, é que mais acuradamente pude ver em torno de mim o novo mundo
que me cercava e, então, deparei também com o problema judaico.
Não
quero afirmar que a maneira por que eu os conheci me tenha sido particularmente
agradável. Eu só via no judeu o lado religioso. Por isso, por uma questão de
tolerância, considerava injusta a sua condenação por motivos religiosos. O tom,
sobretudo da imprensa anti-semítica de Viena, parecia me indigno das tradições
de cultura de um grande povo, Causava-me mal-estar a lembrança de certos fatos
da Idade Média, cuja reprodução não desejava ver. Como esses jornais não valiam
grande coisa - e a razão disso eu então não conhecia - via neles mais o produto
de mesquinha inveja do que o resultado de uma questão de princípios, embora
falsos.
Fortaleci-me nessa maneira de pensar pela forma infinitamente
mais digna (assim pensava eu então) por que a grande imprensa respondia a todos
esses ataques ou - o que me parecia de mais mérito ainda pelo silêncio de morte
em que se mantinha.
Lia com fervor a chamada grande imprensa ("Neue
Freie Presse", "Wiener Tageblatt", etc.) e ficava admirado ante a extensão dos
assuntos que oferecia ao leitor assim como diante da objetividade das suas
manifestações em cada caso particular. Apreciava o seu estilo elegante,
distinto. Os exageros de forma não me agradavam, chocavam-me.
Porque eu
tenha visto Viena assim, apresento como desculpa o esclarecimento que me dei a
mim mesmo.
O que repetidamente me causava repugnância era a maneira
indigna pela qual a imprensa bajulava a corte.
Não havia acontecimento
na corte que não fosse comunicado aos leitores em tom do mais intenso entusiasmo
ou da mais lamurienta consternação, prática essa que, mesmo tratando-se do "mais
sábio monarca" de todos os tempos, podia ser comparada aos excessos incontidos
de um galo silvestre.
Isso me parecia exagerado e era por mim visto como
uma mancha para a Democracia liberal.
Pretender as graças desta corte e de maneira tão indigna era o mesmo
que trair a dignidade da nação.
Esta foi a primeira sombra que devia
perturbar as minhas afinidades espirituais com a grande imprensa de Viena.
Como sempre, também em Viena, eu acompanhava todos os acontecimentos da
Alemanha com o maior ardor, quer se tratasse de questões políticas ou de
problemas culturais.
Com uma admiração a que se juntava o maior orgulho,
eu comparava a elevação do Reich com a decadência do Estado austríaco, Enquanto
os acontecimentos da política externa, na sua maior parte, provocavam geral
contentamento, a política interna freqüentemente dava margem a sombrias
aflições. A campanha que, naquele tempo, se movia contra Guilherme II, não tinha
a minha aprovação, Nele eu não via só o Imperador dos Alemães mas também o
criador da frota alemã. A imposição feita pelo Reichstag de não permitir ao
Kaiser fazer discursos indignava-me de modo tão extraordinário, porque essa
proibição partia de uma fonte que, aos meus olhos, nenhuma autoridade possuía,
atendendo a que, em um só período de sessão, esses gansos do parlamento haviam
grassitado mais idiotices do que o poderia fazer, durante séculos, uma inteira
dinastia de imperadores, dado o seu muito menor número.
Eu me
encolerizava com o fato de, em um país em que qualquer imbecil não só
reivindicava para si o direito de crítica mas, no Parlamento, tinha até a
permissão de decretar leis para a Pátria, o detentor da coroa imperial pudesse
receber admoestações da mais superficial das instituições de palavrório de todos
os tempos.
Irritava-me ainda mais com o fato de ver que a mesma imprensa
"vienense" que, diante de um cavalo da corte, se desfazia nas mais respeitosas
mesuras a um acidental movimento da cauda do mesmo, aparentando cuidados que
para mim não passavam de mal encoberta maldade, pudesse exprimir o seu
pensamento contra o imperador dos alemães!
Em tais casos o sangue me
subia à cabeça.
Foi isso o que, pouco a pouco, me fez olhar com mais
atenção a grande imprensa.
Fui forçado a reconhecer uma vez que um dos
jornais anti-semíticos, o "Deutsche Volksblatt", em uma oportunidade idêntica,
portara se de maneira mais decente.
O que também me enervava era a
nojenta bajulação com que a grande imprensa se referia à França.
Éramos
forçados a nos envergonhar de sermos alemães quando nos chegavam aos ouvidos
esses açucarados hinos de louvor à "grande nação da cultura".
Essa
lastimável galomania mais de uma vez me levou a deixar cair das mãos um desses
grandes jornais.
Freqüentemente, procurava o "Volksblatt" que, apesar de
muito menor, parecia-me mais limpo nesses assuntos.
Não concordava com a
sua atitude radicalmente anti-semítica, mas, de vez em quando, eu encontrava
argumentações que me faziam refletir.
De qualquer modo, por meio de
"Volksblatt", eu pude conhecer aos poucos o homem e o movimento de que dependiam
a sorte de Viena: o Dr. Karl Lueger e o Partido Social Cristão.
Quando
vim para Viena era francamente contrário a ambos.
O movimento e o seu
líder me pareciam reacionários.
O habitual sentimento de justiça
deveria, porém, modificar esse julgamento, à proporção que se me oferecia
oportunidade de conhecer o homem e a sua atuação. Com o tempo, tornei-me de
franco entusiasmo por ele. Hoje, vejo-o, mais do que antes, como o mais forte
burgo-mestre alemão de todos os tempos,
Quantas de minhas arraigadas
convicções caíram por terra com essa mudança de modo de ver a respeito do
movimento social-cristão!
A minha maior metamorfose foi, porém, a que
experimentei em relação ao movimento anti-semítico.
Isso me custou,
durante meses, as maiores lutas íntimas, entre os meus sentimentos e as minhas
idéias, luta em que as idéias acabaram por triunfar.
Por ocasião dessa
áspera luta entre a educação sentimental e a razão pura, a observação da vida de
Viena prestou-me serviços inestimáveis.
Eu já não errava pelas ruas da
importante cidade como um cego que nada vê. Com os olhos bem abertos, observava
não mais somente os monumentos arquitetônicos mas também os homens.
Um
dia em que passeava pelas ruas centrais da cidade, subitamente deparei com um
indivíduo vestido em longo caftan e tendo pendidos da cabeça longos caches
pretos.
Meu primeiro pensamento foi: isso é um judeu?
Em Linz
eles não tinham as características externas da raça.
Observei o homem,
disfarçada mas cuidadosamente, e quanto mais eu contemplava aquela estranha
figura, examinando-a traço por traço, mais me perguntava a mim mesmo: isso é
também um alemão?
Como acontecia sempre em tais ocasiões, tentei remover
as minhas dúvidas recorrendo aos livros. Pela primeira vez na minha vida,
comprei, por poucos pfennigs, alguns panfletos anti-semíticos. Infelizmente,
todos partiam do ponto de vista de já ter o leitor algum conhecimento da questão
semítica. O tom da maior parte desses folhetos era tal que, de novo, fiquei em
dúvida. As suas afirmações eram apoiadas em argumentos tão superficiais e
anticientíficos que a ninguém convenciam.
Durante semanas, talvez meses,
permaneci na situação primitiva. O assunto parecia-me tão vasto, as
acusações tão excessivas, que, torturado pelo receio de fazer uma injustiça, de
novo fiquei em um estado de incerteza e ansiedade. Não me era lícito
duvidar que, no caso, não se tratava de uma questão religiosa, mas de raça, pois
logo que comecei a estudar o problema e a observar os judeus, Viena apareceu-me
sob um aspecto diferente. Já agora, para qualquer parte que me dirigisse, eu via
judeus e quanto mais os observava mais firmemente convencido ficava de que eles
eram diferentes das outras raças. Sobretudo no centro da cidade e na parte norte
do canal do Danúbio, notava-se um verdadeiro enxame de indivíduos que, por seu
aspecto exterior, em nada se pareciam com os alemães. Mesmo, porém, que me
assaltassem ainda algumas dúvidas, todas as hesitações se dissipavam em face da
atitude de uma parte dos judeus.
Surgiu entre eles um grande movimento
de vasta repercussão em Viena que muito concorreu para um juízo seguro sobre o
caráter racial dos judeus. esse movimento foi o Sionismo.
Parecia, à
primeira vista, que só uma parte dos judeus aprovava essa atitude e que a grande
maioria condenava aquele princípio e o rejeitava decididamente. Após observação
mais acurada, verificava-se que essa aparência se traduzia em um misto de
teorias, para não dizer de mentiras, apresentadas por motivos tácitos, pois o
chamado judeu liberal rejeitava os pontos de vista dos sionistas, não porque
esses fossem não judeus mas porque eram judeus que pertenciam a um credo pouco
prático e talvez mesmo perigoso para o próprio judaísmo.
Essa discórdia
em nada alterava, porém, a solidariedade íntima entre os adversários.
A
luta aparente entre os sionistas e os judeus liberais muito cedo me despertou
nojo. Comecei a vê-la como hipócrita, uma deslavada miséria, de começo a fim, e,
sobretudo, indignada da tão proclamada pureza moral desse povo.
De mais
a mais, essa pureza moral ou de qualquer outra natureza era uma questão
discutível. Que eles não eram amantes de banhos podia-se assegurar pela simples
aparência. Infelizmente não raro se chegava a essa conclusão até de olhos
fechados, Muitas vezes, posteriormente, senti náuseas ante o odor desses
indivíduos vestidos de caftan. A isso se acrescentem as roupas sujas e a
aparência acovardada e tem-se o retrato fiel da raça.
Tudo isso não era
de molde a atrair simpatia. Quando, porém, ao lado dessa imundície física, se
descobrissem as nódoas morais, maior seria a repugnância.
Nada se
afirmou em mim tão depressa como a compreensão, cada vez mais completa, da
maneira de agir dos judeus em determinados assuntos.
Poderia haver uma
sujidade, uma impudência de qualquer natureza na vida cultural da nação em que,
pelo menos um judeu, não estivesse envolvido?
Quem, cautelosamente,
abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra as surpresas da luz,
algum judeuzinho. Isso é tão fatal como a existência de vermes nos corpos
putrefatos.
O judaísmo provocou em mim forte repulsa quando consegui
conhecer suas atividades, na imprensa, na arte, na literatura e no teatro.
Protestos moles já não podiam ser aplicados. Bastava que se examinassem os
seus cartazes e se conhecessem os nomes dos responsáveis intelectuais pelas
monstruosas invenções no cinema e no drama, nas quais se reconhecia o dedo do
judeu, para que se ficasse por muito tempo revoltado. Estava-se em face de uma
peste, peste espiritual, pior do que a devastadora epidemia de 1348, conhecida
pelo nome de Morte Negra. E essa praga estava sendo inoculada na nação.
Quanto mais baixo é o nível intelectual e moral desses industriais da Arte,
tanto mais ilimitada é a sua atuação, pois até os garotos, transformados, em
verdadeiras máquinas, espalham essa sujeira entre os seus camaradas. Reflita-se
também no número ilimitado das pessoas contagiadas por esse processo, Pense-se
em que, para um gênio como Goethe, a natureza lança no mundo dezenas de milhares
desses escrevinhadores que, portadores de bacilos da pior espécie, envenenam as
almas.
É horrível constatar, - mas essa observação não deve ser
desprezada.-.ser justamente o judeu que parece ter sido escolhido pela natureza
para essa ignominiosa tarefa.
Dever-se-ia procurar na ignomínia dessa
missão o motivo de haver essa escolha recaído nos judeus?
Comecei a
estudar cuidadosamente os nomes de todos os criadores dessas podridões
artísticas fornecidas ao povo. O resultado foi aumentar as minhas prevenções na
atitude em relação aos judeus. Por mais que isso contrariasse meus sentimentos,
eu era arrastado pela razão a tirar as minhas conclusões do que observava.
Não se podia negar - porque era uma realidade - o fato de correrem por
conta dos judeus nove décimos da sordidez e dos disparates da literatura, da
arte e do teatro, fato esse tanto mais grave quanto é sabido que esse povo
representa um centésimo da população do país.
Comecei também a examinar
debaixo do mesmo ponto de vista a grande imprensa de minha predileção.
À
proporção que o meu exame se aprofundava diminuía o motivo de minha antiga
admiração por essa imprensa. O estilo desses jornais era insuportável, as idéias
eu as repelia por superficiais e banais e as afirmações pareciam aos meus olhos
conter mais mentiras do que verdades honestas. E os editores dessa imprensa eram
judeus!
Muitas coisas que até então quase me passavam despercebidas
agora me chamavam a atenção como dignas de ser observadas, outras que já tinham
sido objeto de minhas reflexões passaram a ser melhor compreendidas.
Comecei a ver sob outra luz as opiniões liberais desses periódicos. O tom
de distinção das réplicas aos ataques, assim como o seu completo silêncio em
certos assuntos, revelavam-se agora como truques inteligentes e vis. As suas
brilhantes criticas teatrais sempre favoreciam os autores judeus e as
apreciações desfavoráveis só atingiam os autores alemães.
Suas ligeiras
alfinetadas contra Guilherme II, assim como os elogios à cultura e à civilização
francesa, evidenciavam a persistência nos seus métodos. O conteúdo das novelas
era de repelente imoralidade e na linguagem via-se claramente o dedo de um povo
estrangeiro. O sentido geral dos seus escritos era tão evidentemente depreciador
de tudo quanto era alemão, que não se podia deixar de nisso ver uma intenção
deliberada.
Quem teria interesses nessa campanha?
Seria tanta
coincidência mero acaso?
A dúvida foi crescendo em meu espírito.
Essa evolução mental precipitou-se com a observação de outros fatos, com o
exame dos costumes e da moral seguidos pela maior parte dos judeus.
Aqui
ainda foi o espetáculo das ruas de Viena que me proporcionou mais uma lição
prática.
As ligações dos judeus com a prostituição e sobretudo com o
tráfico branco podiam ser estudadas em Viena, melhor do que em qualquer cidade
da Europa ocidental, como exceção, talvez, dos portos do sul da França.
Quem à noite passeasse pelas ruas e becos de Viena seria, quer quisesse
quer não, testemunha de fatos que se conservaram ocultos a grande parte do povo
alemão, até que a Guerra deu aos lutadores oportunidade de poderem, ou melhor,
de serem obrigados a assistir a cenas semelhantes.
Quando, pela primeira
vez, vi o judeu envolvido, como dirigente frio, inteligente e sem escrúpulos,
nessa escandalosa exploração dos vícios do rebotalho da grande cidade, passou-me
um calafrio pelo corpo, logo seguido de um sentimento de profunda revolta.
Então não mais evitei a discussão sobre o problema semítico.
Como
procurava aprender a vida cultural e artística dos judeus sob todos os aspectos,
encontrei-os em uma atividade que jamais me tinha passado pela mente.
Agora que me tinha assegurado de que os judeus eram os líderes da
social-democracia, comecei a ver tudo claro. A longa luta que mantive comigo
mesmo havia chegado ao seu ponto final.
Nas relações diárias com os meus
companheiros de trabalho, já minha atenção tinha sido despertada pelas suas
surpreendentes mutações, a ponto de tomarem posições diferentes em torno de um
mesmo problema, no espaço de poucos dias e, às vezes, de poucas horas.
Dificilmente eu podia compreender como homens que, tomados isoladamente,
possuem visão racional das coisas, perdem-na de repente, logo que se põem em
contato com as massa. Era motivo para duvidar de seus propósitos.
Quando, depois de discussões que duravam horas inteiras, eu me tinha
convencido de haver afinal esclarecido um erro e já exultava com a vitória,
acontecia que, com pesar meu, no dia seguinte, tinha de recomeçar o trabalho,
pois tudo tinha sido debalde. Como um pêndulo em movimento, que sempre volta
para as mesmas posições, assim acontecia com os erros combatidos, cuja
reaparição era sempre fatal.
Assim pude compreender: 1.° que eles não
estavam satisfeitos com a sorte que tão áspera lhes era; 2.° que odiavam os
empregadores que lhes pareciam os responsáveis por essa situação; 3.° que
injuriavam as autoridades que lhes pareciam indiferentes ante a sua deplorável
situação; 4.° que faziam demonstrações nas ruas sobre a questão dos preços dos
gêneros de primeira necessidade.
Tudo isso podia-se ainda compreender,
pondo-se a razão de lado. O que, porém, era incompreensível era o ódio sem
limites à sua própria nação, o achincalhamento das suas grandezas, a profanação
da sua história, o enlameamento dos seus grandes homens.
Essa revolta
contra a sua própria espécie, contra a sua própria casa, contra o seu próprio
torrão natal, era sem sentido, inconcebível e contra a natureza.
Durante
dias, no máximo semanas, conseguia-se livrá-los desse erro Quando, mais tarde,
encontrávamos o pretenso convertido, já os antigos erros de novo se haviam
apoderado de seu espírito. A monstruosidade tinha tomado posse de sua vítima.
Pouco a pouco, compreendi que a imprensa social-democrática era, na sua
grande maioria, controlada pelos judeus. Liguei pouca importância a esse fato
que, aliás, se verificava com os outros jornais. Havia, porém, um fato
significativo: nenhum jornal em que os judeus tinham ligações poderia ser
considerado como genuinamente nacional, no sentido em que eu, por influência de
minha educação, entendia essa palavra.
Vencendo a minha relutância,
tentei ler essa espécie de imprensa marxista, mas a repulsa por ela crescia cada
vez mais. Esforcei-me por conhecer mais de perto os autores dessa maroteira e
verifiquei que, a começar pelos editores, todos eram judeus.
Examinei
todos os panfletos sociais-democráticos que pude conseguir e, invariavelmente,
cheguei à mesma conclusão: todos os editores eram judeus. Tomei nota dos nomes
de quase todos os líderes e, na sua grande maioria, eram do "povo escolhido",
quer se tratasse de membros do "Reichscrat", de secretários dos sindicatos, de
presidentes de associações ou de agitadores de rua. Em todos encontravam-se
sempre a mesma sinistra figura do judeu. Os nomes de Austerlitz, David, Adler,
Ellenbogen etc., ficarão eternamente na minha memória.
Uma coisa
tornou-se clara para mim. Os líderes do Partido Social Democrata, com os
pequenos elementos do qual eu tinha estado em luta durante meses, eram quase
todos pertencentes a uma raça estrangeira, pois para minha satisfação íntima,
convenci-me de que o judeu não era alemão. Só então compreendi quais eram os
corruptores do povo.
Um ano de estadia em Viena tinha sido suficiente
para dar-me a certeza de que nenhum trabalhador deveria persistir na teimosia de
não se preocupar com a aquisição de um conhecimento mais certo das condições
sociais. Pouco a pouco, familiarizei-me com a sua doutrina e dela me utilizava
como instrumento para a formação de minhas convicções íntimas.
Quase
sempre a vitória se decidia para o meu lado.
Todo esforço devia ser
tentado para salvar as massas, ainda com grandes sacrifícios de tempo e de
paciência.
Do lado dos judeus nenhuma esperança havia, porém, de
libertá-los de um modo de encarar as coisas.
Nesse tempo, na minha
ingenuidade de jovem, acreditei poder evidenciar os erros da sua doutrina. No
pequeno círculo em que agia, esforçava-me, por todos os meios ao meu alcance,
por convencê-los da perniciosidade dos erros do marxismo e pensava atingir esse
objetivo, mas o contrário é o que acontecia sempre. Parecia que o exame cada vez
mais profundo da atuação deletéria das teorias sociais democráticas nas suas
aplicações servia apenas para tornar ainda mais firmes as decisões dos judeus.
Quanto mais eu contendia com eles, melhor aprendia a sua dialética. Partiam
eles da crença na estupidez dos seus adversários e quando isso não dava
resultado fingiam-se eles mesmos de estúpidos. Se falhavam esses recursos, eles
se recusavam a entender o que se lhes dizia e, de repente, pulavam para outro
assunto, saíam-se com verdadeiros truismos que, uma vez aceitos, tratavam de
aplicar em casos inteiramente diferentes. Então quando, de novo, eram apanhados
no próprio terreno que lhes era familiar, fingiam fraqueza e alegavam não
possuir conhecimentos preciosos.
Por onde quer que se pegassem esses
apóstolos, eles escapuliam como enguias das mãos dos adversários. Quando, um
deles, na presença de vários observadores, era derrotado tão completamente que
não tinha outra saída senão concordar, e que se pensava haver dado um passo para
a frente, experimentava-se a decepção de, no dia seguinte, ver o adversário
admirado de que assim se pensasse. O judeu esquecia inteiramente o que se lhe
havia dito na véspera e repetia os mesmos antigos absurdos, como se nada,
absolutamente nada, houvesse acontecido. Fingia-se encolerizado, surpreendido e,
sobretudo, esquecido de tudo, exceto de que o debate tinha terminado por
evidenciar a verdade de suas afirmações.
Eu ficava pasmo.
Não se
sabia o que mais admirar, se a sua loquacidade, se o seu talento na arte de
mentir.
Gradualmente comecei a odiá-los.
Tudo isso tinha, porém,
um lado bom. Nos círculos em que os adeptos, ou pelo menos os propagadores da
social-democracia, caíam sob as minhas vistas, crescia o meu amor pelo meu
próprio povo.
Quem poderia honestamente anatematizar as infelizes
vítimas desses corruptores do povo, depois de conhecer-lhes as diabólicas
habilidades?
Como era difícil, até mesmo a mim, dominar a dialética de
mentiras dessa raça!
Quão impossível era qualquer êxito nas discussões
com homens que invertem todas as verdades, que negam descaradamente o argumento
ainda há pouco apresentado para, no minuto seguinte, reivindicá-lo para si!
Quanto mais eu me aprofundava no conhecimento da psicologia dos judeus,
mais me via na obrigação de perdoar aos trabalhadores.
Aos meus olhos, a
culpa maior não deve recair sobre os operários mas sim sobre todos aqueles que
acham não valer a pena compadecer-se da sua sorte, com estrita justiça dar aos
filhos do povo o que lhes é devido, mas poupar os que os desencaminham e
corrompem.
Levado pelas lições da experiência de todos os dias, comecei
a pesquisar as fontes da doutrina marxista. Em casos individuais, a sua atuação
me parecia clara. Diariamente, eu observava os seus progressos e, com um pouco
de imaginação, podia avaliar as suas conseqüências. A Única questão a examinar
era saber se os seus fundadores tinham presente no espírito todos os resultados
de sua invenção ou se eles mesmos eram vitimas de um erro.
As duas
hipóteses me pareciam possíveis.
No primeiro caso, era dever de todo ser
pensante colocar-se à frente da reação contra esse desgraçado movimento, para
evitar que chegasse às suas extremas conseqüências; na segunda hipótese, os
criadores dessa epidemia coletiva deveriam ter sido espíritos verdadeiramente
diabólicos, pois só um cérebro de monstro - e não o de um homem - poderia
aceitar o plano de uma organização de tal porte, cujo objetivo final conduzirá à
destruição da cultura humana e à ruína do mundo.
Nesse último caso, a
solução que se impunha, como última tábua de salvação, era a luta com todas as
armas que pudesse abraçar a razão e a vontade dos homens, mesmo se a sorte do
combate fosse duvidosa.
Assim comecei a entrar em contato com os
fundadores da doutrina a fim de poder estudar os princípios em que se fundava o
movimento marxista. Consegui esse objetivo mais depressa do que me seria lícito
supor, devido aos conhecimentos que possuía sobre a questão semítica, embora
ainda não muito profundos. Essa circunstância tornou possível uma comparação
prática entre as realidades do mesmo e as reivindicações teóricas da
social-democracia, que tanto me tinha auxiliado a entender os métodos verbais do
povo judeu, cuja principal preocupação é ocultar ou pelo menos disfarçar os seus
pensamentos. Seu objetivo real não está expresso nas linhas mas oculto nas
entrelinhas.
Foi por esse tempo que se operou em mim a maior modificação
de idéias que devia experimentar. De inoperante cidadão do mundo passei a ser um
fanático anti-semita. Mais uma vez ainda - e agora pela última vez - pensamentos
sombrios me arrastavam ao desânimo.
Durante meus estudos sobre a
influência da nação judaica, através de longos períodos da história da
civilização, o tétrico problema se armou diante de mim não teria inescrutável
destino, por motivos ignorados por nós, pobres mortais, decretado a vitória
final dessa pequena nação?
A esse povo não teria sido destinado o
domínio da Terra como uma recompensa?
À proporção que me aprofundava no
conhecimento da doutrina marxista e me esforçava por ter uma idéia mais clara
das atividades do marxismo, os próprios acontecimentos se encarregavam de dar
uma resposta àquelas dúvidas.
A doutrina judaica do marxismo repele o
princípio aristocrático na natureza. Contra o privilégio eterno do poder e da
força do indivíduo levanta o poder das massas e o peso-morto do número. Nega o
valor do indivíduo, combate a importância das nacionalidades e das raças,
anulando assim na humanidade a razão de sua existência e de sua cultura. Por
essa maneira de encarar o universo, conduziria a humanidade a abandonar qualquer
noção de ordem. E como nesse grande organismo, só o caos poderia resultar da
aplicação desses princípios, a ruína seria o desfecho final para todos os
habitantes da Terra.
Se o judeu, com o auxilio do seu credo marxista,
conquistar as nações do mundo, a sua coroa de vitórias será a coroa mortuária da
raça humana e, então, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como há milhões
de anos, errará pelo éter.
A natureza sempre se vinga inexoravelmente de
todas as usurpações contra o seu domínio.
Por isso, acredito agora que
ajo de acordo com as prescrições do Criador Onipotente. Lutando contra o
judaísmo, estou realizando a obra de Deus.
CAPÍTULO III - REFLEXÕES GERAIS SOBRE A POLÍTICA DA ÉPOCA DE MINHA ESTADA EM
VIENA
Estou convencido de que, a menos que se trate de indivíduos
dotados de dons excepcionais, o homem, em geral, não se deve ocupar,
publicamente, de política, antes dos trinta anos de idade. Não o deve, porque só
então se realiza, o mais das vezes, a formação de uma base de idéias, de acordo
com a qual, ele examina os diferentes problemas políticos e determina a sua
atitude definitiva em relação aos mesmos. Só depois de adquirir uma tal
concepção fundamental e de alcançar, por meio dela, firmeza no- modo de encarar
as questões particulares do seu tempo, deve ou pode o homem, intelectualmente
amadurecido, tomar parte na direção da coisa pública.
A não ser assim,
corre ele o perigo de um dia mudar de atitude sobre questões essenciais ou,
contra as suas idéias e sentimentos, permanecer fiel a uma maneira de ver desde
muito tempo repelida pela sua razão, pelas suas convicções. O primeiro caso, é,
para o indivíduo pessoalmente doloroso, porque, quem vacila não tem mais o
direito de esperar que a fé de seus adeptos tenha a inabalável firmeza que
dantes tinha; e, para os seus dirigidos, a fraqueza do chefe sempre se traduz em
perplexidade e não raro no sentimento de um certo vexame em face daqueles que
até então combatiam. Em segundo lugar, sobrevem o que. sobretudo hoje, é muito
freqüente: à medida que o chefe não dá mais crédito ao que ele próprio disse, a
sua defesa torna-se mais fraca e, por isso mesmo, vulgar quanto à escolha dos
meios. Ao passo que ele próprio não pensa mais em defender os seus pontos de
vista políticos (ninguém morre por aquilo em que não crê), as suas exigências
junto aos seus partidários, tornam-se proporcionalmente cada vez mais
imprudentes até que, afinal, ele sacrifica as suas últimas qualidades de chefe
para converter-se num "político", isto é, nesse tipo de homem cujo único
sentimento verdadeiro é a falta de sentimento, ao lado de uma arrogante
impertinência e uma descarada arte de mentir.
Se, por infelicidade dos
homens decentes, um sujeito desses chega ao Parlamento, deve saber-se desde logo
que, para ele, a essência da política consiste apenas numa luta heróica pela
posse duradoura de uma "mamadeira" para si e para a sua família. Quanto mais
dependam dele mulher e filhos, tanto mais aferradamente lutará pelo seu mandato.
Qualquer outro homem de verdadeiros instintos políticos é, por isso mesmo, seu
inimigo pessoal. Em qualquer novo movimento, fareja ele o possível começo do fim
de sua carreira, e em cada homem superior a probabilidade de um perigo que
ameaça.
Adiante, falarei mais detalhadamente dessa espécie de percevejos
parlamentares.
O homem de trinta anos ainda terá de aprender muito, no
curso de sua vida, mas isso será apenas o complemento e acabamento do quadro
doutrinário traçado pela concepção por ele já aceita. Para ele, aprender não é
mais mudar de método, mas enriquecer os seus conhecimentos; e seus partidários
não terão de suportar a angústia de até então terem recebido dele ensinamentos
errôneos, mas, ao contrário, a evidente evolução do chefe lhes dará satisfação,
porque o que este aprende significa o aprofundamento da doutrina deles. E isso é
uma prova da justeza de suas intuições.
Um chefe político que se vir na
contingência de abandonar as suas idéias, reconhecendo-as como falsas, só
procederá com decência se, ao reconhecer a falsidade das mesmas, estiver
disposto a ir até às últimas conseqüências. Em tal caso, deve, no mínimo,
renunciar ao exercício público de uma futura atividade política. Porque, tendo
admitido o reconhecimento de um erro fundamental, fica aberta a possibilidade de
uma segunda descaída. De modo algum, pode mais pretender ou exigir a confiança
de seus concidadãos.
Atesta quão pouco se atende hoje a esse decoro a
vileza da canalha que, - por vezes, se julga chamada a "fazer" política.
Da regra geral quase ninguém escapa.
Outrora, sempre me abstive de
ingressar publicamente na vida pública, se bem que sempre me tivesse preocupado
com a política, mais que muitos outros. Só a círculos restritos falava eu do que
me impelia ou atraia. E o falar em pequenos grupos tinha, em si, de certo modo,
muita utilidade. No mínimo, eu aprendia a "falar" e com isso a conhecer os
homens nas maneiras de ver e de objetar, às vezes extremamente simplistas.
Assim, sem perder tempo nem oportunidade, aperfeiçoava o meu espírito. A ocasião
era, nesse tempo, em Viena, mais favorável do que em qualquer parte da Alemanha.
As idéias políticas em voga, na velha Monarquia do Danúbio, eram de mais
interesses que na velha Alemanha da mesma época, exceto em parte da Prússia, em
Hamburgo e nas costas do Mar do Norte. Sob a denominação de "Áustria" entendo
nesse caso, o domínio do grande Império dos Habsburgos, em que a população alemã
era, sob todos os aspectos, não somente o motivo histórico da formação daquele
Estado, mas a força que, por si só, durante séculos, tornara possível a formação
cultural do país. Quanto mais o tempo passava, mais dependiam da conservação
dessa "célula mater" a estabilidade e o futuro daquele Estado.
Os velhos
domínios hereditários eram o coração do Império, que sempre fornecia sangue
fresco à circulação da vida do Estado e da sua cultura. Viena era, então, ao
mesmo tempo, cérebro e vontade.
Só pelo seu aspecto exterior, Viena se
impunha como a rainha daquele conglomerado de povos. A magnificência de sua
beleza fazia esquecer o que ali havia de mau.
Por mais violentamente que
palpitasse o Império, no interior, em sangrentas lutas das diferentes raças, o
estrangeiro e, em particular, os alemães, só viam, na Áustria, a imagem
agradável de Viena. Maior ainda era a ilusão porque, a esse tempo, Viena parecia
ter atingido a sua fase de maior prosperidade. Sob o governo de um burgomestre
verdadeiramente genial, despertava a venerável residência do soberano do velho
Império, mais uma vez, para uma vida maravilhosa. O último grande alemão, o
criador do povo de colonizadores da fronteira oriental, não era tido
oficialmente entre os chamados "estadistas". O Dr. Lueger, tendo prestado
inauditos serviços como burgomestre da "cabeça do Estado" e "cidade residência"
(Viena), fazendo-a progredir, como por encanto, em todos os domínios econômicos
e culturais, fortalecera o coração do Império, tornando-se assim, indiretamente,
maior estadista que todos os "diplomatas" de então reunidos.
Se o
aglomerado de povos a que se dá o nome de "Áustria" fracassou, isso nada quer
dizer contra a capacidade política do germanismo na antiga fronteira oriental,
mas é o resultado forçado da impossibilidade em que se encontravam dez milhões
de indivíduos de conservarem duradouramente um Estado de diferentes raças com
cinqüenta milhões de habitantes, a não ser que ocorressem na ocasião oportuna
determinadas circunstâncias favoráveis.
O alemão austríaco teve que
enfrentar um problema acima das suas possibilidades. Ele sempre se acostumou a
viver no quadro de um grande Estado e nunca perdeu o sentimento inerente à sua
missão histórica. Era o único, naquele Estado, que, além das fronteiras do
apertado domínio da coroa, via ainda as fronteiras do Império. Quando, afinal o
destino o separou da pátria comum, ele tentou tomar a si a grandiosa tareia de
tornar se senhor e conservar o germanismo que seus pais, outrora, em infindos
combates, haviam imposto ao leste. A propósito, convêm não esquecer que isso
aconteceu com forças divididas, pois, no espírito dos melhores descendentes da
raça alemã, nunca cessou a recordação da - pátria comum de que a Áustria era uma
parte.
O horizonte geral do alemão-austríaco era proporcionalmente mais
amplo. As suas relações econômicas abrangiam quase todo o multiforme Império.
Quase todas as empresas verdadeiramente grandes se achavam em suas mãos e o
pessoal dirigente, técnicos e funcionários, era na maior parte colocado por ele.
Era também o detentor do comércio exterior em tudo o que o judaísmo ainda não
havia posto a mão, nesse campo de suas preferências. Só o alemão conservava o
Estado politicamente unido. Já o serviço militar o punha fora do lar. O recruta
alemão austríaco ingressaria talvez, de preferência, num regimento alemão, mas o
regimento poderia estar tanto na Herzegovina como em Viena ou na Galícia. o
corpo de oficiais era sempre alemão, prevalecendo sobre o alto funcionalismo.
Alemãs, finalmente, eram a arte e a ciência. Abstração feita do "kitsch" que é o
novo processo na Arte, cuja produção podia ser sem dúvida também de um povo de
negros, era só o alemão o possuidor e vulgarizador do verdadeiro sentimento
artístico. Em música, literatura, escultura e pintura, era Viena a fonte que
inesgotavelmente abastecia, sem cessar, toda a dupla monarquia.
O
germanismo era enfim o detentor de toda a política externa, abs. traindo-se um
pouco da Hungria.
Portanto, era vã toda tentativa de conservar o
Império, Visto faltar, para isso, a condição essencial.
Para o Estado de
povos austríacos só havia uma possibilidade: vencer as forças centrifugas das
diferentes raças. O Estado, ou tornava-se central e interiormente organizado, ou
não podia existir.
Em vários momentos de lucidez nacional, essa idéia
chegou às "altíssimas" esferas, para logo ser esquecida ou ser posta de lado por
inexeqüível. Todo pensamento de um reforço da Federação, forçosamente teria de
fracassar em conseqüência da falta de um núcleo estatal de força predominante. A
isso acrescentem-se as condições intrinsecamente diferentes do Estado austríaco
em face do Império alemão, segundo o conceito de Bismarck. - Na Alemanha
tratava-se apenas de vencer as tradições políticas, pois sempre houve uma base
comum cultural. Antes de tudo, possuía o Reich, à exceção de pequenos fragmentos
estranhos, um povo único.
Inversa era a situação da Áustria.
Lá
a recordação da própria grandeza, em cada raça, desapareceu inteiramente ou foi
apagada pela esponja do tempo ou pelo menos tornou-se confusa e indistinta. Por
isso, desenvolveram-se, então, na era dos princípios nacionalistas, as forças
racistas. Vencê-las tornava-se relativamente mais difícil, visto que, à margem
da monarquia, começaram a formar-se Estados nacionais, cujos - povos,
racialmente aparentados ou iguais às nações desmembradas, podiam exercer mais
força de atração, ao contrário do que acontecia com o austro-alemão.
A
própria Viena não podia resistir por muito tempo a essa luta.
Com o
desenvolvimento de Budapeste, que se tornou grande cidade tinha ela, pela
primeira vez, uma rival, cuja missão não era mais a concentração de toda a
monarquia, mas antes o fortalecimento de uma parte da mesma. Dentro de pouco
tempo, Praga seguiu o exemplo e depois Lemberg, Laibach, etc. Com a elevação
dessas cidades, outrora provincianas, a metrópoles nacionais, formaram se
núcleos culturais mais ou menos independentes. E dai as tendências nacionalistas
das diferentes raças. Assim devia aproximar-se o momento em que as forças
motrizes desses Estados seriam mais poderosas que a força dos interesses comuns
e, então, extinguir-se-ia a Áustria.
Essa evolução tomou feição definida
depois da morte de José II, dependendo a sua rapidez de uma série de fatores em
parte inerentes à própria monarquia, mas que por outro lado eram o resultado da
atitude do Reich na política internacional de então.
Se se pretendesse
seriamente admitir a possibilidade da conservação daquele Estado e lutar por
ela, só se poderia ter por objetivo uma centralização absoluta e obstinada.
Depois, primeiro que tudo, se devia acentuar, pela fixação de uma língua oficial
una, a homogeneidade pura e formal, cuja direção, porém, deteria nas mãos os
expedientes técnicos, pois sem isso não pode subsistir um Estado uno. Depois,
com o tempo, tratar-se-ia de desenvolver um sentimento nacional uno, por meio
das escolas e da instrução. Isso não se alcançaria em dez ou vinte anos, mas em
séculos, pois em todas as questões de colonização a pertinácia vale mais que a
energia do momento.
Compreende-se, sem maiores explicações, que a
administração, bem como a direção política, deveriam ser conduzidas com a mais
rigorosa unidade de vistas.
Era para mim imensamente instrutivo examinar
porque isso não aconteceu, ou melhor, porque não se fez isso. O culpado por essa
omissão foi o culpado pelo desmoronamento do Reich.
Mais que qualquer
outro Estado estava a antiga Áustria dependente da inteligência dos seus guias.
A ela faltava o fundamento do Estado nacional, que possui, na base racista,
sempre uma força de conservação.
O Estado racionalmente uno pode
suportar a natural inércia de seus habitantes (e a força de resistência a ela
inerente), a pior administração, a pior direção, por períodos de tempo
espantosamente longos, sem por isso subverter-se. Muitas vezes, tem-se a
impressão de que em tal corpo não há mais vida, é como se estivesse morto e bem
morto. De repente, o suposto cadáver se levanta e dá aos homens surpreendentes
sinais de sua força vital.
Assim não acontece com um Estado composto de
raças diferentes, mantido, não pelo sangue comum, mas por um só pulso. Nesse
caso, qualquer fraqueza na direção pode não só conduzir o Estado à estagnação
como dar causa ao despertar dos instintos individuais, que sempre existem, sem
que em tempo oportuno possa exercer-se uma vontade predominante. Só por via de
uma educação comum, durante séculos, por uma tradição comum, por interesses
comuns, pode esse perigo ser atenuado. Por isso, tais formações estatais, quanto
mais jovens, mais dependentes são da superioridade da direção; e quando são
obras de homens violentos ou de heróis espirituais, logo desaparecem após a
morte de seu grande fundador. Mas, mesmo depois de séculos, esses perigos não
devem ser considerados como vencidos; apenas adormecem, para, às vezes,
despertarem de repente, quando a fraqueza da direção comum e a força da educação
e a sublimidade de todas as tradições não podem mais dominar o impulso da
própria vitalidade das diferentes raças.
Não ter compreendido isso é
talvez a culpa, de tão trágicas conseqüências, da casa dos Habsburgos.
Só a um deles o destino apresentou o fanal, que logo depois se apagou para
sempre, do destino da sua pátria.
José II, imperador católico-romano,
viu, angustiosamente, que, um dia, no redemoinho de uma Babilônia de povos que
se comprimiam à fronteira do Império, desapareceria a sua Casa, a não ser que, à
última hora, fossem sanados os descuidos dos antepassados. Com sobre-humana
força, o "amigo dos homens" tentou remediar a negligência de seus antecessores e
procurou recuperar em décadas o que se havia perdido em séculos. Se para a
realização de sua obra, ao menos duas gerações, depois dele, tivessem
continuado, com o mesmo afinco, a tarefa iniciada, provavelmente se teria
realizado o milagre. Mas quando, após dez anos de governo, faleceu, exausto de
corpo e de espírito, com ele caiu a sua obra no túmulo, para não mais despertar,
para adormecer para sempre na sepultura.
Os seus sucessores não estavam
à altura da tarefa, nem pela inteligência, nem pela energia.
Quando,
através da Europa, flamejavam os primeiros sinais da tempestade revolucionária,
começou também a Áustria a pegar fogo, pouco a pouco. Quando, porém, o incêndio
irrompeu afinal, já a fogueira era atiçada menos por causas sociais ou políticas
que por forças impulsoras de origem racial.
Em outra parte qualquer, a
revolução de 1848 podia ser uma luta de classes, mas na Áustria já era o começo
de um novo conflito racial. Quando o alemão daquele tempo, esquecendo ou não
reconhecendo essa origem, se colocava a serviço da sublevação revolucionária,
traçava ele próprio o seu destino. Com isso auxiliava o despertar do espírito da
democracia ocidental, que, dentro de pouco tempo, teria de subverter-se-lhe a
base da própria existência.
Com a formação de um corpo representativo
parlamentar, sem o prévio estabelecimento e fixação de uma língua oficial, foi
colocada a pedra fundamental do fim do domínio do germanismo na monarquia dos
Habsburgos. Desde esse momento, estava perdido também o próprio Estado. O que se
seguiu foi apenas a liquidação histórica de um Império.
Era tão
comovente quão instrutivo acompanhar essa decomposição. Sob milhares de formas
realizava-se aos poucos a execução dessa sentença histórica. O fato de que parte
dos homens se agitava às cegas através dos acontecimentos prova apenas que
estava na vontade dos deuses o aniquilamento da Áustria.
Não desejo
perder me aqui em minúcias, pois esse não é o fim deste livro. Apenas quero
incluir no quadro geral de uma observação aqueles acontecimentos que, como
causas sempre invariáveis da decadência de povos e Estados, também têm
significação para o nosso tempo e finalmente se fazem sentir, em apoio dos
fundamentos de meu pensamento político.
Entre as instituições que, aos
olhos mesmo pouco perspicazes do cidadão comum, mais claramente podiam - mostrar
a decomposição da monarquia austríaca, estava, em primeiro lugar, aquela que
parecia dever procurar na força a razão de sua própria existência, isto é, o
Parlamento ou, como se dizia na Áustria, o Conselho do Império ("Reichsrat").
Evidentemente, o modelo dessa corporação encontrava-se na Inglaterra, o
país da "democracia" clássica. De lá transportaram essa maldita instituição e
estabeleceram-na em Viena, tanto quanto possível sem modificá-la.
Na
Abgeordnetenhaus e na Herrenhaus, o sistema bicameral inglês festejava a sua
ressurreição. As "casas" eram, porém, algo diferentes. Quando, outrora, Barry
fez surgir das ondas do Tâmisa o seu palácio do Parlamento, mergulhou na
História do Império Britânico e retirou dela ornatos para os 1200 nichos,
consolos e colunas de sua monumental construção. Assim as Câmaras dos Comuns e
dos Lordes se tornaram, pelas suas esculturas e pinturas, o templo da glória
nacional.
Aí surgiu a primeira dificuldade para Viena. Quando o
dinamarquês Hansen acabava de colocar a última cumeeira da casa de mármore para
os novos representantes do povo, só lhe restava, para decoração, recorrer a
empréstimos à arte clássica. Os estadistas e filósofos gregos e romanos
embelezaram esse teatro da "democracia ocidental" e, com ironia simbólica,
avançam sobre as duas casas quadrigas em direção aos quatros pontos cardeais,
expressando melhor, dessa maneira, as tendências divergentes então existentes no
interior.
As várias raças tomariam como ofensa e provocação que nessa
obra se glorificasse a História da Áustria, exatamente como no império Alemão
foi preciso vir o ribombar das batalhas da guerra mundial para que se ousasse
consagrar ao povo alemão a obra de Wallot - o Reichstag.
Quando, com
menos de 20 anos de idade, penetrei no majestoso palácio de Franzensring, para
assistir, como ouvinte e espectador a uma sessão da Câmara dos Deputados,
senti-me possuído dos mais desencontrados sentimentos.
Sempre odiei o
Parlamento, mas não a instituição em si. Ao contrário, como homem de sentimentos
liberais, eu não podia imaginar outra possibilidade de governo, pois a idéia de
qualquer ditadura, dada a minha atitude em relação à casa dos Habsburgos, seria
considerada um crime contra a liberdade e contra a razão.
Não pouco
contribuiu para isso uma certa admiração pelo Parlamento inglês, que adquiri
insensivelmente, devido à abundante leitura de jornais de minha juventude -
admiração que não poderia perder facilmente. Causava-me enorme impressão a
gravidade com que a Câmara dos Comuns cumpria a sua missão (como de maneira tão
atraente costuma descrever a nossa imprensa). Poderia haver uma forma mais
elevada de self .government de um povo?
Justamente por isso é que eu era
um inimigo do Parlamento austríaco. Considerava a sua forma de atuação indigna
do grande modelo. Além disso, acrescia o seguinte:
O destino do
germanismo (Deutschtum) no Estado Austríaco dependia de sua posição no
Reichsrot. Até à introdução do sufrágio universal e secreto, os alemães, no
Parlamento, estavam em maioria, embora pequena. Já esse estado de coisas era
grave, pois não merecendo a social-democracia a confiança nacional, esta, para
não afugentar os adeptos não alemães, era sempre, nas questões críticas
referentes ao germanismo, contrária às aspirações alemãs. Já naquela época a
social-democracia não podia ser considerada um partido alemão. Com a introdução
do sufrágio universal cessou a supremacia alemã, numericamente falando. Não
havia, pois, nenhum empecilho no caminho da futura desgermanização do Estado.
Já naquele tempo, o instinto de conservação nacional fazia com que eu me
sentisse pouco inclinado pela representação popular, na qual a raça alemã, em
vez de ser representada, era sempre traída. Entretanto, esses defeitos, como
muitos outros, não deviam ser atribuídos ao sistema em si, mas ao Estado
austríaco. Eu pensava outrora que, com o restabelecimento da maioria alemã, nos
corpos representativos, não haveria mais necessidade de uma atitude doutrinária
contra aquela instituição,. enquanto perdurasse o velho Estado austríaco.
Com essa disposição interior entrei pela primeira vez nos tão sagrados quão
disputados salões. É verdade que para mim eles só eram sagrados devido à beleza
da magnífica construção. Uma obra-prima helênica em terra alemã.
Mas,
dentro de pouco tempo, sentia verdadeira indignação ao assistir ao lamentável
espetáculo que se desenrolava ante meus olhos.
Estavam presentes
centenas desses representantes do povo, que tinham de tomar atitude sobre uma
questão de importância econômica.
Bastou para mim esse primeiro dia para
fazer refletir durante semanas e semanas sobre a situação.
O conteúdo
mental do que se discutia era de uma "elevação" deprimente, a julgar pelo que se
podia compreender do falatório, pois alguns deputados não falavam alemão e, sim
línguas eslavas, ou melhor, seus dialetos. O que, até então, só conhecia através
da leitura de jornais, tinha agora oportunidade de ouvir com os meus próprios
ouvidos. Era uma massa agitada que gesticulava e gritava em todos os tons. Um
velhote inofensivo se esforçava, suando por todos os poros, para restabelecer a
dignidade da casa, agitando uma campainha, ora falando com benevolência, ora
ameaçando.
Tive de rir.
Algumas semanas mais tarde, tornei a
aparecer na Câmara. O quadro estava mudado a ponto de não ser reconhecido. A
sala completamente vazia. Dormia-se lá em baixo. Alguns deputados se encontravam
em seus lugares e bocejavam. Um deles "falava". Estava presente um vice
presidente da Câmara, o qual, visivelmente aborrecido, percorria a sala com os
olhos.
Surgiram-me as primeiras dúvidas. Cada vez que se me oferecia uma
oportunidade, corria para lá. e observava silenciosa e atentamente o quadro,
ouvia os discursos, sempre que podia compreendê-los, estudava as fisionomias
mais ou menos inteligentes desses eleitos das raças daquele triste Estado e, aos
poucos, fazia as minhas próprias reflexões.
Bastou um ano dessa calma
observação para modificar ou afastar definitivamente o meu juízo sobre o caráter
dessa instituição. No meu íntimo já tinha tomado atitude contra a forma
adulterada que essa instituição tomava na Áustria. Já não podia mais aceitar o
Parlamento em si. Até então eu vira o insucesso do Parlamento austríaco na falta
de uma maioria alemã: agora, porém, eu reconhecia a fatalidade na essência e
caráter dessa instituição.
Naquela ocasião apresentou-se-me uma série de
questões. Comecei a familiarizar-me com o princípio da resolução por maioria
como base de toda a Democracia. Entretanto, não dispensava menor atenção aos
valores mentais e morais dos cavalheiros que, como eleitos do povo, deviam
servir a esse desideratum..
Aprendi assim a conhecer ao mesmo tempo a
instituição e os seus representantes.
No decurso de alguns anos,
desenvolveu-se em minha mente o tipo plasticamente claro do fenômeno mais
respeitável dos nossos tempos, o homem parlamentar. Começou-se a gravar de tal
forma em minha memória, que não sofreu modificação essencial daí por diante.
Desta vez também o ensino intuitivo da realidade prática evitou que eu
aceitasse uma teoria que, à primeira vista, tão sedutora parece a muitos e que,
entretanto, deve ser contada entre os sinais de decadência da humanidade.
A atual Democracia do ocidente é a precursora do marxismo, que sem ela
seria inconcebível Ela oferece um terreno propicio, no qual consegue
desenvolver-se a epidemia. Na sua expressão externa - o parlamentarismo -
apareceu como um mostrengo "de lama e de fogo", no qual, a pesar meu, o fogo
parece ter-se consumido depressa demais. Sou muito grato ao destino por ter-me
apresentado essa questão a exame, anteriormente em Viena, pois cismo que, na
Alemanha, não poderia tê-la resolvido tão facilmente. Se eu tivesse reconhecido
em Berlim, pela primeira vez, o absurdo dessa instituição chamada Parlamento,
teria talvez caldo no extremo oposto e, sem aparente boa razão, talvez me
tivesse enfileirado entre aqueles a cujos olhos o bem do povo e do Império está
na exaltação da idéia imperial e que assim se põem, cegamente, em oposição à
humanidade e ao seu tempo.
Isso seria impossível na Áustria.
Lã
não era tão fácil cair de um erro no outro. Se o Parlamento nada valia, menos
ainda valiam os Habsburgos. Lá a rejeição do parlamentarismo, por si só, não
resolveria nada, pois ficaria de pé a pergunta: e depois? A eliminação do
Reichsrat deixaria ficar, como único poder governamental, a casa dos Habsburgos,
- idéia que se me afigurava intolerável.
A dificuldade desse caso
particular conduziu-me a estudar o problema de maneira mais profunda do que, de
outra forma, teria feito em tão verdes anos.
O que mais que tudo e com
mais insistência me fazia refletir no exame do parlamentarismo era a falta
evidente de qualquer responsabilidade individual dos seus membros.
O
Parlamento toma qualquer decisão - mesmo as de conseqüências mais funestas - e
ninguém é por ela responsável, nem é chamado a prestar contas.
Pode-se,
porventura, falar em responsabilidade, quando, após um colapso sem precedentes,
o governo pede demissão, quando a coalizão se modifica, ou mesmo o Parlamento se
dissolve?
Poderá, por acaso, uma maioria hesitante de homens ser jamais
responsabilizada?
Não está todo conceito de responsabilidade intimamente
ligado à personalidade? Pode-se, na prática, responsabilizar o dirigente de
um governo pelos atos cuja existência e execução devem ser levadas à conta da
vontade e do arbítrio de um grande grupo de homens?
Porventura
consistirá a tarefa do estadista dirigente não tanto em produzir um pensamento
criador, um programa, como na arte com que torna compreensível a natureza de
seus planos a um estúpido rebanho, com o fim de implorar-lhe o final
assentimento? Pode ser critério de um estadista que ele deva ser tão forte na
arte de convencer como na habilidade política da escolha das grandes linhas de
conduta ou de decisão?
Está provada a incapacidade de um dirigente pelo
fato de não conseguir ele ganhar, para uma determinada idéia, a maioria de uma
aglomeração reunida mais ou menos por simples acaso?
Já aconteceu que
essas câmaras compreendessem uma idéia antes que o êxito se tornasse o
proclamador da grandeza dessa mesma idéia?
Toda ação genial neste mundo
não é um protesto do gênio contra a inércia da massa?
Que pode fazer o
estadista que só consegue pela lisonja conquistar o favor desse aglomerado para
os seus planos?
Deve ele comprar o apoio desses representantes do povo
ou deve - em lace da tolice da execução das tarefas consideradas vitais -
retrair-se e permanecer inativo?
Em tal caso, não se dá um conflito
insolúvel entre a aceitação desse estado de coisas e a decência ou, melhor, a
opinião sincera.
Onde está o limite que separa o dever para com a
coletividade e o compromisso da honra pessoal?
Qualquer verdadeiro
dirigente não deverá abster-se de degradar-se assim em aproveitador político?
E, inversamente, não deverá todo aproveitador estar destinado a "fazer"
política, desde que a responsabilidade não caberá, afinal, a ele, mas à massa
intangível?
O princípio da maioria parlamentar não deve conduzir ao
desaparecimento da unidade de direção?
Acreditamos, acaso, que o
progresso neste mundo provenha da ação combinada de maiorias e não de cérebros
individuais?
Ou pensa-se que, no futuro, podemos dispensar essa
concepção de cultura humana?
Não parece, ao contrário, que a competência
hoje seja mais necessária do que nunca?
Negando a autoridade do
indivíduo e substituindo-a pela soma da massa presente em qualquer tempo, o
princípio parlamentar do consentimento da maioria peca contra o princípio básico
da aristocracia da natureza; e, sob esse ponto de vista, o conceito do princípio
parlamentar sobre a nobreza nada tem a ver com a decadência atual de nossa alta
sociedade.
Para um leitor de jornais judeus é difícil imaginar os mais
que a Instituição do controle democrático pelo parlamento ocasiona, a não ser
que ele tenha aprendido a pensar e a examinar o assunto com independência. Ela é
a causa principal da incrível dominação de toda a vida política justamente pelos
elementos de menos valor. Quanto mais os verdadeiros chefes forem afastados das
atividades políticas, que consistem principalmente, não em trabalho criativo e
produção, mas no regatear e comprar os favores da maioria, tanto mais a atuação
política descerá ao nível das mentalidades vulgares e tanto mais essas se
sentirão atraídas para a vida pública.
Quanto mais tacanho for, hoje em
dia, em espírito e saber, um tal mercador de couros, quanto mais clara a sua
própria intuição lhe fizer ver a sua triste figura, tanto mais louvará ele um
sistema que não lhe exige a força e o gênio de um gigante, mas contenta-se com a
astúcia de um alcaide e chega mesmo a ver com melhores olhos essa espécie de
sapiência que a de um Péricles. Além disso, um palerma assim não precisa
atormentar-se com a responsabilidade de sua ação. Ele está fundamentalmente
isento dessa preocupação, porque, qualquer que seja o resultado de suas tolices
de estadista, sabe ele muito bem que, desde muito tempo, o seu fim está escrito:
um dia terá de ceder o lugar a um outro espírito tão grande quanto ele próprio.
Uma das características de tal decadência é o fato de aumentar a quantidade de
"grandes estadistas" à proporção que se contrai a escala do valor individual. O
valor pessoal terá de tornar-se menor à medida que crescer a sua dependência de
maiorias parlamentares, pois tanto os grandes espíritos recusarão ser esbirros
de ignorantões e tagarelas, como, inversamente, os representantes da maioria,
isto é, da estupidez, nada mais odeiam que uma cabeça que reflete.
Sempre consola a uma assembléia de simplórios conselheiros municipais saber
que tem à sua frente um chefe cuja sabedoria corresponde ao nível dos presentes.
Cada um terá o prazer de fazer brilhar, de tempos em tempos, uma fagulha de seu
espírito; e, sobretudo, se Sancho pode ser chefe, por que não o pode ser
Martinho?
Mas, ultimamente, essa invenção da democracia fez surgir uma
qualidade que hoje se transformou em uma verdadeira vergonha, que é a covardia
de grande parte de nossa chamada "liderança". Que felicidade poder a gente
esconder-se, em todas as verdadeiras decisões de alguma importância, por trás
das chamadas maiorias!
Veja-se a preocupação de um desses salteadores
políticos em obter a rogos o assentimento da maioria, garantindo-se a si e aos
seus cúmplices, para, em qualquer tempo, poder alienar a responsabilidade. E eis
aí uma das principais razões por que essa espécie de atividade política é
desprezível e odiosa a todo homem de sentimentos decentes e, por. tanto, também
de coragem, ao passo que atrai todos os caracteres miseráveis - aqueles que não
querem assumir a responsabilidade de suas ações, mas antes procuram fugir-lhe,
não passando de covardes pulhas. Desde que os dirigentes de uma nação se
componham de tais entes desprezíveis, muito depressa virão as conseqüências.
Ninguém terá mais a coragem de uma ação decisiva: toda desonra, por mais
ignominiosa, será aceita de preferência à resolução corajosa. Ninguém mais está
disposto a arriscar a sua pessoa e a sua cabeça para executar uma decisão
temerária.
Uma coisa não se pode e não se deve esquecer: a maioria
jamais pode substituir o homem. Ela é sempre a advogada não só da estupidez, mas
também da covardia, e assim como cem tolos reunidos não somam um sábio, uma
decisão heróica não é provável que surja de um cento de covardes.
Quanto
menor for a responsabilidade de cada chefe individualmente, mais crescerá o
número daqueles que se sentirão predestinados a colocar ao dispor da nação as
suas forças imortais. Com impaciência, esperarão que lhes chegue a vez; eles
formam em longa cauda e contam, com doloridos lamentos, o número dos que esperam
na sua frente e quase que calculam a hora quando possivelmente alcançarão o seu
desiderato. Daí a ânsia por toda mudança nos cargos por eles cobiçados e daí
serem eles gratos a cada escândalo que lhes abre mais uma vaga. Caso um deles
não queira recuar da posição tomada, quase que sente isso como quebra de uma
combinação sagrada de solidariedade comum. Então é que eles se tornam maldosos e
não sossegam enquanto o desavergonhado, finalmente vencido, não põe o seu lugar
novamente à disposição de todos. Por isso mesmo, não alcançará ele tão cedo essa
posição. Quando uma dessas criaturas é forçada a desistir do seu posto,
procurará imediatamente intrometer-se de novo na fileira dos que estão na
expectativa, a não ser que o impeça, então, a gritaria e as injúrias dos outros.
O resultado disso é a terrível rapidez de mudança nas mais altas posições e
funções, em um Estado como o nosso, fato que é desfavorável, de qualquer modo, e
que freqüentemente opera com efeitos absolutamente catastróficos, porque não só
o estúpido e o incapaz são vitimados por esses métodos de proceder, mas mesmo os
verdadeiros chefes, se algum dia o destino os colocar nessas posições de mando.
Logo que se verifica o aparecimento de um homem excepcional, imediatamente
se forma uma frente fechada de defesa, sobretudo se um tal cabeça, não saindo
das próprias fileiras, ousar, mesmo assim, penetrar nessa sublime sociedade. O
que eles querem fundamentalmente é estarem entre si, e é considerado inimigo
comum todo cérebro que possa sobressair no meio de tantas nulidades. E, nesse
sentido, o instinto é tanto mais agudo quanto é falho a outros respeitos.
O resultado será assim sempre um crescente empobrecimento espiritual das
classes dirigentes. Qualquer um, desde que não pertença a essa classe de
"chefes", pode julgar quais sejam as conseqüências para a nação e para o Estado.
O regime parlamentar na velha Áustria já existia em germe.
É
verdade que cada chefe de gabinete ministerial era nomeado pelo imperador e rei,
porém essa nomeação nada mais era do que a execução da vontade parlamentar. O
hábito de disputar e negociar as várias pastas já era democracia ocidental do
mais puro quilate. Os resultados correspondentes também aos princípios em voga.
Em particular, a mudança de personalidades se dava em períodos cada vez mais
curtos, para transformar-se, finalmente, numa verdadeira caçada. Ao mesmo tempo
decaía crescentemente a grandeza dos "estadistas" de então, até que só ficou
aquele pequeno tipo de espertalhão parlamentar, cujo valor se aquilatava e
reconhecia pela capacidade com que conseguia promover as coligações de então,
isto é, com que realizava os pequeninos negócios políticos - únicos que
justificavam a vocação desses representantes do povo para um trabalho prático
Nesse terreno oferecia a escola de Viena as melhores perspectivas ao
observador.
O que me impressionava também era o paralelo entre a
capacidade e o saber desses representantes do povo e a gravidade dos problemas
que tinham de resolver. Quer se quisesse, quer não, era preciso também atentar
mais de perto para o horizonte mental desses eleitos do povo, sendo ainda
impossível deixar de dar a atenção necessária aos processos que conduzem ao
descobrimento desses impressionantes aspectos de nossa vida pública Valia a
pena também estudar e examinar a fundo a maneira pela qual a verdadeira
capacidade desses parlamentares era empregada e posta a serviço da pátria, ou
seja o processo técnico de sua atividade.
O panorama da vida parlamentar
parecia tanto mais lamentável quanto mais se penetrava nessas relações íntimas e
se estudavam as pessoas e o fundamento das coisas, com desassombrada
objetividade. E isso vem muito a propósito, tratando-se de uma instituição que,
por intermédio de seus detentores, a todo passo se refere à "objetividade" como
única base justa de qualquer atitude. Examinem-se esses cavalheiros e as leis de
sua amarga existência e o resultado a que se chegará será espantoso.
Não
há um princípio que, objetivamente considerado, seja tão errado quanto o
parlamentar.
Pode-se mesmo, nesse caso, abstrair inteiramente a maneira
pela qual se realiza a escolha dos senhores representantes do povo, mesmo os
processos por que chegam a seu posto e à sua nova dignidade, Considerando que a
compreensão política da grande massa não está tão desenvolvida para adquirir por
si opiniões políticas gerais e escolher pessoas adequadas, chegar-se-á com
facilidade à conclusão de que, nos parlamentos, só em proporção mínima, é que se
trata da realização de um desejo geral ou mesmo de uma necessidade pública.
A nossa concepção ordinária da expressão "opinião pública" só em pequena
escala depende de conhecimento ou experiências pessoais, mas antes do que outros
nos dizem. E isso nos é apresentado sob a forma de um chamado "esclarecimento"
persistente e enfático.
Do mesmo modo- que o credo religioso resulta da
educação, ao passo que o sentimento religioso dormita no íntimo da criatura,
assim a opinião política da massa é o resultado final do trabalho, às vezes
incrivelmente árduo e intenso, da inteligência humana.
A quota mais
eficiente na "educação" política, que, no caso, com muita propriedade, é chamada
"propaganda", é a que cabe à imprensa, a que se reserva a "tarefa de
esclarecimento" e que assim se constitui em uma espécie de escola para adultos.
Todavia, essa instrução não está nas mãos do Estado, mas é exercida por forças
em geral de caráter muito inferior. Quando ainda jovem, em Viena, eu tive as
melhores oportunidades para adquirir conhecimento seguro sobre os chefes e sobre
os hábeis operários mentais dessa máquina destinada à educação popular.
O que primeiro me impressionou foi a rapidez com que aquela força
perniciosa do Estado conseguia fazer vitoriosa uma definida opinião, muito
embora essa opinião implicasse no falseamento dos verdadeiros desejos e idéias
do público. Dentro de poucos dias um absurdo irrisório se tornava um ato
governamental de grande importância, ao mesmo tempo que problemas essenciais
caíam no esquecimento geral ou antes eram roubados à atenção das massas.
Assim, no decurso de algumas semanas, alguns nomes eram como que
magicamente tirados do nada e, em torno deles, se erguiam incríveis esperanças
no espírito público; dava-se-lhes uma popularidade, que nenhum verdadeiro homem
jamais esperaria conseguir durante toda a sua vida. Ao mesmo tempo, perante os
seus contemporâneos, velhos e dignos caracteres da vida pública e administrativa
eram considerados mortos, quando se achavam em plena eficiência, ou eram
cumulados de tantas injúrias que seus nomes pareciam prestes a tornar-se
símbolos de infâmia. Era necessário estudar esse vergonhoso método judeu de,
como por encanto, atacar de todos os lados e lançar lama, sob a forma de calúnia
e difamação, sobre a roupa limpa de homens honrados, para aquilatar. em seu
justo valor, todo o perigo desses patifes da imprensa.
Não há nenhum
meio a que não recorra um tal salteador moral para chegar aos seus objetivos.
Ele meterá o focinho nas mais secretas questões de família e não sossegará
enquanto o seu faro não tiver descoberto um miserável incidente que possa
determinar a derrota da infeliz vítima. Caso nada seja encontrado, quer na vida
pública quer na vida particular, o patife lança mão da calúnia, firmemente
convencido, não só de que, mesmo depois de milhares contestações, alguma coisa
sempre fica, como também de que devido a centenas de repetições que essa
demolição da honra encontra entre os cúmplices, impossível é à vítima manter a
luta na maioria dos casos. Essa corja nem mesmo age por motivos que possam ser
compreensíveis para o resto da humanidade.
Deus nos livre! Enquanto um
bandido desses ataca - o resto da humanidade, essa gente esconde-se por trás de
uma verdadeira nuvem de probidade e frases untuosas, tagarela sobre "dever
jornalístico" e quejandas balelas e alteia-se até a falar em "ética" de
imprensa, em assembléias e congressos, ocasiões em que a praga se encontra em
maior número e em que a corja mutuamente se aplaude.
Essa súcia, porém,
fabrica mais de dois terços da chamada "opinião pública", de cuja espuma nasce a
Afrodite parlamentar.
Seria necessário escrever volumes para poder
pintar com exatidão esse processo e representá-lo na sua inteira falsidade. Mas,
mesmo abstraindo tudo isso e observando somente os efeitos da sua atividade,
parece-me isso suficiente para esclarecer o espírito mais crédulo quanto à
insensatez objetiva dessa instituição.
Mais depressa e mais facilmente
compreenderemos a falta de senso e perigo dessa aberração humana se compararmos
o sistema democrático parlamentar com uma verdadeira democracia germânica.
Na primeira, o ponto mais importante é o número. Suponhamos que quinhentos
homens (ultimamente também mulheres), são eleitos e chamados a dar solução
definitiva sobre tudo. Praticamente, porém, só eles constituem o governo, pois
se é verdade que dentro deles é escolhido o gabinete, o mesmo, só na aparência,
pode fiscalizar os negócios públicos. Na realidade, esse chamado governo não
pode dar um passo sem que antes lhe seja outorgado o assentimento geral da
assembléia. O Governo contudo não pode ser responsável por coisa alguma, desde
que o julgamento final não está em suas mãos mas na maioria parlamentar.
Ele só existe para executar a vontade da maioria parlamentar em todos os
casos. Propriamente só se poderia ajuizar de sua capacidade política pela arte
com que ele consegue se adaptar à vontade da maioria ou atrair para si essa
mesma maioria. Cai, assim, da posição de verdadeiro governo para a de mendigo da
maioria ocasional. Na verdade, o seu problema mais premente consistirá, em
vários casos, em garantir-se o favor da maioria existente ou em provocar a
formação de uma nova mais favorável. Caso consiga isso, poderá continuar a
"governar" por mais algum tempo; caso não o consiga, terá de resignar o poder. A
retidão de suas intenções, por si só, não importa.
A responsabilidade
praticamente deixa de existir.
Uma simples consideração mostra a que
ponto isso conduz.
A composição intima dos quinhentos representantes do
povo, eleitos, segundo a profissão ou mesmo segundo a capacidade de cada um,
resulta em um quadro tão disparatado quanto lastimável. Não se irá pensar por
acaso que esses eleitos da nação sejam também eleitos da inteligência. Não é de
esperar que das cédulas de um eleitorado capaz de tudo, menos de ter espírito,
surjam estadistas às centenas. Ademais, nunca é excessiva a negação peremptória
à idéia tola de que das eleições possam nascer gênios. Em primeiro lugar, só
muito raramente aparece em uma nação um verdadeiro estadista e muito menos
centenas de uma só vez; em segundo lugar, é verdadeiramente instintiva a
antipatia da massa contra qualquer gênio que se destaque. É mais fácil um camelo
passar pelo fundo de uma agulha que ser "descoberto" um grande homem por uma
eleição. O indivíduo que realmente ultrapassa a medida normal do tipo médio
costuma fazer-se anunciar, na história universal, pelos seus próprios atos, pela
afirmação de sua personalidade.
Quinhentos homens, porém, de craveira
abaixo da medíocre, decidem sobre os negócios mais importantes da nação,
estabelecem governos que em cada caso e em cada questão têm de procurar o
assentimento da erudita assembléia. Assim é que, na realidade, a política é
feita pelos quinhentos.
Mas, mesmo pondo de lado o gênio desses
representantes do povo, considere-se a quantidade de problemas diferentes que
esperam solução, muitas vezes em casos opostos, e facilmente se compreenderá o
quanto é imprestável uma instituição governamental que transfere a uma
assembléia o direito de decisão final - assembléia essa que possui em quantidade
mínima conhecimentos e experiência dos assuntos a serem tratados. As mais
importantes medidas econômicas são assim submetidas a um foro cujos membros só
na porcentagem de um décimo demonstraram educação econômica. E isso não é mais
que confiar a decisão última a homens aos quais falta em absoluto o devido
preparo.
Assim acontece também com qualquer outra questão. A decisão
final será dada sempre por uma maioria de ignorantes e incompetentes, pois a
organização dessa instituição permanece inalterada, ao passo que os problemas a
serem tratados se estendem a todos os ramos da vida pública, exigindo, pois,
constante mudança de deputados que sobre eles tenham de julgar e decidir. É de
todo impossível que os mesmos homens que tratam de questões de transportes, se
ocupem, por exemplo, com uma questão de alta política exterior. Seria preciso
que todos fossem gênios universais, como só de séculos em séculos aparecem.
Infelizmente trata-se, não de verdadeiras "cabeças", mas sim de diletantes, tão
vulgares quanto convencidos do seu valor, enfim de mediocridade da pior espécie.
Daí provém a leviandade tantas vezes incompreensível com que os parlamentares
falam e decidem sobre coisas que mesmo dos grandes espíritos exigiriam profunda
meditação. Medidas da maior relevância para o futuro de um Estado ou mesmo de
uma nação são tomadas como se se tratasse de uma simples partida de jogo de
baralho e não do destino de uma raça.
Seria certamente injusto pensar
que todo deputado de um tal parlamento tivesse sempre tão pouco sentimento de
responsabilidade. Não. Absolutamente não.
Obrigando esse sistema o
indivíduo a tomar posição em relação a questões que não lhe tocam de perto, ele
corrompe aos poucos o seu caráter. Não há um deles que tenha a coragem de
declarar: "Meus senhores, eu penso que nada entendemos deste assunto. Pelo menos
eu não entendo absolutamente". Aliás, isso pouco modificaria, pois certamente
essa maneira de ser franco seria inteiramente incompreendida e, além disso, não
se haveria de estragar o brinquedo por caso de um asno honesto. Quem, porém,
conhece os homens, compreende que em uma sociedade tão ilustre ninguém quer ser
o mais tolo e, em certos círculos, honestidade é sempre sinônimo de estupidez.
Assim é que o representante ainda sincero é jogado forçosamente no caminho
da mentira e da falsidade. Justamente a convicção de que a reação individual
pouco ou nada modificaria, mata qualquer impulso sincero que porventura surja em
um ou outro. No final de contas, ele se convencerá de que, pessoalmente, longe
está de ser o pior entre os demais e que com sua colaboração talvez impeça
maiores males.
É verdade que se fará a objeção de que o deputado
pessoalmente poderá não conhecer este ou aquele assunto, mas que a sua atitude
será guiada pela fração a que pertença; esta, por sua vez, terá as suas
comissões especiais que serão suficientemente esclarecidas pelos entendidos. À
primeira vista, isso parece estar certo. Surgiria, porém, a pergunta: por que se
elegem quinhentos, quando só alguns possuem a sabedoria suficiente para tomarem
atitude nas questões mais importantes?
Aí é que está o busilis.
Não é móvel de nossa atual Democracia formar uma assembléia de sábios, mas,
ao contrário, reunir uma multidão de nulidades subservientes, que possam ser
facilmente conduzidas em determinadas direções definidas, dada a estreiteza
mental de cada uma delas. Só assim pode ser feito o jogo da política partidária,
no mau sentido que hoje tem. Mas isso, por sua vez, torna possível que os que
manobram os cordéis fiquem em segurança por trás dos bastidores, sem
possibilidade de serem tornados pessoalmente responsáveis. Atualmente, uma
decisão, por mais nociva que seja ao povo, não pode ser atribuída, perante os
olhos do público, a um patife único, ao passo que pode sempre ser transferida
para os ombros de todo um grupo.
Praticamente, pois, não há
responsabilidade, porque a responsabilidade só pode recair sobre uma
individualidade única e não sobre as gaiolas de tagarelice que são as
assembléias parlamentares.
Por isso esse tipo de Democracia se tornou o
instrumento da raça que, para a consecução de seus objetivos, tem de evitar a
luz do sol, agora, e sempre. Ninguém, a não ser um judeu, pode estimar uma
instituição que é tão suja e falsa quanto ele próprio.
Em contraposição
ao que precede, está a verdadeira democracia germânica. que escolhe livremente o
seu chefe, sobre quem recai a inteira responsabilidade de todos os atos que
pratique ou deixe de praticar. Nela não há a votação de uma maioria no que se
refere às várias questões, sem a determinação de um indivíduo único que responda
com seus bens e vida por suas decisões.
Caso se objete que em tais
condições só dificilmente haverá alguém que queira dedicar a sua pessoa a tão
arriscada tarefa, poder-se-á retrucar:
O verdadeiro sentido da
democracia germânica reside, justamente, graças a Deus, no fato de não ser
possível ao primeiro ambicioso, indigno ou impostor, chegar, por caminhos
escusos, ao governo de seu povo. A extensão da responsabilidade assumida afasta
os incompetentes e os fracos.
Na hipótese de um indivíduo dessa estofa
tentar insinuar-se, fácil será ir-lhe ao encontro com esta apóstrofe: Para fora,
covarde, patife. Retira o pé, tu maculas os degraus da escada, pois a ascensão
ao panteon da história não é para os que rastejam e, sim, para os heróis!
Após dois anos de freqüência ao parlamento de Viena já havia chegado a essa
conclusão.
Não me aprofundei mais sobre o assunto.
O regime
parlamentar teve, como seu principal mérito, enfraquecer, nos últimos anos, o
velho Estado dos Habsburgos. Quanto mais se enfraquecia, pela sua ação, o
predomínio do germanismo, tanto mais se caía em um regime de choque entre as
várias raças. No próprio Reichsrat isso se dava sempre à custa do Império, pois,
por volta da passagem do século, o mais inocente indivíduo veria que a força de
atração da monarquia não conseguia mais banir as tendências separatistas dos
diferentes povos.
Ao contrário.
Quanto mais mesquinhos se
tornavam os meios empregados pelo Estado para a sua conservação, tanto mais
aumentava o desprezo geral pelo mesmo Estado. Não só na Hungria, como também nas
várias províncias eslavas, o sentimento de fidelidade à monarquia era tão frágil
que a sua fraqueza não era considerada uma vergonha. Esses sinais de declínio
que apareciam provocavam até alegria, pois era mais desejada a morte que a
convalescença do antigo regime.
No parlamento conseguiu-se evitar o
colapso total por uma renúncia indigna e pela realização de toda sorte de
opressão sobre o elemento germânico. No interior jogava-se, habilidosamente, um
povo contra o outro. Entretanto, nas linhas gerais, a atuação política era
dirigida contra os alemães. Sobretudo, desde que a sucessão ao trono começara a
dar ao arquiduque Fernando uma certa influência, estabeleceu-se um plano regular
na tchequização praticada pelo governo. Aquele futuro soberano da dupla
monarquia procurava, por todos os meios possíveis, fazer progredir a
desgermanização, promovendo-a por todos os modos ou, no mínimo, defendendo-a.
Localidades puramente alemãs eram, por via indireta, na burocracia oficial,
devagar porém seguramente, incluídas na zona perigosa das línguas mistas. Na
própria Baixa Áustria esse processo progredia mais ou menos rapidamente e muitos
tchecos consideravam Viena como a sua principal cidade.
O pensamento
predominante desse novo Habsburgo, cuja família falava o theco de preferência (a
esposa do arquiduque era uma condessa tcheca e casara com o príncipe
morganaticamente, sendo o meio em que ela nascera tradicionalmente
anti-germânico), era estabelecer gradualmente um Estado eslavo na Europa
central, em linhas estritamente católicas, como uma proteção contra a Rússia
ortodoxa. Nesse sentido, como tantas vezes aconteceu aos Habsburgos, a religião
era mais uma vez arrastada a servir a uma concepção puramente política,
concepção lamentável, quando encarada do ponto de vista germânico.
A
vários respeitos, o resultado foi mais que trágico. Nem a casa dos Habsburgos
nem a Igreja Católica tiraram o proveito que esperavam.
O Habsburgo
perdeu o trono, Roma perdeu um grande Estado.
Chamando forças religiosas
a servirem a seus fins políticos, a coroa provocou um estado de espírito que ela
própria inicialmente julgou ser impossível. A tentativa de exterminar o
germanismo na velha monarquia despertou o movimento pangermanista na Áustria.
Na década de 80 o liberalismo manchesteriano, de origem judaica, atingira,
se não ultrapassara, o seu ponto culminante na monarquia. A reação contra ele,
entretanto, não proveio como em tudo, na Áustria, de pontos de vista sociais e,
sim, de pontos de vista nacionais. O instinto de conservação obrigou o
germanismo a pôr se em guarda, da maneira mais viva. Só em segundo plano é que
as considerações econômicas começaram a ganhar influência apreciável. Assim- é
que desabrocharam, da confusão política, dois partidos, um mais nacionalista,
outro mais socialista, ambos porém altamente interessantes e Instrutivos para o
futuro.
Após o fim deprimente da guerra de 1866 a Casa Habsburgo
preocupava-se com a idéia de uma revanche no campo de batalha. Só a morte do
imperador Maximiliano, do México, cuja expedição infeliz se atribuiu em primeira
linha a Napoleão III e cujo abandono, por parte dos franceses, provocou geral
indignação, evitou uma aliança mais íntima com a França. Entretanto, os
Habsburgos estavam de alcatéia na ocasião. Caso a guerra de 1870-71 não se
tivesse transformado numa expedição triunfal, única no gênero, a corte de Viena
teria ousado tentar um golpe sangrento de vingança por causa de Sadowa. Quando,
porém, chegaram as primeiras narrações dos feitos heróicos dos campos de
batalha, maravilhosos e quase incríveis e, no entretanto, verdadeiros, o mais
"sábio" de todos os monarcas reconheceu que a hora não era propícia e aparentou
alegrar-se com o que, na realidade, contrariava os seus planos.
A luta
de heróis desses dois anos conseguira milagre muito mais formidável, pois,
quanto aos Habsburgos, a sua atitude modificada jamais correspondia a um impulso
íntimo de coração, mas sim à força das circunstâncias. O povo alemão, na velha
Marca oriental, foi arrastado pela embriaguez da vitória do Reich e via,
profundamente comovido, a ressurreição do sonho dos antepassados convertido em
maravilhosa realidade.
Que ninguém se engane, porém. O Austríaco de
sentimento verdadeiramente germânico reconhecera, dessa hora em diante, em
Königratz, a condição tão trágica quanto indispensável da restauração do
império, o qual não devia estar ligado ao marasmo podre da antiga aliança, e não
o estava.
Sobretudo ele, aprendeu a sentir, à sua própria custa, que a
casa dos Habsburgos terminara a sua missão histórica e que o novo Império só
poderia eleger imperador quem, pelo seu sentimento histórico, fosse capaz de
oferecer uma cabeça digna à "coroa do Reno". Tanto mais era, pois, de louvar o
destino por ter realizado essa investidura no rebento de uma dinastia que, com
Frederico, o Grande, já dera à nação, em tempos perturbados, um exemplo
eloqüente para inspirar a grandeza da raça.
Quando, porém, após a grande
guerra, a casa dos Habsburgos se lançou decididamente no caminho da destruição
lenta porém inexorável, da perigosa germanização da dupla monarquia (cujas
intenções intimas não podiam deixar dúvidas) - e esse tinha de ser o fim da
política de eslavização - irrompeu a resistência do povo condenado ao extermínio
e de maneira nunca vista na história alemã dos tempos modernos.
Pela
primeira vez, homens de sentimentos nacionalistas e patrióticos se fizeram
rebeldes. Rebeldes, não contra a nação ou contra o Estado, e sim contra uma
forma de governo que, segundo as suas convicções, tinha de conduzir ao
aniquilamento da própria raça.
Pela primeira vez, na história alemã,
contemporânea, o patriotismo corrente, dinástico, se divorciou do amor à pátria
e ao povo.
Deve-se ao movimento pangermanista da Áustria alemã da década
de 90 o ter constatado de maneira clara e insofismável que uma autoridade
pública só tem direito de exigir respeito e proteção, quando ela corresponde aos
desejos de uma nacionalidade ou pelo menos quando não lhe causa dano.
Não pode haver autoridade pública que se justifique pelo simples fato de
ser autoridade, pois, nesse caso, toda tirania neste mundo seria inatacável e
sagrada.
Quando, por força da ação do governo, uma nacionalidade é
levada à destruição, a rebelião de cada um dos indivíduos de um tal povo não é
só um direito, mas também um dever. Quando um caso assim se apresenta a questão
não se decide por considerações teóricas, mas pela violência e - pelo êxito.
Como todo poder público, naturalmente, chama a si o dever de conservar a
autoridade do Estado, mesmo que ela seja má e traia mil vozes os desejos de uma
nacionalidade, o instinto de conservação, em luta com esse poder pela conquista
da liberdade ou da independência, terá de usar das mesmas armas com as quais o
adversário procura manter-se. A luta será, portanto, travada com o recurso aos
meios "legais". enquanto o povo não deverá recuar mesmo diante de meios ilegais,
quando o opressor colocar-se fora da lei.
De um modo geral, não se deve
esquecer nunca que a conservação de um Estado ou de um governo não é o mais
elevado fim da existência humana, mas o de conservar o seu caráter racial. Caso
este se ache em perigo de ser dominado ou eliminado, a questão da legalidade
terá apenas importância secundária. Mesmo que o poder dominante empregue mil
vezes os meios "legais" na sua ação, o instinto de conservação dos oprimidos é
sempre uma justificação elevada para a luta por todos os meios.
Só
admitindo essa hipótese é que se pode compreender porque os povos deram tão
formidáveis exemplos históricos nas lutas pela liberdade, contra a escravização,
quer seja interna, quer externa.
Os direitos humanos estão acima dos
direitos do Estado.
Se, porém, na luta pelos direitos humanos, uma raça
é subjugada, significa isso que ela pesou muito pouco na balança do destino para
ter a felicidade de continuar a existir neste mundo terrestre, pois quem não é
capaz de lutai pela vida tem o seu fim decretado pela providência.
O
mundo não foi feito para os povos covardes.
Quanto é fácil a uma tirania
proteger-se com o manto da "legalidade", ficou clara e eloqüentemente
demonstrado com o exemplo da Áustria.
O poder legal do Estado
baseava-se, então, no anti-germanismo do parlamento, com a sua maioria
não-germânica e na casa reinante, também germanófoba. Nesses dois fatores,
estava encarnada toda a autoridade pública. Querer modificar o destino do povo
teuto-austríaco dessa posição era tolice. Assim, porém, segundo o parecer dos
veneradores da autoridade do Estado e da legalidade, toda resistência deveria
ser abandonada por não ser exeqüível por meios legais. Isso, porém, significaria
o fim do povo alemão na monarquia, necessariamente, forçosamente, e dentro de
breve tempo. Efetivamente só pela derrocada daquele Estado foi o germanismo
salvo desse destino.
Os teoristas de óculos, preferem, porém, morrer por
sua doutrina a morrer pelo seu povo.
Como os homens, primeiro, criam as
leis, pensam, depois, que estas estão acima dos direitos humanos.
Foi
mérito do movimento pangermanista de então na Áustria o ter varrido de uma vez
essa tolice, para desespero de todos os cavaleiros andantes e fetichistas da
teoria do Estado.
Enquanto os Habsburgos tentavam perseguir o
germanismo, este partido atacava - e impavidamente - a sublime, Casa soberana.
Pela primeira vez, ele lançou a sonda nesse Estado apodrecido, abrindo os olhos
a centenas de milhares de pessoas. Foi seu mérito ter libertado a maravilhosa
noção de amor pátrio da influência dessa triste dinastia.
Aquele
partido, nos seus primeiros tempos, contava com muitos adeptos, ameaçando mesmo
transformar-se em verdadeira avalanche. Entretanto, o êxito não durou. Quando
cheguei a Viena, o movimento há muito já havia sido ultrapassado pelo Partido
Cristão Socialista, que alcançara o poder e se encontrava em estado de
decadência.
Esse processo de evolução e desaparecimento do movimento
pangermanista de um lado e da incrível ascensão do partido socialista, de outro,
deveria tornar-se, para mim, da maior importância como objeto de estudo.
Quando cheguei a Viena, minhas simpatias estavam inteiramente do lado da
orientação pangermanista.
Que se tivesse a coragem de exclamar no
parlamento - viva Hohenzollern! - me impunha respeito e me causava
contentamento; que se considerasse esse Partido como parte apenas
momentaneamente separada do Império alemão e se proclamasse esse sentimento
publicamente, a cada momento, despertava-me alegre confiança; que se admitissem
impavidamente todas as questões referentes ao germanismo e nunca se entregassem
a compromissos parecia-me o único caminho ainda acessível para a salvação de
nosso povo; que, porém, o movimento, depois de sua magnifica ascensão, tornasse
a decair, não podia eu compreender. Menos ainda compreendia que o Partido
Cristão Socialista conseguisse alcançar nessa mesma época, tão grande violência.
Este havia chegado exatamente ao auge de sua glória.
Ao comparar os dois
movimentos, deu-me o destino o melhor ensinamento, apressado pela minha aliás
triste situação, para que eu compreendesse as causas desse enigma.
Preliminarmente, começarei o meu exame por dois homens que podem ser
considerados os chefes e fundadores dos dois partidos: Georg von Schönere e o
Dr. Karl Lueger.
Quanto ao ponto de vista do caráter, ambos se elevam
muito acima da média das chamadas personalidades parlamentares. No pantanal de
uma corrupção política generalizada, a minha simpatia pessoal de início
dirigia-se ao pangermanista Schönere e só pouco a pouco também ao chefe cristão
social.
Comparados quanto às suas' capacidades, já naquele tempo,
Schönere me parecia o melhor e mais sólido pensador dos problemas básicos.
Melhor que qualquer outro, ele reconheceu, de modo mais certo e claro, o fim
fatal do Estado austríaco. Se as suas advertências tivessem achado eco,
sobretudo no Reichstag, no que dizia respeito à monarquia dos Habsburgos, a
desgraça da guerra da Alemanha contra a Europa jamais teria acontecido.
Mas se Schönere compreendia os problemas, na sua essência Intima, errava
muito quanto aos homens.
Nesse conhecimento estava, ao contrário, a
força do Dr. Lueger.
Este era um raro conhecedor dos homens, que se
precavia de vê-los melhores do que eles são na realidade. Por isso contava ele
mais com as reais possibilidades da vida, de que conhecimento tinha Schönere.
Tudo o que pensava o pangermanista estava teoricamente certo, mas faltava-lhe a
força e a habilidade de transmitir à massa o conhecimento teórico, pois essa
capacidade é e sempre será limitada. Essa falta de real reconhecimento dos
homens conduziu, com o correr dos anos, a um engano na avaliação de vários
movimentos, bem como de instituições antiquíssimas.
Finalmente
reconheceu Schönere, sem dúvida, que se tratava, no caso, de questões de
concepção universal, porém não entendeu que a grande massa se presta
admiravelmente para detentora dessas convicções quase religiosas.
Infelizmente, teve ele uma percepção muito imperfeita das extraordinárias
limitações da disposição da burguesia para a luta. Devido a sua situação
econômica, os burgueses são tímidos, não se arriscam a prejuízos, o que sempre
os impede de agir.
Essa incompreensão da importância das camadas baixas
da sociedade foi a causa da extrema ineficiência de suas opiniões sobre questões
sociais.
Em tudo Isso o Dr. Lueger era o oposto de Schönere.
O
profundo conhecimento dos homens fazia com que aquele não só fizesse juízo certo
das forças aproveitáveis, como também ficasse a coberto de uma avaliação
demasiadamente baixa das instituições existentes, sendo que, talvez por esse
motivo, aprendesse a empregá-las em auxilio da consecução de seus intentos.
Ele compreendeu perfeitamente que a força combativa da burguesia superior,
hoje em dia, é pequena, é insuficiente para conseguir a vitória de um grande e
novo movimento. Dai vem que atribuía grande importância, na sua atividade
política, à conquista das camadas cuja existência estava ameaçada e, nas quais,
por isso mesmo, a vontade de lutar servia de estímulo em vez de ser motivo de
inércia. Além disso, ele era inclinado a empregar todos os meios violentos para
atrair a si as fortes instituições existentes com o fito de tirar, dessas velhas
fontes de poder, todo o proveito para o seu movimento.
Por isso, baseou
o seu novo partido, em primeira linha na classe média. ameaçada de extinção, e
assegurou-se, assim, uma classe de adeptos extremamente difíceis de serem
abalados e dotados de tão grande espírito de sacrifício como de vontade de
lutar. A sua atitude extremamente hábil em relação à Igreja Católica
conquistou-lhe, em pequeno espaço, a mais nova geração do clero, e de tal
maneira que o antigo partido clerical foi forçado a retirar-se do campo ou, mais
avisadamente, a aderir ao novo partido a fim de, paulatinamente, ganhar posição
a posição.
Grande injustiça seria feita a esse homem, se se considerasse
essa como a sua única característica, pois, além da qualidade de um tático
inteligente, ele possuía as de um reformador verdadeiramente grande e genial.
Entretanto, também nessa grande personalidade não era completo o conhecimento
das possibilidades existentes bem como de sua própria capacidade pessoal.
Os objetivos que esse homem verdadeiramente notável se tinha proposto eram
eminentemente práticos. Ele queria conquistar Viena. Viena era o coração da
monarquia. Dessa cidade partia ainda o último alento de vida para o corpo
doentio e envelhecido do império decadente. Quanto mais saudável se tornasse o
coração, mais facilmente reviveria o resto do corpo. Uma idéia correta em
princípio, que, porém, só podia ter aplicação durante um tempo determinado e
limitado.
Aí é que estava a fraqueza desse homem. O que ele realizou
como burgomestre na cidade de Viena é imortal no melhor sentido da palavra.
Mesmo assim, não conseguiu, porém, salvar a monarquia - era tarde demais.
Seu rival Schönere vira mais claramente.
Na sua atuação prática o
Dr. Lueger obtinha admirável êxito. O efeito, porém, do que ele esperava sempre
deixava de realizar-se.
O que Schönere desejava, ele não o conseguia; o
que ele temia, realizava-se, infelizmente, de uma maneira terrível.
Assim, os dois homens não realizaram o seu objetivo. Lueger não pôde mais
salvar a Áustria e Schönere não conseguiu evitar a ruína do povo alemão.
É infinitamente instrutivo para o nosso tempo estudar a causa do fracasso
desses dois partidos. É essencial, sobretudo, para os meus amigos, pois, em
muitos pontos, as condições de hoje são semelhantes às daquele tempo,
podendo-se, por isso, evitar erros que conduziram à morte de um. movimento e à
esterilidade do outro.
O colapso do movimento pangermanista na Áustria
teve, a meu ver, três causas:
Primeira; a noção pouco clara da
importância do problema social, justamente tratando-se de um partido novo
essencialmente revolucionário.
Enquanto Schönere e seus adeptos se
dirigiam em primeira linha às camadas burguesas, o resultado só podia ser fraco,
inofensivo.
A burguesia alemã é, sobretudo nas suas camadas superiores,
embora que não o pressintam os indivíduos, pacifista a ponto de renunciar a si
mesma, principalmente quando se trata de questões internas da nação ou do
Estado. Nos bons tempos, isto é, nos tempos de um bom governo, tal disposição é
uma razão do valor extraordinário dessas camadas para o Estado; em épocas de
governos maus, porém, ela age de maneira verdadeiramente maléfica. Para
conseguir a realização de uma luta séria, o movimento pangermanista tinha de
lançar-se á conquista das massas. O fato de não se ter agido assim tirou-lhe, de
começo, o impulso inicial que uma tal onda necessita para não desfazer-se.
Quando, inicialmente, não se tem em mira e não se executa esse princípio
básico, o novo partido perde, para o futuro, toda possibilidade de evitar os
efeitos do erro de começo. Aceitando, em número excessivo, elementos moderados
burgueses, a atitude do movimento será dirigida por estes, ficando assim
excluída a possibilidade de recrutar forças apreciáveis no seio da grande massa
popular. Tal movimento não passará mais de pálidos mexericos e críticas. Nunca
mais se poderá criar a fé quase religiosa aliada a idêntico espírito de
sacrifício; surgirá, porém, em seu lugar, a tendência de, por meio de cooperação
"positiva" - neste caso isso significa o reconhecimento do statu quo - aos
poucos, aparar a dureza da luta para finalmente chegar a uma paz podre.
Foi o que aconteceu ao movimento pangermanista, pelo fato de não ter, desde
o princípio, acentuado principalmente a conquista de seus adeptos entre os
círculos da grande massa. Tornou-se um movimento "burguês, distinto,
moderadamente radical".
Desse erro decorreu, porém, a segunda causa de
seu rápido desaparecimento.
A situação na Áustria, para o germanismo, no
tempo do aparecimento do movimento pangermanista, já não dava lugar a
esperanças. De ano a ano, o parlamento se tornava, cada vez mais, uma
instituição destinada ao aniquilamento lento do povo alemão. Toda tentativa de
salvação na décima-segunda hora só podia oferecer uma probabilidade, embora
pequena, de êxito, na extinção dessa instituição.
Com isso surgiu, junto
ao movimento, uma questão de importância teórica.
Para destruir o
parlamento, dever-se-ia ir ao parlamento, a fim de esvaziá-lo "de dentro para
fora" ou devia-se conduzir essa luta de fora, atacando aquela instituição.
Os pangermanistas entraram no parlamento e foram derrotados.
Verdade é que se devia penetrar ali.
Conduzir uma luta contra tal
potência, do lado de fora, significava armar-se de coragem inabalável é estar
também disposto a sacrifícios infinitos. Agarra-se o touro pelos cornos e
recebe-se fortes marradas. As vezes se cairá por terra, podendo levantar-se com
os membros partidos, somente depois da mais áspera luta é que a vitória sorrirá
ao ousado atacante. Somente a grandeza dos sacrifícios conquistará novos
lutadores para a causa, até que a persistência garanta sucesso.
Para
isso, porém, são necessários os filhos do povo, tirados da grande massa.
Só eles são suficientemente decididos e tenazes para conduzir essa luta ao
seu fim sangrento.
O movimento pangermanista, porém, não possuía essa
grande massa; nada mais lhe restava, pois, que ir ao parlamento.
Seria
falso pensar que essa resolução tivesse sido o resultado de longos sofrimentos
íntimos ou mesmo de meditações; não, não se pensava absolutamente em outra
coisa.
Essa tolice, nada mais era que o reflexo de noções pouco claras
sobre a importância e o efeito de tal participação numa instituição reconhecida,
já em princípio, como falsa. Esperava-se, geralmente, facilitar o esclarecimento
da grande massa popular, uma vez que se tinha a oportunidade de falar diante do
"foro da nação inteira". Parecia também claro que o ataque à raiz do mal teria
mais êxito que o ataque feito de fora. Pensava-se que a proteção das imunidades
fortaleceria a segurança dos vários lutadores, de sorte que o ataque se tornaria
mais forte.
Na realidade, porém, as coisas tomaram outro aspecto.
O "foro" perante o qual falavam os deputados pangermanistas em vez de
tornar-se maior, tornara-se menor, pois cada um só fala diante do círculo que é
capaz de ouvi-lo ou que, por meio dos comunicados da imprensa, recebe uma
reprodução do que foi dito.
O maior foro de ouvintes é representado não
pela sala de um parlamento e, sim, por um grande comício público.
No
comício se encontra um grande número de pessoas que vieram somente para ouvir o
que o orador tem a dizer-lhes, ao passo que no salão de sessões da Câmara dos
Deputados só há algumas centenas de indivíduos que estão em geral apenas para
receberem o seu subsídio e não para receber esclarecimentos da sapiência de um
ou outro senhor "representante do povo".
Antes de tudo, porém, trata se,
no caso, do mesmo público que nunca está disposto a aprender algo de novo, pois,
além de faltar-lhe inteligência, falta-lhe a necessária vontade para isso.
Jamais um desses representantes fará por si mesmo honra à melhor verdade
para, em seguida, pôr-se a seu serviço. Não. Nenhum fará isso, a não ser que
tenha razão de esperar que tal mudança possa salvar o seu mandato por mais uma
legislatura. Só quando pressentem que o seu partido sairá mal nas próximas
eleições é que essas glórias da humanidade se mexem para verificar como se
poderá mudar para um partido de orientação mais segura, sendo que essa mudança
de atitude se processa sob um dilúvio de justificações morais. - Daí, acontecer
sempre que quando um partido decai em grande escala do favor público e que há
ameaça provável de uma derrota fulminante, começa a grande migração: os ratos
parlamentares abandonam o navio partidário.
Isso nada tem que ver com o
saber e o querer, mas é um índice daquele dom divinatório que adverte, ainda em
tempo oportuno, o tal percevejo parlamentar, fazendo com que ele se abrigue em
outra cama partidária mais quente.
Falar perante um tal "foro"
significa, na verdade, jogar pérolas a porcos. De fato, isso não vale a pena!
Nesse caso o êxito não pode ser senão igual a zero.
E assim era, na
realidade. Os deputados pangermanistas poderiam falar até rebentar: o efeito,
porém, seria nulo.
A imprensa, por sua vez, conservava-se muda ou
mutilava os discursos de tal maneira que qualquer conexão era impossível e mesmo
o sentido era deturpado, quando não se perdia inteiramente. E por isso a opinião
pública só recebia uma imagem muito imperfeita das intenções do novo movimento.
Era inteiramente destituído de importância o que dizia cada um dos deputados: a
importância estava naquilo que se dava a ler como sendo deles. Consistia isso em
extratos de seus discursos, que, mutilados, só podiam e deviam provocar
impressão errônea. Assim o público perante o qual eles falavam realmente era os
escassos quinhentos parlamentares. E isso nos diz bastante.
O pior,
porém, era o seguinte: o movimento pangermanista só poderia contar com sucesso
caso tivesse compreendido, desde o primeiro dia, que não se deveria tratar de um
novo partido e, sim, de uma nova concepção política do mundo. Só esta
conseguiria provocar as forças internas para essa luta gigantesca. Para esse
fim, porém, só servem para chefes as melhores e mais corajosas cabeças.
Caso a luta por um sistema universal não seja conduzida por heróis prontos
ao sacrifício, em curto espaço de tempo será impossível encontrar lutadores
preparados para morrer. Um homem que combate exclusivamente por sua existência
pouco terá de sobra para a causa geral. A fim de que se possa realizar aquela
hipótese, é necessário que cada um saiba que o novo movimento trará honra e
glória ante a posteridade e que, no presente, nada oferecerá. Quantos mais
postos tenha um movimento a distribuir, maior será a concorrência dos
medíocres., até que estes políticos oportunistas, sufocando pelo número o
partido vitorioso, o lutador honesto não mais reconheça o antigo movimento e os
novos adesistas o rejeitem decididamente como um intruso" incômodo.
Com
isso, porém, estará liquidada a "missão" de tal movimento.
Logo que a
agitação pangermanista aceitou o parlamento, começou a dispor de "parlamentares"
em vez de guias e lutadores de verdade. O partido baixou ao nível de qualquer
das facções do tempo e, por isso, perdeu a força necessária para enfrentar o
destino com a audácia dos mártires. Em vez de lutar, aprendeu também a "falar" e
a "negociar". Em breve tempo, o novo parlamentar sentia como mais nobre dever, -
porque menos arriscado - combater a nova concepção do mundo com as armas
"espirituais" da eloqüência parlamentar, em vez de lançar-se numa luta com o
risco da própria vida - luta de resultado incerto e que nada rende para os seus
líderes.
Como eles estavam no parlamento, os adeptos, lá fora, começaram
a esperar milagres, que naturalmente não se realizaram e nem poderiam
realizar-se. Dentro em pouco, apareceu a impaciência, pois, mesmo o que se
conseguia ouvir dos próprios deputados de modo algum correspondia às esperanças
dos eleitores. Isso era de fácil explicação, pois a imprensa inimiga evitava
transmitir ao público uma imagem exata da ação dos representantes
pangermanistas.
Quanto mais crescia o gosto dos novos representantes do
povo pela maneira ainda suave da luta "revolucionária" no parlamento e nas
dietas, tanto menos se achavam eles dispostos a voltar ao mais perigoso trabalho
de propaganda, no seio das camadas populares.
Os comícios, que eram o
único meio eficiente de influir sobre as pessoas e, portanto, capaz de atrair
grandes massas populares, eram cada vez menos utilizados.
Desde que as
reuniões nas casas públicas foram definitivamente substituídas pela tribuna do
parlamento, para, deste foro, derramar os discursos sobre as cabeças do povo, o
movimento pangermanista deixou de ser um movimento popular e desceu, em curto
tempo, à categoria de um clube de dissertações acadêmicas, de caráter mais ou
menos sério.
A má impressão propagada pela imprensa não era, de maneira
alguma, corrigida pela atividade das assembléias parlamentares. Assim, a palavra
"pangermanista" passou a soar mal aos ouvidos populares. É preciso que os
literatelhos e peralvilhos de hoje saibam que as maiores revoluções deste mundo
nunca foram dirigidas por escrevinhadores!
Não. A pena sempre se limitou
a traçar as bases teóricas das revoluções.
O poder, porém, que pôs em
movimento as grandes avalanchas históricas, de caráter religioso e político,
foi, desde tempos imemoriais, a força mágica da palavra falada.
Sobretudo a grande massa de um povo sempre só se deixa empolgar pelo poder
da palavra. Todos os grandes movimentos são movimentos populares, são erupções
vulcânicas de paixões humanas e de sensações psíquicas provocadas ou pela deusa
cruel da necessidade ou pela tocha da palavra atirada entre a massa e não por
meio de jorros de literatos açucarados metidos a estetas e a heróis de salão.
Só uma tempestade de paixão escaldante é que consegue torcer o destino dos
povos: mas só consegue provocar entusiasmo quem o possua no seu íntimo. Só esse
entusiasmo inspira aos seus eleitos as palavras que, como golpes de martelo,
conseguem abrir as portas do coração de um povo.
Não é escolhido para
anunciador da vontade divina aquele a quem falta a paixão e mantém-se em um
silêncio cômodo.
Por isso, todo escritor devia restringir-se ao seu
tinteiro, para trabalhar "teoricamente", se não lhe faltam inteligência e saber.
Para chefe não nasceu ele, porém, nem para tal foi escolhido.
Um
movimento de grandes objetivos, deve, pois, diligenciar para não perder o
contato com a massa do povo.
Esse ponto deve ser examinado em primeiro
lugar e as decisões devem ser tomadas sob essa orientação. Deverá ser evitado
tudo o que posse diminuir ou enfraquecer a capacidade de ação sobre a
coletividade, não por motivos "demagógicos", mas pelo simples reconhecimento de
que sem a força formidável da massa de um povo não se pode realizar uma grande
idéia, por mais elevada e sublime que ela pareça. A dura realidade é que deve
determinar o caminho para o objetivo visado; não querer palmilhar caminhos
desagradáveis significa neste mundo desistir do Ideal, quer se queira, quer não.
Logo que o movimento pangermanista, por sua atitude parlamentar, colocou o
seu ponto de apoio no parlamento e não no povo, perdeu o futuro e ganhou, em
troca, o êxito barato e passageiro.
Escolheu a luta mais fácil, e, por
isso mesmo, deixou de merecer a vitória final.
Justamente essas questões
foram por mim estudadas em Viena, da maneira mais profunda, notando, então, que,
no seu não reconhecimento, estava um dos principais motivos do colapso do
movimento, que, a meu ver, era destinado a tomar em suas mãos a direção do
germanismo.
Os dois primeiros erros que fizeram com que fracassasse o
movimento pangermanista completavam-se, um era conseqüência do outro. A falta de
conhecimento das forças impulsoras das grandes revoluções deu lugar à errada
avaliação da importância das grandes coletividades; daí proveio o pouco
interesses pela questão social, o medíocre aliciamento das camadas inferiores da
nação, bem como também a atitude favorável em relação ao parlamento.
Caso tivesse sido reconhecido o incrível poder que cabe à massa como
portadora da resistência revolucionária em todos os tempos, ter-se-ia trabalhado
de outra maneira, tanto socialmente como com relação à propaganda. Não se teria
também, então, acentuado o movimento em direção ao parlamento e sim em direção à
oficina e à rua.
O terceiro erro, porém, se caracterizou ainda mais pelo
não reconhecimento do valor da massa, que, uma vez movimentada em determinada
direção, por espíritos superiores, mais tarde, como um volante, dá impulso à
força e tenacidade uniforme do ataque.
A áspera luta que o movimento
pangermanista teve de sustentar com a Igreja católica só se explica devido à
falta de compreensão da psicologia do povo.
As causas do ataque violento
do novo partido contra Roma estavam no seguinte:
"Logo que a Casa dos
Habsburgos se decidira definitivamente a transformar a Áustria em um Estado
eslavo, foram utilizados todos os meios que pareciam próprios para esse fim. As
instituições religiosas foram também inescrupulosamente postas ao serviço da
nova idéia oficial, por essa inconscientíssima dinastia. A utilização de
paróquias tchecas e de seus curas era somente um dos muitos meios de chegar a
este fim, isto é, uma eslavização generalizada da Áustria".
O processo
desenrolava-se mais ou menos assim:
"Os padres tchecos eram mandados
para paróquias puramente alemãs. Esses sacerdotes lenta, mas seguramente,
começavam a sobrepor os interesses do povo tcheco aos interesses da Igreja,
tornando-se assim a célula mater do processo de desgermanização".
O
clero germânico, ante esse processo, fracassou quase completamente. E assim
aconteceu não só porque esses próprios sacerdotes eram inteiramente incapazes de
uma semelhante luta, no sentido do germanismo. como por não conseguirem opor a
necessária resistência ao- ataque dos outros. Dessa maneira o germanismo era
lenta, mas irresistivelmente, repelido por um lado, pela ação desabusada de
parte do clero que se lhe opunha e pelo outro pela insuficiência da defesa. Se,
como vimos, isso se dava em pequena escala, em grande escala não seria outra a
situação.
Aí também as tentativas antigermânicas dos Habsburgos não
encontraram, sobretudo de parte do alto clero, a resistência exigida, e, assim,
a defesa dos interesses alemães passava a plano secundário.
A impressão
geral era de que havia uma ofensa grosseira aos direitos alemães da parte do
clero católico.
Parecia com isso que a Igreja não sentia com o povo
alemão e se colocava, de maneira injusta, ao lado do inimigo do mesmo. A raiz de
todo o mal, porém, estava, segundo a opinião de Schönere, no fato de a direção
da Igreja católica não estar na Alemanha, bem como na animosidade, proveniente
desse fato, contra os anseios de nossa nacionalidade.
Os chamados
problemas culturais passaram, como quase tudo na Áustria, para segundo plano. O
que valia, na atitude do movimento pangermanista, com relação à- Igreja
católica, era menos a atitude desta relativamente à ciência que a sua
insuficiente compreensão dos interesses alemães e, inversamente, uma constante
fomentação das pretensões e da cobiça eslavas.
George Schönere não era
homem que fizesse as coisas pela metade. Iniciou a luta contra a Igreja,
convencido de que somente por ela é que a raça alemã poderia salvar se. O
movimento de libertação contra Roma (Los von Rom") parecia o mais formidável,
porém também o mais difícil processo de ataque, que teria de destruir a cidadela
inimiga. Fosse ele vitorioso estaria vencida, para sempre, a infeliz cisão
religiosa na Alemanha e a força interior do Reich e da nação alemã poderia, com
uma tal vitória, lucrar de maneira formidável.
Entretanto, nem a
previsão nem as conclusões dessa luta estavam certas.
Incontestavelmente
a força de resistência do clero católico, de nacionalidade alemã, era inferior,
em todas as questões referentes ao germanismo, às de seus irmãos não alemães,
sobretudo tchecos.
Ao mesmo tempo, só um ignorante não veria que ao
clero alemão jamais ocorreu uma defesa agressiva dos interesses da sua raça.
Demais, quem quer que não estivesse ofuscado pelas aparências, deveria
reconhecer que esse fato deve ser atribuído primeiro que tudo a uma
circunstância que todos nós alemães devemos lastimar: a "objetividade" com que
encaramos os problemas raciais, assim como todos os outros.
Assim como o
sacerdote tcheco era subjetivo em relação ao seu povo e somente objetivo em
relação A Igreja, o sacerdote alemão era dedicado subjetivamente à Igreja e
permanecia objetivo com relação à nação. Esse é um fenômeno que em mil outros
casos podemos constatar, para infelicidade nossa.
Isso não é de maneira
alguma só uma herança especial do catolicismo, mas ataca, entre nós, em curto
espaço de tempo, quase toda a organização do Estado.
Compare-se, por
exemplo, a atitude que o nosso funcionalismo público assume em face das
tentativas de um renascimento nacional com a do funcionalismo de qualquer outra
nação em circunstâncias semelhantes. Imagina-se, acaso, que o corpo de
funcionários de qualquer outro país do mundo preteriria de maneira semelhante os
desejos da nação ante a frase oca "autoridade do Estado", como é corrente entre
nós desde cinco anos, sendo até considerado particularmente digno de elogios,
quem assim procede? Não assumem os dois credos, hoje em dia, na questão judaica,
uma atitude que não está em harmonia nem com os desejos da nação nem com os
verdadeiros interesses da própria religião? Compare-se, por exemplo, a atitude
de um rabino, em todas as questões, mesmo de somenos importância do judaísmo
como raça, com a do clero de ambos os credos cristãos com relação à raça
germânica.
Isso acontece conosco toda vez que se trata de defender uma
idéia abstrata.
A "autoridade do Estado", a "democracia", o "pacifismo",
a "solidariedade internacional", etc., são idéias que sempre convertemos em
concepções fixas, puramente doutrinárias, de sorte que todo julgamento sobre as
necessidades vitais da nação é feito exclusivamente por esse critério.
Essa maneira infeliz de considerar todas as aspirações pelo prisma de uma
opinião preconcebida destrói toda a capacidade de aprofundar-se o homem num
assunto subjetivamente por contradizer objetivamente a própria teoria e conduz
finalmente a uma inversão de meios e de finalidades. Toda tentativa de levantar
a nação será repelida, desde que implique na extinção de um regime, mesmo mau,
desde que seja uma infração ao "princípio de autoridade". O "princípio de
autoridade" não é, porém, um meio para um fim, antes, aos olhos desses fanáticos
da objetividade, representa o próprio fim, o que é suficiente para explicar a
triste vida desse princípio. Assim é que, por exemplo, toda tentativa por uma
ditadura seria recebida com indignação, mesmo que o seu executor fosse um
Frederico, o Grande, e que os artistas políticos de uma maioria parlamentar
momentânea não passassem de anões incapazes ou de indivíduos medíocres. A lei da
democracia parece mais sagrada para um desses doutrineiros que o bem da nação.
Um protegerá, portanto, a pior tirania que aniquila um povo, desde que o
"princípio de autoridade" se corporiza nela, ao passo que o outro rejeita mesmo
o mais abençoado governo, desde que este não corresponda à sua concepção de
democracia.
Da mesma maneira o nosso pacifista alemão silenciará diante
do mais sangrento atentado contra o povo, mesmo que ele parta das mais rudes
Forças militares; silenciará desde que a mudança desse destino só seja possível
por meio de uma resistência, portanto, de uma violência, pois isso contraria o
seu espírito pacifista. O socialista alemão internacional, entretanto, pode ser
saqueado solidariamente pelo resto do mundo; ele mesmo retribui com simpatia
fraternal e não pensa em reparações ou mesmo protestos, pois que ele é - um
alemão.
Isso pode ser deplorável, porém quem quiser modificar uma
situação deve reconhecê-la primeiramente. O mesmo acontece com a defesa dos
anseios do povo alemão por uma parte do clero. Por si, isso não representa nem
má vontade, nem é provocado, por exemplo, por ordem "de cima". Vemos, porém,
nessa fraqueza nacional, o resultado de uma educação também falha no sentido da
germanização da juventude como também, por outro lado, uma submissão irrestrita
à idéia tornada ídolo.
A educação para a democracia, para o socialismo
de feitio internacional, para o pacifismo, etc., é tão rígida e radical,
portanto considerada por eles puramente subjetiva que, com isso, a imagem geral
do resto do mundo é influenciada por essa noção fundamental, ao passo que a
atitude para com o germanismo desde a juventude sempre se caracterizou pelo seu
objetivismo. Dessa maneira o pacifista alemão que se submete subjetivamente à
sua idéia, procurará sempre primeiro os direitos objetivos, mesmo em casos de
ameaças injustas e pesadas a seu povo e nunca se colocará, por puro instinto de
conservação, na fileira de seu rebanho para lutar ao lado dele.
Quanto
isso vale para os vários credos, pode ser mostrado pelo seguinte:
O
protestantismo representa, por si, melhor, as aspirações do germanismo, desde
que esse germanismo esteja fundamentado na origem e tradições da sua igreja;
falha, entretanto, no momento em que essa defesa dos interesses nacionais tenha
de realizar-se num domínio em discordância com a sua tradicional maneira de
conceber os problemas mundiais.
O protestantismo servirá para promover
tudo o que é essencialmente germânico, sempre que se trate de pureza interior
ou, de intensificar o sentimento nacional, ou de defesa da vida alemã, da língua
e também da liberdade, uma vez que tudo isso é parte essencial nele; mas é mais
hostil a qualquer tentativa de salvar a nação das garras de seu mais mortal
inimigo, porque a sua atitude em relação ao judaísmo foi traçada mais ou menos
como um dogma. Nisso ele gira indecisamente em torno da questão e, a não ser que
essa questão seja resolvida, não terá sentido ou possibilidade de êxito qualquer
tentativa de um renascimento alemão.
Durante minha estadia em Viena, eu
tive bastante prazer e oportunidade de examinar essa questão, sem espírito
preconcebido e, pude ainda verificar milhares de vezes, no convívio diário, a
correção desse modo de ver.
Nessa cidade em que estão em foco as mais
variadas raças, era evidente, a todos parecia claro, que somente o pacifista
alemão procura considerar sempre objetivamente as aspirações de sua própria
nação, porém nunca o faz assim o judeu em relação às do seu povo; que somente o
socialista alemão é "internacional", isto é, é proibido de fazer justiça a seu
próprio povo de outra maneira que não seja com lamentações e choro entre os
companheiros internacionais. Nunca agem assim o tcheco, o polaco, etc. Enfim,
reconheci desde então, que a desgraça só em parte está nessas teorias e, por
outra parte, em nossa insuficiente educação com relação ao nacionalismo e numa
dedicação diminuída, em virtude disso, em relação ao mesmo.
Por essas
razões, falhou o primeiro fundamento puramente teórico do movimento
pangermanista contra o catolicismo.
Eduque-se o povo alemão, desde a
juventude, no reconhecimento firme dos direitos da própria nacionalidade e não
se empestem os corações infantis com a maldição de nossa "objetividade", mesmo
em coisas relativas à conservação do próprio eu, e em pouco tempo,
verificar-se-á que (supondo-se um governo radical nacional), assim como na
Irlanda, na Polônia ou na França, o católico alemão será sempre alemão.
A mais formidável prova disso foi fornecida naquela época em que, pela
última vez, o nosso povo, em defesa de sua existência, se apresentou, diante da
justiça da História, em uma luta de vida e de morte.
Enquanto naquele
momento não faltou a direção de cima, o povo cumpriu o seu dever do modo mais
decisivo.
Pastor protestante ou padre católico, ambos contribuíram
infinitamente para uma longa conservação de força de resistência, não só no
"front" mas, sobretudo, no interior do país. Nesses anos, e sobretudo nos
primeiros momentos de entusiasmo, só existia na realidade um único império
alemão sagrado nos dois campos e para cuja subsistência e futuro cada um se
dirigia ao seu céu.
O movimento pangermanista na Áustria deveria ter-se
proposto a seguinte pergunta: É ou não possível a conservação do germanismo
austríaco sob uma fé católica? No caso afirmativo, o partido político não se
deveria ter incomodado com a questão religiosa ou de credo. Em caso contrário,
seria necessária uma reforma religiosa e nunca um partido político.
Aquele que pensa poder chegar, pelo atalho de uma organização política, a
uma reforma religiosa, mostra somente que lhe falta qualquer vislumbre da
evolução das noções religiosas ou mesmo das dogmáticas e da atuação prática do
clero.
Na realidade não se pode servir a dois senhores, sendo que eu
considero a fundação ou destruição de uma religião muito mais importante do que
a fundação ou destruição de um Estado, quanto mais de um partido.
Não se
diga que os aludidos ataques foram a defesa contra ataques do lado contrário!
É certo que, em todas as épocas, houve indivíduos sem consciência que não
tiveram pejo de fazer da religião instrumento de seus interesses políticos (pois
é disso que se trata quase sempre e exclusivamente entre esses pulhas).
Entretanto, é falso tornar a religião ou o credo responsável por um bando de
patifes que dela fazem mau uso, da mesma forma por que poriam qualquer outra
coisa a serviço de seus baixos instintos.
Nada pode melhor servir a um
tratante e mandrião parlamentar do que a oportunidade que assim se lhe oferece
de, ao menos posteriormente, conseguir a justificação de sua esperteza política.
Pois logo que a re1igião ou o credo é responsabilizado por uma maldade pessoal e
por isso atacados, o maroto chama, com berreiro formidável, o mundo inteiro para
testemunhar quão justa fora a sua atuação e como, graças a ele e à sua
loquacidade, foram salvas a religião e a igreja. Os contemporâneos, tão tolos
quanto esquecidos, não reconhecem o verdadeiro causador da luta, devido ao
grande berreiro que se faz ou não se lembram mais dele e assim atinge o patife o
seu objetivo.
Essas astuciosas raposas sabem bem que isso nada tem a ver
com a religião. Por isso mais rirá ele consigo mesmo, enquanto que o seu
adversário, honesto porém inábil, perde a cartada e retira-se de tudo,
desiludido da lealdade e da fé nos homens.
Em outro sentido, seria
também injusto tomar a religião ou mesmo a igreja como responsável pelos
desacertos de quaisquer indivíduos.
Compare-se a grandeza da organização
visível com a defeituosidade média dos homens em geral e será necessário admitir
que a relação do bem para o mal é melhor entre nós do que em qualquer outra
parte. É certo que há também, mesmo entre os próprios padres, alguns para os
quais a sua função sagrada é apenas um meio para a satisfação de sua ambição-
política e que chegam mesmo a esquecer, na luta política, muitas vezes de
maneira mais do que lamentável, que deveriam ser os guardas de uma verdade
superior e não os representantes da mentira e da calúnia. Entretanto para cada
indigno desses há, por outro lado, milhares e milhares de curas honestos,
dedicados da maneira mais fiel à sua missão que, em nossos tempos atuais, tão
mentirosos como decadentes, se destacam como pequenas ilhas num pântano geral.
Tão pouco condeno ou devo condenar a igreja pelo fato de um sujeito
qualquer de batina cair em falta imunda contra os costumes, quando muitos outros
mancham e traem a sua nacionalidade, em uma época em que isso ocorre
freqüentemente. Sobretudo hoje em dia, é bom não esquecer que para cada Efialtes
há milhares de pessoas que, com o coração sangrando, sentem a infelicidade de
seu povo e, como os melhores de nossa nação, desejam ansiosamente a hora em que
para nós o céu possa sorrir também.
A quem, porém, responde que, no
caso, não se trata de pequenos problemas da vida diária, mas sobretudo de
questões de verdade fundamental e de conteúdo dogmático, pode-se dar a devida
resposta com outra questão:
"Se te considerares feito pelo destino a fim
de proclamar a verdade, faze-o; tem, porém, também, a coragem de não quereres
fazer isso pelo talho de um partido político - pois constitui também esperteza,
mas coloca, em lugar do mal de agora, o que lhe parece melhor para o futuro.
Se porventura te faltar a coragem ou se não conheceres bem o que em ti há
de melhor, não te metas; em todo caso, não tentes, pelo recurso de um movimento
político, conseguir astuciosamente aquilo que não tens coragem de fazer de
viseira erguida".
Os partidos políticos nada têm a ver com os problemas
religiosos, a não ser que estes, estranhos ao povo, venham solapar os costumes e
a moral da própria raça. A religião também não se deve imiscuir em intrigas do
partidarismo político.
Quando os dignitários da igreja se servem de
instituições ou doutrinas religiosas para prejudicar a sua nacionalidade, nunca
deverão ser seguidos nessa trilha e sim combatidos com as mesmas armas.
As doutrinas e Instituições religiosas de seu povo devem ser intangíveis
para o chefe político; ao contrário, este não deveria ser político e sim
reformador!
Qualquer outra atitude conduziria a uma catástrofe,
especialmente na Alemanha.
Nas minhas observações sobre o movimento
pangermanista em sua luta contra Roma, cheguei, naquela ocasião e, sobretudo
posteriormente, à seguinte conclusão: devido a sua fraca compreensão da
significação do problema social, o movimento perdeu a força combativa da massa
popular. Indo ao parlamento, perdeu a sua força de impulsão e sobrecarregou-se
com toda a fraqueza inerente àquela instituição. A sua luta contra a igreja
desacreditou-o perante muitas camadas das classes baixa e média e privou-o de
muitos dos melhores elementos que se poderiam indicar como essencialmente
nacionais.
Os resultados da "Kulturkampf" na Áustria foram praticamente
nulos.
É verdade que foi possível arrancar perto de cem mil membros à
igreja, porém sem que ela por isso tivesse sofrido dano sensível. Realmente,
nesse caso, não havia necessidade de chorar pelas "ovelhinhas" perdidas; ela só
perdeu o que há já muito tempo intimamente lhe não pertencia. Essa era a
diferença entre a nova reforma e a antiga. Outrora, muitos dos melhores
elementos da igreja se tinham afastado dela por convicção religiosa íntima, ao
passo que agora só os "mornos" é que se foram e por "considerações" políticas.
Justamente do ponto de vista político o resultado foi muito ridículo e
deplorável. Mais uma vez fracassara um promissor movimento político da
nação alemã por não ter sido conduzido com a necessária sobriedade, mas
perdera-se um campo que forçosamente teria de conduzir a um desagregamento.
A verdade, pois, é que:
O movimento pangermanista jamais teria
cometido esse erro, se não possuísse pouca compreensão da psicologia da massa.
Se os seus chefes tivessem sabido que para conseguir êxito não se deve nunca
mostrar a massa dois ou mais adversários, por considerações puramente psíquicas,
pois isso conduziria de outra maneira ao desagregamento da força combativa, só
por esse motivo o movimento pangermanista deveria ter sido principalmente
dirigido contra um só adversário. Nada mais perigoso para um partido político
que deixar-se levar nas suas decisões por levianos que tudo querem sem conseguir
jamais coisa alguma.
Mesmo que nos vários credos haja muita coisa a
eliminar o partido político não deve perder de vista um minuto o fato de que, a
julgar por toda a experiência da história até hoje, nunca um partido político
conseguiu, em situações semelhantes, chegar a uma reforma religiosa. Não se
estuda, porém, a história para não recordar os seus ensinamentos quando é
chegada a hora de aplicá-la praticamente ou para pensar que as coisas agora são
outras e que, portanto, as suas verdades não são mais aplicadas, mas aprende-se
dela justamente o ensino útil para o presente. Quem não consegue isso, não deve
ter a pretensão de ser chefe político. Esse é na realidade um idiota superficial
e muito convencido e toda boa vontade não desculpa a sua incapacidade prática.
A arte de todos os grandes condutores de povos, em todas as épocas,
consiste, em primeira linha, em não dispersar a atenção de um povo e sim em
concentrá-la contra um único adversário. Quanto mais concentrada for a vontade
combativa de um povo, tanto maior será a atração magnética de um movimento e
mais formidável o ímpeto do golpe. Faz parte da genialidade de um grande
condutor fazer parecerem pertencer a uma só categoria mesmo adversários
dispersos, porquanto o reconhecimento de vários inimigos nos caracteres fracos e
inseguros muito facilmente conduz a um princípio de dúvida sobre o direito de
sua própria causa.
Logo que a massa hesitante se vê em luta contra
muitos inimigos, surge imediatamente a objetividade e a pergunta de se realmente
todos estão errados ou só o próprio povo ou o próprio movimento é que está com o
direito.
Com isso aparece também o primeiro colapso da própria força.
Daí ser necessário que uma maioria de adversários internos seja sempre vista em
blocos, de sorte que a massa dos próprios adeptos julgue que a luta seja
dirigida contra um inimigo único. Isso fortalece a fé no próprio direito e
aumenta a irritação contra o inimigo.
O fato de o movimento
pangermanista não ter compreendido isso lhe custou a derrota.
O seu
objetivo estava certo. A vontade era pura. O caminho seguido, porém, estava
errado. Ele se assemelhava a um alpinista que tem em vista o pico a ser galgado
e que se põe a caminho com decisão e força, sem porém dedicar atenção a esse
último, tendo a vista sempre voltada para o objetivo, sem atentar na trilha que
segue. Por isso, fracassa.
Inversamente, parecia passarem-se as coisas
nas fileiras do adversário - no Partido Socialista Cristão.
O caminho
seguido por este foi sábia e seguramente escolhido. Entretanto, faltou-lhe a
compreensão exata do objetivo.
Em quase todos os pontos em que o
movimento pangermanista falhou, eram bem e corretamente pensadas as disposições
do Partido Socialista Cristão.
Ele compreendia exatamente a importância
das massas e, desde o seu início, atraiu a si uma certa camada popular, pela
ostensiva afirmação de seu caráter social. E desde que se dispôs a ganhar a
classe média e a classe dos artesãos, ganhou permanentes e fiéis sectários,
prontos para o sacrifício de si mesmos. O partido evitou combater contra
quaisquer organizações representadas pela Igreja, assegurando-se, assim, o apoio
dessa poderosa organização. Possuía, por isso, um único adversário
verdadeiramente grande. Compreendeu o valor da propaganda em larga escala e
especializou-se em influenciar psicologicamente os instintos da grande maioria
de seus adeptos.
O fato de ter o partido falhado em seu sonho de salvar
a Áustria foi devido aos seus métodos, que eram errados em dois sentidos, assim
como à obscuridade de seus objetivos.
Em vez de ser fundado sobre base
racial, o seu anti-semitismo tinha fundamento religioso. A razão por que esse
erro se insinuou foi a mesma que causou o segundo erro.
Se o Partido
Socialista Cristão quisesse salvar a Áustria não se deveria apoiar, na opinião
de seu fundador, no princípio racial, desde que, de qualquer modo, em breve
prazo, ocorreria a dissolução geral do Estado. Os chefes do partido entenderam
que a situação em Viena exigia que se evitassem as tendências para a dispersão e
se apoiassem todos os pontos de vista conducentes à unidade.
Naquela
época, Viena se achava fortemente impregnada de elementos tchecos e nada a não
ser a extrema tolerância nos problemas raciais poderia evitar que aquele partido
fosse anti-germânico desde o início. - Para salvação da Áustria, aquele partido
não poderia ser dispensado. Por isso fizeram esforços especiais para ganhar o
grande número de pequenos negociantes tchecos de Viena pela oposição à escola
liberal de Manchester e, com isso, julgavam haver descoberto um grito de guerra
para a luta contra o judaísmo, luta baseada na religião, que deixaria na sombra
todas as diferenças de raça da velha Áustria.
Claro é que um combate em
tal base molestaria muito pouco os judeus. Na pior das hipóteses, um pouco de
água benta bastaria para salvar os seus negócios e, ao mesmo tempo, o seu
judaísmo.
Com essa base leviana, nunca foi possível tratar de maneira
séria e científica do problema, mas apenas perderam-se muitos adeptos que não
compreendiam essa espécie de anti-semitismo. Com isso a força de aliciar adeptos
ficaria circunscrita quase exclusivamente a círculos intelectuais restritos, a
não ser que se quisesse passar do puro sentimento para um verdadeiro do
problema. A atitude das classes intelectuais era de franca negação. A questão
parecia cada vez mais limitar-se a uma nova tentativa de conversão dos judeus.
Tinha-se até a impressão de tratar-se de uma certa inveja de concorrente. Com
isso a luta perdeu o caráter de um movimento superior e para muitos - e
justamente não para os piores - tomou a aparência de imoral e reprovável.
Faltava a convicção de que se tratava de uma questão vital de toda a humanidade,
de cuja solução dependia o destino de todos os povos não judeus.
As
meias medidas, a indecisão, haviam destruído o valor da posição anti-semítica do
Partido Socialista Cristão.
Era um anti-semitismo aparente, era pior do
que nada, porque o povo tinha a ilusão de segurar firmemente o seu inimigo nas
mãos, quando este é que o guiava.
O judeu, porém, em curto espaço de
tempo, de tal maneira se acostumara a essa espécie de anti-semitismo, que a sua
supressão certamente lhe teria feito mais falta do que incômodos lhe dava a sua
existência.
Se o Estado constituído de diferentes raças já exigia um
sacrifício, maior ainda o exigia a defesa do germanismo.
Não se podia
ser "nacionalista", a não ser que, mesmo em Viena, se quisesse deixar de sentir
a terra debaixo dos pés. Esperava-se salvar o Estado dos Habsburgos contornando
suavemente essa questão e, assim, o atiravam diretamente à ruína. Com isso,
porém, perdeu o movimento a única poderosa fonte, de energia que pode fornecer
força, duradouramente, a um partido político. O movimento cristão social
tornou-se, com isso, um partido como qualquer outro. Eu havia seguido
atentamente os dois movimentos, um por impulso íntimo do coração, o outro
arrastado pela admiração pelo homem raro que já então me aparecia como um
símbolo amargo de todo o germanismo austríaco.
Quando o formidável
cortejo fúnebre conduzia o falecido burgomestre da Rathaus para a Ringstrasse,
também me encontrava entre as muitas centenas de milhares de pessoas que
assistiam ao espetáculo fúnebre. Intimamente comovido, dizia-me o sentimento que
também a obra desse homem tinha de ser em vão, devido à fatalidade que
irrecusavelmente teria de conduzir aquele Estado ao aniquilamento.
Se o
Dr. Karl Lueger tivesse vivido na Alemanha, teria sido incluído entre os maiores
homens de nossa raça. Foi infelicidade sua e de sua obra que tivesse vivido
naquele Estado insustentável que era a Áustria.
Ao mesmo tempo de sua
morte, já começava a espalhar-se vivamente, cada mês que se passava, aquela
pequena chama dos Balcãs, de maneira que, por uma gentileza do destino, foi lhe
poupado ver aquilo que ele acreditava poder evitar.
Eu, porém, tentei
encontrar as causas do insucesso de ambos os movimentos e cheguei à convicção
firme de que, abstraindo inteiramente a impossibilidade de ainda conseguir na
velha Áustria o fortalecimento do Estado, os erros dos dois partidos eram os
seguintes:
O partido pangermanista teoricamente tinha toda razão quanto
ao objetivo da regeneração germânica, mas era infeliz na escolha de seus
métodos. Era nacionalista, mas, infelizmente, não bastante social para ganhar a
adesão da massa popular. O seu anti-semitismo era baseado na verdadeira
apreciação da importância do problema racial e não em- teorias religiosas. Por
outro lado, a sua luta contra um credo definido estava errada tanto quanto aos
fatos como quanto à tática.
As idéias do movimento cristão socialista
acerca do objetivo do renascimento germânico eram demasiadamente vagas, mas,
como partido, era feliz e inteligente na escolha de seus métodos. Compreendia a
importância da questão social, mas laborava em erro na sua luta contra os judeus
e ignorava inteiramente a força do sentimento nacional.
Se o Partido
Socialista Cristão possuísse, além de sua inteligente compreensão da grande
massa, uma noção certa da importância do problema da raça, como a tinha apanhado
o movimento pangermanista, e tivesse ele também sido nacionalista ou tivesse o
movimento pangermanista adotado, além da sua compreensão certa do objetivo da
questão judaica e da importância do sentimento nacional, também a inteligência
prática do Partido Socialista Cristão, sobretudo quanto à atitude em relação ao
socialismo - ter-se-ia produzido aquele movimento que, já então - estou
convencido - poderia ter influído no destino do germanismo.
Se isso
assim não aconteceu, foi devido, em grande parte, ao caráter do Estado
austríaco.
Como não via a minha convicção realizada em nenhum outro
partido, eu não podia me decidir a ingressar em uma das organizações existentes
ou mesmo colaborar na luta. Já naquele tempo eu considerava todos os movimentos
políticos falhados e incapazes de realizar o grande renascimento nacional do
povo alemão.
A minha antipatia pelo Estado dos Habsburgos crescia cada
vez mais, naquela época.
Quanto mais eu começava a preocupar-me
sobretudo com questões de política externa, tanto mais ganhava terreno a minha
convicção de que aquela estrutura estatal tinha de tornar-se- a desgraça do
germanismo. Cada vez mais claramente via, enfim, que o destino da nação alemã
não mais seria decidido desse lugar e, sim, do próprio Reich. Isso, porém, não
dizia respeito apenas às questões políticas, mas também a todas as questões da
vida cultural propriamente.
O Estado austríaco mostrava também no campo
das atividades puramente culturais ou artísticas todos os sintomas de
decadência, ou, pelo menos, a sua insignificância para o futuro da nação alemã.
No campo da arquitetura era que mais isso se fazia sentir. A arquitetura
moderna, por isso mesmo, não tinha grande êxito na Áustria, pois, após a
construção da Ringstrasse, as obras, pelo menos em Viena, eram insignificantes
relativamente aos grandes planos que surgiam na Alemanha.
Comecei assim
a levar cada vez mais uma vida dupla; a razão e a realidade fizeram-me passar
por uma tão amarga quanto abençoada escola na Áustria. Entretanto o coração
andava por outros lugares. Um angustioso descontentamento me empolgara à medida
que eu reconhecia a vacuidade em torno desse Estado e a impossibilidade de
salvá-lo, sentindo, ao mesmo tempo, com toda a certeza, que, em tudo e por tudo,
ele só poderia representar a desgraça do povo alemão.
Eu estava
convencido de que o Estado se encontrava em situação de poder dominar e
inutilizar qualquer alemão verdadeiramente grande e de apoiar qualquer coisa que
fosse contra o germanismo.
Odiava o conglomerado de raças, checos,
polacos, húngaros, rutenos, sérvios, croatas, etc. e acima de tudo aquela
excrescência desses cogumelos presentes em toda parte - judeus e mais judeus.
Para mim a cidade gigante parecia a encarnação do incesto.
O alemão
que eu falava na juventude era o dialeto falado na Baixa Baviera; eu não
conseguia nem esquecê-lo nem aprender a gíria vienense. Quanto mais tempo eu
permanecia naquela cidade, mais aumentava em mim o ódio contra a estranha
mistura de raças que começava a corroer aquele velho centro cultural alemão.
A idéia, porém, de que aquele Estado pudesse manter-se por mais tempo me
pareceu inteiramente ridícula.
A Áustria era então como um velho
mosaico, cuja argamassa destinada a segurar as pedrinhas se tivesse tornado
velha e quebradiça. A obra consegue aparentar a sua existência, mas logo que
recebe um choque, quebra-se em mil pedacinhos. A questão toda era saber quando
se daria esse choque.
O meu coração sempre pulsara, não por uma
monarquia austríaca e sim por um império alemão. A hora da decadência desse
Estado só me poderia parecer como o começo da redenção da nação alemã- Por todos
esses motivos, cada vez se tornou mais intenso em mim o desejo de poder ir para
o lugar para onde, desde a mais tenra juventude, me atraíam secreta ânsia e
decidido amor.
Outrora eu desejara poder algum dia fazer nome como
arquiteto e, em pequena ou grande escala, conforme o destino mandasse, prestar à
nação o meu devotado serviço.
Finalmente, eu desejava ter a felicidade
de, no local, poder desempenhar o meu papel no país onde o mais ardente desejo
de meu coração tinha de ser realizado: a união de meu amado lar com a pátria,
comum.
Muitas pessoas ainda hoje não poderão compreender a grandeza de
uma tal ânsia. Entretanto eu me dirijo àqueles a quem o destino negou até agora
essa felicidade; dirijo-me a todos aqueles que, desligados da pátria, têm de
lutar até pelo bem sagrado da língua, e que, devido a seu sentimento de
fidelidade à pátria, são perseguidos e martirizados e que, dolorosamente
comovidos, esperam ansiosamente a hora que os deixe voltar de novo ao coração da
mãe querida; dirijo-me a todos esses e sei que eles me compreenderão!
Só
aquele que sente dentro de si o que significa ser alemão sem poder pertencer à
pátria querida é que poderá medir a profunda ânsia que em todos os tempos
atormenta aqueles que dela se acham possuídos e nega-lhes satisfação e
felicidade até que se lhe abram as portas da casa paterna e no Reich comum o
sangue comum torne a encontrar paz e sossego.
Viena era e permaneceu
para mim a mais rude, embora mais completa, escola de minha vida. Eu pisara essa
cidade ainda meio criança e abandonei-a já homem feito. Nela recebi os
fundamentos de uma concepção política em pequena escala, que mais tarde ainda
tive de completar em detalhes, porém que nunca mais me abandonara. O verdadeiro
valor daqueles anos de aprendizado só hoje é que posso apreciar plenamente.
Por isso é que tratei esse período mais desenvolvidamente, pois 'foi ele
justamente que nessas questões me proporcionou a primeira lição de coisas em
problemas que afetam os princípios do partido, o qual, tendo começado em mui
pequenas proporções, se acha, depois de apenas cinco anos, em vias de tornar-se
um grande movimento popular. Não sei qual seria hoje a minha atitude em face do
judaísmo, da social-democracia, de tudo o que se entende por marxismo, por
questão social, etc., se a força do destino, naquele primeiro período de minha
vida, não me tivesse dado um fundamento de opiniões formado pela experiência
pessoal.
Pois, se bem que a desgraça da pátria consegue estimular
milhares e milhares de pessoas a pensarem nas causas íntimas da derrocada, esse
fato não consegue nunca conduzir àquela profundidade, àquela aguda intuição que
se abre para aquele que, somente depois de muitos anos de luta, se tornou senhor
do destino.
CAPÍTULO IV - MUNIQUE
Na primavera de 1912 fui definitivamente
para Munique.
Aquela cidade parecia-me tão familiar como se eu tivesse
morado há longo tempo dentro de seus muros. Isso provinha do fato de que os meus
estudos a cada passo se reportavam a essa metrópole da arte alemã. Quem não
conhece Munique não viu a Alemanha, quem não viu Munique não conhece a arte
alemã.
Entretanto, esse período anterior à guerra foi o mais feliz e
tranqüilo de minha vida. Se bem que os meus salários fossem ainda muito
reduzidos, eu não vivia para poder pintar, mas pintava para dessa maneira,
assegurar a minha vida ou, melhor, para assim poder continuar os meus estudos.
Eu estava convencido de que um dia ainda conseguiria o meu objetivo. E só isso
já me fazia suportar com indiferença todos os pequenos aborrecimentos da vida
quotidiana. Acrescente-se mais o grande amor que eu tinha por aquela cidade,
quase que desde a primeira hora da minha permanência ali. Uma cidade alemã! Que
diferença de Viena! Sentia-me mal em pensar naquela babel de raças. Além disso,
o dialeto muito mais chegado a mim, me fazia lembrar a minha juventude,
sobretudo no trato com a Baixa Baviera. Havia milhares de coisas que já eram ou
com o tempo se me tornaram caras. O que, porém, mais me atraía era a admirável
aliança da força e da arte no ambiente geral, essa linha única de monumentos que
vai do Hofbräuhaus ao Odeon, da Ocktoberfest à Pinacoteca. Sinto-me hoje
pertencer mais àquela cidade do que a qualquer outro lugar do mundo e isso
devido ao fato de estar a mesma inseparavelmente ligada à minha própria vida, à
minha evolução. O fato de, já naquela ocasião, eu gozar uma verdadeira
tranqüilidade, era de atribuir-se ao encanto que a admirável residência de
Witteisbach exerce sobre todos os homens que possuam qualidades intelectuais
aliadas a sentimentos artísticos.
O que, afora os trabalhos de minha
profissão, mais me atraía, era o estudo dos acontecimentos políticos do dia,
sobretudo os da política externa. Eu cheguei a estes através dos rodeios da
política alemã de aliança, a qual, desde os meus tempos da Áustria, considerava
absolutamente falsa. Apenas não compreendera, em Viena, em toda a sua extensão,
como o Reich a si mesmo se enganava, com a prática daquela política. Já naquela
época estava eu inclinado a admitir - ou procurava convencer-me a mim mesmo,
exclusivamente como desculpa - que possivelmente em Berlim já se sabia quão
fraco e pouco merecedor de confiança seria na realidade o aliado austríaco, o
que, entretanto, por motivos mais ou menos secretos, se mantinha sob reserva, a
fim de apoiar uma política de aliança que o próprio Bismarck havia inaugurado e
cujo abandono brusco não era aconselhável, para não assustar o estrangeiro ou
inquietar o povo, no interior.
Entretanto, as minhas relações, sobretudo
entre o povo, fizeram que muito depressa verificasse, horrorizado, que essa
minha convicção era falsa. Com grande surpresa minha, tive de constatar, em toda
parte, que, mesmo nos círculos bem informados, não se tinha a mais pálida idéia
do caráter da monarquia dos Habsburgos. Justamente entre o povo dominava a
persuasão de que o aliado devia ser considerado uma potência de verdade que, na
hora do perigo, agiria como um só homem. No seio da massa, considerava-se sempre
a Monarquia como um Estado "alemão" e pensava-se também poder contar com ela.
Pensava-se que a força nesse caso também podia ser computada por milhares, como
por exemplo na própria Alemanha, e esquecia-se, inteiramente:
1.°) que, há
muito tempo. a Áustria deixara de ser um Estado de caráter alemão;
2.°) que
as condições internas daquele país cada vez mais tendiam para a desagregação.
Naquele tempo se conhecia melhor aquela estrutura de Estado do que a
chamada "diplomacia" oficial, a qual, como quase sempre, cambaleava cegamente
para a fatalidade. A disposição de ânimo do povo nada mais era que o resultado
daquilo que de cima se despejava na opinião pública. Os de cima, porém,
mantinham pelo aliado um culto como pelo bezerro de ouro. Esperava-se poder
substituir por habilidade aquilo que faltava em sinceridade. Tomavam-se sempre
as palavras como valores reais.
Em Viena eu me encolerizava ao constatar
a diferença que, de tempos a tempos, aparecia entre os discursos dos estadistas
oficiais e o modo de expressar-se da imprensa local. Entretanto, Viena era, ao
menos aparentemente, uma cidade alemã. Como eram diferentes as coisas, quando se
saia de Viena, ou melhor da Áustria alemã, e se caía nas províncias eslavas do
Reich! Bastava que se manuseassem os jornais de Praga para saber-se de que
maneira era ali julgada a sublime fantasmagoria da Tríplice Aliança. Ali só
havia cruel ironia e sarcasmo para essa obra-prima dos "estadistas". Em plena
paz, enquanto os dois imperadores trocavam entre si o beijo da amizade, ninguém
ocultava que essa aliança desapareceria no dia em que se tentasse, do mundo de
fantasias, - espécie de ideal dos Nibelungen - transportá-la para a realidade
prática.
Quanta excitação houve quando, alguns anos depois, chegada a
hora da prova da Tríplice Aliança, a Itália abandonou-a, deixando os seus dois
companheiros, para, enfim, transformar-se em inimiga! A não ser para aqueles que
estivessem atacados de cegueira diplomática, era simplesmente incompreensível
que, mesmo por um minuto, se pudesse acreditar no milagre de vir a Itália a
combater ao lado da Áustria. Entretanto, as coisas na Áustria não se passavam de
modo diferente.
Na Áustria, só os Habsburgos e os alemães eram adeptos
da idéia de aliança. Os Habsburgos por cálculo e necessidade; os alemães por
credulidade e estupidez política. Por credulidade, porque eles pensavam, por
meio da Tríplice Aliança, prestar um grande serviço à Alemanha, fortalecê-la e
protegê-la; por estupidez política, porém, porque o que eles imaginavam não
correspondia à realidade, pois que estavam apenas concorrendo para acorrentar o
Império à carcassa de um Estado morto, que teria de arrastá-los ao abismo,
sobretudo porque aquela aliança contribuía para, cada vez mais, desgermanizar a
própria Áustria. Porque, desde que os Habsburgos acreditavam que uma aliança com
o Império poderia garanti-los contra qualquer interferência de parte deste - e
infelizmente nisso tinham razão - eles ficavam capacitados a continuarem na sua
política de livrar-se, gradualmente, da influência germânica no interior, com
mais facilidade e menos risco. Eles tinham que temer qualquer protesto de parte
do governo alemão, que era conhecido pela "objetividade" de seu ponto de vista
e, além disso, tratando com os austríacos alemães, podiam sempre fazer calar
qualquer voz impertinente que se levantasse contra qualquer feio exemplo de
favoritismo para com os eslavos, com uma simples referência à Tríplice Aliança.
Que poderia fazer o alemão na Áustria, se o próprio alemão do Império
exprimia reconhecimento e confiança no governo dos Habsburgos?
Deveria
oferecer resistência para depois ser estigmatizado por toda a opinião pública
alemã como traidor da própria nacionalidade? Ele, que há dezenas de anos vinha
fazendo os maiores sacrifícios pela sua nacionalidade!
Que valor, porém,
possuía essa aliança, caso tivesse sido destruído o germanismo da monarquia dos
Habsburgos. Não era, para a Alemanha, o valor da Tríplice Aliança, dependente da
manutenção da hegemonia alemã na Áustria? Ou acreditava-se, por acaso, que mesmo
com a eslavização do Império dos Habsburgos, se pudesse manter a aliança?
A atitude da diplomacia alemã oficial, bem como também de toda a opinião
pública com relação ao problema interno das nacionalidades na Áustria, não era
simplesmente uma tolice mas uma verdadeira loucura! Contava-se com uma aliança,
fazia-se o futuro e a segurança de um povo de setenta milhões de habitantes
dependerem dela - e ficava-se observando, impassível, como, de ano para ano, a
única base para essa aliança era sistematicamente, infalivelmente destruída pelo
aliado! Chegaria o dia em que restaria apenas um "tratado" com a diplomacia
vienense, mas o auxílio do aliado do Império faltaria no momento oportuno.
Na Itália isso se verificara desde o princípio.
Se se tivesse feito
um estudo mais inteligente da história da Alemanha e da psicologia da raça,
ninguém poderia ter acreditado, por um instante, que o Quirinal de Roma e o
Hofburg de Viena viessem um dia a lutar, lado a lado, em uma frente única de
batalha. A Itália se transformaria num vulcão antes que qualquer governo ousasse
enviar um só italiano a combate. O Estado dos Habsburgos era fanaticamente
odiado. Os italianos só poderiam marchar como inimigos! Mais de uma vez vi
flamejar em Viena o apaixonado desdém e insondável ódio que mantinham os
italianos contra o Estado austríaco. Os erros e crimes da Casa de Habsburgo, no
decurso dos séculos, contra a liberdade e a independência da Itália, eram
demasiado grandes para jamais serem esquecidos, mesmo na hipótese de haver
qualquer desejo nesse sentido. Não havia tal desejo nem entre o povo nem de
parte do governo italiano. Para a Itália, por isso, só havia dois modos
possíveis de tratar com a Áustria - a aliança ou a guerra.
Tendo
escolhido o primeiro, podiam eles preparar-se calmamente para o segundo.
A política alemã de aliança era ao mesmo tempo inexpressiva e arriscada,
especialmente desde que as relações da Áustria para com a Rússia tendiam
crescentemente para uma solução pela guerra.
Foi esse um caso clássico,
em que se pôde constatar a falta de grandiosas e acertadas linhas de conduta.
Por que, pois, foi concluída uma aliança? Simplesmente para garantir o
futuro do Reich, quando ele estava em posição de manter-se sobre os próprios
pés. O futuro do Reich estava na política de habilitar, por todos os meios, a
nação alemã a continuar existindo.
Por conseqüência, o problema deveria
ter sido posto assim: que forma deverá assumir a vida da nação alemã em um
futuro tangível? E como se poderá garantir a essa evolução os necessários
fundamentos e a necessária segurança, no quadro do concerto das potências
européias?
Considerando claramente as condições para a atividade da
política externa, tinha-se de fatalmente chegar à seguinte convicção:
A
Alemanha tem um acréscimo de população de, aproximadamente, 900 mil almas por
ano. A dificuldade de alimentação desse exército de novos cidadãos tem de
aumentar de ano para ano e acabar finalmente numa catástrofe, caso se não
encontrem meios de, em tempo, dominar o perigo da miséria e da fome.
Havia quatro caminhos para evitar esse tremendo desenlace.
1°
Podia-se, a exemplo da França, limitar artificialmente o acréscimo de
nascimentos e, com isso, impedir uma superpopulação.
A própria natureza
costuma agir no sentido de limitar o aumento de população de determinadas terras
ou raças, em épocas de grandes necessidades ou más condições climáticas, bem
como de pobreza do solo; e isso com um método tão sábio quão inexorável. Ela não
impede a capacidade de procriação em si e sim, porém, a conservação dos
rebentos, fazendo com que eles fiquem expostos a tão duras provações que o menos
resistente é forçado a voltar ao seio do eterno desconhecido, o que ela deixa
sobreviver às intempéries está milhares de vezes experimentado e capaz de
continuar a produzir, de maneira que a seleção possa recomeçar. Agindo desse
modo brutal contra o indivíduo e chamando-o de novo momentaneamente a si, desde
que ele não seja capaz de resistir à tempestade da vida, a natureza mantém a
raça, a própria espécie, vigorosa e a torna capaz das maiores realizações.
A diminuição do número, por esse processo, redunda em um reforço da
capacidade do indivíduo e, por conseguinte, em última análise, em um
revigoramento da espécie.
As coisas se passam de outra maneira quando é
o homem que toma a iniciativa de provocar a limitação de seu número. Ai é
preciso considerar não só o fator natural como o humano. O homem sabe mais que
essa cruel rainha de toda a sabedoria - a natureza. Ele não limita a conservação
do indivíduo, mas a própria reprodução. Isso lhe parece, a ele que sempre tem em
vista a si mesmo e nunca à raça, mais humano e mais justificado que o inverso.
Infelizmente, porém, as conseqüências são também inversas.
Enquanto a
natureza, liberando a geração, submete, entretanto, a conservação da espécie a
uma prova das mais severas, escolhendo dentro de um grande número de indivíduos
os que julga melhores e só a estes conserva para a perpetuação da espécie, o
homem limita a procriação e se esforça, aferradamente, para que cada ser, uma
vez nascido, se conserve a todo preço. Essa correção da vontade divina lhe
parece ser tão sábia quanto humana e ele alegra-se de, mais uma vez, ter
sobrepujado a natureza e até de ter provado a insuficiência da mesma. E o filho
de Adão não quer ver nem ouvir falar que, na realidade, o número é limitado, mas
à custa do apoucamento do indivíduo.
Sendo limitada a procriação e
diminuído o número dos nascimentos, sobrevem, em lugar da natural luta pela
vida, que só deixa viverem os mais fortes e mais sãos, a natural mania de
conservar e "salvar" a todos, mesmo os mais fracos, a todo preço. Assim se deixa
a semente para uma descendência que será tanto mais lamentável quanto mais
prolongado for esse escárnio contra a natureza e suas determinações.
O
resultado final é que um tal povo um dia perderá o direito à existência neste
mundo, pois o homem pode, durante um certo tempo, desafiar as leis eternas da
conservação, mas a vingança virá mais cedo ou mais tarde. Uma geração mais forte
expulsará os fracos, pois a ânsia pela vida, em sua última forma, sempre romperá
todas as correntes ridículas do chamado espírito de humanidade individualista,
para, em seu lugar, deixar aparecer uma humanidade natural, que destrói a
debilidade para dar lugar à força.
Aquele, pois, que quiser assegurar a
existência ao povo alemão limitando a sua multiplicação, rouba lhe com isso o
futuro.
2° Outro caminho seria aquele que hoje em dia freqüentemente
ouvimos aconselhado e louvado: a chamada colonização interna. Essa é uma
proposta que muitos fazem, na melhor das intenções, que é, porém, mal
compreendida pela maioria e que pode trazer, por isso, os maiores prejuízos
imagináveis. Sem dúvida, a capacidade produtiva de um terreno pode ser elevada
até determinado limite. Mas só até esse limite determinado e não infinitamente
mais. Durante um certo lapso, poder-se-á, portanto, compensar, sem perigo de
fome, a multiplicação do povo alemão por meio do aumento do rendimento de nosso
solo. Entretanto, a isso se opõe o fato de crescerem as necessidades da vida
mais do que o número da população. As necessidades humanas com relação ao
alimento e ao vestuário crescem de ano para ano e, por exemplo, já hoje em dia,
não estão em proporção com as necessidades de nossos antepassados de cem anos
atrás. É, pois, errôneo pensar que cada elevação da produção provoque a condição
necessária a uma multiplicação da população. Isso se dá até um certo ponto, pois
que ao menos uma parte do aumento da produção do solo é consumida na satisfação
das necessidades superiores da humanidade. Entretanto, com a máxima parcimônia
de um lado e a máxima diligencia por outro lado, chegará um dia em que um limite
será atingido pelo próprio solo. Mesmo com toda a diligência, não será possível
aproveitá-lo mais e surgirá, embora protelada por algum tempo, uma nova
calamidade. A fome aparecerá de tempos em tempos, quando houver má colheita. Com
o aumento da população, isso se dará cada vez mais, de sorte que isso só não
aparecerá quando raros anos de riqueza encherem os armazéns de víveres.
Entretanto, finalmente, aproximar-se-á a época em que não se poderá mais atender
à miséria e a fome, então, tornar-se-á a companheira de um tal povo. A natureza
terá de prestar auxílio de novo e proceder à seleção entre os escolhidos,
destinados a viver; ou então é o próprio homem que a si mesmo se auxilia,
lançando mão do impedimento artificial de sua reprodução com todas as graves
conseqüências para a raça e para a espécie. Poder-se-á ainda objetar que esse
futuro está destinado a toda a humanidade, de uma maneira ou de outra, e que,
portanto, nenhum povo conseguirá naturalmente escapar a essa fatalidade.
À primeira vista, sem mais considerações, isso está certo. Há, também, a
considerar o seguinte: numa determinada época, toda a humanidade será certamente
forçada a interromper o aumento do gênero humano ou a deixar a natureza decidir,
por si própria. Essa situação atingirá a todos os povos, mas atualmente só serão
atingidas por essa miséria as raças que não possuem energia suficiente para
assegurarem para si o solo necessário. Ninguém contesta que, hoje em dia, ainda
há neste mundo solo em extensão formidável e que só espera quem o queira
cultivar. Da mesma forma também é certo que esse solo não foi reservado pela
natureza para uma determinada nação ou raça, como superfície de reserva para o
futuro. Trata-se, sim, de terra e solo destinados ao povo que possua a energia
de o conquistar e a diligência de o cultivar.
A natureza não conhece
limites políticos. Preliminarmente, ela coloca os seres neste globo terrestre e
fica apreciando o jogo livre das forças. O mais forte em coragem e em diligência
recebe o prêmio da existência, sempre atribuído ao mais resistente.
Quando um povo se limita à colonização interna, enquanto outras raças se
agarram a cada vez maiores extensões territoriais, será forçado a restringir as
suas necessidades, em uma época em que os outros povos ainda se acham em
constante multiplicação. Esse caso dá-se tanto mais cedo quanto menor for o
espaço à disposição de um povo. Como, porém, em geral, infelizmente, as melhores
nações, ou mais corretamente falando, as únicas raças verdadeiramente culturais,
portadoras de todo o progresso humano, muitas vezes se resolvem na sua cegueira
pacifista a desistir de nova aquisição de solo, contentando-se com a colonização
"interna", nações inferiores sabem assegurar-se enormes territórios. Tudo isso
conduz a um resultado final:
As raças culturalmente melhores, mas menos
inexoráveis, teriam de limitar a sua multiplicação, por força da limitação do
solo, ao passo que os povos culturalmente mais baixos, naturalmente mais
brutais, ainda estariam, em conseqüência da maior superfície disponível, em
condições de se reproduzirem ilimitadamente, por outras palavras, dia viria em
que o mundo passaria a ser dominado por uma humanidade culturalmente inferior,
porém mais enérgica.
Assim, para um futuro não muito remoto, só há duas
possibilidades: ou o mundo será governado nos moldes de nossas modernas
democracias e então o fiel da balança decidirá a favor das raças numericamente
mais fortes, ou o mundo será - governado segundo as leis da ordem natural e
vencerão então os povos de vontade brutal e, por conseqüência, não a nação que
se limita a si mesma.
O que ninguém poderá duvidar é que o mundo será
exposto às mais graves lutas pela existência da humanidade. No fim, vence sempre
o instinto da conservação. Sob a pressão deste, desaparece o que chamamos
espírito de humanidade como expressão de uma mistura de tolice, covardia e
pretensa sabedoria, tal qual a nave ao sol de março. A humanidade tornou-se
grande na luta eterna, na paz eterna ela perecerá.
Para nós, alemães,
porém, a senha da colonização interna já é funesta, pois, entre nós, ela
imediatamente reforça a opinião de termos achado um meio que, de acordo com o
espírito pacifista, permite podermos numa vida de torpor, "ganhar" a existência.
Essa doutrina, tomada a sério entre nós, significa o fim de todo o esforço no
sentido de conservarmos no mundo o lugar que nos compete. Desde que o alemão
médio se tenha convencido de poder garantir-se por esse meio a vida e o futuro,
qualquer tentativa de uma interpretação ativa e, portanto, frutuosa, das
necessidades vitais da Alemanha estaria perdida. Toda política externa
verdadeiramente útil poderia ser considerada impossível com uma tal opinião da
nação, e, com isso, o futuro do povo alemão estaria prejudicado.
Tendo-se em vista essas conseqüências, deve-se concordar que não é por
acaso que, em primeira linha, são sempre os judeus que procuram e sabem
inocular, no espírito do povo, tão perigosas idéias, aliás mortalmente
perigosas. Eles conhecem muito bem as pessoas com que têm de tratar para não
saberem que essas são vitimas agradecidas de qualquer charlatão que lhes diga
haver sido descoberto o meio de enganar a natureza, de modo a tornar supérflua a
dura e inexorável luta pela existência, para, em seu lugar, ora com trabalho ou
mesmo sem nada fazer, conforme calha a cada um, assenhorear-se do planeta.
Não é nunca demasiado insistir em que toda colonização alemã interna tem de
servir, em primeiro plano, para evitar males sociais, sobretudo para livrar a
terra da especulação geral. Entretanto nunca poderá ser suficiente para
assegurar o futuro da noção sem a conquista de novos territórios.
Se
agirmos de outra maneira, não só chegaremos a esgotar as nossas terras como
também as nossas forças.
Finalmente, há a constatar ainda o seguinte:
A limitação, implícita, na colonização interna, a uma determinada pequena
superfície de solo, bem como o efeito final que se lhe segue da restrição da
reprodução, conduz o povo a uma situação político-militar extraordinariamente
desfavorável.
A garantia da segurança externa de um povo depende da
extensão de seu "habitat". Quanto maior for o espaço de que um povo disponha,
tanto maior é sua proteção natural; pois sempre foram conseguidas vitórias
militares mais rápidas e, por isso mesmo, mais fáceis e especialmente mais
eficientes e mais completas contra povos apertados em pequenas superfícies de
terra do que contra Estados de vasta extensão territorial. Na grandeza do
território há, pois, sempre, uma certa proteção contra ataques repentinos, visto
como o êxito só será conseguido após longas e severas lutas e, por isso, o risco
de um ataque temerário parecerá demasiado grande, a não ser que existam motivos
excepcionais. Na vastidão territorial, em si mesma, já existe uma base para a
fácil conservação da liberdade e da independência de um povo, enquanto que, ao
contrário, a pequenez territorial como que desafia a conquista.
De fato,
as duas primeiras possibilidades para se conseguir um equilíbrio entre a
população crescente e o solo invariável em grandeza, foram rejeitadas pelos
chamados círculos nacionais do Reich. Os motivos que determinaram essa atitude
eram, entretanto, outros que os indicados acima. Relativamente à limitação dos
nascimentos, a atitude era de recusa, em primeiro lugar por um certo sentimento
moral. A colonização interna era repelida com desapontamento, pois que se
farejava, nela, um ataque contra a grande propriedade rural e o começo de uma
luta geral contra a propriedade particular. Pela forma por que sobretudo essa
última terapêutica era recomendada podia-se imediatamente ver a condenação dessa
hipótese.
De um modo geral, a defesa em face da grande massa não era
muito hábil e de modo algum atingia o âmago do problema.
Em face disso,
só restavam dois caminhos- para assegurar um trabalho são à população crescente.
3° Podiam-se adquirir novos territórios, a fim de, anualmente, derivar os
milhões excedentes, conservando dessa maneira a nação em condições de poder
alimentar-se a si mesma, ou se passaria a:
4° Produzir, por meio da
indústria e do comércio, para o consumo estrangeiro, a fim de, por esse modo,
garantir a vida do povo.
Portanto, política rural, colonial ou
comercial.
Ambos os caminhos foram, sob vários pontos de vista,
considerados, examinados, recomendados e combatidos.
O primeiro ponto de
vista sem dúvida teria sido o mais são dos dois. A aquisição do novo território
para nele acomodar o excesso da população encerra vantagens infinitamente
maiores, especialmente se se toma em consideração o futuro e não o presente.
Só as vantagens da conservação de uma classe de camponeses, como fundamento
de toda a nação, são enormes. Muitos dos nossos males atuais não são mais que a
conseqüência do desequilíbrio entre o povo dos campos e o das cidades. Uma base
firme constituída de pequenos e médios camponeses foi, em todos os tempos, a
melhor defesa contra as enfermidades sociais do gênero das que nos afligem hoje
em dia. Essa é também a única saída que permite a um povo encontrar o pão de
cada dia nos limites da sua vida econômica. A indústria e o comércio recuam de
sua posição de dirigentes e se colocam no quadro geral de uma economia nacional
de consumo e compensação. Ambos não são mais a base de alimentação do povo e sim
um auxílio para a mesma. Dispondo eles de uma compensação entre a produção e o
consumo, tornam toda a alimentação do povo mais ou menos independente do
exterior. Ajudam, portanto, a assegurar a liberdade do Estado e a independência
da nação, sobretudo nos dias graves.
Entretanto, uma tal política rural
não poderá ser realizada, por exemplo, no Camerun e sim quase que exclusivamente
na Europa. Calma e modestamente, temos de colocar-nos no ponto de vista de que
certamente não deve ter sido a intenção do céu dar a um povo cinqüenta vezes
mais terra do que a outro. Nesse caso, os limites políticos não devem afastar-se
dos limites do direito eterno. Se é verdade que o mundo tem espaço para todos
viverem, então que se nos dê também o solo necessário à nossa vida.
Isso
naturalmente não será feito de boa vontade. O direito da própria conservação
fará então sentir os seus efeitos; e o que é negado por meios suasórios tem de
ser tomado à força.
Tivessem os nossos antepassados feito depender as
suas decisões de tolices pacifistas, como se faz atualmente, e não possuiríamos
mais que um terço do nosso atual território. Não é a isso que devemos as duas
Marcas orientais do Reich e, com elas, a força interior da grandeza do domínio
territorial de nosso Estado, o que nos tem permitido existir até hoje.
Há outra razão para que essa solução seja considerada correta:
Muitos Estados europeus de hoje são semelhantes a pirâmides que se sustêm
sobre o seu vértice. As suas possessões na Europa são ridículas comparativamente
com a sua pesada carga de colônias, comércio estrangeiro, etc. Poder-se-ia
dizer: ponto na Europa e base em todo o mundo. Inversa é a situação dos Estados
Unidos, cuja base está sobre o seu próprio continente e cujo ápice é o seu ponto
de contato com o resto do globo. Daí a grande força interna daquele Estado e a
fraqueza da maioria das potências colonizadoras européias.
Mesmo a
Inglaterra não é prova em contrário, pois sempre nos inclinamos a esquecer a
verdadeira natureza do mundo anglo-saxão em relação ao Império britânico. Pelo
fato de possuir a mesma língua e a mesma cultura que os Estados Unidos, a
Inglaterra não pode ser comparada com nenhum outro Estado da Europa.
Por
isso, a única esperança de realizar a Alemanha uma política territorial sadia
está na aquisição de novas terras na própria Europa. As colônias são inúteis
para esse fim, por parecerem impróprias para o estabelecimento de europeus em
grande número. Entretanto, no século dezenove, já não era mais possível
adquirir, por métodos pacíficos, tais territórios para efeitos de colonização.
Uma política de colonização dessa espécie só poderia ser realizada por meio de
uma luta áspera, que seria mais razoável se aplicada na obtenção de território
no continente, próximo da pátria, de preferência a quaisquer regiões fora da
Europa.
Uma tal decisão exige, porém, a solidariedade de toda a nação.
Não é possível abordar, com meias medidas ou com hesitações, uma tarefa cuja
execução só é viável pelo emprego de toda a energia nacional. A direção política
do Reich teria de dedicar-se exclusivamente a esse fim; nenhum passo deveria ser
dado por outras considerações que não fosse o reconhecimento dessa tarefa e das
condições pare o seu êxito. Deveria ficar bem claro que esse objetivo só poderia
ser atingido em luta, tendo-se tranqüilamente em mira o movimento das armas.
Todas as alianças deveriam ser examinadas exclusivamente sob esse ponto de
vista e apreciadas quanto à sua utilidade nesse objetivo. Houvesse o desejo de
adquirir territórios ria Europa e isso teria de dar-se de um modo geral à custa
da Rússia. O novo Reich teria de novamente pôr-se em marcha na estrada dos
guerreiros de outrora, a fim de, com a espada alemã, dar ao arado alemão a gleba
e à nação o pão de cada dia.
Para uma tal política só havia um possível
aliado na Europa: Inglaterra.
A Grã-Bretanha era a única potência que
poderia proteger a nossa retaguarda, suposto que déssemos início a uma nova
expansão germânica. Teríamos tanto direito de fazê-lo quanto tiveram os nossos
antepassados. Nenhum dos nossos pacifistas se nega a comer o pão do Oriente,
embora o primeiro arado outrora tivesse sido a espada.
Nenhum sacrifício
deveria ser considerado demasiado grande nesse trabalho de conquistar as
simpatias da Inglaterra. Dever-se-ia renunciar às colônias e ao poderio naval, e
evitar a concorrência à indústria britânica.
Somente uma atitude
absolutamente clara poderia conduzir a um tal objetivo: renúncia a uma marinha
de guerra alemã, concentração de todas as forças do Estado no exército. Ê
verdade que o resultado seria uma limitação temporária, entretanto abrir-se-iam
os horizontes para um grande futuro.
Houve uma época em que a Inglaterra
nos daria atenção nesse sentido, porque ela compreendia muito bem que, devido a
sua crescente população, a Alemanha teria de procurar qualquer saída e de
achá-la na Europa, com o auxílio inglês, ou, sem esse auxílio, em qualquer outra
parte do mundo.
A tentativa para se obter uma aproximação com a
Alemanha, feita no dobrar do século, foi devida em tudo e por tudo a esse
sentimento. Mas aos alemães não agradava "tirar as castanhas do fogo" para a
Inglaterra, - como se fosse possível uma aliança sobre outra base que não a da
reciprocidade. Baseado nesse princípio, o negócio poderia muito bem ter sido
feito com a Inglaterra. A diplomacia britânica era bastante hábil para saber que
nada era lícito esperar sem reciprocidade.
Imaginemos que a Alemanha,
com uma hábil política exterior, tivesse representado o papel que o Japão
representou em 1904, e, dificilmente, poderemos prever as conseqüências que isso
teria tido para o país.
Jamais teria havido a "Guerra Mundial".
No ano de 1904, o sangue teria sido dez vezes menos que o que se derramou
em 1914-18.
Mas que posição ocuparia a Alemanha, hoje em dia, no mundo!
Sobretudo a aliança com a Áustria foi uma idiotice.
Essa múmia de
Estado uniu-se à Alemanha não para lutar com ela na guerra mas para conservar
uma eterna paz, a qual então poderia ser utilizada, de uma maneira inteligente,
para a destruição lenta porém segura do germanismo na Monarquia. Essa aliança
era absolutamente inviável, pois que não se poderia esperar por muito tempo uma
defesa ofensiva dos interesses nacionais alemães em um Estado que não possuía
nem a força nem a decisão para limitar o processo de desgermanização nas suas
fronteiras imediatas. Se a Alemanha não possuía consciência nacional bastante e
também a impavidez para arrancar ao impossível Estado dos Habsburgos o mandato
sobre o destino de dez milhões de irmãos de raça, não se poderia, então, na
verdade, esperar que jamais ela recorres. se a planos de tão larga visão e tão
audaciosos. A atitude do velho Reich em relação ao problema austríaco foi a
pedra-de-toque de sua atitude na luta decisiva de toda a nação.
Ninguém
observava como, ano a ano, o germanismo era cada vez mais oprimido e que o valor
da aliança, de parte da Áustria, era determinado exclusivamente pela conservação
dos elementos alemães. Mas absolutamente não se seguiu esse caminho.
Nada temiam tanto como a luta e, finalmente, na hora mais desfavorável,
foram constrangidos a ela.
Queriam fugir ao destino e foram
surpreendidos por ele. Sonhavam com a conservação da paz do mundo e caíram na
guerra mundial.
E esse foi o mais importante motivo porque não se deu o
devido valor a essa terceira saída para a garantia do futuro alemão. Sabia-se
que a conquista do novo solo só podia ser alcançada a leste. A luta necessária
foi prevista, mas o que se queria a todo preço era a paz. A senha da política
externa há muito que não era mais a conservação da nação alemã a todo transe,
mas a conservação da paz universal, por to. dos os meios. Ainda voltarei a falar
mais detalhadamente sobre esse ponto.
Assim, restava ainda a quarta
possibilidade: indústria e comércio universais, poder naval e colônias.
Um tal desenvolvimento era na verdade mais fácil e mais rapidamente
acessível. O povoamento do solo é um processo mais lento e que dura, às vezes,
séculos. É, porém, justamente nisso que se deve procurar a sua força intrínseca.
Não se trata de um flamejar repentino, mas de um crescimento lento, mas
fundamental e constante, em contraposição a um desenvolvimento industrial que
pode ser improvisado no correr de poucos anos, assemelhando-se, porém, mais a
uma bolha de sabão que a força solida, É verdade que mais rapidamente se
constrói uma esquadra do que, em luta tenaz, se erige uma estância e coloniza-se
a mesma com lavradores; entretanto aquela também mais facilmente se aniquila do
que esta última. Contudo, se a Alemanha, não obstante, trilhava esse caminho, ao
menos deveria reconhecer-se claramente que esse programa um dia acabaria em
luta, só crianças imaginariam que se pode conseguir o desejado alimento, pela
boa conduta e pela declaração de sentimentos de paz, na "concorrência pacífica
dos povos", como tanto e tão suntuosamente se tagarelava sobre esse assunto,
como se tudo se pudesse obter sem lançar mão das armas.
Não. Se
continuássemos a trilhar esse caminho, a Inglaterra um dia se tornaria nossa
inimiga. Nada mais insensato do que o desapontamento que experimentamos, pelo
fato de a Inglaterra tomar um dia a liberdade de enfrentar a nossa tendência
pacifista com a crueldade do egoísta violento. Só a nossa reconhecida
ingenuidade se poderia surpreender com esse desfecho.
Nunca deveríamos
ter agido assim!
Se uma política de aquisição territorial na Europa só
poderia ser feita em aliança com a Inglaterra contra a Rússia, uma política de
colônias e de comércio mundial, por outro lado, só seria concebível em uma
aliança com a Rússia contra a Inglaterra. Nesse caso, dever-se-ia chegar
inexoravelmente às últimas conseqüências, pondo se a Áustria à margem.
Considerada sob todos os pontos de vista, essa aliança com a Áustria era,
já no dobrar do século, uma verdadeira loucura.
Entretanto, não se
pensava numa aliança com a Rússia contra a Inglaterra, nem tão pouco com a
Inglaterra contra a Rússia, pois, em ambos os casos, o resultado teria sido a
guerra e, para evitá-la, é que se decidiu adotar a política comercial e
industrial. A conquista "econômica pacifica" era uma receita que de uma vez por
todas estava destinada a dar um golpe decisivo na política de violência de até
então. Talvez não houvesse completa confiança nessa política, sobretudo tendo-se
em vista que, de tempos a tempos, surgiam, vindas do lado da Inglaterra, ameaças
inteiramente incompreensíveis. Finalmente capacitaram-se os alemães da
necessidade de construir-se uma frota, não com o propósito de atacar e destruir,
mas para defender a paz mundial e para a "conquista pacífica do mundo". Por isso
tiveram de mantê-la em escala modesta, não somente quanto ao número mas também
quanto à tonelagem de cada navio e ao respectivo armamento, de modo a tornar
evidente que o seu fim último era pacífico.
Conversar em "conquista
pacífica do mundo" foi a maior loucura que já se tomou como princípio dirigente
de uma política nacional, especialmente porque não se recuava em citar a
Inglaterra para provar que era possível pô-la em prática. O mal feito pelos
nossos professores com o seu ensinamento de história e com suas teorias
dificilmente pode ser remediado e apenas prova, de modo evidente, quantas
pessoas "ensinam" história sem compreendê-la, sem percebê-la. Exatamente na
Inglaterra ter-se-ia de reconhecer uma evidente refutação à teoria. De lato,
nenhuma outra nação se preparou melhor para a conquista econômica, mesmo com a
espada ou mais tarde a sustentou mais inexoravelmente que a inglesa. Não é a
característica dos estadistas ingleses tirarem lucro econômico da força política
e imediatamente transformarem o lucro econômico em força política? Assim foi um
erro completo imaginar que a Inglaterra seria demasiado covarde para derramar o
seu sangue em defesa de sua política econômica. O fato de não possuírem os
ingleses um exército nacional não era prova em contrário; porque não é a forma
das forças militares que importa, mas antes a vontade e a determinação de força
existente. A Inglaterra sempre possuiu os armamentos de que necessitava. Sempre
lutou com as armas precisas para garantir o êxito da sua política. Lutou com
mercenários enquanto os mercenários bastavam aos seus planos, mas lançou mão do
melhor sangue de toda a nação quando tal sacrifício foi necessário para
assegurar a vitória. Sempre teve a determinação de lutar e sempre foi tenaz e
inexorável na sua maneira de conduzir a guerra.
Na Alemanha, entretanto,
com o correr do tempo se estimulava, por meio das escolas, da imprensa e dos
jornais humorísticos, a que se tivesse da vida inglesa e mais ainda do Império
uma idéia própria a conduzir a inoportuna decepção; porque tudo gradualmente se
contaminou com essa tolice e o resultado foi a opinião falsa sobre os ingleses,
que se traduziu em amarga desforra por parte deles, Essa idéia correu tão
largamente que toda a gente estava convencida de que o inglês, tal qual o
imaginavam, era um homem de negócios, ao mesmo tempo ladino e incrivelmente
covarde. Jamais ocorreu aos nossos dignos mestres da ciência professoral que um
Império vasto como o Império britânico não poderia ser fundado e conservado
unido apenas com astúcia e métodos escusos. Os primeiros que advertiram sobre
esse assunto não foram ouvidos ou tiveram de ficar em silêncio. Recordo-me
perfeitamente do espanto de meus camaradas quando nos enfrentamos com os
"Tommies" em Flandres. Depois dos primeiros dias de luta, alvoreceu no cérebro
de cada um a noção de que aqueles escoceses não correspondiam exatamente à gente
que os escritores de jornais humorísticos e as notícias da imprensa entendiam
descrever-nos.
Comecei então a refletir sobre a propaganda e sobre as
suas formas mais úteis.
Esse falseamento certamente tinha suas vantagens
para aqueles que o propagavam. Estavam aptos a demonstrar, com exemplos, por
mais incorretos que estes fossem, se era correta a idéia de uma conquista
econômica do mundo. O que o inglês conseguiu nós poderíamos também conseguir,
havendo para nós a vantagem especial de nossa maior probidade, a ausência
daquela perfídia especificamente inglesa. Era de esperar ainda com isso
ganharmos mais facilmente a simpatia de todas as pequenas nações e a confiança
das grandes.
Não compreendíamos que a nossa probidade causasse aos
outros um íntimo horror, desde que acreditávamos seriamente em tudo isso,
enquanto o resto do mundo via nessa conduta a expressão de uma falsidade astuta,
até que, com o maior espanto, a revolução proporcionou uma visão mais profunda
da ilimitada tolice de nosso modo de pensar.
Pela tolice dessa
"conquista econômica pacífica" do mundo se depreende imediatamente a tolice da
tríplice aliança. Com que Estado se podia, pois, fazer aliança? Conjuntamente
com a Áustria, não era possível pensar em conquistas guerreiras, mesmo na
Europa. Justamente nisso é que estava, desde o primeiro momento, a fraqueza
intrínseca da aliança. Um Bismarck podia tomar a liberdade de um tal expediente,
mas não nenhum dos seus ignorantes sucessores, muito menos numa época em que não
existiam mais as mesmas condições da aliança promovida por Bismarck. Bismarck
acreditava ainda que a Áustria fosse um Estado alemão. Com a introdução do
sufrágio universal, tinha esse país, entretanto, paulatinamente, adotado um
sistema de governo parlamentar e antigermânico.
A aliança com a Áustria,
sob o ponto de vista racial e político, foi simplesmente nociva. Tolerava-se o
desenvolvimento de uma nova potência eslava na fronteira do Reich, potência essa
que mais cedo ou mais tarde teria de tomar atitudes em relação à Alemanha muito
diferentes da Rússia, por exemplo. Com isso a aliança de ano para ano tinha de
tornar-se cada vez mais fraca, à proporção que os únicos portadores desse
pensamento na monarquia perdiam influência e eram desalojados das posições
dominantes.
Já pelo dobrar do século, a aliança com a Áustria tinha
entrado na mesma fase que a aliança da Áustria com a Itália.
Só havia
duas possibilidades: ou prevalecia a aliança com a monarquia dos Habsburgos ou
se protestava contra o combate ao germanismo na Áustria. Entretanto, quando se
inicia tal movimento, o resultado final, geralmente, é a luta aberta, declarada.
O valor da tríplice aliança era, psicologicamente, de somenos importância,
uma vez que a força de uma aliança declina quando se limita a manter uma
situação existente. Por outro lado, uma aliança será tanto mais forte quanto
mais as potências contratantes estejam convencidas de que, com a mesma, podem
obter uma vantagem tangível, definida.
Isso era compreendido em vários
meios, mas infelizmente não o era pelos chamados "profissionais". Ludendorff,
então coronel no grande estado-maior, apontava essa fraqueza um memorando
escrito em 1912. Naturalmente os "estadistas" se' recusaram a dar qualquer
importância ao assunto, pois a razão, que está ao alcance de qualquer mortal,
escapa aos "diplomatas".
Para a Alemanha foi uma felicidade que a guerra
de 1914, embora indiretamente, irrompesse por intermédio da Áustria, obrigando
os Habsburgos a nela tomarem parte. Tivesse acontecido o contrário e a Alemanha
teria ficado sozinha. Nunca o Estado dos Habsburgos teria podido ou mesmo teria
querido tomar parte em uma guerra que se originasse de parte da Alemanha. Aquilo
que, em relação à Itália, tanto se condenou, ter-se-ia dado mais cedo na
Áustria: ela teria ficado "neutra" para assim ao menos salvar o Estado contra
uma revolução. O eslavismo austríaco, no ano de 1914, teria preferido destruir a
monarquia a consentir no auxilio à Alemanha.
Poucas pessoas naquela
ocasião podiam compreender como eram grandes os perigos e dificuldades oriundas
das alianças com a monarquia do Danúbio. Em primeiro lugar, a Áustria possuía
inimigos demais, que cogitavam de herdar de um Estado carcomido. Não era
possível que, no correr do tempo, não surgisse um certo ódio contra a Alemanha,
na qual se enxergava a causa do impedimento à queda da monarquia, por todos
esperada e desejada. Chegou-se à convicção de que, no final de contas, só se
poderia alcançar Viena via Berlim.
A ligação com a Áustria privava a
Alemanha das melhores e mais promissoras alianças. Em lugar dessas alianças,
surgiu uma situação tensa com a Rússia' e mesmo com a Itália. Em Roma o
sentimento geral era tão simpático à Alemanha como antipático à Áustria.
Como os alemães se tinham lançado na política do comércio e da indústria,
não havia mais o menor motivo para uma luta contra a Rússia. Somente os inimigos
de ambas as nações é que poderiam ter nisso um vivo interesses. De fato, eram em
primeira linha judeus e marxistas que, por todos os meios, incitavam a guerra
entre os dois Estados.
Essa aliança, em terceiro lugar, tinha em si um
grande perigo, pois que com facilidade uma das potências inimigas do império de
Bismarck em qualquer tempo poderia mobilizar vários Estados contra a Alemanha,
uma vez que estavam em condições de, à custa do aliado austríaco, acenar com as
perspectivas de grandes vantagens.
Todo o oriente da Europa poderia
levantar-se contra a monarquia do Danúbio, sobretudo a Rússia e a Itália. Nunca
se teria realizado a coligação mundial, que se vinha desenvolvendo desde a ação
inicial do rei Eduardo, se a Áustria, como aliada da Alemanha, não tivesse
oferecido vantagens tão apetecidas pelos inimigos. Só assim foi possível reunir,
numa única frente de ataques, países de desejos e objetivos tão heterogêneos.
Cada um deles poderia esperar, numa ação conjunta contra a Alemanha, conseguir
enriquecer-se. Esse perigo aumentou extraordinariamente pelo fato de parecer que
a essa aliança infeliz também estava filiada a Turquia como sócio comanditário.
O mundo financeiro internacional judaico necessitava, porém, desse
chamariz, a fim de poder realizar o plano, há muito desejado, da destruição da
Alemanha que ainda não se tinha submetido ao controle financeiro e econômico
geral, à margem do Estado. Só assim se podia forjar uma coalizão tornada forte e
corajosa pelo simples número dos exércitos de milhões em marcha, pronta,
finalmente, a avançar contra o lendário Siegfried.
A aliança com a
monarquia dos Habsburgos que, já nos tempos em que eu estava na Áustria, tanto
me irritava, começou a tornar-se a causa de longas provações intimas que, no
correr do tempo, ainda mais reforçavam a minha primeira opinião.
No meio
modesto, que eu então freqüentava, nenhum esforço fiz para esconder a minha
convicção de que aquele infeliz tratado com um Estado condenado à destruição
teria de levar a Alemanha a um colapso catastrófico, a não ser que ela
conseguisse desvencilhar-se do mesmo, ainda em tempo. Nunca vacilei, por um
momento; mantive-me, nessa convicção, firme como uma rocha, até que, por fim, a
torrente da guerra mundial tornou impossível uma reflexão razoável, e o ímpeto
do entusiasmo tudo levou de vencida e o dever de todos passou a ser a
consideração das realidades, Mesmo quando me achava na frente de batalha, sempre
que o problema era discutido, eu exprimia a minha opinião de que quanto mais
depressa fosse rompida a aliança tanto melhor para a nação alemã e que
sacrificar a monarquia dos Habsburgos não seria sacrifício para a Alemanha, se
com isso ela pudesse reduzir o número de seus inimigos, desde que os milhões de
capacetes de aço não se tinham reunido para manter uma decrépita dinastia, mas
para salvar a nação alemã.
Antes da guerra, parecia, às vezes, que num
campo ao menos havia uma leve dúvida quanto à correção da política de aliança
que vinha sendo seguida. De tempos a tempos, os círculos conservadores na
Alemanha começavam a fazer advertências contra a excessiva confiança nessa
política, mas, como tudo mais que era razoável, fazer essas advertências era
como falar no deserto. Havia a convicção geral de que a Alemanha estava a
caminho de conquistar o mundo, que o êxito seria ilimitado e que nada teria de
ser sacrificado.
Mais uma vez, ao "não profissional" nada era permitido
fazer senão olhar silenciosamente, enquanto os "profissionais" marchavam
diretamente para a destruição, arrastando consigo .a nação inocente, como o
caçador de ratos de Hamein.
A causa mais profunda do fato de ter sido
possível apresentar a um povo inteiro, como processo político prático, a
insensatez de uma "conquista econômica", tendo como objetivo a conservação da
paz universal, residia numa enfermidade de todos os nossos pensamentos
políticos.
A vitoriosa marcha da técnica e da indústria alemãs, os
crescentes triunfos do comércio alemão, fizeram que se esquecesse de que tudo
isso só era possível dada a suposição da existência de um Estado forte. Muitos,
ao contrário, chegavam até a proclamar a sua convicção de que o Estado devia a
sua vida a esses progressos, desde que o Estado, primeiro que tudo e mais que
tudo, é uma instituição econômica e deveria ser dirigido de acordo com as regras
da economia, devendo, por isso, a sua existência ao comércio - condição que era
considerada ser a mais sã e mais natural de todas. Entretanto, o Estado nada tem
a ver com qualquer definida concepção ou desenvolvimento econômico.
O
Estado não é uma assembléia de negociantes que durante uma geração se reuna
dentro de limites definidos para executar projetos econômicos, mas a organização
da comunidade, homogênea por natureza e sentimento, unida para a promoção e
conservação da sua raça e para a realização do destino que lhe traçou a
Providência. Esse e nenhum outro é o objeto e a significação de um Estado. A
economia é tão somente um dos muitos meios necessários à realização desse
objetivo. Nunca, porém, é o objetivo de um Estado, a não ser que este, desde o
princípio, repouse em uma base falsa, por antinatural. Só assim é que se explica
que o Estado, como tal, não necessite ter, como condição, uma limitação
territorial. Isso só será necessário entre povos sue, por si mesmos, querem
assegurar a alimentação de seus irmãos em raça e que, portanto, estão prontos a
lutar com o seu próprio trabalho, em prol de sua existência. Os povos que, como
zangões, conseguem infiltrar-se no resto da humanidade, a fim de, sob todos os
pretextos, fazer com que os outros trabalhem para si, podem, mesmo sem possuírem
um "habitat" determinado e limitado, formar um Estado. Isso se dá em primeira
linha num povo sob cujo parasitismo, sobretudo hoje, toda a humanidade sofre: o
povo judeu.
O Estado judaico nunca teve fronteiras, nunca teve limites
no espaço, mas era unido pela raça. Por isso, aquele povo sempre foi um Estado
dentro do Estado. Foi um dos mais hábeis ardis já inventados o de encobrir-se
aquele Estado sob a capa de religião, obtendo-se assim a tolerância que o ariano
sempre estendeu a todos os credos. A religião mosaica nada mais é que uma
doutrina para a conservação da raça judaica. Por isso ela abraça quase todos os
ramos do conhecimento sociológico, político e econômico que lhe possam dizer
respeito.
O instinto de conservação da espécie é sempre a causa da
formação das sociedades humanas. Por isso, o Estado é um organismo racial e não
uma organização econômica, diferença essa que, sobretudo hoje em dia, passa
despercebida aos chamados "estadistas". Daí pensarem estes poder construir o
Estado pela economia quando, na realidade, aquele nada mais é que o resultado da
atuação daquelas virtudes que residem no instinto de conservação da raça e da
espécie. Estas são, porém, sempre virtudes heróicas e nunca egoísmo mercantil,
pois que a conservação da existência de uma espécie pressupõe o sacrifício
voluntário de cada um. Nisso é que está justamente o sentido da palavra do
poeta: "e se não arriscardes a vida, nunca vencereis na vida", isto é, a
capacidade de sacrifício de cada um é indispensável para assegurar a conservação
da espécie. A condição mais essencial, porém, para a formação e conservação de
um Estado é a existência de um sentimento de solidariedade, baseado na
identidade de raça, bem como a boa vontade de por ele sacrificar-se. Isso, em
povos senhores de seu próprio solo, conduz à formação de virtudes heróicas, em
povos parasitas conduz à hipocrisia mentirosa e à crueldade dissimulada,
qualidades essas que devem ser pressupostas pela maneira diferente como vivem em
relação ao Estado. A formação de um Estado só será possível pela aplicação
dessas virtudes, pelo menos originariamente, sendo que na luta pela conservação
serão submetidos ao jugo e assim mais cedo ou mais tarde sucumbirão os povos que
apresentarem menos virtudes heróicas ou que não estejam na altura da astúcia do
parasita inimigo. Mas, também nesse caso, isso deve ser atribuído não tanto à
falta de inteligência como à falta de decisão e de coragem, que procura
esconder-se sob o manto de sentimento de humanidade.
O fato de a força
interna de um Estado só em casos raros coincidir com o chamado progresso
econômico mostra claramente como está pouco ligado às virtudes que servem para a
formação e conservação do Estado essa prosperidade que, em infinitos exemplos,
parece até indicar a próxima decadência do Estado. Se, porém, a formação da
comunidade humana tivesse de ser atribuída em primeira linha a forças
econômicas, então o mais elevado desenvolvimento econômico significaria a mais
formidável força do Estado e não inversamente.
A crença na força da
economia para formar e conservar um Estado, torna-se incompreensível, sobretudo
quando se trata de um país que, em tudo e por tudo, mostra clara e incisivamente
o contrário.- Justamente a Rússia demonstra, de maneira evidentíssima, que não
são as condições materiais, mas as virtudes ideais, que tornam possível a
formação de um Estado. Somente sob a sua guarda é que a economia consegue
florescer, até que, com a decadência das puras forças geradoras do Estado, a
economia também decai, processo esse que exatamente agora podemos observar com
desesperada tristeza. Os interesses materiais dos homens sempre conseguem
prosperar melhor enquanto permanecem à sombra de virtudes heróicas.
Sempre que aumentava o poder político da Alemanha o progresso material se
fazia sentir, os negócios começavam a melhorar; ao passo que quando os negócios
monopolizavam a vida de nosso povo e enfraqueciam as virtudes de nosso espírito,
o Estado desfalecia, arrastando, na sua ruína, os próprios negócios.
E
se perguntarmos a nós mesmos quais são as forças que fazem e conservam os
Estados, vemos que elas aparecem sob uma única denominação: habilidade e
abnegação para o sacrifício individual, por amor da comunidade. Que essas
virtudes não têm relação com a economia torna-se óbvio pela compreensão de que o
homem nunca se sacrifica por negócios, isto é, os homens não morrem por
negócios, mas por ideais. Nada mostrou melhor a superioridade psicológica dos
ingleses, na dedicação por um ideal nacional, do que as razões que eles
apresentaram para combater. Enquanto nós lutávamos pelo pão quotidiano, a
Inglaterra lutava pela "liberdade", não pela própria mas pela das pequenas
nações. Na Alemanha todos zombavam ou se irritavam com essa impudência, o que
prova quanto se tornara insensata e estúpida a ciência oficial na Alemanha de
antes da guerra. Não tínhamos a menor noção da natureza das forças que podem
levar os homens à morte por sua livre e espontânea vontade.
Enquanto o
povo alemão continuava a pensar, em 1914, que lutava por ideais, ele manteve-se
firme; mas logo que se tornou evidente que lutava apenas pelo pão quotidiano,
preferiu renunciar ao brinquedo.
Os nosso inteligentes "estadistas",
entretanto, ficaram atônitos com essa mudança de sentimento. eles nunca
compreenderam que o homem, desde o momento que luta por um interesse econômico,
evita o mais que pode a morte, pois que esta o faria perder o gozo do prêmio de
sua luta. A preocupação pela salvação de seu filho faz que a mais fraca das mães
se torne heroína e somente a luta pela conservação da espécie e da lareira e
também do Estado fez, em todos os tempos, com que os homens se jogassem de
encontro às lanças dos inimigos.
Pode-se considerar a seguinte frase
como uma sentença eternamente verdadeira:
Jamais um Estado foi fundado
pela economia pacífica e sim, sempre, pelo instinto de conservação da espécie,
esteja este situado no campo da virtude heróica ou da astúcia. O primeiro produz
os Estados arianos, de trabalho e cultura, o segundo, colônias judaicas
parasitárias. Desde que um povo ou um Estado procura dominar esses instintos,
estão atraindo para si a escravidão, a opressão.
A crença de antes da
guerra de que era possível ter o mundo aberto para a nação alemã ou de fato
conquistá-lo pelo método pacífico de uma política de comércio e colonização, era
um sinal evidente de que haviam desaparecido as genuínas virtudes que fazem e
conservam os Estados. bem como a intuição, a força de vontade e a determinação
que fazem as grandes coisas. Como era de esperar, o resultado imediato disso foi
a grande guerra, com todas as suas conseqüências
Para aquele que não
examinasse a questão, essa atitude de quase toda a nação alemã era um enigma
indecifrável, pois a Alemanha era justamente um exemplo maravilhoso de um
império que surgiu de uma política de força. A Prússia - célula mater do Reich -
proveio de grandes heroísmos e não de operações financeiras ou negócios
comerciais. E o próprio Reich era o mais maravilhoso prêmio da direção da
política de força e da coragem indômita dos seus soldados. Como poderia,
justamente o povo alemão, chegar a tal amortecimento de seus instintos
políticos? Não se tratava, é preciso que se note, de um fenômeno isolado e sim
de sintomas de decadência geral que, em proporções verdadeiramente assustadoras,
ora flamejavam como fogos-fátuos no seio do povo ora corroíam a nação como
tumores malignos. Parecia que uma torrente de veneno constante era impelida por
uma força misteriosa até os últimos vasos sangüíneos desse corpo de heróis, com
o fim de aniquilar o seu bom senso, o simples instinto de conservação.
Examinando todas essas questões, condicionadas ao meu ponto de vista em
relação à política de alianças da Alemanha e à política econômica do Reich, nos
anos de 1912 e 1914, restou, como solução do enigma aquela força que já
anteriormente eu conhecera em Viena sob prisma inteiramente diverso: a doutrina
marxista, sua concepção do mundo e a influência de sua capacidade de
organização.
Pela segunda vez na minha vida analisei profundamente essa
doutrina de destruição - desta vez porém não mais guiado pelas impressões e
efeitos do meu ambiente diário, e sim dirigido pela observação dos
acontecimentos gerais da vida política. Aprofundei-me novamente na literatura
teórica desse novo mundo, procurei compreender os seus efeitos possíveis,
comparei estes com os fenômenos reais e com os acontecimentos no que diz
respeito à sua atuação na vida política, cultural e econômica.
Comecei a
considerar, pela primeira vez, que tentativa deveria ser feita para dominar
aquela pestilência mundial.
Estudei os móveis, as lutas e os sucessos da
legislação especial de Bismarck. Gradualmente o meu estudo me forneceu
princípios graníticos para as minhas próprias convicções - tanto que desde então
nunca pensei em mudar minhas opiniões pessoais sobre o caso. Fiz também um
profundo estudo das ligações do marxismo com o judaísmo.
Se, outrora, em
Viena, a Alemanha me tinha dado a impressão de um colosso inabalável, começaram
agora entretanto a surgir em mim considerações apreensivas. No meu íntimo eu
estava descontente com a política externa da Alemanha, o que revelava ao pequeno
circulo que meus conhecidos, bem como com a maneira extremamente leviana, como
me parecia, de tratar-se o problema mais importante que havia na Alemanha
daquela época - o marxismo. Realmente, eu não podia compreender como se vacilava
cegamente ante um perigo cujos efeitos - tendo-se em vista a intenção do
marxismo tinham de ser um dia terríveis. Já naquela época eu chamava a atenção,
no meio em que vivia, para a frase tranqüilizadora de todos os poltrões de
então: "A nós nada nos pode acontecer". Esse pestilento modo de pensar já
outrora destruíra um império gigantesco. Por acaso só a Alemanha não estaria
sujeita às mesmas leis de tidas as outras comunidades humanas?
Nos anos
de 1913 e 1914 manifestei a opinião, em vários círculos, que, em parte, hoje
estão filiados ao movimento nacional-socialista, de que o problema futuro da
nação alemã devia ser o aniquilamento do marxismo.
Na funesta política
de alianças da Alemanha eu via apenas o fruto da ação destruidora dessa
doutrina. O pior era que esse veneno destruía quase insensivelmente os
fundamentos de uma sadia concepção do Estada e da economia, sem que os por ele
atingidos se apercebessem de que a sua maneira de agir, as manifestações da sua
vontade já eram uma conseqüência destruidora do marxismo.
A decadência
do povo alemão tinha começado há muito tempo, sem que os indivíduos, como
acontece freqüentemente, pudessem claramente ver os responsáveis pela mesma.
Muitas vezes se tentou procurar um remédio para essa enfermidade, mas
confundiam-se os sintomas com a causa. Como ninguém conhecia ou queria conhecer
a verdadeira causa do mal-estar da nação, a luta contra o marxismo não passou de
um charlatanismo sem eficiência.
CAPÍTULO V - A GUERRA MUNDIAL
Quando ainda jovem, na fase em
que tudo nos sorri, nada me fazia tão triste, como o ter nascido justamente em
uma época em que todas as honras e glórias eram reservadas a negociantes ou a
funcionários do governo.
As ondas dos acontecimentos históricos
aparentemente tinham arrefecido e, de tal maneira, que o futuro, na realidade
parecia pertencer à "concorrência pacifica dos povos", isto é, a uma calma e
recíproca ladroagem, pela eliminação dos métodos violentos da reação das
vítimas. Os diferentes países começavam a se assemelhar, cada vez mais, a
empresas que se solapassem reciprocamente o chão debaixo dos pés, na conquista
sem trégua de fregueses e de encomendas, procurando cada um sobrepujar as
outras, por todos os meios ao seu alcance. Tudo isso era posto em execução com
uma espetaculosidade tão grande quanto ingênua. Essa evolução parecia não só
permanente, como destinada também a, algum dia (com a aprovação geral),
transformar o mundo inteiro em uma única e grande casa de negócios, em cujas
ante-salas seriam expostos, para a posteridade, os bustos dos mais atilados
especuladores e dos mais ingênuos funcionários da administração. Os comerciantes
poderiam ser, então representados pela Inglaterra; os funcionários
administrativos seriam os alemães; os judeus, porém, fariam o sacrifício de ser
os proprietários, pois que, como eles próprios confessam, nunca lucram, sempre
têm de "pagar" e, além disso, falam a maioria das línguas.
Ah! se me
tivesse sido possível ter nascido cem anos antes! Mais ou menos no tempo das
guerras da Independência, quando o homem, mesmo sem negócios, ainda valia alguma
coisa!
Muitas vezes me ocorriam pensamentos desagradáveis, relativos à
minha peregrinação terrena, demasiado tardia na minha opinião, e a época "de
calma e ordem" que se me deparava eu considerava uma infâmia imerecida do
destino. É que já, nos meus mais tenros anos, eu não era "pacifista". Todas as
tentativas de educação nesse sentido tinham resultado inúteis.
A guerra
dos "Boers"", então desencadeada, teve sobre mim o efeito de um relâmpago.
Diariamente, eu aguardava ansioso os jornais, devorava telegramas e boletins, e
considerava-me feliz por ser, ao menos de longe, testemunha dessa luta de titãs.
A guerra russo-japonêsa já me encontrou sensivelmente mais amadurecido e,
também mais atento aos acontecimentos. Moviam-me, sobretudo, razões nacionais.
Desde os primeiros momentos, tomei partido, e, discutindo as opiniões correntes,
coloquei-me imediatamente do lado dos japoneses, pois via na derrota dos russos
uma diminuição do espírito eslavo na Áustria.
Muitos anos se passaram
desde então, e aquilo que, outrora, quando ainda rapaz, me parecia morbidez,
compreendia agora como sendo a calma, antes da tempestade. Já desde o tempo em
que vivia em Viena pairava sobre os Balcãs aquela atmosfera pesada, prenúncio de
tempestade, e já lampejos mais claros riscavam o céu, mas se perdiam ligeiros
nas trevas sinistras. Em seguida, veio a guerra dos Balcãs, e, com ela, o
primeiro temporal varreu a Europa, já agora nervosa. A época que se seguiu
influiu como um pesadelo sobre os homens. O ambiente estava tão carregado que,
em virtude do mal-estar que a todos afligia, a catástrofe que se aproximava
chegou a ser desejada. Que os céus dessem livre curso ao des. tino, já que não
havia barreiras que o detivessem! Caiu então o primeiro formidável raio sobre a
terra; a tempestade desencadeou-se, e, aos trovões do céu, juntavam-se as
baterias da guerra mundial.
Quando a notícia do assassinato do
grão-duque Francisco Ferdinando chegou a Munique, eu estava justamente em casa e
ouvia contar o desenrolar dos acontecimentos de maneira muito vaga. Meu primeiro
receio foi que as balas assassinas tivessem partido de estudantes alemães, que,
indignados com o constante trabalho de eslavização feito pelo herdeiro
presuntivo da coroa austríaca, tivessem querido livrar o povo alemão desse
inimigo interno. As conseqüências eram fáceis de imaginar: uma nova onda de
perseguições aos alemães, que, agora, facilmente seriam "explicadas e
justificadas", perante o mundo. Quando, porém, logo depois, ouvi o nome dos
autores presumíveis e verifiquei que eram sérios, fiquei estupefato ante essa
vingança do destino impenetrável. O maior amigo da raça eslava caíra sob as
balas de fanáticos eslavos! Quem, nos últimos anos, tivesse tido oportunidade de
observar constantemente as relações entre a Áustria e a Sérvia, não poderia
duvidar, nem um segundo, de que a pedra começara a rolar e que nada poderia
detê-la na sua queda.
É uma injustiça fazer hoje em dia recriminações ao
governo de Viena sobre a forma e o conteúdo do seu "Ultimatum". Nenhuma outra
potência do mundo teria agido de maneira diferente, se se encontrasse em
idênticas condições. A Áustria tinha, na sua fronteira sudoeste, um inimigo de
morte, o qual, cada vez mais, desafiava a Monarquia e nisso persistiria até que
chegasse o momento propicio à destruição do Império. Receava-se, com razão, que
isso se desse, o mais tardar, com a morte do velho imperador. E, nesse momento,
talvez a monarquia não estivesse em condições de oferecer resistência séria.
O Estado inteiro encontrava-se, nos últimos anos, de tal maneira dependente
da vida de Francisco José, que a morte desse homem, tradicional personalização
do Império, eqüivaleria, no sentir da massa popular, à morte do próprio Império.
Era até considerado uma das mais inteligentes manobras, sobretudo da política
eslava, fazer crer que a Áustria devia a sua existência à habilidade
extraordinária e única desse monarca. Essa bajulação era tanto mais apreciada na
Corte, quando ela em nada correspondia, na realidade, ao mérito desse Imperador.
Não se podia ver o espinho escondido atrás dessa lisonja. Não se lobrigava ou
não se queria ver que, quanto mais a monarquia dependesse da extraordinária arte
de governar, como se costumava dizer, deste "mais sábio monarca de todos os
tempos", tanto mais catastrófica seria a situação, quando um dia o destino
batesse a essa porta, reclamando o seu tributo.
Seria possível imaginar
a velha Áustria sem o seu velho Imperador?
Não se repetiria,
imediatamente, a tragédia que outrora atingira Maria Teresa? Não! Na verdade, é
uma injustiça que se faz aos círculos governamentais de Viena censurá-los por
terem eles provocado uma guerra que talvez tivesse sido possível evitar. Esse
desfecho era, porém, inevitável. Quando muito poderia ter sido protelado por um
ou dois anos. Foi este o castigo das diplomacias, tanto da alemã como da
austríaca. Elas sempre tentaram protelar o ajuste de contas que tinha de vir e
agora eram forçadas a dar o golpe na hora menos favorável. A verdade é que mais
outra tentativa para manter a paz teria trazido a guerra numa época ainda menos
propícia. Quem não quisesse esta guerra deveria ter a coragem de arcar com as
conseqüências. Essas, porém, só poderiam consistir no sacrifício da Áustria.
Assim mesmo, a guerra teria vindo, talvez não mais como a luta de todos contra
nós mas sim tendo como finalidade o aniquilamento da monarquia dos Habsburgos.
De qualquer modo, uma decisão tinha de ser tomada: ou entrávamos na guerra ou
ficaríamos de fora, observando, a fim de vermos, de mãos cruzadas, o destino
seguir o seu curso.
Justamente aqueles que, hoje, mais vociferam contra
o desencadear da guerra, foram os que mais funestamente ajudaram a atiçá-la.
A social-democracia, há dezenas de anos, fomentava, da maneira mais torpe,
a guerra contra a Rússia, enquanto o Partido do Centro, baseado num ponto de
vista religioso, fazia a política alemã girar em torno do Estado austríaco.
Tinha-se que arcar com as conseqüências desse erro. O que veio tinha de vir e,
em hipótese nenhuma, poderia ser evitado. A culpa do governo alemão neste caso
foi de perder sempre as boas oportunidades de intervenção, devido à preocupação
constante de manter a paz. Assim agindo, o governo se emaranhava em uma
coligação destinada à manutenção da paz universal, para tornar-se, por fim, a
vítima de uma coligação do mundo inteiro, que antepunha à pressão pela
manutenção da paz a determinação de fazer a guerra.
Caso o governo de
Viena tivesse dado uma forma mais suave ao seu ultimato, em nada teria mudado a
situação. Quando muito teria sido varrido do poder pela indignação popular. Aos
olhos da grande massa do povo, o tom do ultimato ainda era brando demais e, de
modo nenhum, lhe parecia brutal. Nele não havia excessos. Quem hoje procura
negar isso ou é um desmemoriado ou um mentiroso consciente. Graças a Deus, a
luta do ano de 1914 não foi, na realidade, imposta e sim desejada pelo povo
inteiro. Todos queriam acabar de vez com uma insegurança generalizada. Só assim
pode-se também compreender que mais de dois milhões de alemães, homens e
rapazes, se pusessem voluntariamente sob a bandeira decididos a protegê-la com a
última gota do seu sangue.
Aquelas horas foram para mim uma libertação
das desagradáveis recordações da juventude, Até hoje não me envergonho de
confessar que, dominado por delirante entusiasmo, caí de joelhos e, de todo
coração, agradeci aos céus ter-me proporcionado a felicidade de poder viver
nessa época.
Tinha-se desencadeado uma luta de libertação, a mais
formidável que o mundo jamais vira, pois logo que a fatalidade tinha iniciado o
seu curso, as grandes massas perceberam que, desta vez, não se tratava do
destino nem da Sérvia nem da Áustria, e sim da vida ou morte da nação alemã.
Pela primeira vez, depois de muitos anos, o povo via claro o seu próprio
futuro. Assim é que, logo no começo da luta titânica, ainda sob a ação de um
transbordante entusiasmo, brotaram, no espírito do povo, os sentimentos à altura
da situação, pois somente esta idéia de salvação geral conseguiu que a exaltação
nacional significasse alguma coisa mais do que simples fogo de palha. A certeza
da gravidade da situação era, porém, por demais necessária. Em geral, ninguém
podia, naquela época, ter a menor idéia da duração da luta que, então, se
iniciava. Sonhava-se poder estar de volta, à casa, no próximo inverno, a fim de
retomar o trabalho pacífico. Aquilo que o homem deseja vale como objeto de
esperança e crença. A grande maioria da nação estava cansada do eterno estado de
insegurança. Só assim pode-se compreender que não se pensasse numa solução
pacífica do conflito austro-sérvio, mas em uma solução definitiva para as
complicações existentes. Ao número desses milhões que assim pensavam pertencia
eu.
Mal se tinha divulgado em Munique a notícia do atentado e já me
passavam pela mente duas idéias, a saber: a guerra seria absolutamente
inevitável e o império dos Habsburgos seria forçado a ficar fiel às suas
alianças. O que eu mais havia temido sempre era a possibilidade de a Alemanha
entrar em conflito - talvez mesmo em conseqüência dessa aliança - sem que a
Áustria tivesse sido a causa direta, e que, dessa maneira, o governo austríaco
não se decidisse, por motivo de política interna, a se colocar ao lado do seu
aliado. A maioria eslava do Império teria imediatamente iniciado a sua
resistência a uma decisão espontânea nesse sentido, preferindo ver o Império
destruído nos seus fundamentos a conceder o auxílio solicitado. Entretanto, esse
perigo estava agora afastado. O velho Império tinha de lutar, por bem ou por
mal.
Minha atitude em face do conflito era bem clara e definida. Para
mim não se tratava de uma guerra para que a Áustria obtivesse satisfação por
parte da Sérvia. Não. A Alemanha é que lutava pela sua vida, e com ela o povo
pela sua existência, pela sua liberdade, por seu futuro. A política de Bismarck
ia ser seguida. Aquilo que os antepassados haviam conquistado com o sacrifício
do sangue dos seus heróis nas batalhas de Weissenburg, até Sedan e Paris, tinha
de ser reconquistado pela jovem Alemanha. Caso fosse essa luta vitoriosa, o
nosso povo entraria de novo no rol das grandes potências, com o seu poder
exterior aumentado. E assim o Império alemão poderia se tornar uma eficiente
garantia da paz, sem ter de diminuir o pão de cada dia de seus filhos, em nome
dessa mesma paz.
Quantas vezes, rapazinho ainda, tive o desejo sincero
de poder provar por fatos que para mim o entusiasmo nacional não era uma pura
fantasia. A mim me parecia muitas vezes quase um crime aplaudir o que quer que
fosse sem se estar convencido da razão de ser de seus gestos. Quem tinha o
direito de assim agir sem ter passado por aqueles momentos difíceis sem que a
mão inexorável do destino, dando aos acontecimentos um tom mais sério, exige a
sinceridade das atitudes humanas? Meu coração, como o de milhões de outros,
transbordava de orgulho e felicidade por poder de vez libertar-me dessa situação
de inércia.
Tantas vezes tinha eu cantado o "Deutschland, Deutschland
über alles", com todas as forças de meus pulmões e gritado "Heil"... que quase
me parecia uma graça especial poder comparecer agora, perante a justiça divina,
para afirmar a sinceridade dessa minha atitude. Desde o primeiro instante estava
firmemente decidido, em caso de guerra - esta me parecia inevitável - a
abandonar os livros imediatamente. Ao mesmo tempo sabia muito bem que o meu
lugar seria aquele para onde me chamava a voz da consciência. Por motivos
políticos, tinha preliminarmente abando. nado a Áustria. Nada mais natural,
pois, que agora que se iniciava a luta, coerente com as minhas opiniões
políticas, eu assim procedesse. Não era meu desejo lutar pelo império dos
Habsburgos. Estava pronto, porém, a morrer, em qualquer instante, pelo meu povo
ou pelo governo que o representasse na realidade.
A 3 de agosto
apresentei um requerimento a S. M. o rei Luís III, no qual eu solicitava a
permissão para assentar praça num regimento bávaro. A secretaria do Governo,
naquela ocasião, como era natural, estava assoberbada de serviço. Por isso tanto
mais alegre fiquei ao tomar conhecimento, já no dia seguinte, do despacho
favorável à minha solicitação. Ao abrir, com mãos trêmulas, o documento no qual
li o deferimento do meu pedido, com a recomendação de me apresentar a um
regimento bávaro, meu contentamento e minha gratidão não tiveram limites. Poucos
dias depois, eu envergava a farda, que só quase seis anos mais tarde deveria
despir.
Começou então para mim, como provavelmente para todos os outros
alemães, a mais inesquecível e a maior época da minha vida. Comparado com a luta
titânica que se travava, todo o passado desaparecia inteiramente. Com orgulho e
saudade, recordo-me, justamente nesses dias em que se passa o 10o. aniversário
daqueles formidáveis acontecimentos, das primeiras semanas daquela luta heróica
de nosso povo, na qual graças à benevolência do destino, me foi dado tomar
parte.
Como se fosse ontem, passam diante de meus olhos todos os
acontecimentos. Vejo-me fardado, no círculo dos meus queridos camaradas.
Lembro-me da primeira vez que saímos para exercícios militares, etc., até que
enfim chegou o dia da partida para o front.
Uma única preocupação me
afligia naquele momento, a mim como a muitos outros. Era recear chegarmos tarde
demais no front. Essa idéia não me deixava tranqüilo. A cada manifestação de
júbilo por um novo feito heróico, sentia uma profunda tristeza, pois toda a vez
que se festejava uma nova vitória, parecia para mim aumentar o perigo de
chegarmos demasiadamente tarde. Finalmente, chegou o dia de deixarmos Munique, a
fim de nos apresentarmos ao cumprimento do dever. Tive então a oportunidade de
ver, pela primeira vez, o Reno, na nossa viagem para o ocidente, feita ao longo
das suas águas calmas. A nós estava confiada a defesa, contra a cobiça dos
inimigos, do mais germânico de todos os rios. Quando os primeiros raios de sol
da manhã, atravessando um leve véu de neblina, refletiam-se no monumento de
Niederwald, irrompeu, do longuíssimo trem de transporte, a velha canção alemã
"Die Wacht am Rhein". Senti-me transbordante de entusiasmo.
Em seguida,
veio uma noite úmida e fria, em Flandres, durante a qual marchamos silenciosos
e, quando o sol começou a despontar através das nuvens, rompeu de repente sobre
as nossas cabeças uma saudação de aço, e, entre as nossas fileiras, sibilavam
balas que caíam levantando a terra molhada. Antes de desaparecer a pequena
nuvem, duzentas bocas gritavam ao mesmo tempo "urra" a esses primeiros
mensageiros da morte. Em seguida, começou o pipocar da metralha, a gritaria, o
estrondo da artilharia, e, febricitante de entusiasmo, cada um marchava para a
frente, cada vez mais depressa, até que, sobre os campos de beterraba, e,
através das charnecas, começou a luta corpo a corpo. De longe, porém, chegavam
aos nosso ouvidos os sons de uma canção, que, cada vez mais se aproximava,
passando, de companhia a companhia, e, enquanto a morte dizimava as nossas
fileiras, a canção chegava a nós e nós a passávamos adiante: "Deutschland,
Deutschland, über alles, über alles in der Welt!"
Passados quatro dias,
voltamos. Até a maneira de andar dos soldados se tinha modificado. Rapazes de
dezessete anos pareciam homens feitos. Os voluntários do regimento de List
talvez não tivessem aprendido bem a lutar, o que é certo é que sabiam morrer
como velhos soldados
Esse foi o começo.
Assim continuou a luta,
ano a ano. Ao romantismo das batalhas tinha sucedido o horror. O entusiasmo se
arrefecera aos poucos e o júbilo transbordante foi abafado pelo pavor da morte.
Chegou a época em que cada um tinha de lutar entre o instinto de conservação e o
imperativo do dever. Também eu não escapei a essa luta. Cada vez que a morte
rondava algo indeterminado procurava se revoltar, baseado na razão, e, no entre.
tanto, isso nada mais era do que a covardia que, assim disfarçada, procurava
envolver cada um. Começou uma luta pró e contra, e o último resto de consciência
decidia definitivamente. Entretanto quanto mais claro se ouviam essas vozes que
recomendavam cautela, quanto mais elas procuravam atrair e falar alto, tanto
mais violenta era a resistência, até que, enfim, após longa luta interior, a
consciência do dever vencia. Já no inverno de 1915 a 1916 eu tinha decidido essa
luta. A vontade tinha finalmente conseguido se impor. Nos primeiros dias, eu
tinha avançado com júbilo e alegria nos lábios; agora me encontrava calmo e
decidido. Assim devia permanecer até o fim. Só agora o destino podia caminhar
para as últimas provas, sem que os meus nervos se rompessem ou a minha razão
falhasse.
O jovem voluntário tinha se transformado num soldado
experimentado.
Essa transformação tinha se operado no exército inteiro.
As lutas constantes o tinham envelhecido e ao mesmo tempo, enrijado. Os que não
puderam resistir à tempestade foram por ela vencidos. Somente agora é que se
poderia julgar esse exército. Só agora depois de dois a três anos em que uma
batalha se seguia a outra, em que ele combatera contra inimigos superiores em
número e em armas, sofrendo fome e necessidades, só agora é que se podia avaliar
o valor desse exército, único no mundo.
Durante milhares de anos ninguém
poderá falarem heroísmo sem se lembrar do exército alemão na guerra mundial. Só
então, do véu do passado, a fronte de aço do capacete cinzento, firme e
inabalável, aparecerá como monumento imortal. Enquanto houver alemães na face da
terra, eles terão de se lembrar que aqueles homens eram dignos filhos da Pátria.
Eu era soldado naquela ocasião e não queria me meter em política. A época
na verdade não era para isso. Até hoje sou da opinião que o último cocheiro
prestou ao país serviços maiores do que o primeiro, digamos assim,
"parlamentar". Nunca odiei tanto estes palradores como no tempo em que cada
indivíduo decidido que tinha alguma coisa a dizer, ou berrava-a na cara de seus
inimigos ou então calava-se oportunamente e cumpria silenciosamente o seu dever,
fosse onde fosse. De fato, naquela época, eu odiava esses "políticos", e se
fosse por mim, teria mandado formar imediatamente um batalhão parlamentar de
sapadores. Só assim eles poderiam, inteiramente à vontade, expandir entre si a
sua verborragia, sem incomodar ou prejudicar o resto da humanidade honesta e
decente.
Naquela época eu não queria saber de política; entretanto não
tinha outro remédio senão tomar partido em certos acontecimentos que diziam
respeito à nação inteira, sobretudo a nós soldados.
Havia duas coisas
que então me aborreciam intimamente e eram por mim consideradas prejudiciais à
causa da nação.
Logo após as primeiras notícias de vitórias, uma certa
imprensa começou a deixar cair sobre o entusiasmo geral algumas gotas de
entorpecente, e isso devagar e desapercebidamente para muitos. Agia, essa mesma
imprensa, sob a máscara de boa vontade, de boas intenções e até mesmo de zelo
pela sorte do soldado. Receava-se um excesso no festejar das vitórias. Além
disso, havia o pensamento de que essa forma de celebrar os triunfos militares
não era digna de uma grande nação. Achava-se que a bravura e o heroísmo do
soldado alemão deveriam ser naturais, sem espetaculosidades. Os alemães não se
deviam deixar empolgar por manifestações de contentamento irrefletidas, que
iriam repercutir no estrangeiro, o qual apreciaria a forma calma e digna de
alegria mais do que uma exaltação desmedida, etc. Nós alemães, acrescentavam,
não deveríamos esquecer que a guerra não estava no nosso programa, e, por isso,
não deveríamos nos envergonhar de confessar abertamente que, em qualquer época,
contribuiríamos com o nosso esforço para a confraternização da humanidade. Não
era, pois, conveniente empanar a pureza dos leitos do exército com uma gritaria
demasiado espetaculosa. O resto do mundo compreenderia muito mal essa maneira de
agir. Nada é mais admirado do que a modéstia com que um verdadeiro herói
esquece, silenciosa e calmamente, os seus maiores feitos.
Em vez de
pegar esses camaradas pelas orelhas, amarrá-los a um poste e puxá-los por uma
corda, a fim de que a nação em festas não mais pudesse ofender a sensibilidade
estética de tais escrevinhadores, começou-se a proceder na realidade contra a
maneira "inadequada" de celebrar as vitórias.
Não se tinha a mais pálida
idéia de que o entusiasmo, uma vez abafado, não mais pode ser provocado quando
se deseja. Ele é uma embriaguez e deve ser mantido nesse estado. Como, porém, se
poderia manter uma luta sem essa força do entusiasmo, principalmente tratando-se
de uma luta que iria pôr à prova, de uma maneira inédita, as qualidades morais
da nação?
Eu conhecia o bastante sobre a psicologia das grandes massas
para saber que com sentimentalismo estético não se poderia manter aceso esse
ardor cívico. No meu modo de ver, era rematada loucura não atiçar o fogo dessa
paixão. O que eu ainda menos compreendia é que se procurasse destruir o
entusiasmo existente. O que me irritava também era a atitude que se tomava em
relação ao marxismo. Para mim essa atitude era uma prova de que não se tinha a
mínima idéia do que fosse essa calamidade. Acreditava-se seriamente ter reduzido
à inação o marxismo, com a simples declaração de que agora não existiam mais
partidos.
Não se percebia absolutamente que, no caso, não se tratava de
um partido e sim de uma doutrina que tende a destruir a humanidade inteira.
Compreende-se isso, considerando-se que, nas Universidades sujeitas a
influências semíticas, nada se dizia a respeito, e que muitos, sobretudo nossos
altos funcionários, acham, por uma questão de tola pretensão, inútil o aprender
algo que não figure entre as matérias lecionadas nas escolas superiores. As
transformações sociais mais radicais passam despercebidas a essas cabeças ocas,
razão pela qual as instituições do governo são em muito inferiores às
instituições particulares. Àquelas calha bem o provérbio: "O que o camponês não
conhece, não come". Algumas poucas exceções só servem para confirmar a regra.
Foi tolice rematada identificar o trabalhador alemão com o marxismo, nos
dias de agosto de 1914. O trabalhador alemão tinha-se livrado, justamente
naquela época, desse veneno. Se assim não fosse, ele nunca teria se apresentado
para a guerra. Pensou-se estupidamente que o marxismo tinha-se tornado
"nacional". Essa suposição só serve para mostrar que, nesses longos anos, nenhum
dos dirigentes do Estado se tinha dado ao trabalho de estudar a essência dessa
doutrina, pois, se assim fosse, dificilmente se teria propalado semelhante
tolice.
O marxismo, cuja finalidade última é e será sempre a destruição
de todas as nacionalidades não judaicas, teve de verificar com espanto que, nos
dias de julho de 1914, os trabalhadores alemães, já por eles conquistados,
despertaram, e cada dia com mais ardor se apresentavam ao serviço da pátria. Em
poucos dias, estava destruída a mistificação desses embusteiros infames dos
povos. Solitária e abandonada, encontrava-se essa corja de agitadores judeus,
como se não restasse mais um traço das loucuras inculcadas, durante mais de 60
anos, ao operariado alemão. Foi um mau momento para esses mistificadores. Logo
que tais agitadores perceberam o grande perigo que os ameaçava, em conseqüência
de suas constantes mentiras, disfarçaram-se e trataram de fingir que
acompanhavam o entusiasmo nacional.
Tinha chegado agora o momento
oportuno de proceder contra a traiçoeira camarilha de envenenadores do povo.
Dever-se-ia ter agido sumariamente, sem consideração para com as lamentações que
provavelmente se desencadeariam. Em agosto de 1914 tinham desaparecido, como por
encanto, as idéias ocas de solidariedade internacional e, no lugar delas, já
poucas semanas depois, choviam, sobre os capacetes das colunas em marcha, as
bênçãos fraternais dos shrapnell americanos. Teria sido dever de um governo
cuidadoso exterminar sem piedade os destruidores do nacionalismo, uma vez que os
operários alemães se tinham integrado de novo na Pátria.
Em um tempo em
que os melhores elementos da nação morriam no front, os que ficaram em casa,
entregues aos seus trabalhos, deviam ter livrado a nação dessa piolharia
comunista.
Ao invés disso, sua Majestade o Kaiser estendia a mão a esses
conhecidos criminosos, dando, assim, oportunidade a esses pérfidos assassinos da
nação de voltarem a si e de recuperarem o tempo perdido.
A víbora podia,
pois, recomeçar o seu trabalho, com mais cautela do que antes, porém de maneira
mais perigosa. Enquanto os honestos sonhavam com a paz, os criminosos traidores
organizavam a revolução.
Senti-me intimamente desgostoso com essas meias
medidas. O que eu nunca poderia imaginar, porém, era que o fim fosse tão
horroroso.
Que se deveria fazer? Pôr os dirigentes do movimento nos
cárceres, processá-los e deles livrar a nação. Ter-se ia de empregar com a
máxima energia todos os meios de ação militar, a fim de destruir essa praga. Os
partidos teriam de ser dissolvidos, o Reichstag teria de ser chamado à. razão
pela força convincente das baionetas. O melhor até teria sido dissolvê-lo. Assim
como a República, hoje, tem meios de dissolver os partidos, naquela época, com
mais razão, devia-se ter apelado para tal recurso, pois se tratava de uma
questão de vida ou de morte de toda uma nação.
É verdade que nesses
momentos surge sempre a pergunta: Será. possível destruir idéias a ferro e a
fogo? Será possível combater concepções universais empregando a força bruta?
Já naquele tempo, por mais de uma vez, me fiz a mim mesmo essas perguntas.
Meditando sobre casos análogos, principalmente sobre aqueles casos da história
universal que se baseiam em fundamentos religiosos, chega-se à seguinte
conclusão básica:
As idéias, assim como os movimentos que têm uma
determinada base espiritual, seja ela certa ou errada, só podem, depois de ter
atingido um certo período de sua evolução, ser destruídos por processos técnicos
de violência, quando essas armas são elas mesmas portadoras de um novo
pensamento flamejante, de uma idéia, de um princípio universal.
O
emprego exclusivo da violência, sem o estímulo de um ideal preestabelecido, não
pode jamais conduzir à destruição de uma idéia ou evitar a sua propagação,
exceto se essa violência tomar a forma de exterminação irredutível do último dos
adeptos do novo credo e da sua própria tradição. Isto significa, entretanto, na
maioria dos casos, a segregação de um tal organismo político do círculo das
atividades, às vezes por tempo indefinido e até para sempre. A experiência tem
mostrado que um tal sacrifício de sangue atinge em cheio a parte mais valiosa da
nacionalidade, pois toda perseguição que tem lugar sem prévia preparação
espiritual, revela-se como moralmente injustificada, provocando protestos
veementes dos mais eficientes elementos do povo, protesto esse que redunda
geralmente em adesão ao movimento perseguido. Muitos assim procedem por um
sentimento de repulsa a todo combate a idéias, pela força bruta.
O
número dos adeptos cresce então proporcionalmente à intensidade da perseguição.
Entretanto, o extermínio sem tréguas da nova doutrina só poderá ser possível à
custa de grande e crescente dizimação dos que a aceitam, dizimação que, em
última análise, conduzirá o povo ou o governo ao depauperamento. Tal processo
será, desde o princípio, inútil, quando a doutrina a ser combatida já tenha
ultrapassado certo círculo restrito.
É por isso que aqui, como em todo
processo de crescimento, o período da infância é o que está mais exposto à
destruição, enquanto que, com o correr dos anos, a força de resistência aumenta,
para só ceder lugar à nova infância com a aproximação da fraqueza senil, se bem
que sob outra forma e por outros motivos.
De fato, quase todas as
tentativas de, por meio da força, e sem base espiritual, destruir uma doutrina,
conduzem ao insucesso e não raras vezes ao contrário do desejado, e isso pelos
seguintes motivos:
A primeira de todas as condições para uma luta pela
força bruta é a persistência. Isto quer dizer que só há possibilidade de êxito
no combate a uma doutrina quando se empregam métodos de repressão uniformes e
sem solução de continuidade. Fazendo-se, entretanto, indecisamente, alternar a
força com a tolerância, acontecerá que, não só a doutrina a ser destruída
conseguirá fortificar-se mas também ela ficará em situação de tirar novas
vantagens de cada perseguição, pois que, passada a primeira onda de compressão,
a indignação pelo sofrimento lhe trará novos adeptos, enquanto que os já
existentes se conservarão cada vez mais fiéis. Mesmo aqueles que tinham
abandonado as fileiras, passado o perigo, voltarão a elas. A condição essencial
do sucesso é a aplicação constante da força. A continuidade é, porém, sempre o
resultado de uma convicção espiritual determinada. Toda força que não provém de
uma firme base espiritual torna-se indecisa e vaga. A ela faltará a estabilidade
que só poderá repousar em certo fanatismo. Emana da energia e decisão bruta de
um indivíduo. Está, porém, sujeita a modificações de acordo com as
personalidades que a aceitam, isto é, com a força e o modo de ser de cada um.
Além disso, há a considerar outra coisa: toda concepção universal, seja ela
religiosa ou política - às vezes é difícil estabelecer a linha divisória - luta
menos pela destruição negativa do mundo de idéias contrário do que pela vitória
positiva de suas próprias idéias. A luta consiste assim, menos na defensiva, do
que na ofensiva. Entretanto, ela ainda leva uma vantagem, pois tem o seu
objetivo determinado, isto é a vitória da própria idéia, enquanto que,
inversamente, é difícil determinar quando está atingido o fim negativo da
destruição da doutrina inimiga. Aqui também a decisão pertence ao ataque e não à
defesa. A luta contra uma força espiritual por meios violentos só é uma defesa
enquanto as armas não são elas mesmas portadoras e disseminadoras de uma nova
doutrina.
Resumindo, pode-se estabelecer o seguinte: Toda tentativa de
combater pelas armas um princípio universal tem de ser mal sucedida, enquanto a
luta não tomar rigorosamente forma de ofensiva por novas idéias. É somente na
luta de dois princípios universais que a força bruta, empregada, persistente e
decididamente, pode provocar a decisão favorável ao lado por ela sustentado. Por
isso é que até então tinha fracassado a luta contra o marxismo.
Este foi
o motivo pelo qual a legislação socialista de Bismarck acabou falhando e tinha
de falhar. Faltou a plataforma de uma nova doutrina universal por cuja vitória
se deveria ter lutado. De fato, estimular uma luta de vida e morte com
expressões vazias, tais como "autoridade do Estado", "paz e ordem", é algo que
só poderia mesmo ocorrer a altos funcionários de secretaria, sabidamente ocos de
idéias. Faltando, como faltou, nessa luta, uma verdadeira base espiritual, teve
Bismarck de contar, a fim de poder introduzir a sua legislação socialista, com
uma instituição que nada mais era do que um aborto do comunismo.
Confiando o destino de sua guerra ao marxismo à complacência da democracia
burguesa, o chanceler de ferro queria fazer da ovelha, lobo.
Entretanto,
tudo isso era a conseqüência forçada da falta de um princípio geral básico e de
grande poder conquistador. que fosse oposto ao marxismo. O resultado final da
luta de Bismarck redundou, pois, numa grande desilusão.
Eram, porém, as
condições, durante a guerra, ou mesmo no seu começo, diferentes? Infelizmente,
não.
Quanto mais eu me preocupava com a idéia de uma modificação de
atitude do governo com relação à social-democracia - partido esse que no
momento, representava o marxismo - tanto mais eu reconhecia a falta de um
sucedâneo para essa doutrina.
Que se ia oferecer às massas, na hipótese
da queda da social-democracia? Não havia um movimento ao qual fosse lícito
esperar que pudesse atrair as massas de operários, nesse momento, mais ou menos,
sem guias. Seria rematada ingenuidade imaginar que o fanático internacional, que
já havia abandonado o partido de classe, se decidisse a entrar num partido
burguês, portanto em uma nova organização de classe. Isso é inegável, embora não
seja do agrado das várias organizações que parece acharem muito natural uma
cisão de classes, até o momento em que essa cisão não comece a lhes ser
desfavorável sob o ponto de vista político. A contestação desse tato só serve
para provar a insolência e a estupidez dos mentirosos.
De um modo geral,
é um erro julgar que a grande massa seja mais tola do que parece. Em política
não é raro o sentimento decidir mais acertadamente do que a razão.
A
alegação de que a massa erra, deixando-se levar pelo sentimento,
alegação que se procura evidenciar com a sua ingênua atitude na política
internacional - pode-se rebater vigorosamente observando-se o fato de não ser
menos insensata a democracia pacifista, cujos lideres, no entanto, provêm
exclusivamente da burguesia.
Enquanto milhões de cidadãos rendem culto,
todas as manhãs, à sua imprensa democrática, ficará muito mal a estes senhores
rirem das tolices do companheiro que, no final das contas, engole as mesmas
asneiras, se bem que com outra encenação. Nos dois casos, o fabricante desses
raciocínios é sempre judeu.
Deve-se, portanto, evitar a negação de fatos
que existem na realidade. O fato de que há uma questão de classe (não se trata
exclusivamente de problemas ideais, conforme se costuma fazer crer, sobretudo em
épocas de eleições) não pode ser contestado. O sentimento de classe de grande
parte de nosso povo, bem como o menosprezo do trabalhador manual, é um fenômeno
que não provém da fantasia de um lunático.
Não obstante, ele mostra a
pequena capacidade de raciocínio dos nossos chamados intelectuais, quando,
justamente nesses círculos, não se compreende que um estado de coisas, o qual
não pode evitar o desenvolvimento de uma calamidade como o marxismo, agora não
está mais em condições de reconquistar o perdido.
Os partidos
"burgueses", como eles mesmos se denominam, não poderão jamais contar com o
apoio das massas proletárias, pois aqui temos dois mundos antagônicos, em parte
naturalmente, em parte artificialmente cindidos, e cuja atitude recíproca só
pode ser a de luta. O vencedor neste caso só poderia ser o mais jovem, e esse
seria o marxismo.
De fato, em 1914, seria possível imaginar uma luta
contra a social-democracia. Agora, predizer o tempo da duração deste embate
seria duvidoso, uma vez que faltava um sucedâneo prático para ela.
Aqui
havia uma grande lacuna.
Eu possuía essa opinião já muito antes da
Guerra e, por isso, nunca pude me decidir a me aproximar de um dos partidos
existentes. No correr dos acontecimentos da guerra mundial tive essa minha
opinião reforçada pela impossibilidade visível de começar a luta sem tréguas
contra a social-democracia, já que faltava um movimento que fosse mais do que um
partido "parlamentar". Muitas vezes me externei a esse respeito com os meus
camaradas mais íntimos. Apareceram-me então as primeiras idéias de, mais tarde,
tomar parte na política.
Justamente foi esse o motivo que fez com que eu
muitas vezes comunicasse ao pequeno círculo de meus amigos a minha intenção de,
passada a Guerra, combinar o meu trabalho profissional com a atividade política,
como orador.
Creio que isso estava resolvido, no meu espirito, com toda
a seriedade.
CAPÍTULO VI - A PROPAGANDA DA GUERRA
Observador cuidadoso dos
acontecimentos políticos, sempre me interessou vivamente a maneira por que se
fazia a propaganda da guerra. Eu via nessa propaganda um instrumento manejado,
com grande habilidade, justamente pelas organizações sociais comunistas.
Compreendi, desde logo, que a aplicação adequada de uma propaganda é uma
verdadeira arte, quase que inteiramente desconhecida dos partidos burgueses.
somente o movimento cristão social, sobretudo na época de Lueger, aplicou este
instrumento com grande eficiência e a isso se devem muitos dos seus triunfos.
A que resultados formidáveis uma propaganda adequada pode conduzir, a
guerra já nos tinha mostrado. Infelizmente tudo tinha de ser aprendido com o
inimigo, pois a atividade, do nosso lado, nesse sentido, foi mais do que
modesta. Justamente o insucesso total do plano de esclarecimento do povo do lado
alemão, foi para mim um motivo para me ocupar mais particularmente da questão de
propaganda.
Não nos faltava oportunidade para pensar sobre essa questão.
Infelizmente as lições práticas eram fornecidas pelo inimigo e custaram-nos
caro. O adversário aproveitou, com inaudita habilidade e cálculo verdadeiramente
genial, aquilo de que nos havíamos descuidado. Aprendi imensamente nessa
propaganda de guerra feita pelo inimigo. Aqueles que da mesma se deviam ter
servido, como lição eficiente, deixaram-na passar despercebida; julgavam-se
espertos demais para aprender dos outros. Por outro lado, não havia vontade
honesta para tal.
Haveria entre nós uma propaganda?
Infelizmente, só posso responder pela negativa. Tudo o que, na realidade,
foi tentado nesse sentido era tão inadequado e errôneo, desde o princípio, que
em nada adiantava. Às vezes era até prejudicial. Examinando atentamente o
resultado da propaganda de guerra alemã, chegava-se à conclusão de que ela era
insuficiente na forma e psicologicamente errada, na essência.
Começava-se por não se saber claramente se a propaganda era um meio ou um
fim.
Ela é um meio e, como tal, deve ser julgada do ponto de vista da
sua finalidade. A forma a tomar deve consentir no meio mais prático de chegar ao
fim que se colima. É também claro que a importância do objetivo que se tem em
vista pode se apresentar sob vários aspectos, tendo-se em vista o interesses
social, e que, portanto, a propaganda pode variar no seu valor intrínseco. A
finalidade pela qual se lutava durante a guerra era a mais elevada e formidável
que se pode imaginar. Tratava-se da liberdade e da independência de nosso povo,
da garantia da vida, do futuro e, em uma palavra, da honra da nação. Estávamos
em face de uma questão que, não obstante opiniões divergentes de muitos, ainda
existe ou melhor deve existir, pois os povos sem honra costumam perder a
liberdade e a independência, mais tarde ou mais cedo. Isso, por sua vez,
corresponde a uma justiça mais elevada, pois gerações de vagabundos sem honra
não merecem a liberdade. Aquele, porém, que quiser ser escravo covarde não deve
ter o sentimento de honra, pois, do contrário, esta cairia muito rapidamente no
desprezo geral.
O povo alemão lutava por sua existência e o fim da
propaganda da guerra devia ser o de apoiar essa luta. Levá-la à vitória, eis o
seu objetivo.
Quando, porém, os povos lutam neste planeta por sua
existência, quando se trata de uma questão de ser ou não ser, caem por terra
todas as considerações de humanidade ou de estética, pois todas essas idéias não
estão no ambiente, mas originam-se na fantasia dos homens e a ela estão presas.
Com a sua partida desse mundo desaparecem também essas idéias, pois a natureza
não as conhece. Mesmo entre os homens, elas só são próprias a alguns povos ou
melhor a certas raças, na medida que elas provém do sentimento desses mesmos
povos ou raças. O sentimento humanitário e estético desapareceria, até mesmo de
um mundo habitado, uma vez que este perdesse as raças criadoras e portadoras
dessa idéia.
Todas essas idéias têm uma significação secundária na luta
de um povo pela sua existência, chegam mesmo a desaparecer, uma vez que possam
contrariar o seu instinto de conservação.
Quanto à questão do sentimento
de humanidade já Moltke afirmava que ele residia no processo sumário da guerra,
e que, portanto, a maneira mais incisiva de combate, é a que conduz a esse fim.
Aqueles que procuram argumentar nesses assuntos com palavras, tais como
estética, etc., pode-se responder da seguinte maneira: As questões vitais da
importância da luta pela vida de um povo anulam todas as considerações de ordem
estética. A maior fealdade na vida humana é e será. sempre o jugo da escravidão.
Será possível que esses decadentes considerem "estética" a sorte atual do povo
alemão? É verdade que, com os judeus, que são os inventores modernos dessa
cultura perfumada, não se deve discutir sobre esses assuntos. Toda a sua
existência é um protesto vivo contra a estética da imagem do Criador.
Se, na luta, esses pontos de humanidade e beleza são excluídos, eles também
não poderão servir de orientação para a propaganda.
A propaganda durante
a guerra era um meio para um determinado fim, e esse fim era a luta pela
existência do povo alemão. Portanto, a propaganda só poderia ser encarada sob o
ponto de vista de princípios conducentes àquele objetivo.
As armas mais
terríveis seriam humanas, desde que conduzissem a vitória mais rapidamente.
Belos seriam somente os métodos que ajudassem a assegurar a dignidade à Nação: a
dignidade da liberdade. Essa era a única atitude possível na questão da
propaganda de guerra, numa luta de vida e de morte.
Fossem esses pontos
conhecidos daqueles que os deviam conhecer, nunca se teriam verificado
vacilações quanto à forma e aplicação dessa arma verdadeiramente terrível na mão
de um conhecedor.
A segunda questão de importância decisiva era a
seguinte: a quem se deve dirigir a propaganda, aos intelectuais ou à massa menos
culta? A. propaganda sempre terá de ser dirigida à massa!
Para os
intelectuais, ou para aqueles que, hoje, infelizmente assim se consideram, não
se deve tratar de propaganda e sim de instrução científica. A propaganda, porém,
por si mesma, é tão pouco ciência quanto um cartaz é arte, considerado pelo seu
lado de apresentação. A arte de um cartaz consiste na capacidade de seu autor
de, por meio da forma e das cores, chamar a atenção da massa. O cartaz de uma
exposição de arte só tem em vista chamar a atenção sobre a arte da exposição;
quanto mais ele consegue esse desideratum tanto maior é a arte do dito cartaz.
Além disso, o cartaz deve transmitir à massa uma idéia da importância da
exposição, nunca, porém, deverá ser um sucedâneo da arte que se procura
oferecer. Assim, quem desejar se ocupar da arte mesma, terá de estudar mais do
que o próprio cartaz, e não lhe bastará por exemplo, um simples passeio pela
exposição. Dele se espera que se aprofunde nas várias obras, observando-as com
todo cuidado, acabando por fazer delas um juízo justo.
Semelhantes são
as condições do que hoje designamos pela palavra propaganda.
O fim da
propaganda não é a educação científica de cada um, e sim chamar a atenção da
massa sobre determinados fatos, necessidades, etc., cuja importância só assim
cai no círculo visual da massa.
A arte está exclusivamente em fazer isso
de uma maneira tão perfeita que provoque a convicção da realidade de um fato, da
necessidade de um processo, e da justeza de algo necessário, etc. Como ela não é
e não pode ser uma necessidade em si, como a sua finalidade, assim como no caso
do cartaz, é a de despertar a atenção da massa e não ensinar aos cultos ou
àqueles que procuram cultivar seu espírito, a sua ação deve ser cada vez mais
dirigida para o sentimento e só muito condicionalmente para a chamada razão.
Toda propaganda deve ser popular e estabelecer o seu nível espiritual de
acordo com a capacidade de compreensão do mais ignorante dentre aqueles a quem
ela pretende se dirigir. Assim a sua elevação espiritual deverá ser mantida
tanto mais baixa quanto maior for a massa humana que ela deverá abranger.
Tratando-se, como no caso da propaganda da manutenção de uma guerra, de atrair
ao seu círculo de atividade um povo inteiro, deve se proceder com o máximo
cuidado, a fim de evitar concepções intelectuais demasiadamente elevadas.
Quanto mais modesto for o seu lastro científico e quanto mais ela levar em
consideração o sentimento da massa, tanto maior será o sucesso. Este, porém, é a
melhor prova da justeza ou erro de uma propaganda, e não a satisfação às
exigências de alguns sábios ou jovens estetas. A arte da propaganda reside
justamente na compreensão da mentalidade e dos sentimentos da grande massa. Ela
encontra, por forma psicologicamente certa, o caminho para a atenção e para o
coração do povo. Que os nossos sabidos não compreendam isso, a causa está na sua
preguiça mental ou no seu orgulho. Compreendendo-se, a necessidade da conquista
da - grande massa, pela propaganda, segue-se daí a seguinte doutrina: É errado
querer dar à propaganda a variedade, por exemplo, do ensino científico.
A capacidade de compreensão do povo é muito limitada, mas, em compensação,
a capacidade de esquecer é grande. Assim sendo, a propaganda deve-se restringir
a poucos pontos. E esses deverão ser valorizados como estribilhos, até que o
último indivíduo consiga saber exatamente o que representa esse estribilho.
Sacrificando esse princípio em favor da variedade, provoca-se uma atividade
dispersiva, pois a multidão não consegue nem digerir nem guardar o assunto
tratado. O resultado é uma diminuição de eficiência e consequentemente o
esquecimento por parte das massas.
Quanto mais importante for o objetivo
a conseguir-se, tanto mais certa, psicologicamente, deve ser a tática a
empregar.
Por exemplo, foi um erro fundamental querer tornar o inimigo
ridículo, como o fizeram os jornais humorísticos austríacos e alemães.
Este sistema é profundamente errado, pois o soldado, quando caia na
realidade, fazia do inimigo uma idéia totalmente diferente, o que, como era de
esperar, acarretou graves conseqüências. Sob a impressão imediata da resistência
do inimigo, o soldado alemão sentia-se ludibriado por aqueles que o tinham
orientado até então, e, em vez de um aumento de sua combatividade ou mesmo
resistência, dava-se o oposto. O homem desanimava.
Em contraposição, a
propaganda de guerra dos americanos e ingleses era psicologicamente acertada.
Apresentando ao povo os alemães como bárbaros e Hunos, ela preparava o espírito
dos seus soldados para os horrores da guerra, ajudando assim a preservá-los de
decepções. A mais terrível arma que fosse empregada contra ele, parecer-lhe-ia
mais uma confiança no que lhe tinham dito e aumentaria a crença na 'Veracidade
das afirmações de seu governo como também, por outro lado, servia para fazer
crescer o ódio contra o inimigo infame. O cruel efeito da arma do adversário que
ele começava a conhecer parecia-lhe aos poucos uma prova da brutalidade feroz do
inimigo "bárbaro" de que ele já tinha ouvido falar, sem que, por um segundo,
tivesse sido levado a pensar que as suas próprias armas fossem, muito
provavelmente, de ação mais terrível.
Assim é que, sobretudo o soldado
inglês, nunca se sentiu mal informado pelos seus, o que infelizmente se dava com
o soldado alemão, Este chegava a rejeitar as noticias oficiais como falsas, como
verdadeiro embuste.
Tudo isso era a conseqüência de se entregar esse
serviço de propaganda ao primeiro asno que se encontrava, em vez de compreender
que para este serviço é necessário um profundo conhecedor da alma humana.
A propaganda de guerra alemã serviu de exemplo inexcedível em efeitos
negativos, em virtude da falta absoluta de raciocínio psicologicamente certo.
Muito se poderia ter aprendido do inimigo, sobretudo aquele que, de olhos
abertos e com o sentido alerta, observasse a onda da propaganda inimiga durante
os quatro anos e meio de guerra.
O que menos se compreendia era a
condição primeira de toda atividade propagandista, a saber: a atitude
fundamentalmente subjetiva e unilateral que a mesma deve assumir em relação ao
objetivo visado. Neste terreno cometeram se erros tão grandes, logo no começo da
guerra, que se tinha o direito de duvidar se tanta asneira podia ser atribuída
só à pura ignorância.
Que se diria, por exemplo, de um cartaz anunciando
um novo sabão e que, no entanto, aponta como "bons" outros sabões? A única coisa
a fazer diante disso seria levantar os ombros, e passar.
O mesmo se dá
em relação à propaganda política.
Foi um erro fundamental, nas
discussões sobre a culpabilidade da guerra, admitir que a Alemanha não podia
sozinha ser responsabilizada pelo desencadeamento dessa catástrofe. Deveria
ter-se incessantemente atribuído a culpa ao adversário, mesmo que esse fato não
tivesse correspondido exatamente à marcha dos acontecimentos, como na realidade
era o caso. Qual, porém, foi a conseqüência dessa indecisão?
A grande
massa de um povo não se compõe de diplomatas ou só de professores oficiais de
Direito, mesmo de pessoas capazes de ajudar com acerto, e sim de criaturas
propensas à dívida e às incertezas. Quando se verifica, em uma propaganda em
causa própria, o menor indício de reconhecer um direito à parte oposta, cria-se
imediatamente a dúvida quanto ao direito próprio. A massa não está em condições
de distinguir onde acaba a injustiça estranha e onde começa a sua justiça
própria. Ela, num caso como esse, torna-se indecisa e desconfiada, sobretudo
quando o adversário não comete a mesma tolice, mas, ao contrário, lança toda e
qualquer culpa sobre o inimigo. Nada mais natural, pois que, finalmente, o povo
acabe acreditando mais na propaganda inimiga do que na própria, dada a
uniformidade coerência desta. Esse efeito é, então, inevitável quando se trata
de um povo como o alemão que já por si sofre de tão grande mania de objetivismo,
e está sempre preocupado em evitar injustiças ao inimigo, mesmo ante o perigo do
seu próprio aniquilamento.
A massa não chega a compreender que não é
assim que se imaginam essas coisas nos postos de comando.
O povo, na sua
grande maioria, é de índole feminina tão acentuada, que se deixa guiar, no seu
modo de pensar e agir, menos pela reflexão do que pelo sentimento.
Esses
sentimentos, porém, não são complicados mas simples e consistentes. Neles não há
grandes diferenciações. São ou positivos ou negativos: amor ou ódio, justiça ou
injustiça, verdade ou mentira. Nunca, porém, o meio termo.
Tudo isso foi
compreendido, sobretudo pela propaganda inglesa e por ela aproveitado, de uma
maneira verdadeiramente genial. Lá não havia indecisões que pudessem provocar
dúvidas.
A prova do conhecimento que tinham os ingleses do primitivismo
do sentimento da grande massa foi as divulgações das crueldades do nosso
exército, campanha que se adaptava a esse estado de espírito do povo.
Essa tática serviu para assegurar, de maneira absoluta, a resistência no
front, mesmo na ocasião das maiores derrotas. Além disso, persistiu-se na
afirmação de que o inimigo alemão era o único culpado pelo rompimento de
hostilidades. Foi essa mentira repetida e repisada constantemente,
propositadamente, com o fito de influir na grande massa do povo, sempre propensa
a extremos. O desideratum foi atingido. Todos acreditaram nesse embuste.
O quanto foi eficiente essa maneira de fazer propaganda ficou patenteado
claramente no fato de ter ela conseguido, após quatro anos, não só assegurar a
resistência ao inimigo como começar a influir nocivamente no modo de ver do
nosso próprio povo.
Não é de espantar que à nossa propaganda estivesse
reservado um tal insucesso. Ela trazia a semente da ineficácia na sua própria
dubiedade. Além disso, era pouco provável, a julgar pelo seu conteúdo, que ela
fosse capaz de causar o efeito necessário no seio da multidão anônima.
Só mesmo os nossos "estadistas" falhos de espírito poderiam imaginar que,
com esse pacifismo anódino e cheirando a flor de laranja, se conseguisse
despertar o entusiasmo de alguém ao ponto de arrastá-lo ao sacrifício até da
vida. Foi, pois, inútil essa miserável tática e até mesmo perniciosa. Qualquer
que seja o talento que se revele na direção de uma propaganda não se conseguirá
sucesso, se não se levar em consideração sempre e intensamente um postulado
fundamental. Ela tem de se contentar com pouco, porém, esse pouco terá de ser
repetido constantemente. A persistência, nesse caso, é, como em muitos outros
deste mundo, a primeira e mais importante condição para o êxito.
Em
assuntos de propaganda, justamente, é que não se pode ser guiado por estetas,
nem por blasés. Os primeiros dão, pela forma e pela expressão, um tal cunho à
propaganda que, dentro em pouco, ela só tem poder de atração nos círculos
literários; os segundos devem ser cuidadosamente evitados, pois a sua falta de
sensibilidade faz com que procurem constantemente novos atrativos. Essas
criaturas de tudo se fartam com facilidade; o que eles desejam é variedade e são
incapazes de uma compreensão das necessidades de seus concidadãos ainda não
contaminados pelo seu pessimismo. Eles são sempre os primeiros críticos da
propaganda, ou, melhor, de seu conteúdo, o qual lhes parece demasiado arcaico,
demasiado batido, etc. Só querem novidades, só procuram variedade e tornam-se
dessa maneira inimigos mortais de uma conquista eficiente das massas sob o ponto
de vista político. Logo que uma propaganda, na sua organização e no seu
conteúdo, começa a se dirigir pelas necessidades deles, perde toda a unidade e
se dispersa inteiramente.
A propaganda, entretanto, não foi criada para
fornecer a esses senhores blasés uma distração interessante e sim para convencer
a massa. Esta, porém, necessita - sendo como é de difícil compreensão - de um
determinado período de tempo, antes mesmo de estar disposta a tomar conhecimento
de um fato, e, somente depois de repetidos milhares de vezes os mais simples
conceitos, é que sua memória entrará em funcionamento.
Qualquer
digressão que se faça não deve nunca modificar o sentido do fim visado pela
propaganda, que deve acabar sempre afirmando a mesma coisa. O estribilho pode
assim ser iluminado por vários lados, porém o fim de todos os raciocínios deve
sempre visar o mesmo estribilho. Só assim a propaganda poderá agir de uma
maneira uniforme e decisiva.
Só a linha mestra, que nunca deve ser
abandonada, é capaz de, guardando a acentuação uniforme e coerente, fazer
amadurecer o sucesso final. Só então poder-se-á, com espanto, constatar que
formidáveis e quase incompreensíveis resultados tal persistência é capaz de
produzir.
Todo anúncio, seja ele feito no terreno dos negócios ou da
política, tem o seu sucesso assegurado na constância e continuidade de sua
aplicação.
Também aqui foi modelar o exemplo da propaganda de guerra
inimiga, restrita a poucos pontos de vista, exclusivamente destinada à massa e
levada avante com tenacidade incansável.
Durante toda a guerra
empregaram-se os princípios fundamentais reconhecidos certos, assim como as
formas de execução, sem que se tivesse nunca tentado a menor modificação. No
princípio essa tática parecia louca no atrevimento de suas afirmações. Tornou-se
mais tarde desagradável, e finalmente acreditada. Quatro e meio anos após,
estalou na Alemanha uma revolução cujo leit-motiv provinha da propaganda de
guerra inimiga.
Na Inglaterra, entretanto, compreendeu-se mais uma
coisa, a saber:
Essa arma espiritual só tem o seu sucesso garantido na
aplicação às massas e esse sucesso cobre regiamente todas as despesas.
Lá, a propaganda valia como arma de primeira ordem, enquanto que entre nós
era considerada o último ganha-pão dos políticos desocupados, e fornecia
pequenas ocupações para heróis modestos.
O seu sucesso era, pois, de
modo geral, igual a zero.
CAPÍTULO VII - A REVOLUÇÃO
A propaganda inimiga tinha começado
entre nós, no ano de 1915; desde 1916 tornou-se cada vez mais intensa, para
finalmente se transformar, no começo de 1918, numa onda avassaladora. Podia se.
então, a cada passo, reconhecer os efeitos desta conquista de almas. O exército
alemão aprendia aos poucos a pensar conforme o inimigo desejava.
A nossa
reação, no entanto, falhava inteiramente.
Entre os dirigentes
responsáveis pela direção do exército, havia a intenção de aceitar a luta também
para esse desideratum. Sob o ponto de vista psicológico, cometeu-se um erro,
deixando que esses esclarecimentos se processassem no seio da própria tropa.
Para ser eficiente elas deveriam ter vindo da nação. Só então poder-se-ia contar
com o seu sucesso, entre homens que há quatro anos escreviam para a história de
sua Pátria páginas imorredouras, de inigualáveis feitos heróicos, alcançados no
meio das maiores dificuldades e privações.
No entanto, o que, da Pátria,
chegava às linhas da frente?
Era isso estupidez ou crime?
Em
pleno verão de 1918, após a evacuação da margem sul do Mama, a imprensa,
sobretudo, a imprensa alemã se portava de modo tão miseravelmente inábil, mesmo
criminosamente imbecil, que, diariamente, a par do ódio crescente, ocorria-me
perguntar se, na realidade, não haveria mesmo ninguém capaz de pôr um fim a esse
desperdício do heroísmo do exército.
Que aconteceu em França quando, em
1914, de vitória em vitória, varríamos o solo francês?
Que fez a Itália
nos dias da derrocada de seu front do Isonzo? Que fez a França na primavera de
1918, quando o ataque das divisões alemãs parecia abalar as suas posições nos
seus fundamentos e quando as baterias de longo alcance começaram a fazer sentir
os seus efeitos em Paris? Como lá se soube tirar partido da paixão nacional
levada ao paroxismo, lançada em rosto aos regimentos em retirada desabalada!
Como trabalhou a propaganda na influenciação da massa, no sentido de inculcar a
fé na vitória final no coração dos soldados dos fronts rompidos!
Que
aconteceu entre nós?
Nada ou pior do que isso.
Naquela ocasião
subiam-me à cabeça a raiva e a indignação quando, ao ler os jornais, tinha de
analisar, sob o ponto de vista psicológico, aquela matança em massa.
Mais de uma vez me atormentou a idéia de que, se a Providência me tivesse
colocado no lugar desses ignorantões ou mal intencionados incompetentes ou
criminosos de nosso serviço de propaganda, talvez outro tivesse sido o desfecho
da luta.
Senti, pela primeira vez, nesses meses, a maldade da sorte que
me mantinha no front, ao alcance do tiro de qualquer negro, enquanto, no seio da
Pátria, eu poderia prestar serviços mais eficientes.
Já naquela ocasião,
tinha bastante confiança em mim mesmo para acreditar que teria levado a cabo tal
empresa.
Eu não passava, porém, de um desconhecido, um entre oito
milhões! Assim sendo, o melhor era calar a boca e tratar de cumprir, na posição
em que estava, o meu dever, da melhor maneira.
No verão de 1915. caíram
em nossas mãos os primeiros boletins inimigos.
Seu conteúdo era quase
sempre o mesmo, se bem que com algumas variantes na forma da exposição. Todos
afirmavam que a miséria na Alemanha aumentaria cada vez mais; que a duração da
guerra seria infinita, que as probabilidades de vitória seriam cada vez menores,
que o povo em casa cada vez mais desejava a paz, que só o "militarismo" e o
"Kaiser" queriam a continuação da guerra; que o mundo inteiro - que bem sabia
disso - não fazia a guerra ao povo alemão e sim exclusivamente ao único culpado
que era o Kaiser, que a luta não teria fim antes do afastamento desse inimigo da
humanidade pacífica; que as nações liberais e democráticas aceitariam a
Alemanha, uma vez acabada a guerra, na liga eterna da paz mundial, aceitação
essa que seria garantida, desde o momento em que estivesse aniquilado o
"militarismo prussiano", etc., etc.
Para melhor ilustrar o exposto não
raras vezes eram então transcritas "cartas de casa", isto é, das famílias dos
soldados, cujo conteúdo parecia apoiar essas afirmações.
No primeiro
momento, os soldados, na sua maioria, levavam na troça essas tentativas do
inimigo. Os boletins eram lidos, em seguida enviados para a retaguarda aos
estados-maiores e, na maioria dos casos, olvidados até que o vento trouxesse
novo carregamento para dentro das trincheiras. Geralmente eram aeroplanos que
distribuíam esses boletins.
Nesse processo de propaganda,
evidenciava-se, à primeira vista, o fato de atacarem com veemência a Prússia,
justamente nos setores do front, onde havia bávaros. Asseverava-se que a Prússia
era o verdadeiro culpado e responsável pela guerra e que, por outro lado, não
havia, especialmente contra a Baviera, a menor animosidade. É verdade, diziam,
que nada se podia fazer em seu favor, enquanto ela se encontrasse a serviço do
militarismo prussiano, auxiliando-o a "tirar as castanhas do fogo".
Esta
maneira de persuadir começou na realidade já em 1915 a produzir certos efeitos.
No seio da tropa, a má vontade contra a Prússia crescia visivelmente, sem que as
autoridades tomassem quaisquer providências. Evidentemente, isso foi mais do que
uma simples negligência que mais cedo ou mais tarde se faria sentir, de maneira
terrível, não só contra a "Prússia" mas também contra o povo alemão, no seio do
qual, a Baviera ocupa lugar de destaque.
Desde o ano de 1916, a
propaganda inimiga começou a alcançar triunfos completos, nesse sentido.
Além disso, as queixas que se continham nas cartas das famílias- dos
soldados vinham produzindo, há muito, os seus naturais efeitos. Já não era nem
mais necessário que o inimigo as transmitisse ao front, por meio de boletins,
etc. Contra esse estado de coisas também não se tomaram providências "por parte
do governo", salvo algumas "exortações", psicologicamente asnáticas. O front
continuou a ser inundado com esse veneno fabricado em casa por mulheres
ingênuas, as quais, naturalmente, não suspeitavam que esse era o meio de
reforçar ao extremo, no espírito do inimigo, a confiança na vitória e que assim
prolongavam e agradavam os sofrimentos dos seus parentes em luta nas
trincheiras. As cartas levianas das mulheres alemãs custaram a vida a centenas
de milhares de homens.
Assim, já em 1916, começaram a aparecer sintomas
alarmantes. O front vociferava e mostrava-se descontente com muitas coisas, e,
às vezes, com razão, se indignava.
Enquanto os soldados, pacientemente
passavam fome nas linhas da frente e os seus parentes sofriam grandes privações
em casa, em outros lugares havia abundância e dissipação.
Mesmo no campo
da luta, nem tudo, a esse respeito, se passava, como seria de esperar.
Assim, já naquela ocasião, murmurava se contra esse estado de coisas. Essas
reclamações não passavam, porém, de questões "domésticas". O mesmo homem que,
pouco antes, tinha vociferado e resmungado, poucos minutos depois cumpria
silenciosamente o seu dever, com a máxima naturalidade. A mesma companhia, que
pouco antes se manifestara descontente, agarrava-se a um pedaço de trincheira,
cuja defesa lhe tinha sido confiada, como se o destino da Alemanha dependesse
exclusivamente desses 100 metros de buracos de lama. Esse era ainda o front do
velho e maravilhoso exército de heróis.
A diferença entre eles e a
Pátria iria eu conhecer em uma mutação brusca.
Em fins de setembro de
1916, a minha divisão se deslocou para a batalha do Somme. Essa foi para nós a
primeira das. formidáveis batalhas materiais que se seguiram, e a impressão,
difícil de descrever, era mais de inferno do que de guerra.
Semanas a
fio, sob o furacão do fogo de barragem resistia o front alemão, às vezes
comprimido um pouco para trás, às vezes avançando de novo, porém nunca recuando.
A 7 de outubro de 1916 fui ferido.
Consegui ser levado para a
retaguarda e devia voltar para a Ale. manha em um trem de ambulância.
Dois anos se haviam passado sobre a última vez que eu vira a Pátria,
período de tempo, quase infinito, em tais circunstâncias.
Eu mal podia
imaginar a existência de alemães que não estivessem metidos em uniforme. Quando,
em Hermies, no hospital de feridos, quase estremeci de susto ao ouvir a voz de
uma mulher alemã enfermeira que tinha dirigido a palavra a um meu vizinho de
cama.
Ouvir um tal som pela primeira vez após dois anos!
Quanto
mais o trem, que nos devia conduzir à Pátria, se aproximava da fronteira, tanto
mais inquieto cada um se sentia intimamente. Sucediam-se as localidades pelas
quais, há dois anos atrás, tínhamos passado como jovens soldados:- Bruxelas,
Louvam, Liége, e finalmente acreditamos reconhecer a primeira casa alemã com a
sua cumeeira alta e suas lindas janelas.
A Pátria!
Era outubro
de 1914, ardíamos de entusiasmo ao atravessar a fronteira; agora reinavam o
silêncio e a comoção Cada um se sentia feliz por ter o destino lhe permitido
rever ainda uma vez o solo pátrio que tivera de defender com sua vida; e quase
que se envergonhava de se sentir observado pelos outros. Quase no dia de
completar um ano da minha partida, fui internado no hospital de Beelitz, perto
de Berlim.
Que mudança! Da lama da batalha do Somme às camas brancas
dessa construção maravilhosa! No princípio quase não ousávamos nos deitar nesses
leitos. Só lentamente poderíamos rios acostumar a esse novo mundo, tão diferente
das trincheiras!
Infelizmente, porém, este mundo era também novo noutro
sentido.
O espírito do exército no front parecia não encontrar acolhida
aqui. Algo, ainda desconhecido no front, ouvi aqui pela primeira vez:- o elogio
da própria covardia!
Lá fora seria possível maldizer e ouvir vociferar,
porem nunca com a intenção de faltar com o dever ou de glorificar o covarde.
Não! O covarde era sempre considerado covarde e mais nada; e o desprezo que o
atingia era sempre geral, assim como geral era a admiração que se dedicava ao
verdadeiro herói. No hospital, entretanto, dava-se já em parte o inverso: Os
mais deslavados instigadores é que tinham a palavra e procuravam, com todos os
recursos da sua verborragia lamentável, tornar ridículos os conceitos do soldado
decente e proclamar como virtude a falta de caráter do covarde. Eram sobretudo
alguns miseráveis rapazolas que davam o tom. Um deles se vangloriava de ter ele
mesmo passado a mão pelo arame farpado, a fim de ir para o hospital. Ele
parecia, não obstante esse ferimento ridículo, já estar ali há muito tempo, e
que, só por um embuste, tinha vindo num trem de transporte para a Alemanha. Este
sujeito venenoso ia tão longe, a ponto de colocar a própria covardia num pé de
igualdade com a valentia superior ou a morte heróica de um soldado decente.
Muitos ouviam silenciosos, outros se afastavam, outros, porém, concordavam.
Eu estava enojado; no entanto o instigador era tolerado no estabelecimento.
Que se devia fazer? A direção devia saber e sabia quem e o que ele era.
Entretanto nada acontecia.
Logo que pude andar de novo, consegui licença
para ir a Berlim.
A miséria áspera, mais negra, era visível por toda a
parte. A cidade de milhões estava faminta. O descontentamento era grande. Em
muitas casas visitadas por soldados, o tom era semelhante ao do hospital.
Tinha-se a impressão de que esses indivíduos procuravam justamente esses
lugares, a fim de espalhar aí o seu modo de pensar.
Muito e muito pior
era, porém, a situação em Munique! Quando me restabeleci e tive alta do hospital
e fui transferido para o batalhão de reserva pensei não reconhecer mais a
cidade. Descontentamento, desânimo, imprecações por toda a parte. Mesmo no
batalhão de reserva, o moral era abaixo da critica. Para isso contribuía aqui a
maneira grandemente inábil como os antigos oficiais instrutores tratavam os
soldados vindos do front. Eles ainda não tinham estado uma hora sequer no front
e, por esse motivo, sã em parte conseguiam estabelecer relações cordiais com os
velhos soldados Estes possuíam certas particularidades oriundas dos serviços de
campanha, as quais eram inteiramente incompreensíveis para os dirigentes dessas
tropas de reserva e que só o oficial vindo do front poderia compreender. Este
último naturalmente era considerado pelos soldados, doutra maneira que não o era
pelo comandante de etapas". Abstraindo disso tudo, porém, a impressão geral era
péssima. Ser reacionário era considerado sinal de superioridade; a perseverança
no cumprimento do dever tomava-se como fraqueza ou estreiteza de espírito. Os
escritórios estavam repletos de judeus. Quase todo escriturário era judeu e
quase todo judeu era escriturário. Eu ficava abismado ante essa massa de
lutadores do povo eleito e não podia deixar de compará-la com os poucos
representantes no front.
No mundo dos negócios, pior ainda era o estado
de coisas. Nesse ponto, o povo judeu tinha se tornado na realidade
"indispensável". O morcego tinha começado a lentamente chupar o sangue do povo.
Pelos caminhos Indiretos das sociedades de guerra, tinha-se achado uma maneira
de eliminar aos poucos a economia nacional livre.
Pregava-se a
necessidade de uma centralização sem limites.
Assim é que, na realidade,
já no ano de 1916 para 1917, quase toda a produção se achava sob o controle dos
financistas judeus.
Contra quem, porém, se dirige o ódio do povo? Nessa
época, eu via com pavor aproximar-se uma calamidade que, se não fosse desviada
em tempo oportuno, teria de provocar a debacle.
Enquanto o judeu roubava
a nação inteira e a oprimia sob o seu jugo, instigava-se o povo contra os
"Prussianos". Como no front, também aqui não se tomavam providências contra essa
propaganda venenosa. Parecia não passar pela cabeça de ninguém que o colapso da
Prússia estava longe de provocar o soerguimento da Baviera. Ao contrário, a
queda de um teria de arrastar o outro para o abismo, impiedosamente.
Sentia-me infinitamente mal ante essa atitude. Nela eu via o mais genial
manejo dos judeus, que desejavam afastar de si a atenção geral para dirigi-la
para outros assuntos. Enquanto brigava o bávaro com o prussiano, ele roubava aos
dois a existência; enquanto se falava mal, na Baviera, do prussiano, o judeu
organizava a revolução e destruía ao mesmo tempo a Prússia e a Baviera.
Eu não podia tolerar essa maldita luta entre filhos do mesmo povo; por
isso, sentia-me contente por voltar ao front, para onde, ao chegar em Munique,
tinha pedido minha transferência.
No princípio de março de 1917,
encontrava-me de novo no meu regimento.
Lá para os fins do ano de 1917,
parecia ter atingido o máximo o desânimo no exército. O exército inteiro, após o
colapso russo, estava animado de nova esperança e de nova coragem. A tropa
começava cada vez mais a se convencer de que a luta havia de acabar com a
vitória da Alemanha. Ouvia-se, novamente cantar, e os agourentos cada vez eram
mais raros. Tinha-se de novo fé no destino da Pátria.
Sobretudo o
colapso italiano, no outono de 1917, tinha produzido um efeito maravilhoso.
Via-se nessa vitória a prova da possibilidade de romper o front, mesmo
abstraindo o teatro de operações russas. Uma fé maravilhosa invadia novamente o
coração de milhões, e fazia com que aguardassem com confiança a primavera de
1918. O inimigo, porém, estava visivelmente abatido. Nesse inverno houve mais
calma do que de costume; era a calma que precede a tempestade.
Justamente enquanto o front fazia os últimos preparativos para o término
final da luta, enquanto transportes de homens e material rolavam para as linhas
do oeste, e a tropa recebia instruções para o grande ataque, arrebentou na
Alemanha a maior patifaria de toda a guerra.
A Alemanha não devia
vencer. A última hora, quando a vitória começava a se decidir pelas bandeiras
alemãs, lançou-se mão de um meio que parecia adequado a sufocar, de um golpe, no
nascedouro, a ofensiva alemã da primavera, tornando a vitória impossível.
Organizou-se a greve de munições. Caso ela vingasse, o front alemão teria
de se esfacelar e seria realizado o desejo, manifestado pelo "Vorwärts" de que a
vitória desta vez não fosse das cores alemãs. A linha da frente teria de ser
rompida, em poucas semanas, por falta de munição. A ofensiva seria assim
evitada, a Entente estaria salva e o capital internacional se teria tornado dono
da Alemanha. A finalidade Intima do marxismo, isto é, a mistificação dos povos,
teria sido atingida. A destruição da economia nacional, em beneficio do capital
internacional, é um fim que foi atingido graças à tolice e à boa fé de um lado e
a uma covardia inominável do outro.
É verdade que a greve de munição,
que visava anular o front pela falta de armas, não teve o sucesso esperado. Ele
desmoronou cedo demais para que a falta de munição, conforme estava planejado,
pudesse ter condenado o exército à destruição. Tanto mais terrível, porém, foi o
dano moral provocado.
Em primeiro lugar, todos se perguntavam: Para que,
afinal de contas, lutava o exército, se a própria Pátria não desejava a vitória?
Para que os enormes sacrifícios e privações? O soldado tem de lutar pela vitória
e a Pátria faz greve!
Em segundo lugar, qual teria sido o efeito desses
acontecimentos sobre o inimigo?
No inverno de 1917 a 1918, pela primeira
vez, nuvens tenebrosas surgiram no firmamento do mundo aliado. Durante quase
quatro anos. tinha-se investido contra o gigante alemão, sem se ter podido
derrubá-lo e, no entanto, este só tinha um escudo para se defender, enquanto a
espada tinha de distribuir golpes, ora para o oeste, ora para o sul. Finalmente
o gigante estava com as costas livres. Rios de sangue tinham corrido até ele
abater definitivamente um inimigo. Era chegado o momento de, no oeste, juntar a
espada ao escudo e se, até então, o inimigo não tinha conseguido romper a
defensiva, a ofensiva ia atingi-lo em cheio.
Ele era temido e receava-se
a sua vitória.
Em Londres e Paris sucediam se as conferências. Até a
propaganda inimiga já se fazia com dificuldade. Já não era tão fácil demonstrar
a improbabilidade da vitória alemã. O mesmo se dava nas frentes de batalha, onde
reinava silêncio absoluto, até nas tropas aliadas. Esses senhores tinham perdido
de repente a insolência. Também para eles, as coisas começaram lentamente a
aparecer sob uma luz desagradável. A sua atitude interna com relação ao soldado
alemão tinha-se modificado. Até então, os nossos soldados eram vistos como
loucos a quem uma derrota certa esperava. Agora, porém, estava diante deles o
destruidor do aliado russo. A restrição das ofensivas alemãs do oeste. provindas
da necessidade, pareciam entretanto tática genial. Durante três anos os alemães
tinham investido contra a Rússia, no princípio aparentemente sem o menor
sucesso. Quase que se tinha rido desse começo de luta. No final das contas, o
gigante russo teria de sair vencedor graças à superioridade numérica. A
Alemanha, porém, estava fadada a esvair-se em sangue. A realidade parecia
justificar essas esperanças.
Desde os dias de setembro de 1914, quando.
pela primeira vez, começaram a rolar para a Alemanha, pelas ruas e estradas, os
magotes Infinitos dos prisioneiros russos da batalha de Tennenberg, a avalanche
parecia não ter fim. Entretanto, cada exército batido e destruído era
substituído por um novo. O Império colossal fornecia ao Czar cada vez novos
soldados e à guerra suas novas vítimas e isso inesgotavelmente. Quanto tempo
poderia a Alemanha resistir a essa corrida? Não chegaria o dia em que, após uma
última vitória alemã, não aparecessem os últimos exércitos para a última
batalha? E mais! Na medida das possibilidades humanas, a vitória da Rússia
poderia ser postergada, porém, teria de vir.
Agora tinham acabado todas
essas esperanças. O aliado que tinha trazido ao altar dos interesses comuns os
maiores sacrifícios em sangue, tinha chegado ao fim de suas forças e jazia no
chão à mercê do inimigo inexorável. O medo e o pavor se infiltravam nos corações
dos soldados, que até então eram animados de uma crença quase cega. Temia-se a
primavera próxima. Pois, se até então não se tinha conseguido derrubar o alemão,
que, só em parte, tinha podido atender ao front ocidental, como se poderia ainda
contar com a vitória, agora que parecia se reunir a força toda do Estado heróico
nessa frente?
A imaginação era trabalhada pelas sombras das montanhas do
sul do Tirol. Até na névoa do Flandres se projetavam as fisionomias sombrias dos
exércitos batidos de Cadorna, e a fé na vitória cedia o lugar ao medo da próxima
derrota.
Quando já se pensava ouvir o rolar uniforme das divisões de
ataque do exército alemão em marcha, e quando já se esperava o juízo final, eis
que irrompe da Alemanha uma luz vermelha que projeta a sua sombra até o último
buraco de trincheira inimiga. No momento em que as divisões alemãs recebiam as
últimas instruções para a grande ofensiva, declarava-se na Alemanha a greve
geral.
A primeira impressão do mundo foi de estupefação. Em seguida,
porém, a propaganda inimiga, tomando novo alento, atirou-se a essa tábua de
salvação da décima segunda hora. De um golpe se tinham encontrado os meios de
1-eviver a confiança arrefecida dos soldados aliados, de apresentar a
probabilidade de vitória como sendo uma certeza e de transformar a pavorosa
depressão com relação aos acontecimentos vindouros em confiança absoluta.
Podia-se agora inculcar aos regimentos, até então na expectativa do ataque
alemão, a convicção, na maior batalha de todos os tempos, de que a decisão final
dessa guerra não ia depender do arrojo da ofensiva alemã e sim de sua
persistência na defensiva. Os alemães podiam obter quantas vitórias quisessem,
na sua pátria esperava-se uma revolução e não o exército vitorioso.
Os
jornais ingleses, franceses e americanos começaram a semear essa convicção no
coração de seus leitores, enquanto uma propaganda imensamente hábil era
utilizada com o fim de elevar o moral das tropas.
"A Alemanha às
vésperas da revolução! A vitória dos aliados inevitável!" Este foi o melhor
remédio para pôr o indeciso Tommy e o Poilu de novo firmes sobre as pernas.
Podiam agora fazer funcionar de novo os fuzis e os fuzis-metralhadoras e, no
lugar de uma fuga em pânico, estabeleceu-se resistência cheia de esperanças.
Foi esse o resultado da greve das munições. Ela reavivou entre os povos
inimigos a fé na vitória e pôs termo à paralisaste depressão no front aliado. Em
conseqüência disso, milhares de soldados alemães tiveram que pagar com seu
sangue esse desatino. Os promotores desse mais que infame golpe eram aqueles que
esperavam obter os mais elevados postos administrativos na Alemanha
revolucionária.
Do lado alemão poder-se-ia talvez ter reagido com
sucesso, do lado do inimigo entretanto as conseqüências eram inevitáveis. A
resistência tinha deixado de ser aquela oferecida por um exército que
considerava tudo perdido e foi substituída por uma luta de vida e de morte pela
vitória.
A vitória tinha de vir. Bastava para isso que o front ocidental
resistisse alguns meses à ofensiva alemã. Nos parlamentos da Entente
reconheceram-se as possibilidades do futuro, e foram concedidos créditos imensos
para a continuação da propaganda com o fim de destruir a unidade alemã.
Eu tive a felicidade de poder tomar parte nas duas primeiras ofensivas e na
última.
Estas se tornaram a mais tremenda impressão de toda minha vida;
tremenda porque, pela última vez, a luta perdeu o seu caráter de defensiva e
tornou-se uma ofensiva, como em 1914. Pelas trincheiras dó exército alemão
passou um novo alento quando, finalmente, depois de três anos de espera no
inferno inimigo, tinha chegado o dia da "revanche". Mais uma vez exultaram os
batalhões vitoriosos e as últimas coroas de louro entrelaçaram-se às bandeiras
vitoriosas. Mais uma- vez retumbaram as canções à Pátria, ao longo das colunas
em marcha, e, pela última vez, a misericórdia divina sorria a seus filhos
ingratos.
Em pleno verão de 1918, pairava uma atmosfera pesada sobre o
front. Na Pátria havia dissenções. Qual era a causa? Muita coisa se contava
entre as diversas unidades do exército. Dizia-se que a guerra agora se tornara
sem finalidade, pois, somente loucos poderiam acreditar na vitória. Não era mais
o povo, e sim os capitalistas e a monarquia que estavam interessados em
continuar a guerra. Todas essas notícias vinham da Pátria e eram discutidas no
front.
No princípio o soldado pouco reagia contra isso. Que nos
importava o sufrágio universal? Era por ele que nós vínhamos combatendo há
quatro anos? Foi um golpe infame esse de roubar dessa maneira, no túmulo, a
finalidade da guerra ao herói morto. Há tempos os jovens regimentos não tinham
marchado, em Flandres, para a morte, com o grito "Viva o sufrágio universal
secreto" e sim bradando "Deutschland über alles". Pequena, porém, não
totalmente- insignificante diferença! Aqueles que gritavam pelo direito de voto,
na sua grande maioria, não tinham estado lá para lutar por essa conquista. O
front não conhecia essa canalha política. Lá- onde se encontravam os alemães
decentes que permaneceriam, enquanto sentissem um sopro de vida, só se via uma
fração diminuta dos senhores parlamentares.
O front, na sua primitiva
situação, tinha muito pouco interesses pelo novo alvo de guerra dos senhores
Ebert, Scheidmann, Barth, Liebknecht. etc. Não se podia compreender porque esses
reacionários se arrogavam o direito de, passando por cima do exército, controlar
o Estado.
Minhas noções políticas pessoais estavam fixadas desde o
começo. Eu odiava essa corja de miseráveis partidários traidores da nação. Há
muito tempo eu tinha compreendido que para esses tratantes não se- tratava do
bem da nação e sim de encher os seus bolsos vazios. E o fato de eles estarem
dispostos a sacrificar a Nação inteira por esse fim e de permitir, se necessário
fosse, a destruição da Alemanha, fez com que perante meus olhos merecessem a
forca. Tomar em consideração os seus desejos significava sacrificar os
interesses do povo trabalhador em favor de alguns batedores de carteira. Só se
poderia satisfazer os seus desejos no caso de se estar decidido a abrir mão da
sorte da Alemanha. Assim pensava a maioria do exército combatente. Mas o reforço
vindo da Pátria se tornava cada vez menos eficiente, de sorte que a sua vida, em
vez de produzir um aumento de combatividade, tinha o efeito contrário. Sobretudo
o reforço constituído pelos novos soldados era na maior parte inútil.
Dificilmente se poderia acreditar que esses eram filhos do mesmo povo que tinha
mandado a sua juventude para a luta em Ypres.
Em agosto e setembro,
aumentaram cada vez mais os sintomas de decadência, embora o efeito do ataque
inimigo não pudesse ser comparado com o pavor produzido pelas nossas batalhas
defensivas de outrora. Comparadas a elas, as batalhas do Somme e de Flandres
eram coisas do passado, de horripilante memória.
Em fins de setembro, a
minha divisão, pela terceira vez, chegava às posições que tínhamos tomado de
assalto, quando éramos ainda um regimento de voluntários, recentemente formado.
Que reminiscências! Em outubro e novembro de 1914, tínhamos ali recebido
nosso batismo de fogo. Com o coração ardendo de patriotismo e com canções nos
lábios, tinha o nosso novo regimento seguido para a batalha, como para uma
festa. O sangue mais caro era dado com prazer à Pátria, pensando cada um com
isso garantir à Nação a sua independência e a sua liberdade.
Em julho de
1917, pisamos, pela segunda vez, o solo tão sagrado para nós todos, pois nele
repousavam nossos melhores camaradas que, quase ainda crianças, tinham se
lançado à morte, de olhos fixos na Pátria querida! Nós, os velhos, que outrora
ali passamos com nosso regimento, quedávamo-nos respeitosamente comovidos diante
desse lugar sagrado, onde tínhamos jurado "fidelidade e obediência até à morte".
Esse terreno, há três anos atrás tomado de assalto pelo nosso regimento, tinha
agora de ser defendido numa tremenda batalha defensiva.
O Inglês
preparava a grande ofensiva do Flandres com um fogo de barragem que já durava
três semanas. Parecia então que o espírito dos mortos revivia; o regimento se
agarrava com unhas e dentes à lama imunda, apagava-se aos buracos e às fendas do
solo, sem se abalar nem ceder um palmo, e ia se tornando, como já uma vez, cada
vez mais desfalcado, até que, finalmente a 31 de julho de 1917, se desencadeou o
ataque dos ingleses.
Nos primeiros dias de agosto fomos substituídos. O
regimento tinha se transformado em algumas companhias; estas marchavam para a
retaguarda, recobertas de lama, mais se assemelhando a espectros do que a
criaturas. Fora algumas centenas de metros de buracos de granadas, o inglês só
tinha conseguido encontrar a morte.
Agora no outono de 1918, estávamos,
pela terceira vez, no terreno da ofensiva de 1914. A nossa cidadezinha, Comines,
outrora tão sossegada, tinha se transformado em campo de batalha. É verdade que,
embora o terreno da luta fosse o mesmo, as criaturas tinham mudado: fazia-se
agora política entre a tropa. O veneno da Pátria começou, como em toda parte, a
trazer até aqui os seus efeitos. Os reforços mais novos falharam inteiramente -
eles tinham vindo da Pátria, já contaminados.
Na noite de 13 a 14 de
outubro, começou o bombardeio a gás na frente sul de Ypres. Empregava-se um gás
cujo efeito ignorávamos ainda. Nessa mesma noite, eu devia conhecê-lo por
experiência própria. Estávamos ainda numa colina ao sul de Werwick, na noite de
13 de outubro, quando caímos sobre um fogo de granadas que já durava horas e que
se prolongou pela noite a dentro, de maneira mais ou menos violenta. Lá por
volta de meia-noite, já uma parte de nossos companheiros tinha sido posta fora
de combate, alguns para sempre. Pela manhã senti também uma dor que de 15 em 15
minutos se tornava mais aguda e, às 7 horas da manhã, trôpego e tonto, com os
olhos ardendo, eu me retirava levando comigo a minha última mensagem da guerra.
Já algumas horas mais tarde, os meus olhos tinham se transformado em carvão
incandescente. Em torno de mim tudo estava escuro.
Foi assim que eu vim
para o hospital de Pasewalk na Pomerânia e ali tive de assistir a revolução!
Já há algum tempo pairava no ar algo de incerto e desagradável. Dizia-se
que, dentro de algumas semanas, ia haver alguma coisa. Eu não compreendia o que
se queria dizer com isso. Primeiramente, pensei numa greve semelhante à da
primavera. Boatos desfavoráveis com relação à Marinha apareciam constantemente,
dizia-se que esta estava em plena efervescência. Pensei que isso fosse mais o
resultado da fantasia de alguns indivíduos do que a opinião da grande massa. No
hospital quase todos falavam esperançados no breve término da guerra, porém,
ninguém contava com isso "imediatamente". Os jornais, eu não os podia- ler.
Em novembro aumentou a tensão geral.
E, finalmente, um dia,
inopinadamente, deu-se a desgraça. Marinheiros vindos em caminhões incitavam à
revolução. Alguns rapazolas judeus eram os "dirigentes" dessa luta pela
"liberdade, beleza e dignidade" de nosso povo. Nenhum deles tinha estado no
front. Os três orientais tinham sido mandados para casa pelo recurso a um
"lazareto de doenças venéreas". Agora içavam na Pátria o trapo vermelho.
Ultimamente, eu tinha melhorado um pouco. A dor cruciante nos olhos
diminuía. Aos poucos eu conseguia - distinguir imprecisamente os que me
cercavam. Podia alimentar a esperança de recuperar a vista, ao menos a ponto de
poder exercer mais tarde uma profissão qualquer. É verdade que eu não poderia
jamais pensar em desenhar. Achava-me assim no caminho da convalescença, quando
aconteceu a calamidade.
Ainda tive a esperança de que se tratasse de uma
traição mais ou menos de caráter local. Cheguei a procurar convencer alguns
camaradas nesse sentido. Sobretudo os meus companheiros bávaros do hospital
estavam inclinados a pensar assim. Lá o ambiente era tudo, menos revolucionário.
Nunca pude imaginar que também era Munique a loucura se desencadeasse. A mim me
parecia que a fidelidade à digna casa de Witteisbach fosse mais forte do que a
vontade de alguns judeus. Assim me convenci de que se tratava de um
pronunciamento simples da Marinha, o qual seria dominado em poucos dias.
Os dias seguintes foram passando e, com eles, veio a mais terrível certeza
de minha vida. Os boatos aumentavam constantemente. O que eu tinha tomado por
uma questão local era na realidade uma revolução geral. Além disso chegavam a
cada instante as noticias mais vergonhosas do front. Queria-se capitular.
Mas, Senhor, seria possível tal coisa?
A dez de novembro o velho
pastor veio ao hospital para uma pequena prédica.
Foi então que soubemos
de tudo.
Estava presente e fiquei profundamente emocionado. O velho e
digno senhor parecia tremer ao nos comunicar que a casa dos Hohenzollern não
mais poderia usar a coroa imperial e que a Pátria se tinha transformado em
república, e que só restava pedir ao Todo-Poderoso que concedesse a sua bênção a
essa transformação e não abandonasse o nosso povo de futuro. Ele não podia
deixar de, em poucas palavras, relembrar a casa imperial; queria prestar
homenagens aos serviços dessa Casa à Prússia, à Pomerânia, enfim a toda Pátria
alemã e, nesse momento, o bom velho começou a chorar. No pequeno salão havia
profundo desânimo em todos os corações e creio que não havia quem pudesse conter
as lágrimas. Quando o pastor procurou continuar e começou a comunicar que
teríamos que acabar essa longa guerra e que a nossa Pátria, agora que tínhamos
perdido a guerra e estávamos sujeitos à misericórdia do inimigo, iria sofrer
grandes opressões e que o armistício seria aceito dependendo da magnanimidade
dos nossos inimigos - eu não me contive. Para mim era impossível permanecer onde
estava. Comecei a ver tudo preto em torno de mim e cambaleando voltei ao
dormitório. Joguei-me na cama e cobri a cabeça em fogo com o cobertor e o
travesseiro.
Desde o dia em que estivera diante do túmulo de minha mãe
nunca mais tinha chorado. Quando na minha juventude o destino era duro para
comigo, a minha pertinácia aumentava. Quando, durante os longos anos de guerra,
a morte colhia um dos nossos caros camaradas e amigos, parecia-me um pecado
queixar-me e lamentar a perda. Não morriam eles pela Alemanha? Quando, nos
últimos dias da terrível luta fui atingido pelo gás terrível que começou a
corroer os meus olhos, tive no momento de susto ímpetos de fraquejar diante de
expectativa da cegueira eterna. Imediatamente ouvi dentro de mim a voz da
consciência bradar: miserável poltrão ainda queres chorar quando há milhares que
sofrem mais do que tu! E assim conformei-me, calado, com o destino. Agora porém
não suportava mais.
Só então verifiquei como a dor pessoal desaparece
diante da desgraça da Pátria.
Tudo tinha sido em vão. Em vão todos os
sacrifícios e privações, e em vão a fome e a sede de meses sem fim. Em vão as
horas em que, transidos de pavor, cumpríamos assim mesmo o nosso dever, e em vão
a morte de dois milhões que então caíram. Seria que não se iam abrir os túmulos
das centenas de milhares que outrora tinham partido com fé na Pátria para nunca
mais voltarem? Não se iriam abrir esses túmulos, a fim de enviarem à nação os
heróis mudos enlameados e ensangüentados, quais espíritos vingativos, pela
traição do maior sacrifício que um homem pode oferecer nesse mundo? Foi para
isso que morreram os soldados de agosto e setembro de 1914? Foi para isso que se
lhes ajuntaram os regimentos de voluntários do Outono desse mesmo ano? Foi para
isso que rapazes de 17 anos tombaram na terra de Flandres? Era esse o sentido do
sacrifício oferecido pelas mães alemãs à Pátria, quando, com o coração partido,
deixavam partir seus filhos mais caros para não mais revê-los? Tudo isso
aconteceu para que agora um punhado de miseráveis criminosos pudesse pôr a mão
sobre a Pátria?
Foi para isso que o soldado alemão tinha persistido, ao
sol e à neve, sofrendo fome, sede, frio e cansaço das noites sem dormir e das
marchas sem fim? Foi para Isso que ele, sempre com o pensamento no dever de
proteger a Pátria contra o Inimigo, se expôs sem recuar ao inferno de fogo de
barragem, e à febre dos gases asfixiantes?
Na verdade, também esses
heróis merecem uma lápide em que se escreva:
"Viajante que vindes à
Alemanha, contai à nação que aqui repousamos fiéis à Pátria e obedientes ao
dever".
E a Pátria?
Seria esse o único sacrifício que teríamos
de suportar?
Valeria a Alemanha do passado menos do que supúnhamos? Não
tinha ela obrigações para com a sua própria História? Éramos nós ainda dignos de
nos cobrir com a glória do seu passado? Como poderíamos justificar às gerações
futuras esse ato do presente?
Miseráveis e depravados criminosos! Quanto
mais eu procurava esclarecer as idéias, nessa hora, com relação ao terrível
acontecimento, tanto mais eu corava de raiva e de vergonha. Que significavam
todas as dores dos meus olhos comparadas com essa miséria.
Seguiram-se
dias terríveis e noites mais terríveis ainda. Eu sabia que tudo estava perdido.
Contar com a misericórdia, do inimigo era loucura.
Nessas noites cresceu
em mim o ódio contra os responsáveis por esses acontecimentos. Nos dias que se
seguiram tive a consciência do meu destino. Ri-me, ao pensar no meu futuro, que
há pouco tempo me tinha preocupado. Não seria ridículo querer construir um
edifício sólido sobre tais bases? Finalmente me convenci que o que havia
acontecido era o que eu havia sempre temido. Somente não tinha podido acreditar.
O imperador Guilherme II tinha sido o primeiro imperador alemão que tinha
oferecido a mão à conciliação com os líderes do marxismo, sem se lembrar que
bandidos não têm honra. Enquanto eles seguravam a mão do imperador com a outra
procuravam o punhal.
Com judeus não se pode pactuar. Só há um pró ou um
contra.
Eu, porém, resolvi tornar-me político.
CAPÍTULO VIII - COMEÇO DE MINHA ATIVIDADE POLÍTICA
Em fins de
novembro de 1918 voltei para Munique. De novo entrei no batalhão de reserva do
meu regimento, o qual se achava então nas mãos dos "conselhos de soldados".
Senti-me tão enojado que resolvi abandonar o batalhão, logo que me fosse
possível. Juntamente com o meu fiel camarada de guerra, Schmidt Ernest,
dirigi-me para Traunstein e ali permaneci até a dissolução do acampamento.
Em março de 1919, voltamos de novo para Munique.
A situação era
insustentável. A continuação da revolução se tornara fatal. A morte de Eisner
tinha tido apenas o efeito de apressar os acontecimentos, provocando a ditadura
dos Conselhos, ou, melhor, um domínio temporário dos judeus, objetivo que tinham
em vista aqueles que provocaram a revolução.
Por essa época, passavam
pela minha cabeça planos e mais planos. Dias a fio eu meditava sobre o que se
poderia fazer, mas chegava sempre à conclusão de que, devido ao fato de ser eu
um desconhecido, não possuía os requisitos indispensáveis para garantia do êxito
de qualquer atuação. Mais adiante voltarei a falar sobre os motivos que me
induziram a não me filiar a nenhum dos partidos então existentes.
Durante a nova revolução dos Conselhos, assumi, pela primeira vez, uma
atitude que me custou a má vontade do Conselho Central. Em 27 de abril de 1919,
pela manhã cedo, eu devia ser preso. Entretanto, diante de um fuzil com que eu
os ameacei, os três rapazolas incumbidos de me prender, perderam a coragem e
desistiram da idéia.
Alguns dias depois da libertação de Munique, fui
intimado a comparecer diante da comissão de sindicâncias, a fim de prestar
esclarecimentos sobre os acontecimentos relativos à revolução no 2o. regimento
de infantaria.
Foi essa a minha primeira incursão no campo da atividade
puramente política.
Algumas semanas mais tarde, recebi ordem de tomar
parte num "curso" destinado aos membros da milícia de defesa. Esse curso visava
dar aos soldados certas bases de orientação cívica. Para mim a vantagem da
iniciativa consistia no fato de eu poder travar conhecimento com alguns
camaradas que pensavam da mesma maneira que eu, e com os quais eu podia discutir
detalhadamente a situação do momento. Estávamos todos mais ou menos convencidos
de que a Alemanha não se poderia salvar do colapso cada vez mais próximo, por
intermédio dos partidos do centro e da social-democracia. que tinham sido
causadores do crime de novembro. Além disso, sabíamos que os chamados partidos
dos "burgueses nacionais" não poderiam, mesmo com a melhor boa vontade do mundo,
conseguir reparar o mal já feito. Faltava uma série de condições essenciais, sem
as quais o êxito não seria possível. O decorrer do tempo provou a justeza das
nossas previsões. Com essas idéias, discutimos, no pequeno círculo de camaradas,
a formação de um novo partido.
As idéias fundamentais que então
possuíamos eram as mesmas que mais tarde foram realizadas no "Partido
Trabalhista Alemão". O nome do movimento a ser inaugurado tinha de, desde o
princípio, oferecer a possibilidade de uma aproximação com a grande massa. Sem
essa condição, todo trabalho parecia inócuo e sem finalidade. Assim, ocorreu-nos
o nome "Partido Social Revolucionário", e isso porque os pontos de vista sociais
do novo partido significavam na realidade uma revolução.
A razão mais
profunda, entretanto, estava no seguinte:
Conquanto eu me tivesse
ocupado outrora do exame dos problemas econômicos, nunca tinha ultrapassado os
limites de certas considerações despertadas pelo estudo das questões sociais.
Somente mais tarde alargaram-se os meus horizontes com o exame da política
de aliança da Alemanha. Essa política, em grande parte, era o resultado de uma
falsa avaliação do problema econômico, bem como da falta de clareza quanto às
possíveis bases de subsistência do povo alemão no futuro. Todas essas idéias,
porém, eram baseadas ainda na opinião de que, em todo o caso, o capital era
somente o produto do trabalho e, portanto, como este mesmo sujeito à correção de
todos aqueles fatores que desenvolvem ou restringem a atividade humana. Ai então
estaria a significação nacional do capital. Ele dependia de uma maneira tão
imperiosa da grandeza, liberdade e poder do Estado, portanto da Nação, que a
reunião dos dois por si mesma estava destinada a guiar o Estado e a Nação,
impulsionados ambos pelo capital, pelo simples instinto de conservação e de
multiplicação. Essa dependência do capital em relação ao Estado livre forçava
aquele a, por seu lado, intervir pela liberdade, pelo poder, e grandeza da
Nação.
O problema do Estado em relação ao capital tornava-se assim
simples e claro. Ele só teria de fazer com que o capital se mantivesse a serviço
do Estado e evitar que esse se convencesse de que era o dono da nação. Essa
atitude podia-se manter em dois limites: conservação de uma economia viva
nacional e independente, de um lado, garantia de direitos sociais dos
empregados, de outro lado.
Anteriormente eu não tinha conseguido ainda
distinguir, com a clareza que seria de desejar, a diferença entre o capital
considerado como resultado final do trabalho produtivo, e o capital cuja
existência repousa exclusivamente na especulação.
Esta diferença foi
exaustivamente tratada e esclarecida por Gottfied Feder, professor em um dos
cursos já por mim citados.
Pela primeira vez na minha vida, assisti a
uma exposição de princípios relativa ao capital internacional, no que diz
respeito a movimentos de bolsa e empréstimos.
Depois do ter ouvido a
primeira preleção de Feder, passou-me imediatamente pela cabeça a idéia de ter
então encontrado uma das condições básicas para a fundação de um novo partido.
Aos meus olhos o mérito de Feder consistia em ter pintado, com as cores
mais fortes, o caráter especulativo, assim como econômico, do capital
internacional e ter mostrado a sua eterna preocupação de juros.
As suas
exposições eram tão certas em todas as questões fundamentais, que os críticos
das mesmas desde logo combatiam menos a veracidade teórica da idéia do que a
possibilidade prática de sua execução. Assim, aquilo que aos olhos de outros era
considerado o lado fraco das idéias de Feder, constituía aos meus o seu ponto
mais forte.
A missão de um doutrinador não é a de estabelecer vários
graus de exequibilidade de uma determinada causa, e sim a de esclarecer o fato
em si. Isso quer dizer, que o mesmo deve se preocupar menos com o caminho a
seguir do que com o fim a atingir. Aqui, o que decide é a veracidade, em
princípio, de uma idéia, e não a dificuldade de sua execução. Assim que o
doutrinador procura, em lugar da verdade absoluta, levar em consideração as
chamadas "oportunidade" e "realidade", deixará ele de ser uma estréia polar da
humanidade para se transformar em um receitador quotidiano. O doutrinador de um
movimento deve estabelecer a finalidade do mesmo; o político deve procurar
realizá-lo. Um, portanto, dirige seu modo de pensar pela eterna verdade, o outro
é dirigido na sua ação pela realidade prática. A grandeza de um reside na
verdade absoluta e abstrata de sua idéia, a do outro no ponto de vista certo em
que se coloca com relação aos fatos e ao aproveitamento útil dos mesmos, sendo
que a este deve servir de guia o objetivo do doutrinador. Enquanto o sucesso dos
planos e da ação de um político, isto é, a realização dessas ações, pode ser
considerada como pedra-de-toque da importância desse político, nunca se poderá
realizar a última intenção do doutrinador, pois ao pensamento humano é dado
compreender as verdades, armar ideais claros como cristal, porém a realização
dos mesmos tem de se esboroar diante da imperfeição e insuficiência humanas.
Quanto mais abstratamente certa, e, portanto, mais formidável for uma idéia,
tanto mais impossível se torna a sua realização, uma vez que ela depende de
criaturas humanas É por isso que não se deve medir a importância dos
doutrinadores pela realização de seus fins, e sim pela verdade dos mesmos e pela
influência que eles tiveram no desenvolvimento da humanidade. Se assim não
fosse, os fundadores de religiões não poderiam ser considerados entre os maiores
homens desse mundo, porquanto a realização de suas intenções éticas nunca será,
nem aproximadamente, integral. Mesmo a religião do amor, na sua ação, não é mais
do que um reflexo fraco da vontade de seu sublime fundador; a sua importância
entretanto reside nas diretrizes que ela procurou imprimir ao desenvolvimento
geral da cultura e da moralidade entre os homens.
A grande diversidade
entre os problemas do doutrinador e os do político é um dos motivos por que
quase nunca se encontra uma união entre os dois, em uma mesma pessoa. Isto se
aplica sobretudo ao chamado político de "sucesso", de pequeno porte, cuja
atividade de fato nada mais é do que a "arte do possível", como modestamente
Bismarck cognominava a política. Quanto mais livre tal político se mantém de
grandes idéias tanto mais fáceis, comuns e também visíveis, sempre entretanto
mais rápidos, serão os seus sucessos. É verdade também que esses estão
destinados ao esquecimento dos homens e, às vezes, não chegam a sobreviver à
morte de seus criadores. A obra de tais políticos é, de modo geral sem valor
para a posteridade, pois o seu sucesso no presente repousa no afastamento de
todos os problemas e Idéias grandiosos que como tais teriam sido de grande
importância para as gerações futuras.
A realização de idéias destinadas
a ter influência sobre o futuro é pouco lucrativa e só muito raramente é
compreendida pela grande massa, à qual Interessam mais reduções de preço de
cerveja e de leite do que grandes planos de futuro, de realização tardia e cujo
benefício, finalmente, só será usufruído pela posteridade.
É assim que,
por uma certa vaidade, vaidade esta sempre inerente à política, a maioria dos
políticos se afasta de todos os projetos realmente difíceis, para não perder a
simpatia da grande massa. O sucesso e a importância de tal político residem
exclusivamente no presente, e não existem para a posteridade. Esses microcéfalos
pouco se Incomodam com isso: eles se contentam com pouco.
Outras são as
condições do doutrinador. A sua importância quase sempre está no futuro, por
Isso não é raro ser ele considerado lunático. Se a arte do político é
considerada a arte do possível, pode-se dizer do idealista que ele pertence
àqueles que só agradam aos deuses, quando exigem e querem o impossível. Ele terá
de quase sempre renunciar ao reconhecimento do presente; colhe, entretanto, caso
suas idéias sejam imortais, a glória da posteridade.
Em períodos raros
da história da humanidade pode acontecer que o política e o idealista se reunam
na mesma pessoa. Quanto mais intima for essa união, tanto maior serão as
resistências opostas à ação do político. Ele não trabalha mais para as
necessidades ao alcance do primeiro burguês, e sim por ideais que só poucos
compreendem. É por isso que sua vida é alvo do amor e do ódio. O protesto do
presente, que não compreende o homem, luta com o reconhecimento da posteridade
pela qual ele trabalha.
Quanto maiores forem as obras de um homem pelo
futuro, tanto menos serão elas compreendidas pelo presente; tanto mais pesada é
a luta tanto mais raro é o sucesso. Se em séculos esse sorri a um, é possível
que em seus últimos dias o circunde um leve halo da glória vindoura. É verdade
que esses grandes homens são os corredores de Maratona da História. A coroa de
louros do presente toca mais comumente às têmporas do herói moribundo.
Entre eles se contam os grandes lutadores que, incompreendidos pelo
presente, estão decididos a lutar por suas idéias e seus ideais. São eles que,
mais tarde, mais de perto, tocarão o coração do povo. Parece até que cada um
sente o dever de no passado redimir o pecado cometido pelo presente. Sua vida e
sua ação são acompanhadas de perto com admiração comovidamente grata, e
conseguem, sobretudo nos dias de tristeza, levantar corações quebrados e almas
desesperadas. Pertencem a essa classe não só os grandes estadistas, como também
todos os grandes reformadores. Ao lado de Frederico o Grande, figura aqui
Martinho Lutero, bem como Ricardo Wagner.
Quando assisti a primeira
conferência de Gottfried Feder sobre a "abolição da escravidão do juro", percebi
imediatamente que se tratava aqui de uma verdadeira teoria destinada a imensa
repercussão no futuro do povo alemão. A separação acentuada entre o capital das
bolsas e a economia nacional, oferecia a possibilidade de se enfrentar a
internacionalização da economia alemã, sem ameaçar o princípio da conservação da
existência nacional independente, na luta contra o capital. Eu via com- bastante
clareza o desenvolvimento da Alemanha, para não perceber que a maior luta não
seria contra os povos inimigos e sim contra o capital internacional. Senti na
conferência de Feder o formidável grito de guerra para a próxima luta.
Os fatos, mais tarde, vieram demonstrar quão certo era o nosso
pressentimento de então. Hoje em dia não somos mais ridicularizados pelos
idiotas da nossa política burguesa; hoje em dia, mesmo esses, desde que não
sejam mentirosos conscientes, reconhecem que o capital internacional não foi só
o maior Instigador da guerra, como, mesmo após o término da luta, continua a
transformar a paz num inferno.
O combate contra a alta finança
internacional se tornou um dos pontos capitais do programa na luta da nação
alemã pela sua independência econômica e pela sua liberdade.
Quanto às
restrições feitas pelos chamados homens práticos, pode-se-lhes responder da
seguinte maneira: todos os receios relativos às terríveis conseqüências
econômicas provenientes da realização da abolição da "escravidão do juro" são
supérfluas. Antes de tudo, as receitas econômicas até então usadas deram muito
maus resultados ao povo alemão. As atitudes com relação a uma afirmação nacional
lembram-nos vivamente o parecer de peritos semelhantes de outros tempos: por
exemplo, da junta médica bávara, com relação à questão da introdução da estrada
de ferro. Todos os receios dessa sábia corporação não se realizaram; os
viajantes dos trens, do novo cavalo a vapor, não ficavam tontos, os espectadores
também não ficavam doentes e desistiu-se dos tapumes de madeira destinados a
tomar essa nova organização invisível. Só se conservaram, para a posteridade, as
paredes de madeira nas cabeças de todos os chamados peritos.
Em segundo
lugar, deve-se tomar nota do seguinte: toda idéia, por melhor que ela seja,
torna-se perigosa quando ela imagina ser um desideratum, quando na realidade não
é mais do que um meio para um fim. Para mim, porém, e para todos os verdadeiros
nacionais socialistas, só há uma doutrina: Povo e Pátria.
O objetivo da
nossa luta deve ser o da garantia da existência e da multiplicação de nossa raça
e do nosso povo, da subsistência de seus filhos e da pureza do sangue, da
liberdade e independência da Pátria, a fim de que o povo germânico possa
amadurecer para realizar a missão que o criador do universo a ele destinou.
Todo pensamento e toda idéia, todo ensinamento e toda sabedoria, devem
servir a esse fim. Tudo deve ser examinado sob esse ponto de vista e utilizado
ou rejeitado segundo a conveniência. Assim é que não há teoria que se possa
impor como doutrina de destruição, pois tudo tem de servir à vida.
Foi
assim que os dogmas de Gottfried Feder me incitaram a me ocupar de uma maneira
decidida com esses assuntos que eu pouco conhecia.
Comecei a aprender e
compreender, só agora, o sentido e a finalidade da obra do judeu Karl Marx. só
agora compreendi bem seu livro - "O Capital" - assim como a luta da
social-democracia contra a economia nacional, luta essa que tem em mira preparar
o terreno para o domínio da verdadeira alta finança internacional.
Também em outro sentido foram esses cursos de grandes conseqüências para
mim. Certo dia pedi a palavra. Um dos presentes achou que devia quebrar lanças
pelos judeus e começou a defendê-los em longas considerações. Essa atitude
provocou de minha parte uma réplica. A grande maioria dos presentes ao curso
colocou-se do meu lado. O resultado, porém, foi que poucos dias depois
determinaram a minha inclusão num regimento de Munique como "oficial de cultura
intelectual".
Naquela época a disciplina da tropa era bem fraca, ela
sofria as conseqüências do período dos "Conselhos de Soldados". Só aos poucos e
com muita- cautela poder-se-ia ir restabelecendo a disciplina militar e a
subordinação, em lugar da obediência "voluntária" - como se costumava designar o
chiqueiro sob o regime de Kurt Eisner. A tropa tinha de aprender a sentir e a
pensar de maneira nacional e patriótica. A minha atividade dirigia-se nesses
dois sentidos.
Comecei o trabalho com todo entusiasmo e amor. Tinha de
repente a oportunidade de falar diante de um auditório maior, e aquilo que já
antigamente, sem saber, eu aceitava por puro sentimento, realizou-se: eu sabia
"falar". Também a voz tinha melhorado bastante, a ponto de me fazer ouvir
suficientemente em todos os pontos do pequeno compartimento dos soldados.
Não havia missão que me fizesse mais feliz do que essa, pois agora, antes
de minha saída, poderia prestar serviços úteis à instituição que tão de perto me
tocava o coração: ao exército.
Posso dizer que a minha atuação foi
coroada de êxito: centenas, talvez milhares de camaradas foram por mim
reconduzidos, no decorrer das minhas lições, ao seu povo e à sua Pátria. Eu
"nacionalizava" a tropa e podia, por esse meio, auxiliar a fortalecer a
disciplina geral.
Ainda uma vez tive oportunidade de conhecer uma série
de camaradas, que pensavam como eu, e que mais tarde começaram a edificar a base
do novo movimento.
CAPÍTULO IX - O PARTIDO TRABALHISTA ALEMÃO
Um dia recebi ordem
da autoridade superior para ir verificar o que se passava num grêmio
aparentemente político, cujo nome era "Partido Trabalhista Alemão". O dito
grêmio pretendia realizar uma reunião por aqueles dias, em que deveria falar
Gottfried Feder. A missão de que fui incumbido era ir até lá verificar o que se
passava e, em seguida, apresentar um relatório.
A curiosidade do
exército de então em relação aos partidos políticos era mais do que
compreensível. A revolução tinha dado ao soldado o direito de participação na
política. Desse direito faziam uso justamente os mais inexperientes. Só no
momento em que o Centro e a social-democracia tiveram de reconhecer, com grande
pesar, que as simpatias dos soldados começavam a se afastar dos partidos
revolucionários para se inclinarem pelo movimento de reerguimento da nação, é
que se julgou necessário retirar da tropa o direito de voto e de participação na
política.
Era óbvio que o Centro e o marxismo lançassem mão dessas
medidas, pois se não se tivesse procedido ao corte dos "direitos cívicos" - como
se costumava denominar a igualdade de direitos políticos dos soldados após a
revolução - não teria havido, poucos anos depois, o chamado governo de novembro
e, consequentemente, teria sido evitada essa desonra nacional A tropa estava
naturalmente indicada para livrar a Nação dos sugadores da Entente.
O
fato de os chamados partidos "nacionais" concordarem entusiasmados com a
modificação do programa dos criminosos de novembro, para tornar, por esse modo,
ineficiente o exército como instrumento de ressurreição nacional, demonstrou
mais uma vez até onde podem levar as idéias exclusivamente doutrinárias desses
"mais inocentes dos inocentes". Essa burguesia, doente de senilidade mental,
pensava com toda seriedade que o exército voltaria a ser o que tinha sido, isto
é, um sustentáculo da defesa nacional, enquanto o Centro e o Marxismo só
pensavam em lhe extrair. o dente perigoso do nacionalismo, sem o qual o exército
não é mais do que uma policia e nunca uma tropa capaz de lutar com o inimigo.
Tudo isso o futuro encarregou-se de provar à saciedade.
Pensariam
porventura, os nossos "políticos nacionais" que a transformação da mentalidade
do exército se pudesse processar em outro sentido que não o nacional? Essa é a
miserável mentalidade desses senhores, e isso provém do fato deles, em vez, como
soldados, terem combatido no front, terem ficado, nas suas cômodas posições,
como parladores, isto é, conversadores parlamentares.
Não podiam ter a
mínima idéia do que se passava no coração de homens que a posteridade
reconhecerá como os primeiros soldados do mundo.
Decidi-me então a ir
assistir à Assembléia desse partido, até então inteiramente desconhecido para
mim.
Quando cheguei, à noite, ao "Leiberzimmer" da antiga cervejaria
Sternecker, o qual deveria mais tarde se tornar histórico para nós, encontrei
ali umas 20 a 25 pessoas, na maioria gente das mais baixas camadas do povo.
A conferência de Feder já me era conhecida dos tempos em que eu freqüentava
os seus cursos, de sorte que fiz abstração da mesma e me preocupei em observar o
auditório.
A impressão que tive não foi má; um grêmio recém-fundado como
muitos outros. Estávamos justamente em uma época em que todo o mundo se julgava
habilitado a fundar um novo partido, isso porque a ninguém agradava o rumo que
as coisas tomavam e os partidos existentes não mereciam nenhuma confiança. Por
toda parte apareciam novas associações que logo depois desapareciam sem deixar o
menor vestígio de sua passagem. Geralmente os fundadores não tinham a menor
idéia do que fosse transformar uma associação em um partido ou mesmo iniciar um
movimento. Soçobravam assim essas fundações, quase sempre diante de sua ridícula
estreiteza de idéias.
Não foi de outra forma que julguei "o Partido
Trabalhista Alemão", após assistir durante duas horas uma de suas sessões.
Fiquei contente quando Feder terminou seu discurso. Tinha visto o bastante, e já
me dispunha a sair quando a anunciada abertura dos debates livres me induziu a
ficar. Parecia que tudo ia correr sem significação, até que, de repente, começou
a falar um "Professor", o qual inicialmente pôs em dúvida a exatidão dos
argumentos de Feder. Ante uma resposta muito adequada de Feder, colocou-se o
dito "Professor" de repente "no terreno das realidades:", sem, porém, deixar de
recomendar muito oportunamente ao jovem partido adotar, como ponto importante de
seu programa, a luta pela "separação" da Baviera da Prússia. O homenzinho
afirmava atrevidamente que, nesse caso, a Áustria alemã sobretudo, se ligaria
imediatamente à Baviera, que a paz seria então muito melhor, e outros absurdos.
Não me contive mais e pedi a palavra, a fim de fazer sentir ao erudito senhor a
minha opinião nesse ponto e fi-lo com tanto sucesso que meu antecessor na
tribuna abandonou o recinto como um cão batido, antes mesmo de eu acabar.
Enquanto eu falava, a assistência ouvia cheia de espanto e quando eu me dispunha
a dizer boa-noite à assembléia e retirar-me, um dos assistentes dirigiu-se a
mim, apresentou-se (nem pude compreender direito o seu nome), colocou em minhas
mãos um pequeno livreto, visivelmente uma brochura política, com o pedido
insistente de lê-la.
Para mim isso foi muito agradável, pois era de
esperar que, por esse meio, pudesse conhecer de maneira mais fácil aquela
sociedade maçante, sem ter, depois, de assistir a sessões tão desinteressantes.
Além disso, eu tinha tido uma boa impressão desse desconhecido, que me pareceu
ser um operário. Retirei-me.
Por aquela época,, eu morava no quartel do
2°. regimento de infantaria, num pequeno cubículo que trazia em si, ainda bem
patentes, os sinais da revolução. Geralmente, durante o dia, eu passava fora, as
mais das vezes no regimento de caçadores n.° 41 ou então em reuniões, em
conferências, em outras unidades da tropa. Somente à noite me recolhia aos meus
aposentos. Como costumava acordar cedo, Já antes de 5 horas, tinha o hábito de
divertir-me em jogar, para os camundongos que passeavam pelo meu cubículo,
pedacinhos de pão duro que haviam sobrado da véspera. Eu ficava a ver esses
engraçados animaizinhos se disputarem essas preciosas iguarias.
Na minha
vida eu tinha passado tanta miséria que bem podia imaginar o que fosse a fome e,
portanto, o prazer daqueles bichinhos. Na manhã seguinte àquela reunião eu
estava deitado, mal acordado, lá pelas 5 horas, assistindo o movimento dos -
camundongos. Como não pudesse conciliar o sono, lembrei-me, de repente, da noite
passada, e veio-me à lembrança a brochura que o operário me havia dado. Comecei
a lê-la. Era uma pequena brochura, na qual o autor, o tal operário, descrevia a
maneira pela qual ele tinha chegado de novo ao pensamento nacionalista através
da confusão marxista e das frases ocas das corporações profissionais. Dai o
título - "meu despertar político:". - Desde o início o livreto me despertou
interesses, pois nele se refletia um fenômeno que há doze anos eu tinha sentido.
Involuntariamente vi se avivarem as linhas gerais da minha própria evolução
mental. Durante o dia pensei sobre o assunto várias vezes e ia pô-lo finalmente
de lado, quando, menos de uma semana depois, recebi, com surpresa minha, um
cartão postal anunciando que eu tinha sido aceito sócio do "Partido Trabalhista
Alemão". Pedia-se que eu me externasse a respeito e para isso viesse na próxima
quarta-feira a uma sessão da comissão do Partido. Na realidade eu me sentia mais
do que surpreso por essa maneira de angariar" sócios e não sabia se me devia
zangar ou rir. Eu não pensava em entrar para um partido já organizado e sim em
fundar o meu próprio partido. Essa pretensão de filiar-me a um partido não me
tinha passado pela cabeça. Já me dispunha a responder àqueles senhores por
escrito quando venceu a curiosidade e decidi-me a comparecer, no dia marcado, a
fim de, oralmente, expor os meus motivos.
Chegou quarta-feira. O hotel
no qual se devia realizar a sessão anunciada era o "Alte Rossenbad", na
Hermstrasse. Era um lugarzinho modesto onde, só de quando em quando, aparecia
alguma alma penada.
Em 1919 isso não era de estranhar, pois o cardápio
mesmo dos hotéis maiores era pouco atraente, dado a sua modéstia e exiguidade.
Este hotel, porém, eu não conhecia.
Atravessei o salão mal iluminado no
qual não havia viva alma. Dirigi-me para a porta que dá para um quarto lateral e
achei-me diante da "assembléia". Na meia obscuridade de um lampião a gás, meio
quebrado, estavam sentados, em redor de uma mesa, quatro jovens, entre os quais
o autor da pequena brochura, o qual imediatamente me cumprimentou da maneira
mais amável e me deu as boas vindas como novo membro do Partido Trabalhista
Alemão.
Na realidade eu estava um tanto embasbacado. Como me
comunicassem que o verdadeiro "presidente do Reich" ainda viria, resolvi adiar,
por algum tempo, as minhas declarações. Finalmente apareceu este. Era o
presidente da reunião na Cervejaria Sterneck, por ocasião da conferência de
Feder.
De novo, movido pela curiosidade, esperei pelos acontecimentos.
Agora eu já conhecia os nomes dos vários senhores presentes. O presidente
da "organização do Reich, era um senhor Harr, o da de Munique, um senhor Anton
Drexier.
Em seguida foi lida a ata da última sessão e aprovado um voto
de agradecimento ao conferencista. Veio depois o relatório da caixa. A sociedade
possuía um total de 7 marcos e 50 pfennigs - pelo que o tesoureiro recebeu um
voto de confiança geral. Esse fato foi consignado em ata.
O primeiro
presidente tratou em seguida das respostas a uma carta de Kiel, a uma de
Düsseldorf e a outra de Berlim. Todos concordaram com as respostas apresentadas.
Em seguida procedeu-se à comunicação da correspondência entrada: uma carta de
Berlim, uma de Düsseldorf e outra de Kiel, cujo recebimento pareceu provocar
grande contentamento. Considerou-se esse constante aumento de correspondência
como o melhor e mais visível sinal da expansão e importância do Partido
Trabalhista Alemão, e, em seguida, teve lugar um longo debate sobre as respostas
novas a serem dadas,
Horrível, simplesmente horrível. Isso nada mais era
do que uma associação maçante da pior espécie. Nesse clube é que eu devia
entrar? Logo depois tratou-se da aceitação de novos sócios, isto é, tratou-se do
meu ingresso para o clube.
Comecei a fazer-me perguntas. Pondo de parte
algumas diretrizes nada mais havia, nem um programa, nem um panfleto, enfim nada
impresso, nem cartões de sócio nem mesmo um simples carimbo. Havia sim visíveis
boa fé e boa vontade. Perdi a vontade de sorrir, pois o que era tudo isso senão
o sina1 típico do completo atordoamento geral e do inteiro fracasso de todos os
partidos, até então, de seus programas, de suas intenções e de suas atividades?
O que levava esses jovens a se reunirem de uma maneira aparentemente tão
ridícula nada mais era do que o eco de vozes interiores, que, mais por instinto
de que conscientemente, lhe fazia crer na impossibilidade do reerguimento da
Nação alemã bem como da sua convalescença de males interiores por meio de
partidos como o caráter dos até então existentes. Li por alto as diretrizes
datilografadas que havia e vi nelas mais uma ânsia por alguma coisa nova do que
uma realidade. Muita coisa faltava, porém nada havia feito. Em tudo se sentia,
porém, o sinal de uma aspiração de todos.
O que essas criaturas sentiam
eu bem o sabia; era o desejo por um novo movimento que deveria ser mais do que
um partido na acepção corrente da palavra.
Quando naquela noite voltei
ao quartel, tinha meu juízo formado com relação a esse grêmio.
Achava-me
talvez diante da mais difícil interrogação de minha vida: deveria cooperar nesse
setor ou recusar-me?
A razão só podia aconselhar a recusa, o sentimento,
porém, não me deixou sossegar e quanto mais vezes eu procurava me convencer da
tolice disso tudo, tanto mais o sentimento me inclinava para esse agrupamento de
jovens.
Os dias que se seguiram foram de desassossego para mim.
Comecei a pensar. Há muito que estava decidido a tomar parte ativa na
política.
Para mim era claro que isso deveria se dar por meio de um novo
movimento, somente me tinha faltado até então um impulso para a atividade. Eu
não pertenço à categoria das pessoas que começam hoje uma coisa para, no dia
seguinte, abandonarem-na ou passarem a outra. Justamente essa convicção era o
motivo principal por que eu dificilmente me resolveria a uma tal fundação nova,
a qual seria tudo ou deixaria de existir. Eu sabia que isso seria decisivo para
mim e não havia a possibilidade de um "recuo"; tratava-se pois, não de uma
brincadeira passageira e sim de algo muito sério. Já naquele tempo eu tinha uma
aversão instintiva por pessoas que tudo começavam sem nada acabar. Todos esses
trapalhões me eram odiosos. Eu considerava a atividade dessas criaturas pior do
que a ociosidade.
Até o destino parecia me estar dando uma indicação.
Nunca eu teria aderido a um dos grandes partidos e mais tarde explicarei mais
claramente os motivos. Essa pequeníssima fundação, possuindo uma meia dúzia de
sócios, pareceu-me ter a vantagem de não se ter ainda fossilizado em uma
"organização". Ela parecia oferecer a impossibilidade de uma verdadeira
atividade pessoal a cada um. Aqui ainda se poderia trabalhar e, quanto menor
fosse o movimento, mais fácil seria conduzi-la pelo caminho certo. Aqui se
poderia ainda determinar o caráter objetivo e os métodos da organização, o que
não se poderia pensai' em fazer tratando-se dos glandes partidos. Quanto mais eu
refletia sobre o assunto mais crescia em mim a convicção de que justamente de um
tal movimento pequeno é que algum dia poderia ser preparado o reerguimento da
nação, e nunca dos partidos políticos parlamentares, presos a velhos
preconceitos ou mesmo dependentes dos proveitos do novo regime.
O que se
deveria anunciar aqui era um novo princípio universal e não uma nova propaganda
eleitoral.
Na verdade uma decisão imensamente difícil essa de
transformar uma intenção em realidade.
Que antecedentes tinha eu para
poder arcar com tarefa de tal vulto? O fato de ser pobre, de não possuir
recursos financeiros, parecia o menos; mais difícil era a circunstância de
pertencer eu à categoria dos desconhecidos, um entre milhões, que o acaso deixa
viver ou arranca da vida, sem que o mundo mais próximo disso tome o menor
conhecimento. A tudo isso se juntava a dificuldade proveniente de minha falta de
instrução.
A chamada "intelectualidade" vê com infinito desdém todo
aquele que não passou pelas escolas oficiais, a fim de se deixar encher de
sabedoria. Nunca se pergunta: Que sabe o indivíduo e sim: que estudou ele? Para
essas criaturas "cultas" mais vale a cabeça oca, que vem protegida por diplomas,
do que o mais vivo rapazola que não possua tais canudos. Era, pois, fácil para
mim imaginar a maneira pela qual esse mundo oculto - se me oporia e só me
enganei pelo fato de naquele tempo ainda considerar os homens melhores do que na
realidade o são. É verdade que há exceções, que naturalmente brilharão com tanto
maior fulgor. Aprendi, entretanto, a distinguir entre os eternos estudantes e os
verdadeiros conhecedores.
Após dois dias de tormentosos pensamentos e
meditações convenci-me de que devia dar o passo.
Foi essa a decisão de
maiores conseqüências em toda a minha vida.
Não havia e não podia haver
um recuo. Aceitei a minha inclusão como sócio do Partido Trabalhista Alemão e
recebi um cartão provisório de sócio, com o numero sete.
CAPÍTULO X - CAUSAS PRIMÁRIAS DO COLAPSO
A extensão da queda de
qualquer corpo é sempre medida pela distância entre a sua posição no momento e a
que ocupava anteriormente. O mesmo acontece com a ruína dos povos e dos Estados.
A posição primitiva tem, por isso, uma importância capital. Só o que se esforça
por ultrapassar as fronteiras normais poderá cair e arruinar-se. A todos os que
pensam e sentem, isso faz com que a ruína do Império apareça sob aspecto tão
grave e horrível, pois assim o colapso é visto de uma altura de que, hoje,
diante das proporções das desgraças atuais, dificilmente se pode fazer uma idéia
exata.
O Império tinha surgido abrilhantado por um acontecimento que
entusiasmava toda a nação. O Reich nasceu depois de uma série de vitórias sem
paralelo, como um coroamento glorioso ao imortal heroísmo dos seus filhos.
Consciente ou inconscientemente, pouco importa, os alemães estavam todos
possuídos do sentimento de que o Império não devia a sua existência às trapaças
dos parlamentos partidários, mas, ao contrário, pela maneira sublime por que
fora fundado, elevava-se muito acima da média dos outros Estados.
O ato
festivo que anunciou que os alemães, príncipes e povo, estavam resolvidos a, de
futuro, fundai um império e de novo alcançar a coroa imperial como símbolo das
suas glórias, não foi comemorado através do cacarejo de uma arenga parlamentar
mas ao ribombar dos canhões no cerco de Paris. Não se verificou nenhum
assassinato, nem foram desertores nem embusteiros que fundaram o Estado de
Bismarck, mas sim os regimentos do front.
Esse nascimento original, com
o seu batismo de fogo, já era por si só suficiente para envolver o Império de um
halo de glória, fato que apenas com os Estados antigos se verificara e isso
mesmo raramente.E que progresso isso provocou!
A liberdade no exterior
proporcionou o pão quotidiano no interior. A nação enriqueceu-se em número e em
bens terrenos. Mas a honra do Estado e com ela a de todo o povo estava protegida
por um exército que tornava evidente a diferença entre a nova situação e a da
antiga Confederação Germânica.
O golpe desfechado sobre o império alemão
e sobre o seu povo foi tão forte que o povo e governo, como tomados de vertigem,
parecem haver perdido a capacidade de sentir e refletir. Difícil é evocar a
antiga grandeza, tão fantástica nos aparece a glória dos tempos de outrora
comparada com a miséria de hoje. E isso porque os homens se deixam ofuscar pela
grandeza e se esquecem de procurar os sintomas do grande colapso que, mesmo na
época de prosperidade, deviam existir, de uma ou de outra forma.
Naturalmente isso se aplica àqueles para os quais a Alemanha era mais
alguma coisa do que um campo para ganhar e desperdiçar dinheiro, pois só aqueles
podem ver na situação atual uma verdadeira catástrofe, ao passo que aos outros
só preocupa a satisfação dos seus apetites até então ilimitados.
Embora
esses sinais já fossem visíveis, muito poucas pessoas se preocupavam em deles
retirar lições definitivas. Esse estudo é hoje mais necessário do que nunca.
Assim como só se consegue a salvação de um doente quando a causa da
moléstia é conhecida, na cura das devastações políticas é preciso também
conhecer os precedentes. É verdade que se costuma considerar mais fácil a
descoberta de uma moléstia pela sua aparência do que pelas causas íntimas. Aí
está a razão por que tantas pessoas nunca conseguem passar do conhecimento dos
efeitos externos e mesmo os confundem com as causas, cuja existência, aliás, se
comprazem em negar.
Por isso, a maioria do povo alemão reconhece agora a
ruma da Alemanha apenas pela pobreza econômica geral e seus resultados. Quase
todos são atingidos por essa crise, razão por que cada um pode avaliar a
extensão da catástrofe.
Compreende-se que isso assim aconteça com a
massa popular. O fato, porém, de as camadas inteligentes da comunidade verem o
colapso do país antes de tudo como uma catástrofe econômica e pensarem que a
salvação está em providências de ordem econômica, é a razão por que até agora
não foi possível a aplicação de uma terapêutica eficaz.
Enquanto não
estiverem todos convencidos de que o problema econômico vem em segundo ou mesmo
terceiro lugar, e que os fatores éticos e raciais são os predominantes, não se
poderá compreender as causas da infelicidade atual e impossível será descobrir
os meios e métodos de remediar essa situação.
O problema da pesquisa das
causas da ruína alemã é, por isso, de importância decisiva, sobretudo tratando
se de um movimento político cujo objetivo aliás deve ser a solução da crise. Em
uma tal pesquisa através do passado, deve-se evitar confundir os fatos que mais
ferem a vista com as causas menos visíveis.
A mais cômoda (por isso a
mais geralmente aceita) razão para explicar as nossas desgraças atuais consiste
em atribuir à perda da Grande Guerra a causa do presente mal-estar.
Provavelmente muitos acreditam sinceramente nesse absurdo, mas, na maioria
dos casos, esse argumento é uma mentira consciente.
Essa última
afirmação se ajusta perfeitamente àqueles que se comprimem em torno da gamela
governamental.
Não foram justamente os arautos da Revolução ,que
declararam freqüentemente e, da maneira a mais ardorosa, que, para a grande
massa do povo, o resultado da guerra era indiferente?
Não asseguraram
eles que só o "grande capitalista" tinha interesses na vitória da monstruosa
guerra e nunca o povo em si e muito menos o operário alemão?
Não
proclamaram os apóstolos da confraternização universal que, com a derrota da
Alemanha, só o "Militarismo" havia sido vencido e que, o povo, ao contrário,
nisso devia ver a sua magnífica ressurreição?
Não se proclamou nesses
círculos a generosidade da Entente e não se lançou a culpa da guerra sobre a
Alemanha? Ter-se-ia podido fazer essa propaganda sem o esclarecimento de que a
derrota do exército seria sem conseqüências para a vida da nação?
Não
foi o grito de guerra da Revolução que, com ela, a vitória do pavilhão alemão
tinha sido evitada, mas somente com ela a nação alemã conseguiria completamente
a sua liberdade interna e externa?
Não eram esses indivíduos mentirosos
e infames?
É característico da impudência do verdadeiro judeu atribuir
ele à derrota militar a causa do colapso da nação, enquanto o "Órgão central de
todas as traições nacionais", o Vorwãrts, de Berlim, escrevia que desta vez à
nação alemã não seria permitido voltar com o seu pavilhão vitorioso. E agora a
derrota militar deve ser vista como causa da nossa ruína!
É evidente que
não valeria a pena tentar lutar contra esses mentirosos desmemoriados. E, por
isso, eu também não perderia uma só palavra com eles, se esse erro absurdo não
fosse aplaudido por tanta gente irrefletida, que não se apercebe da perversidade
e da falsidade conscientes desses mentirosos. Demais, as discussões podem
oferecer recursos que facilitam o esclarecimento dos nossos adeptos, recursos
esses muito necessários em um tempo em que é costume torcer o sentido das
palavras.
A resposta à afirmativa- de que a perda da guerra é a causa
dos nossos males atuais deve ser a seguinte:
Naturalmente a perda da
guerra teve um efeito terrível sobre o destino do nosso país, mas não foi uma
causa e sim o efeito de várias causas.
Todos os homens inteligentes e
bem intencionados sabem muito bem que o desfecho infeliz daquela luta de vida e
morte só poderia produzir efeitos desastrados. Mas há muitos que infelizmente
deixaram de compreender essa verdade no momento propício ou que, embora
convencidos do erro, negavam-na com afinco.
Esses eram, na sua maior
parte, os que, depois de realizados os seus desejos secretos, conseguiam chegar
a outra concepção da catástrofe.
Eles são as causas criminosas do
colapso e não a perda da guerra como se compraziam em sustentar.
A perda
da guerra foi simplesmente o resultado da ação desse indivíduos e, de nenhuma
forma, pode ser atribuída a "má direção", como eles afirmam agora.
Os
inimigos não eram compostos de covardes, eles também sabiam se bater e, desde o
primeiro dia da luta, tinham superioridade numérica sobre o exército alemão,
além de poderem contar com a indústria de todo o mundo para o fornecimento de
armamentos técnicos. E, apesar de tudo, não podemos deixar de proclamar que as
constantes vitórias alemães, durante quatro anos de ásperas lutas contra o mundo
inteiro, foram devidas, pondo-se de parte o heroísmo do nosso soldado e a boa
organização do exército, exclusivamente a uma direção superior. A organização e
a direção do nosso exército eram as mais perfeitas que jamais existiram no
mundo. As suas falhas devem-se à limitação dos poderes humanos de resistência.
A derrota desse exército não foi a causa das nossas infelicidades atuais,
mas simplesmente a conseqüência de outros crimes, um dos quais precipitou um
outro colapso, bem patente aos olhos de todos.
O fato de ter esse
exército sido derrotado não foi a causa de nossa infelicidade de hoje, mas a
conseqüência do crime de outros, de uma causa que, por ai só, deveria provocar o
começo de uma maior e mais visível catástrofe.
A verdade disso resulta
das seguintes razões:
Uma derrota militar deve ter como conseqüência a
ruína de uma nação e de seu Governo? Desde quando é essa a conseqüência fatal de
uma guerra mal sucedida?
As nações, de fato, jamais se arruinaram
semente pela perda de uma guerra?
Essa pergunta pode ser respondida em
poucas palavras.
Isso sempre acontece quando a derrota militar de um
povo é devida à negligência, covardia, falta de caráter ou indignidade da nação.
Se essa hipótese não se verifica, a derrota militar, em vez de ser vista com o
túmulo de um povo, deve servir de estímulo para que todos trabalhem por um
futuro melhor.
A história está repleta de inúmeros exemplos que
comprovam a correção dessa afirmativa.
A derrota militar da Alemanha
foi, não uma imerecida catástrofe mas um castigo a que fizemos jus pelos nossos
próprios erros. A derrota foi mais do que merecida. Foi apenas o sintoma
exterior de uma longa série de sintomas internos que se conservaram invisíveis à
maioria dos homens ou que ninguém quis observar.
Observe-se a simpatia
com que o povo alemão recebeu essa catástrofe. Em muitos setores não se
manifestou contentamento, e, da maneira mais vergonhosa, pela derrota da Pátria?
Quem faria isso, se o povo não merecesse esse castigo? Não se ia mais
longe, até ao ponto do regozijo, por se ter enfraquecido a linha da frente? Isso
não se deve ao inimigo. Essa vergonha deve-se aos próprios alemães. Por ventura
a infelicidade provoca a injustiça?
Pela maneira por que o povo alemão
recebeu a catástrofe pode-se claramente descobrir que a verdadeira causa da
nossa ruma deve ser procurada em outra parte e não na perda de posições
militares ou na direção da ofensiva.
Se as tropas no front, entregues a
si mesmas, tivessem realmente abandonado os seus postos, se o desastre nacional
tivesse sido devido a um fracasso militar, a nação alemão teria visto a
derrocada de outra maneira. O povo teria aceito a grande desgraça com irritação
ou teria caído em estado de prostração. Irritar-se-iam os alemães contra a sorte
desfavorável ou contra o Inimigo vitorioso. Então, a nação agiria como o Senado
romano, que foi ao encontro das divisões vencidas, com o agradecimento da Pátria
pelo sacrifício feito e com o apelo para que confiassem no governo.
A
capitulação teria sido assinada com inteligência, e o coração do povo começaria
a palpitar pela ressurreição futura. Assim, a derrota teria sido aceita como
produto da fatalidade. Não se teria festejado a derrota, a covardia não teria
proclamado com orgulho a má sorte do exército, as tropas combatentes não teriam
sido objeto de mofa e as cores nacionais não teriam sido arrastadas na lama. E,
sobretudo, não se teria criado esse estado de espírito que inspirou a um oficial
inglês, coronel Repington, a declaração de que "em cada grupo de três alemães
havia um traidor".
Não! A pestilência nunca teria alcançado essas
proporções, tão consideráveis que fizeram com que o mundo perdesse o resto de
respeito que tinha por nós.
Por ai se percebe claramente a mentira da
afirmação que consiste em atribuir ao fracasso da guerra a causa da ruína do
país.
O fracasso militar, foi não há dúvida, a conseqüência de uma série
de manifestações doentias de uma parte da nação. Essas manifestações já vinham
infeccionando o país antes da guerra. A derrota foi o primeiro resultado
catastrófico visível, por parte do povo, de um envenenamento moral, que
consistia no enfraquecimento do instinto de conservação, resultante da
propaganda de doutrinas que, de há muitos anos, vinham minando os fundamentos da
nação e do Império.
Era natural que o judeu, acostumado à mentira, e o
espírito combativo do seu marxismo, procurassem lançar a responsabilidade do
desastre da nação sobre um homem, justamente o que, com uma vontade e uma
energia sobre-humanas, tentou evitar a catástrofe que havia previsto e poupar à
nação um período de sofrimentos e humilhações. Lançando sobre Ludendorf a
responsabilidade da derrota na guerra, eles desarmaram moralmente o único
adversário bastante perigoso para enfrentar os traidores da Pátria.
Resulta da própria natureza das coisas que no volume da mentira está uma
razão para ela ser mais facilmente acreditada, pois a massa popular, nos seus
mais profundos sentimentos, não sendo má, consciente e deliberadamente, é menos
corrompida e, devido à simplicidade do seu caráter, é mais freqüentemente vítima
de grandes mentiras do que de pequenas. Em pequeninas coisas ela também mente,
enquanto que das grandes mentiras ela se envergonha.
Uma tal inverdade
nunca lhe passaria pela cabeça e também não acreditaria que alguém fosse capaz
da inaudita impudência de tão infame calúnia. Mesmo depois de explicações sobre
o caso, as massas, durante muito tempo, mantêm-se na dúvida, vacilando, antes de
aceitar como verdadeiras quaisquer causas. É um fato também que da mais
descarada mentira sempre fica alguma coisa, verdade essa que todos os grandes
artistas da mentira e suas quadrilhas conhecem muito bem e dela se aproveitam da
maneira mais infame.
Os maiores conhecedores das possibilidades do
emprego da mentira e da calúnia foram, em todos os tempos os judeus. Começa,
entre eles, a mentira por tentarem provar ao mundo que a questão Judaica é uma
questão religiosa, quando, na realidade, trata-se apenas de um problema de raça
e que raça! Um dos maiores espíritos da humanidade perpetuou em uma frase
imorredoura o julgamento sobre esse povo, quando os designou como "os maiores
mestres da mentira". Quem não reconhecer essa verdade ou não quiser
reconhecê-la, não poderá nunca concorrer para a vitória da verdade neste
planeta.
Foi, pode-se dizer, uma grande felicidade para a nação alemã
que a epidemia nacional que se vinha alastrando lentamente tivesse de repente
chegado ao seu período mais agudo, com todos os seus efeitos catastróficos. Se
as coisas se tivessem passado de outra maneira, a nação teria marchado para a
ruína mais lentamente talvez, mais firmemente porém. A moléstia ter-se-ia
tornado crônica e passaria quase despercebida, ao passo que, na sua forma aguda,
atraiu a atenção de um número mais considerável de observadores e por eles pôde
ser compreendida. Não foi obra do acaso que os homens tivessem vencido a peste
mais facilmente do que a tuberculose. A primeira aparece fazendo inúmeras
vítimas, o que impressiona a toda gente; a segunda introduz-se lentamente. Uma
inspira o terror, a outra a indiferença crescente. A conseqüência disso é que os
homens combatem a peste da maneira mais enérgica, enquanto procuram vencer a
tuberculose por métodos ineficientes. Por isso os homens venceram a peste, mas
foram vencidos pela tuberculose. O mesmo se aplica às afecções do organismo
político. Quando não se apresentam sob a forma catastrófica, toda gente a elas
aos poucos se acostuma para, finalmente, depois de um período mais ou menos
prolongado, ser vítima das mesmas.
É, pois, uma felicidade, embora
amarga, que a Providência tenha decidido intrometer-se nesse lento processo de
corrupção e, de um golpe rápido, tenha evidenciado o combate à moléstia, aos que
a haviam compreendido.
Essas catástrofes sucedem-se freqüentemente. Por
isso devem ser vistas como causas para que se promova a salvação da maneira mais
decidida.
Em caso idêntico, essa hipótese vale pelo reconhecimento das
causas intimas que ocasionam o mal em questão. É importante lazer a diferença
entre os responsáveis pelo mal e a situação por eles provocada. Essa situação
torna-se mais difícil, à proporção que os germes da moléstia tomam conta do
corpo e nele se julgam estar em habitat próprio.
Pode acontecer que,
depois de um certo tempo, certos venenos sejam vistos como fazendo parte do
organismo ou pelo menos como a ele necessários. Assim considera-se como inútil
pesquisar o autor do envenenamento.
Nos longos períodos de paz que
precederam a Grande Guerra, constatavam-se vários males, sem que alguém se
preocupasse em descobrir os seus responsáveis, salvo em casos excepcionais.
Essas exceções se verificaram principalmente no domínio econômico que, aos
indivíduos, mais impressionam do que quaisquer outros males.
Havia
vários outros sintomas de decadência que a um observador consciencioso deveriam
impressionar.
Sob o ponto de vista econômico, eram naturais as seguintes
observações: O impressionante aumento da população da Alemanha, antes da Guerra,
fez com que a questão da alimentação mínima que se deveria assegurar ao povo
tomasse uma posição de destaque entre os pensadores e os homens práticos que se
interessavam pela vida político-econômica da nação. Infelizmente, porém, eles
não puderam se resolver a tomar a única solução aconselhável, porque imaginavam
poder chegar ao seu objetivo por métodos homeopáticos. Renunciaram à idéia de
adquirir novos territórios e, em substituição a essa política, lançaram-se
loucamente na política de conquistas econômicas, que, forçosamente, havia de
levá-los por fim a uma industrialização sem limites e prejudicial à nação.
O primeiro resultado - e o mais fatal - foi o enfraquecimento da classe
agrícola. À proporção que essa classe se arruinava, o proletariado acumulava-se
nas grandes cidades, perturbando por fim o equilíbrio nacional.
O abismo
entre ricos e pobres tornou se mais sensível. A superfluidade e a pobreza viviam
em contato tão íntimo que as conseqüências desse fato só poderiam ser as mais
deploráveis. A pobreza e a grande falta de emprego começaram a arruinar o povo e
a criar o descontentamento e o ódio.
A conseqüência disso foi a luta
política de classes.
Em todas as castas econômicas, o descontentamento
tornava-se cada vez maior e mais profundo. Chegou a um ponto em que era opinião
geral que "isso não podia continuar", sem que, porém, surgisse uma orientação
sobre o que se deveria ou poderia fazer. Eram os sinais característicos de um
profundo descontentamento geral que, por esse meio, se faziam sentir.
Havia fenômenos ainda mais deploráveis, ligados à industrialização do país.
Com a dominação do Estado pela indústria, o dinheiro tornou-se um deus a quem
todos teriam de servir e render homenagem.
Os deuses celestiais saíram
da moda, tornaram-se coisas do passado e, no seu lugar, instalou-se a orgia dos
idólatras de Mamon.
Começou, então, um período de desmoralização, de
péssimos efeitos, sobretudo porque se iniciou em um momento em que a nação, mais
do que nunca, precisava dos mais elevados sentimentos de heroísmo para enfrentar
o perigo que a ameaçava. A Alemanha deveria estar se preparando para um dia
amparar, com a espada, seu esforço para garantir a alimentação do povo, por meio
de uma "atividade econômica pacifica".
Infelizmente a dominação do
dinheiro foi sancionada justamente onde deveria ter encontrado maior oposição.
Foi uma infeliz inspiração a de Sua Majestade induzir a nobreza a entrar no
círculo dos novos financistas. Sirva de desculpa para o Kaiser o fato do próprio
Bismarck não ter compreendido esse perigo. A verdade, porém, é que desde então
as grandes idéias cederam o lugar ao dinheiro. Uma vez que tomou esse caminho, a
nobreza da espada teria que ficar abaixo da nobreza das finanças.
Não
era nada convidativo aos verdadeiros heróis e aos estadistas serem colocados no
mesmo plano dos judeus dos bancos. Os homens da merecimento real não podiam ter
interesses em possuir condecorações facilmente adquiridas. Ao contrário,
evitavam-nas.
Sob o ponto de vista racial, esse fato era de
conseqüências deploráveis. A nobreza perdia cada vez mais a razão racial de sua
existência e, na sua grande maioria, podia-se com propriedade dar-lhe o
qualificativo contrário.
Um sintoma da ruína econômica foi a lenta
eliminação do direito de propriedade individual e a passagem gradual da economia
do povo para a propriedade das sociedades por ações.
Por esse sistema,
.o trabalho desceu a objeto de especulação doa traficantes sem consciência. A
alienação da propriedade aos capitalistas progrediu. A Bolsa começou a triunfar
e preparou-se a pôr, lenta, mas firmemente, a vida da nação sob sua proteção e
controle.
Antes da guerra, a internacionalização dos negócios alemães já
estava em andamento, sob o disfarce das sociedades por ações. É verdade que uma
parte da indústria alemã fez uma decidida tentativa para evitar o perigo, mas,
por fim, foi vencida por- uma investida combinada do capitalismo ambicioso,
auxiliado pelos seus aliados do movimento marxista.
A guerra persistente
contra as "indústrias pesadas" da Alemanha foi o ponto de partida visível da
internacionalização que se processava com a ajuda do marxismo. É o único meio de
completar a obra era assegurar a vitória do marxismo - por meio da Revolução.
No momento em que escrevo estas linhas, espera-se o êxito da tentativa de
passar as mãos do capitalismo Internacional os. caminhos de ferro da Alemanha. A
social-democracia "internacional" com isso alcançará um dos seus mais elevados
objetivos.
Até que ponto essa "dissipação" da economia alemã tinha
chegado vê-se claramente no fato de, depois da Guerra, um dos guias da indústria
nacional e, sobretudo do comércio, fazer a declaração de que só a economia do
país estava em situação de poder levantar a Alemanha.
A esse erro não se
deu, no momento, o valor esperado, porque a França, nas suas escolas, deu todo
destaque à educação sobre bases humanísticas, para evitar o erro de confiarem a
nação e o Governo a sua existência a motivos econômicos e não aos eternos
valores ideais.
A afirmação feita por Stinnes provocou uma incrível
confusão, mas foi logo aceita, com uma pressa alarmante, como leit motiv de
todos os remendões e charlatães que o acaso tinha guindado à posição de
"estadistas".
Uma das piores provas de decadência da Alemanha, já antes
da Guerra, era a quase indiferença geral que se notava a respeito de tudo. Essa
situação mental é sempre a conseqüência da incerteza sobre as coisas. Dessa e de
outras causas surge a pusilanimidade como conseqüência fatal. O sistema
educacional contribuía para agravar essa situação.
Havia muitos pontos
fracos na educação dos alemães, antes da Guerra. Eram inspirados em um sistema
unilateral, visando principalmente a instrução pura, sem se preocupar em
fornecer ao povo a capacidade prática Menos ainda se pensava na formação do
caráter, muito pouco se cogitava de encorajar o senso da responsabilidade e nada
absolutamente sobre cultivo da força de vontade e de decisão.
A
conseqüência disso é que não se faziam homens fortes mas maleáveis sabichões.
Assim eram universalmente considerados os alemães antes da Guerra e, por esses
motivos, é que gozavam de consideração. O alemão era estimado porque era útil,
mas devido à sua falta de força de vontade ele era pouco respeitado. Nisso
estava o motivo por que ele trocava a sua nacionalidade por outra, mais
facilmente do que qualquer outro povo. este provérbio: "Com o chapéu na mão pode
se percorrer o mundo", define essa mentalidade.
Os efeitos dessa
maleabilidade tornaram-se ainda mais desastrosos quando influíram na forma por
que todos se deveriam portar junto ao soberano. O uso era não replicar mas
aprovar tudo o que o Soberano entendesse de ordenar. E, no entanto, era
justamente nesse caso que mais necessária se fazia a existência de homens dignos
e independentes. Ao contrário, a subserviência geral arrastaria um dia o Império
à ruína. Vivia-se em um mundo todo de lisonjas.
Só aos bajuladores e aos
servis, em uma palavra, aos elementos decadentes de uma nação que sempre se
sentaram bem junto aos mais altos tronos, mais à vontade do que os homens
honestos e independentes, poderá parecer essa a única forma de relações de um
povo para com os seus monarcas! Essas criaturas, tipo "humilde servo", em todas
as suas humilhações junto aos seus senhores, aos que lhes dão o pão, sempre
demonstraram o maior atrevimento em relação ao resto da humanidade, sobretudo
quando, com o maior despudor, como os únicos "monarquistas", se comparam ao
resto dos mortais. Isso constitui uma verdadeira impudência de que só vermes,
nobres ou plebeus, são capazes. Na realidade esses homens foram sempre os
cordeiros da monarquia e sobretudo do pensamento monárquico. É impossível pensar
de outra maneira, pois um homem capaz de responder por alguma coisa nunca poderá
ser um hipócrita e um bajulador, um sem caráter. Se ele está seriamente
empenhado na conservação e desenvolvimento de uma instituição dará a isso todo o
esforço de que é capaz e nunca abandonará o seu posto, quaisquer que sejam os
riscos que aparecerem. Um homem assim não aproveita todas as oportunidades para
berrar em público, da maneira mais hipócrita, como fazem os amigos
"democráticos", da monarquia. Ao contrário. ele procurará aconselhar e advertir
Sua Majestade, o próprio depositário da coroa.
Ele não se colocará no
ponto de vista de que Sua Majestade deve conservar as mãos livres para agir à
vontade, mesmo que isso visivelmente conduzisse a um desastre! Ao contrário,
assim agindo protegerá a monarquia contra o monarca, evitando-lhe todos os
perigos. Se o mérito dessa coordenação dependesse da pessoa de cada monarca,
então a monarquia seria a pior instituição imaginável, pois só em rasos
raríssimos, os monarcas são depositários da mais alta sabedoria, da razão mais
perfeita ou mesmo do caráter mais puro. Nisso só acreditam os bajuladores e
hipócritas. Todos os espíritos retos e esses são os elementos de mais valor do
Estado - sentirão repulsa em defender erro tão grave.
Essa situação é
boa para sicofantas, mas os homens de bem - que, felizmente, ainda são a maioria
da nação - só repulsa poderiam sentir por uma prática tão absurda. Para esses a
história é a história e a verdade é sempre a verdade, mesmo quando se trata de
um monarca. A felicidade de possuir um grande monarca e um grande homem
combinados na mesma pessoa é tão rara na vida das nações que elas têm de se
contentar com que a maldade da sorte poupe-as ao menos dos erros mais graves.
A virtude e a significação da idéia monárquica não podem essencialmente
estar ligadas à pessoa do monarca, a menos que Deus se digne pôr a coroa sobre a
cabeça de um grande herói como Frederico o Grande ou um caráter prudente como
Guilherme I. Isso pode acontecer uma vez em vários séculos, raras vezes mais
freqüentemente. A idéia vem antes da pessoa, a sua significação deve repousar
exclusivamente na própria instituição, e o monarca entrará na lista dos que o
servem. Ele passa a ser considerado como mais uma roda na máquina política do
Estado, perante o qual tem deveres como toda gente. Ele também terá que se bater
pela realização dos grandes objetivos nacionais e "monarquista" não será mais o
depositário da coroa que consente nas maiores ofensas à mesma, mas, ao
contrário, aquele que a defende. Se a predominância não fosse dada à idéia mas
às pessoas, consideradas "sagradas", quaisquer que elas fossem, nunca se deveria
empreender o afastamento de um príncipe - visivelmente louco.
É
necessário que se aceite essa verdade agora que aparecem à tona cada vez mais os
sinais ocultos no passado, aos quais se deve atribuir, e não em pequena escala,
o fato de ter sido impossível evitar a ruína da monarquia. Com uma ingênua
imperturbabilidade, continua essa gente a falar no "seu rei", rei que há poucos
anos, eles abandonaram miseravelmente na hora crítica e começaram a apontar como
maus alemães todos aqueles que não estão dispostos a concordar com as suas
idéias. Na realidade, eles são os mesmos poltrões que, em 1918, diante de
qualquer fita vermelha, fugiam espavoridos, viam "seu rei" deixar de ser rei,
trocavam precipitadamente a alabarda pela "bengala" e, como pacíficos burgueses,
desapareciam como por encanto. De um golpe eles foram afastados, esses campeões
do rei, e só depois de passada a tempestade revolucionária, o que se deveu à
atividade de outros, e que, de novo, se tornou possível dar vivas ao rei,
começaram esses "criados e conselheiros" da coroa a aparecer na superfície.
Agora estão todos aí a chorar de novo, pelas cebolas do Egito, lembrando-se do
passado; mal se podem conter de tanta fidelidade ao rei, de tanta vontade de
luta, até que um dia apareça a primeira fita vermelha. Então o barulho em favor
da monarquia de novo desaparecerá, e eles fugirão como ratos diante de gatos.
Se os monarcas não fossem eles próprios culpados por esses fatos
poder-se-ia ao menos lastimá-los por terem eles esses defensores de hoje.
Eles devem, porém, se convencer que, com tais cavalheiros, é fácil perder
um trono, mas nunca conquistar uma coroa.
Essa pusilanimidade era um
erro da nossa educação que reagia da maneira mais desastrada na vida política.
Aos seus efeitos se devem os lastimáveis sintomas visíveis em todas as cortes e
neles devem-se procurar as causas do progressivo enfraquecimento da instituição
monárquica. Quando o edifício começou a abalar-se, os seus defensores como que
se evaporaram. Os bajuladores não se deixaram matar pelos seus senhores. Porque
os monarcas nunca se aperceberam dessa situação e, quase por uma questão de
princípio, jamais trataram de estudá-la, ela se transformou na causa de sua
ruína.
Um dos resultados dessa educação mal orientada era o receio de
enfrentar as responsabilidades e dai a fraqueza na maneira de resolver os
problemas essenciais da nação.
O ponto de partida dessa epidemia está,
entre nós, sobretudo na instituição do parlamentarismo, onde a
irresponsabilidade era francamente cultivada cm estufa. Infelizmente essa
moléstia lentamente contaminou toda a vida do país e mais intensamente a vida
política. Por toda parte, começou a enfraquecer-se a noção da responsabilidade
e, em conseqüência disso, dava-se preferência em tudo às meias medidas, pelo
emprego das quais, o número das pessoas de responsabilidade foi sempre se
restringindo cada vez mais, observe-se apenas a conduta do próprio Império, em
face de uma série de sintomas alarmantes de nossa vida pública, e logo se
perceberá a terrível significação dessa geral covardia e indecisão, conseqüência
da falta da noção da responsabilidade.
Mostrarei alguns casos dentre os
inúmeros que ocorrem.
Nos meios jornalísticos é costume apontar a
imprensa como um "grande poder" dentro do Estado. É verdade que é imensa a sua
importância atual. Dificilmente se pode avaliar todo o seu prestigio. Na
realidade a sua missão é de continuar a educação do povo até a uma idade
avançada.
Em conjunto podem ser divididos os leitores de jornais em três
grandes grupos:
1.° O dos que acreditam em tudo que lêem.
2.° O
daqueles que já não mais acreditam em coisa alguma.
3.° O dos que
submetem tudo o que lêem à crítica para chegarem, a um julgamento seguro.
O primeiro grupo é muito mais numeroso que os outros. Compõe se da grande
massa do povo e, por isso mesmo, da parte intelectualmente mais fraca da nação.
Não pode ser designado por classes, mas pelo grau de inteligência. A esse grupo
pertencem todos os que não nasceram para ter pensamento independente ou não
foram educados para isso e que, em parte por incapacidade e em parte por falta
de vontade, acreditam em tudo que lhes é apresentado em letra de fôrma. A essa
classe também pertencem os preguiçosos que podem pensar mas, por mera
indolência, agradecidos, aceitam tudo o que os outros pensam, na suposição de
que esses já chegaram a essas conclusões com muito esforço. Para toda essa
gente, que representa a grande massa do povo, a influência da imprensa é
fantástica. Eles não estão em condições, por falta de cultura ou por não o
quererem, de examinar as idéias que se lhes apresentam. Assim, a maneira de
encarar os problemas do dia é quase sempre resultado da influência das idéias
que lhes vêm de fora. Essa situação pode ser vantajosa quando os esclarecimentos
que lhes são dados partem de uma fonte séria e amiga da verdade, mas constitui
uma desgraça quando têm sua origem em pulhas e mentirosos.
O segundo
grupo é muito menor quanto ao número. Em parte é composto de elementos que, de
começo, pertenciam ao primeiro grupo e que, depois de amargas decepções,
passaram para o lado oposto e não acreditam em mais nada que lhes seja
apresentado em forma impressa. Esses têm ódio a todos os jornais, não os lêem ou
irritam-se contra tudo o que neles se contém, convencidos de que neles só se
encontram mentiras e mais mentiras. É difícil manobrar com esses homens, porque
para eles a própria verdade é sempre vista com desconfiança. E uma classe com
que não se (leve contar para qualquer agitação eficiente.
O terceiro
grupo é de todos o menor. Compõe-se dos espíritos de elite que, por naturais
disposições intelectuais e pela educação, aprenderam a pensar com independência,
que, sobre todos o assuntos, se esforçam por formar idéias próprias e que
submetem todas as suas cuidadosas leituras a um em cursiva pessoal para daí
tirar conseqüências. Esses não lerão nenhum jornal sem que as idéias recebidas
passem por um crivo. A situação do editor não é nada fácil.
Para os que
pertencem a esse terceiro grupo o erro que um jornal possa perpetrar oferece
pouco perigo e é de muita significação. No decurso de sua vida eles se
acostumaram a ver, com fundadas razões, em cada jornalista, um patife que, só
por exceção, fala a verdade. Infelizmente, o valor desses tipos brilhantes jaz
apenas na sua inteligência e não no número, o que constitui uma infelicidade em
uma época em que a maioria e não a sabedoria vale tudo! Hoje que o voto das
massas é decisivo, a última palavra cabe ao grupo mais numeroso, quase constitui
da grande multidão dos simples e crédulos. É um interesses essencial do Estado e
da nação evitar que o povo caia nas mãos de maus educadores, ignorantes e mal
intencionados. É, por isso, dever do Governo velar pela educação do povo e
impedir que o mesmo tome orientação errada, fiscalizando a atuação da imprensa
em particular, pois a sua influência sobre o espírito público é a mais forte e a
mais penetrante de todas, desde que a sua ação não é transitória mas contínua.
Sua imensa importância está no fato da uniforme e persistente repetição da sua
propaganda.
Aqui, mais do que em qualquer setor, é dever do Estado não
esquecer que a sua atitude, qualquer que ela seja, deve conduzir a um fim único
e não deve ser desviada pelo fantasma da chamada liberdade de imprensa",
desprezando assim os seus deveres com prejuízo do alimento de que a nação
precisa para a conservação de sua saúde.
O Estado deve controlar esse
instrumento de educação popular com vontade firme e pô-lo ao serviço do Governo
e da nação.
Que sorte de alimento intelectual a imprensa alemã ofereceu
ao povo antes da Guerra? Não foi, porventura, o mais perigoso veneno que se
poderia imaginar? Não se inoculou no coração do povo um pacifismo da pior
espécie, justamente quando o mundo se preparava, lenta mas seguramente, para
estrangular a Alemanha? Já em plena paz, não tinha essa imprensa instilado, gota
a gota, no espírito do povo, a dúvida sobre os direitos da própria nação, com o
fim de enfraquece Ia, desde o primeiro momento de sua defesa? Não foi a imprensa
alemã, que fez o nosso povo interessar se- pela "democracia ocidental", até
convencendo-o, por meio de frases bombásticas, que seu futuro poderia ser
confiado a uma confederação? Não colaborou ela para educar o povo na
amoralidade? Não foram a moral e os bons costumes ridicularizados pelos jornais
como retrógrados e peculiares aos provincianos, até que o povos por fim, se
tornou "moderno" Os alicerces da autoridade do Estado não foram por eles
constantemente minados até chegar ao ponto de um simples empurrão poder provocar
a ruína do edifício? Não se opuseram eles por todos os meios a que se desse ao
Estado o que ao Estado era devido? Não foram eles que desacreditaram o exército,
que pregaram contra o serviço militar, contra a concessão de créditos para o
exército, até tornar o êxito militar impossível?
O que a chamada
imprensa liberal fez antes da Guerra foi cavar um túmulo para a nação alemã e
para o Reich. Não precisamos dizer nada sobre os mentirosos jornais marxistas.
Para eles o mentir é tão necessário como para os gatos o miar. Seu único
objetivo é quebrar as forças de resistência da nação, preparando-a para a
escravidão do capitalismo internacional e dos seus senhores, os judeus.
Que fez o Governo para resistir a esse envenenamento em massa do povo
alemão? Nada, absolutamente nada! Alguns fracos decretos, algumas multas por
ofensas tão graves que não podiam ser desprezadas, e nada mais!
Esperava-se conquistar as simpatias desses pestilentos através de lisonjas,
do reconhecimento do "valor" da imprensa, de sua "significação", da sua "missão
educadora" e outras imbecilidades. Os judeus, porém, recebiam essas
demonstrações com um sorriso de raposa e retribuíam com um astucioso
agradecimento.
A razão para essa ignominiosa renúncia do Governo não
estava no desconhecimento do perigo, mas em uma covardia que gritava aos céus e
na indecisão que, em conseqüência disso, caracterizava todas as resoluções
tomadas. Ninguém tinha a coragem de 'empregar meios radicais, ao contrário
disso, todos porfiavam em prescrever receitas homeopáticas e, em vez de dar-se
um golpe certeiro na víbora, aumentava-se a sua capacidade de envenenar. O
resultado é que não só tudo ficou pior do que dantes como a instituição que se
deveria combater tomou cada dia maior vulto.
A campanha de defesa
iniciada, outrora, pelo Governo, contra a imprensa, controlada, na sua maioria,
por judeus, e que estava lentamente corrompendo a nação, não obedeceu a um plano
definido e decisivo ou, pelo menos, não teve nenhum objetivo visível.
A
conduta dos representantes do Governo falhou ao objetivo, tanto no modo de
avaliar a importância do combate como. na escolha dos métodos e no
estabelecimento de um plano definido. Agia-se à-toa. De quando em vez, quando
gravemente ofendidos, eles punham no xadrez algumas víboras jornalísticas por
algumas semanas, ou mesmo meses, mas deixavam sempre o seu ninho em paz.
Tudo isso era a conseqüência, por um lado, da tática astuciosa dos judeus
e, por outro, da conselheira estupidez ou da ingenuidade do mundo oficial.
O judeu era esperto bastante para não consentir que toda a sua imprensa
fosse, ao mesmo tempo, manietada. Uma parte da mesma estava sempre livre para
acobertar a outra. Enquanto os jornais marxistas, da maneira mais baixa,
combatiam o que de mais sagrado poderia parecer aos homens, investiam, pelos
processos mais infames, contra o Governo e açulavam grandes setores da população
uns contra os outros, as folhas democrático-burguesas dos judeus davam a
aparência da mais notável preocupação com esses fatos, concentravam todas as
suas forças, sabendo exatamente que os imbecis só sabem julgar pelas aparências,
e jamais são capazes de penetrar no âmago das coisas. É a essa fraqueza humana
que os judeus devem a consideração em que são tidos.
Para esses leitores
o Frankfurter Zeitung é o que há de mais respeitável. Nunca usa expressões
ásperas, nunca fez apologia da força bruta e apela sempre para a luta com as
armas da inteligência o que, - é curioso constatar - agrada sobretudo às classes
menos intelectuais Isso é uma conseqüência da nossa indecisão, que divorcia o
homem das suas inclinações naturais que lhe inocula umas determinadas idéias que
não podem conduzi-lo a noções posteriores porque a diligência e a boa vontade,
por si só, de nada servem, tornando-se necessária a inteligência trazida do
berço. Essas noções a que me refiro têm sempre a sua explicação em causas
intuitivas. Isso quer dizer que o homem não deve nunca cair no erro de acreditar
que surgiu para ser o senhor da natureza - concepção que o regime da meia
educação tanto facilita mas, ao contrário, deve compreender a necessidade
fundamental do poder da Natureza e também que a sua própria existência está
dependente das leis da eterna luta natural. Sentiremos então, que, em um mundo
em que planetas e sois andam à roda, no qual a força sempre domina a fraqueza e
submete-se à escravidão ou elimina-a, não podem existir outras leis para os
homens Podemos tentar compreende-las mas nunca delas nos libertarmos.
É
justamente para os filósofos semi-intelectuais que o judeu escreve na sua
chamada "imprensa intelectual". o tom do Frankfurter Zeitung e do Berliner
Tageblatt é mantido com a intenção de agradar a essa classe, justamente a mais
influenciada por esses jornais. Ao passo que, com o máximo cuidado, evitam toda
grosseria de linguagem recorrem a outros processos para envenenar o espírito
público, Por meio de uma amálgama de frases agradáveis eles enganam seus
leitores, incutindo-lhes lhes a crença de que a ciência pura e a verdadeira
moral são as forças propulsoras de suas ações, ao passo que na realidade Isso
não passa de um inteligente artifício para roubarem uma arma que seus
adversários poderiam usar contra a imprensa. Enquanto uns, por decência,
sentem-se enojados tanto mais acreditam os imbecis que se trata de ataques
temporários que nunca chegarão a ferir de morte a "liberdade de imprensa" como
se costuma denominar o abuso desse instrumento de ludíbrio e de envenenamento do
povo, ao abrigo de quaisquer punições.
Por isso, todos têm evitado
proceder contra esse banditismo, com receio de ter contra si a imprensa
"independente", receio aliás muito fundamentado. Logo que se tenta agir contra
um desses vergonhosos jornais, todos os outros do partido se aproveitam, não
para aprovar - o que seria demais - as lutas do jornal em questão, mas em nome
do princípio da liberdade de imprensa, da liberdade de pensamento Só se batem
pela liberdade de imprensa! Ao som desse clamor, os homens mais fortes sentem-se
fracos, desde que a gritaria parte das folhas "independentes".
Por esse
processo pôde esse veneno penetrar e circular livremente no sangue do povo e
produzir os seus efeitos, sem que ø Estado se sentisse com força bastante para
combater essa moléstia. Nas irrisórias meias medidas empregadas pelo Estado já
se poderiam ver os sinais ameaçadores da queda do Império, pois uma instituição
que não mais está resolvida a defender-se com todas as armas renuncia à sua
própria existência Toda indecisão é um visível sinal da ruína interna que deve
ser seguida, mais cedo ou mais tarde, do colapso externo.
Penso que a
geração atual se bem dirigida, evitará mais facilmente esse perigo. Ela passou
por várias experiências capazes de enrijar os nervos de quem quer que não tenha
perdido a noção da sua força.
Um dia virá em que o judeu gritará bem
alto nos seus jornais, quando sentirem que uma mão forte está disposta a pôr fim
a esse vergonhoso uso da imprensa, pondo esse instrumento de educação a serviço
do Estado, retirando-o das mãos de estrangeiros e inimigos da nação. Acredito
que essa empresa, para nós jovens, será menos incômoda do que o foi aos nossos
pais. Uma granada de trinta centímetros fala mais alto do que mil víboras da
imprensa judaica. Deixai que elas gritem.
Outro exemplo de indecisão e
fraqueza da direção oficial nas questões de interesse vital da nação consiste no
seguinte. Ao mesmo tempo que se processava uma contaminação moral e política,
verificava-se, de há muito, um envenenamento não menos horrível, do povo, do
ponto de vista de sua saúde. Sobretudo nas grandes cidades, a sífilis grassava
de maneira impressionante. Por seu lado, a tuberculose mantinha a sua colheita
normal em todo o país. Apesar de que, em ambos os casos, as conseqüências para a
nação fossem horríveis ninguém tinha coragem de tomar medidas decisivas.
Especialmente a respeito das devastações da sífilis, é patente a
capitulação do povo e do Governo. Em uma luta séria dever-se-ia recorrer a
processos mais radicais do que àqueles de que se lançou mão. A descoberta de um
recurso para o problema em questão, assim como contra a exploração comercial de
uma tal epidemia, só poucas vantagens poderia apresentar. Dever-se-ia cogitar
somente das causas dessa calamidade e não em fazer desaparecerem os sintomas
externos.
A causa primária estava, porém, na prostituição do amor.
Mesmo que essa prostituição não tivesse por conseqüência a terrível
epidemia que devastava a nação, ela, só por seus efeitos morais, seria bastante
para levar um povo à ruína.
Esse envenenamento da alma do povo pelos
judeus, essa mercantilização das relações entre os dois sexos haviam, mais cedo
ou mais tarde, de prejudicar as novas gerações, desde que, em lugar de crianças
nascidas de um instinto natural apareciam apenas lamentáveis produtos de um
espírito Inteiramente comercial. Os interesses materiais eram, cada vez mais, o
fundamento único dos casamentos. O amor tinha que tirar a sua revanche em outros
setores.
Durante algum tempo, talvez fosse possível zombar da natureza,
mas a reação não tardaria; ela far-se-ia reconhecer mais tarde ou seria vista
pelos homens demasiadamente tarde. As conseqüências desastradas do desprezo das
leis naturais no que diz respeito ao casamento são visíveis no mundo
aristocrático. Nesse setor as mães só obedeciam a imposições sociais ou a
interesses financeiros. No primeiro caso, a conseqüência era o enfraquecimento
da raça; no segundo, tratava-se de um envenenamento do sangue nacional, uma vez
que toda filha de pequeno comerciante judeu se julgava com direito a suprir a
descendência de Sua Alteza. Em ambas as hipóteses a mais completa
degenerescência era o resultado desse estado de coisas.
A burguesia
atual esforça-se por seguir o mesmo caminho e chegará aos mesmos resultados.
Com idêntica pressa procura-se passar sobre as verdades desagradáveis como
se, com essa maneira de agir, se pudesse evitar que os fatos acontecessem. Não!
Não se pode negar, por demasiado evidente, a triste realidade de que o povo das
nossas grandes cidades cada vez mais se prostitui e, justamente por isso,
aumentam as devastações da sífilis. As conseqüências dessa epidemia geral podem'
ser examinadas nos hospícios e Infelizmente também nas crianças. Sobretudo estas
são o mais triste resultado do constante e progressivo infeccionamento da nossa
vida sexual. Nas doenças das crianças são evidentes as taras dos pais.
Há vários meios da gente desinteressar-se ante essa desagradável e horrível
realidade. Uns nada vêem ou, melhor, não querem ver. Essa é a atitude mais
simples e mais cômoda. Outros se envolvem no manto de um pudor irrisório e
mentiroso, falam do assunto como se se tratasse apenas de um grande pecado e
manifestam, diante de cada pecador pegado em flagrante a sua mais profunda
cólera, para depois, tomados de nojo, fecharem os olhos à maldita epidemia e
pedirem a Deus, para, depois da morte deles, se possível, enviar uma chuva de
enxofre e fogo sobre essa Sodoma e Gomorra, para edificante exemplo a essa
despudorada humanidade. Os terceiros leitores vêem muito bem as tétricas
conseqüências que essa peste um dia provocará, mas encolhem os ombros e passam,
convencidos de que nada podem fazer contra o perigo. Assim deixam-se as coisas
seguirem seu curso natural.
Isto é muito cômodo, mas é preciso que
ninguém se esqueça de que esse comodismo custará o sacrifício da nação. A
desculpa de que as outras nações não estão em situação melhor em nada modificará
a triste realidade da nossa própria ruína, salvo se o fato de a mesma
infelicidade recair sobre os outros constituísse um alívio para as nossas
próprias dores.
O problema deve, porém, ser posto nos seguintes termos:
Quais são os povos que serão por ela arrastados à ruína?
Trata-se de uma
prova a que são submetidas as raças. Aquelas que não resistirem à prova
parecerão e serão substituídas pelas mais sadias, mais resistentes, mais capazes
de reação.
Como esse problema "interessa", em primeiro lugar, às novas
gerações, pertence à categoria dos em que com muita razão se diz que os pecados
dos pais se refletem até sobre a décima geração, verdade essa que se traduz em
um atentado contra a pureza do sangue e da raça.
O pecado contra o
sangue e a raça é o pecado original deste mundo e o fim da humanidade que o
comete.
Em que situação deplorável se encontrava a Alemanha de antes da
Guerra em relação a esse problema!
Que se fez para impedir a
contaminação da juventude das grandes cidades?
Que se fez para combater
as devastações da sífilis sobre o corpo do povo?
A resposta a essas
perguntas era a afirmação de que se tratava de uma fatalidade inevitável.
Antes de tudo, trata-se de um problema que não deve ser encarado tão
levianamente. É preciso que se compreenda que da sua solução de. pende a
felicidade ou infelicidade de gerações inteiras e que dele pode depender
decisivamente, embora não o devesse, o futuro do nosso povo. Essa compreensão do
problema obrigava, porém, a medidas radicais, e a uma intervenção decidida e
firme.
Em primeiro lugar, seria necessário que todos se convencessem de
que a atenção de todo o povo se deveria concentrar nesse terrível perigo, de
modo que todos os indivíduos, pudessem se compenetrar da importância dessa luta.
Só se pode transformar em realidade certos deveres, principalmente aqueles cuja
realização demanda sacrifício, quando os indivíduos, sem nenhuma coação, se
convencem da necessidade de cumpri-los. Para isso é preciso uma enorme
propaganda que faça passar para um plano 'secundário todos os outros problemas-
do dia.
Em todos os casos em que se trata da solução de pretensões, de
problemas aparentemente impossíveis, deve-se concentrar toda a atenção do povo
sobre esse problema como se de sua resolução dependesse a existência coletiva.
Só por esse meio se pode tornar um povo conscientemente capaz de um grande
esforço. Esse princípio também se aplica aos indivíduos tomados isoladamente,
sempre que se trata da realização de grandes objetivos. O indivíduo só poderá
atingir o fim visado, por etapas graduais, só concentrará todos os seus esforços
para alcançar um objetivo determinado, depois que a primeira etapa parecer
alcançada e o plano para a nova estiver traçado. Quem não adotar essa divisão,
em etapas, do caminho a percorrer, quem não se esforçar por esse plano de
concentração de todas as forças a vencer, etapa por etapa, não poderá nunca
atingir o objetivo, ficará ao contrário, no meio do caminho, talvez até no
desvio.
Esses preparativos para a consecução de uma determinada
finalidade constituem uma verdadeira arte e exigem o em prego de todas as
energias disponíveis para que se possa, passo a .passo, chegar ao fim. A
primeira condição que se torna necessária para o povo vencer as diferentes
etapas é que a direção consiga convencer a massa do povo que a próxima etapa a
ser alcançada é a última e que, de sua conquista, tudo depende. O povo nunca vê
em toda sua extensão, o caminho a percorrer, sem cansar-se e hesitar na sua
tarefa. Até certo ponto ele verá a meta a ser atingida, mas só poderá abranger
com a vista pequenas etapas, tal qual o viandante que sabe qual é o fim da sua
jornada mas vence melhor o caminho sem fim, se dividi-lo em trechos e procurar
vencê-los, como se cada um fosse o fim da jornada. Só assim, ele caminha sempre
para a frente, sem desanimo.
Assim se deveria, pelo emprego de todos os
meios de propaganda, ter convencido a nação de que o combate contra a sífilis
era o problema máximo do povo e não um dos seus problemas. Para alcançar esse
fim, dever-se-ia convencer o povo de que todos os seus males resultaram dessa
horrível infelicidade e, pelo emprego de todos os meios possíveis, martelar essa
idéia na cabeça de todos, até que toda a nação chegasse a compreender que da
solução desse problema tudo depende, o futuro da Pátria ou a sua ruína.
Só depois de uma tal preparação, mesmo que durasse anos, poder-se-ia
despertar a atenção do povo inteiro e impeli-lo a decisões firmes. Só assim se
poderia tomar medidas que exigiriam grandes sacrifícios, sem correr o perigo de
não ser compreendido e ser abandonado pela boa vontade da nação.
Para
combater uma peste seriamente são necessários inauditos sacrifícios e esforços.
A campanha contra a sífilis exige uma campanha idêntica contra a prostituição,
contra preconceitos, contra velhos hábitos, contra idéias ainda em voga, pontos
de vista e, por fim, contra o pudor artificial de certos meios sociais.
A primeira hipótese, aliás por motivos morais, para combater a sífilis
consiste em facilitar os casamentos dos jovens, nas futuras gerações. Nos
casamentos tardios está uma das causas da conservação de um estado de coisas
que, por mais que se queira torcer, é e será sempre uma vergonha para a
humanidade, e que deve ser visto como uma maldição para criaturas que,
modestamente, se julgam feitas à imagem do Criador.
A prostituição é uma
vergonha para a humanidade, que não pode, porém, ser removida com preleções
morais, piedosos sentimentos, etc. A sua diminuição e a sua extinção completa
pressupõem a remoção de um número infinito de condições preliminares. A primeira
condição, porém, é a criação de um ambiente de facilidades ao casamento dos
jovens, o que aliás corresponde a uma exigência da natureza. Referimo-nos
sobretudo aos homens, pois nesses assuntos a mulher é sempre passiva.
Como os homens de hoje, em parte se acham desviados, pode-se ver no fato
de, freqüentemente, as mães, na chamada "melhor" sociedade, darem graças a Deus
encontrarem no filho um homem que já se iniciou". Como essa é a hipótese mais
freqüente, as pobres raparigas encontrarão um Siegfried "iniciado" e as crianças
sofrerão os efeitos desses "ajuizados casamentos".
Se refletirmos que
uma grande diminuição da procriação é conseqüência desse estado de coisas e que
disso está dependente a seleção natural que só pode ter como resultado criaturas
infelizes, então é lícito que nos façamos esta pergunta: Por que manter uma tal
instituição? Que objetivo preenche ela? Não é ela, porventura, igual à própria
prostituição? O dever para com a posteridade não existe mais? Não se compreende
que praga se reserva a futuras gerações através de uma tão criminosa e leviana
aplicação de um direito natural que é também o maior dever para com a Natureza?
Assim se degeneram os grandes povos e gradualmente são arrastados à ruína.
O casamento não deve ser uma finalidade em si, mas ao contrário, deve
servir à multiplicação e conservação da espécie e da raça, Esse é o seu
significado, essa é a sua finalidade.
Assim sendo, a sua razão de ser
deve ser medida pela maneira por que é alcançado esse objetivo. Os casamentos
entre jovens se justificam ao primeiro exame, porque podem dar produtos mais
sadios e mais resistentes. Para facilitar essas uniões tornam-se imprescindíveis
várias condições sociais, sem as quais impossível é contar com casamentos entre
jovens. A solução desse problema, aparentemente tão fácil, não se encontrará sem
medidas decisivas sob o ponto de vista social.
A importância desse
problema ressalta do fato de vivermos em um tempo em que a chamada República
"Social", demonstrando a sua incapacidade para resolver o problema das
habitações, tornou impossíveis inúmeros casamentos e incrementou, por esse meio,
a prostituição.
À irracionalidade da nossa maneira de dividir os
salários, sem nenhuma atenção ao problema da família e seu sustento, deve-se o
fato de muitos casamentos não se realizarem.
Só se pode tentar uma
verdadeira guerra contra a prostituição se, por uma modificação radical nas
atuais condições sociais, se facilitarem as uniões entre jovens, mais do que
acontece atualmente. Essa é a primeira condição para que o problema da
prostituição possa ser resolvido.
Em segundo lugar, a educação e a
instrução terão que eliminar uma porção de erros com os quais até hoje ninguém
se preocupou. Antes de tudo é preciso pôr no mesmo plano a educação intelectual
propriamente dita e a educação física! O que hoje se conhece pelo nome de
Ginásio é um arremedo do modelo grego. Com os nossos processos educacionais,
tem-se a impressão de que todos se esqueceram de que um espírito sadio só pode
existir em um corpo são. Essa verdade é tanto mais ponderável quando se aplica à
grande massa do povo, pondo-se de parte exceções individuais.
Tempo
houve, na Alemanha de antes da Guerra, em que ninguém se preocupava com essa
verdade. Pecava-se abertamente contra a saúde do corpo e pensava-se que, na
formação intelectual, estava uma garantia da prosperidade da nação, Esse erro
começou a fazer sentir as suas conseqüências mais depressa do que se esperava.
Não foi por obra do acaso que a onda bolchevista encontrou meio mais
favorável justamente entre as populações que mais haviam sofrido fome ou
alimentação insuficiente, isto é, a Alemanha central, a Saxônia e o Ruhr. Nessas
regiões quase não se nota a resistência, da parte dos chamados "intelectuais",
contra essa epidemia judaica, e isso menos em conseqüência da miséria do que em
conseqüência da educação. A maneira unilateral de encarar a educação nas camadas
elevadas da sociedade, justamente nesta época em que é o punho que decide e não
o espirito, torna-as incapazes de manterem as suas posições e ainda menos de
vencerem. .Na fraqueza física está a razão principal da covardia dos indivíduos.
O valor excessivo dado à cultura intelectual pura e a negligência em
relação à formação física dão origem, antes de tempo, às solicitações sexuais. O
jovem que se fortalece nos desportos e nos exercícios de ginástica está menos
sujeito a capitular ante a satisfação dos seus instintos do que aquele que vive,
sedentariamente, no gabinete de estudo.
Uma educação racional terá que
tomar em consideração esse aspecto do problema. Essa educação não deve perder de
vista que se deve esperar da mulher um rebento mais sadio do que os que
atualmente já nascem contaminados.
O conjunto da educação deveria ser
organizado de maneira que todo o tempo disponível da mocidade fosse empregado na
sua cultura física. Nos tempos que correm, a mocidade não tem o direito de errar
pelas ruas e cinemas, fazendo distúrbios, cumpre-lhe, depois da faina diária,
exercitar-se fisicamente para, quando entrar na vida, apresentar a resistência
necessária. Prepará-la para isso deve ser o objetivo da educação e não simples
aquisição da chamada cultura intelectual. Devemo-nos livrar da noção de que a
cultura física compete ao próprio indivíduo. Ninguém tem liberdade de errar à
custa da posteridade, isto é, da raça.
A luta contra o envenenamento da
alma deve-se desenvolver ao lado da cultura física. Hoje toda a nossa vida em
público é uma espécie de estufa para o cultivo de idéias e atrações sexuais.
Olhem-se os programas de cinemas, das casas de diversões, dos teatros de
variedades e ver-se-á que aquelas idéias parecem ser vistas como o alimento
apropriado, especialmente para a educação da mocidade. Casas e quiosques de
propaganda coligam-se para atrair a atenção pública pelos mais baixos
expedientes. Quem quer que não tenha perdido a capacidade de penetrar na. alma
dos jovens, logo compreenderá que essa educação só pode resultar em graves
prejuízos para a mocidade.
Esse ambiente é causa de imagens e excitações
sexuais em um momento em que os jovens não têm nenhuma idéia de tais coisas. O
resultado desse processo de educação não pode ser visto de maneira satisfatória
na mocidade de hoje. Os jovens amadurecem depressa demais e envelhecem antes do
tempo. Nas saías das nossas cortes de justiça aparecem freqüentemente casos que
permitem fazer-se uma idéia do horrível estalo de espírito dos nossos jovens de
quatorze e quinze anos. Quem se poderá admirar de que, já nessa idade, a sífilis
faça as suas vítimas? Não é uma lástima verem-se tantos jovens, fisicamente
fracos e espiritualmente corrompidos, ingressarem na vida de casados, depois de
um estágio na prostituição das grandes cidades?
Quem quiser combater a
prostituição, deve, em primeiro lugar, auxiliar a combater as razões espirituais
em que ela se funda.
Deve, primeiro, livrar-se do lixo da
intelectualidade das grandes cidades e isso sem vacilações ante a gritaria que,
naturalmente, se verificará.
Se não livrarmos a mocidade do charco que
atualmente a ameaça, ela nele afundará. Quem não quiser se aperceber dessa
situação, estará concorrendo para apoiá-la, transformando-se em co-autor da
lenta prostituição das futuras gerações.
O teatro, a arte, a literatura,
o cinema, a imprensa, os anúncios, as vitrines, devem ser empregados em limpar a
nação da podridão existente e pôr-se a serviço da moral e da cultura oficiais.
E, em tudo isso, o objetivo único deve ser a conservação da saúde do povo,
tanto do ponto de vista físico como do intelectual. A liberdade individual deve
ceder o lugar à conservação da raça.
Só depois de executadas essas
medidas, pode-se ter sólidas esperanças de êxito na campanha profilática contra
a epidemia. Nessa luta também não se deve recorrer a meias medidas mas, ao
contrário, devem ser tomadas resoluções sérias e decisivas.
É deplorável
que se consinta que indivíduos que sofrem de moléstias incuráveis continuem a
contaminar as pessoas sadias. Isso corresponde a um sentimento de humanidade do
qual decorre o seguinte - para não fazer mal a um arruinam-se centenas. Tornar
impossível que indivíduos doentes procriem outros mais doentes é uma exigência
que deve ser posta em prática de uma maneira metódica, pois se trata da mais
humana das medidas. Ela poupará a milhões de infelizes desgraças que não
mereceram e terá como conseqüência a elevação do nível da saúde do povo. A firme
resolução de enveredar por esse caminho oporá também um dique às moléstias
venéreas. Nesse assunto, quando necessário, deve-se proceder, sem compaixões, no
sentido do isolamento dos doentes incuráveis. Essa medida é bárbara para os
infelizes portadores dessas moléstias mas é a salvação dos coevos e pósteros. O
sofrimento imposto a um século livrará a humanidade de sofrimentos idênticos por
milhares de anos.
A luta contra a sífilis e sua companheira inseparável
- a prostituição - é uma das mais importantes missões da humanidade,- sobretudo
porque não se trata, no caso, da solução de um só problema mas da remoção de uma
série de males que dão causa a essa pestilência. A doença - física, no caso em
questão, é apenas a conseqüência da doença do instinto social, moral e racial.
Se essa luta for dirigida por processos cômodos e covardes, dentro de
quinhentos anos os povos desaparecerão. Não mais se poderá ver no homem a imagem
de Deus, sem grave ofensa a esse.
Como se cuidou, na antiga Alemanha, de
livrar o povo dessa calamidade? Por um exame sereno chegar-se-á a uma triste
conclusão. Nos círculos governamentais conheciam-se muito bem todos os males
decorrentes dessa moléstia, se bem que não se refletisse sobre todas as suas
conseqüências. Na luta, porém, o fracasso foi completo porque, em vez de medidas
radicais, tomaram-se medidas deploráveis. Doutrinava-se sobre a moléstia e
deixava-se que as suas causas continuassem a produzir os mesmos efeitos.
Submetia-se a prostituta a um exame médico, inspecionava-se a mesma como se
podia e, no caso de se constatar uma moléstia, internava-se a doente em um
lazareto qualquer, do qual saía depois de uma cura aparente para de novo
infeccionar o resto da humanidade.
É verdade que na lei havia um
"parágrafo de defesa" pelo qual se proibia o tráfego sexual a quem não fosse
inteiramente sadio ou não estivesse curado. Em teoria essa medida é justa mas na
sua aplicação prática o fracasso é completo.
Em primeiro lugar, a
mulher, quando atingida por essa infelicidade, em virtude dos nossos
preconceitos e dos seus próprios, na maioria dos casos evitará servir de
testemunha contra o que furtou a sua saúde e comparecer perante os juizes,
muitas vezes em condições dolorosas.
De pouca utilidade é esse processo,
mesmo porque, na maioria dos casos, ela é que sofrerá mais, pois será ainda mais
desprezada por aqueles com quem convive, o que não aconteceria com o homem.
Fez-se, porventura, a hipótese de ser o próprio marido portador da
moléstia? A mulher, nesse caso, deveria queixar-se? Que deveria ela fazer?
Quanto ao homem deve-se acrescentar que infelizmente é muito comum que,
justamente depois das libações alcoólicas, é que ele corre atrás dessa peste, o
que o coloca em situação de não poder julgar das qualidades de suas "belas"! As
prostitutas doentes sabem muito bem disso, o que faz com que prefiram pescar os
homens nesse estado. O resultado é que por mais que dê trato à bola, ele não
conseguirá lembrar-se da benfeitora que lhe proporcionou a desagradável surpresa
da contaminação. Isso não é de admirar em uma cidade como Berlim ou mesmo
Munique. A isso se acrescente o caso de um provinciano completamente desnorteado
no meio da vida alegre das grandes cidades.
Além disso, quem sabe
exatamente se está doente ou não? Não se verificam inúmeros casos em que uma
pessoa aparentemente curada, recai e causa desgraças horríveis, na perfeita
ignorância da realidade?
Assim, a eficiência prática dessa defesa,
através da punição legal de um contágio culposo, é absolutamente nula.
O
mesmo acontece com a inspeção médica das prostitutas. A própria cura é hoje uma
coisa incerta, duvidosa. Só uma coisa é certa - apesar de todas as medidas, a
calamidade torna-se cada vez mais devastadora, o que confirma, da maneira mais
impressionante, a insuficiência das providências adotadas.
Tudo o que se
fez foi, ao mesmo tempo, insuficiente e irrisório. A corrupção do povo não foi
evitada. Aliás nada se tentou de sério nesse sentido.
Quem estiver
propenso a encarar levianamente esse problema, deve estudar os dados
estatísticos sobre o progresso dessa peste, refletir sobre o seu futuro
desenvolvimento. Se, depois disso, não se sentir revoltado pode dar a si, com
toda justiça, o qualificativo de asno.
A fraqueza e a indecisão com que,
já na antiga Alemanha, se encarava essa grave questão, devem ser vistas como
sintoma da decadência de um povo.
Quando já não há força para o combate
pela saúde de um povo, esse povo não tem mais direito à vida em um mundo de
lutas como o nosso. O mundo pertence aos fortes, aos decididos, e não aos
tímidos.
Um dos mais visíveis sintomas da decadência do antigo Império
era, incontestavelmente, a lenta diminuição da cultura geral. Sob essa
denominação não se deve incluir o que hoje se chama "civilização". Ao contrário,
a civilização atual parece significar uma inimiga da verdadeira noção do que
seja a elevação moral do espírito de um povo.
Já por ocasião da entrada
deste século, começou a infiltrar-se, em nossa arte um elemento que lhe era
absolutamente estranho e desconhecidos Incontestável é que, também em outros
tempos, sempre se notaram desvirtuamentos do bom gosto. Em tais casos,
tratava-se, porém, de deslizes artísticos, aos quais a posteridade poderia dar
um certo valor histórico, como prova não já de uma depravação artística mas de
um desvio intelectual que chegara até à falta de espírito. Nisso já se podiam
vislumbrar sintomas da ruína futura.
O bolchevismo da arte é a única
forma cultural possível da exteriorização do marxismo.
Quando essa coisa
estranha aparece, a arte dos Estados bolcheviquizados só pode contar com
produtos doentios de loucos ou degenerados, que desde o século passado,
conhecemos sob a forma de dadaismo e cubismo, como a arte oficialmente
reconhecida e admirada. No curto período dos "Conselhos" da República bávara,
essa espécie de arte já havia aparecido. Já por aí se poderia constatar como os
placards oficiais, os anúncios dos jornais, etc. traziam em si o sinete não só
da ruína política como da decadência cultural. Assim como não se podia, há
dezesseis anos, pensar em um colapso da política do império em face da grandeza
que havíamos atingido, muito menos se poderia pensar em uma decadência cultural
pelas demonstrações futurísticas e cubísticas que começaram a aparecer desde
1900. Há dezesseis anos uma exposição de produções ."dadaísticas" teria parecido
impossível e os expositores teriam sido levados ao hospício, ao passo que hoje
são guindados à presidência das associações artísticas.
Essa epidemia
não poderia ter vencido outrora, não só porque a opinião pública não a toleraria
como porque o Governo não a veria com indiferença. É um dever dos dirigentes
proibir que o povo caia sob a influência de tais loucuras. Um tão deplorável
estado de coisas deveria um dia receber um golpe fatal, decisivo. Justamente no
dia em que essa espécie de arte correspondesse ao gosto geral, ter-se-ia
iniciado uma das mais graves metamorfoses da humanidade. A retrogradação do
espírito humano teria começado e mal se poderia prever o fim de tudo isso.
Logo que se verificou, nessa direção, a evolução de uma vida cultural, que
se vem realizando, há uns vinte e cinco anos, dever-se-ia ver com espanto como
já estávamos adiantados nesse processo de involução. Sob todos os aspectos,
estamos em uma situação em que viceja o germe que, mais cedo ou mais tarde, há
de arruinar a nossa cultura. Nesses sintomas devemos ver também os sinais
evidentes de uma lenta decadência do mundo. Infelizes os povos que já não podem
dominar essa epidemia!
Essa calamidade poderia ser facilmente constatada
em quase todas as manifestações artísticas' e intelectuais da Alemanha. Tudo
fazia crer ter a mesma atingido o auge para provocar a precipitação no abismo.
O teatro decaía cada vez mais e poderia ser considerado como um fator
desprezível na cultura do povo se o teatro da corte não resistisse contra a
prostituição da arte. Pondo de parte essa e outras gloriosas exceções, as
representações teatrais, por conveniência da nação, deveriam ser proibidas. Era
um triste indício da ruína do povo que não se pudesse mais mandar a mocidade a
essas chamadas "casas de arte", onde se representavam coisas despudoradas com o
aviso prévio - impróprio para menores.
E pensar-se que essas medidas de
precaução eram julgadas necessárias justamente nos lugares que deveriam ser os
primeiros a fornecer o material para a formação da juventude e - não para o
divertimento dos velhos blasés! Que diriam os grandes dramaturgos de todos os
tempos ao saberem dessas precauções e sobretudo das causas que a tornavam
necessárias? Imagine-se a indignação de Schiller! Goethe! ficariam furiosos ante
esse espetáculo!
Mas, na realidade, que são Goethe, Schiller ou
Shakespeare em comparação com os heróis da nova poesia alemã? Gastas e obsoletas
coisas de um passado que não podia mais sobreviver! A característica desses
literatos é que eles não só produzem somente sujeira mas, pior do que isso,
lançam lama sobre tudo o que é realmente grande - no passado.
Esse
sintoma se verifica sempre nesses tempos de decadência. Quanto mais baixas e
desprezíveis forem as produções intelectuais de um determinado tempo e os seus
autores, tanto mais odeiam esses os representantes de uma grandeza passada. Em
tais tempos, procura-se apagar a lembrança do passado da humanidade para, em
face da impossibilidade de qualquer paralelo, esses literatos de fancaria
poderem mais facilmente impingir as suas produções como "obras de arte. Por
isso, toda instituição nova, quanto mais miserável e desprezível ela for, tanto
mais se esforçará por lançar uma esponja sobre o passado, ao passo que toda
renovação de verdadeira significação para a humanidade, sem preocupações
subalternas, procura fazer ligação com as conquistas das gerações passadas e
mesmo pô-las em relevo. Essas renovações bem intencionadas nada têm a temer em
um confronto com o passado, mas, ao contrário, retiram uma tão valiosa
contribuição do tesouro geral da cultura humana que, muitas vezes, para sua
completa apreciação, se desvelam os seus promotores em ressaltar os esforços dos
que vieram antes, a fim de conseguirem para as suas iniciativas uma compreensão
mais exata por parte dos contemporâneos. Quem nada tem de valioso a oferecer ao
mundo, mas, ao contrário, se esforça por que este lhe ofereça coisas que só Deus
sabe, odiará tudo o que já se fez no passado e será sempre propenso a tudo
negar, a tudo destruir.
Isso se verifica não somente nas novas produções
da cultura geral como na política. Os novos movimentos revolucionários odiarão
os antigos modelos quanto menor for a sua própria significação. Nesse terreno,
constata-se, da mesma maneira que na vida intelectual e artística, a preocupação
de dar vulto às obras de fancaria, o que conduz a um ódio cego contra tudo
quanto de bom se fez no passado.
Enquanto, por exemplo, a lembrança
histórica da vida de Frederico o Grande não tiver desaparecido, Frederico Ebert
só poderá provocar uma admiração muito relativa. O grande homem de Sans Souci
aparece junto ao antigo taberneiro de Bremen como o sol perante a lua; somente
quando os raios do sol desaparecem é que a lua pode brilhar E, por isso, também
muito natural o ódio dessas novas "luas" da humanidade contra as estrelas fixas.
Na vida política, essas nulidades, quando o acaso as leva às posições de
mando, costumam, com maior fúria, não só enlamear o passado como evitar, por
todos os meios, a crítica geral às suas pessoas. Um exemplo disso pode-se
encontrar na lei de defesa do governo da nova república alemã.
Se
qualquer nova idéia, nova doutrina, nova concepção do mundo ou qualquer
movimento político ou econômico tenta negar o conjunto do passado, ou
considerá-lo sem valor, a novidade, só por esse motivo, deve ser vista' com
cautela e desconfiança- Na maior parte dos casos, a razão para esse ódio ao
passado é a mediocridade ou a - má intenção. Um movimento renovador
verdadeiramente salutar terá sempre que construir sobre bases que lhe forneça o
passado, não precisando envergonhar-se de recorrer às verdades já existentes. O
conjunto da cultura geral como a do próprio Indivíduo, não é mais do que o
resultado de uma longa evolução em que cada geração concorre com a sua pedra e
adapta-a à construção já iniciada. A finalidade e a razão de ser das revoluções
não consistem em demolir o edifício inteiro, mas afastar as causas da. sua
ruína, reconstruindo a parte ameaçada de demolição.
Somente assim se
pode falar em progresso da humanidade. Sem isso, o mundo nunca sairia do caos,
pois cada geração, tendo o direito de negar o passado, estabeleceria como
condição para a sua própria tarefa a destruição do que houvesse sido feito pela
geração anterior. O aspecto mais lamentável da nossa cultura geral, antes da
Guerra, não era somente a absoluta impotência da força criadora artística e
intelectual, mas também o ódio com que se procurava enlamear a lembrança das
grandezas passadas ou negá-las absolutamente.
Quase em todos os domínios
da arte, sobretudo no teatro e na literatura, desde o fim do século, os autores
se preocupavam menos em produzir alguma coisa de valor real do que em denegrir o
que havia de melhor no passado, apontando essas obras-primas como medíocres e
passadistas, como se, nos tempos atuais, que se caracterizam pela mais
vergonhosa- mediocridade, pudesse alguém lançar essa pecha sobre as grandes
produções do passado.
As más intenções desses apóstolos do futuro
tornam-se evidentes justamente pelo esforço que desenvolvem para ocultar o
passado aos olhos do presente. Nisso se deveria ter visto desde logo que não se
tratava, no caso, de uma nova, embora falsa, concepção cultural, mas de uma
destruição sistemática dos fundamentos da cultura que tornasse possíveis a
demolição dos sadios sentimentos artísticos e a conseqüente preparação
intelectual para o bolchevismo político. Assim como o século de Péricles
apareceu corporizado no Panteon, o bolchevismo atual é representado por uma
caricatura cubista.
Pelo mesmo critério deve ser examinada a evidente
covardia de nosso povo que, por força da sua educação e de sua própria posição,
estava no dever de dar combate a essa vergonhosa orientação intelectual.
Por mero temor da gritaria dos apóstolos da arte bolchevista que atacavam a
todos que não os consideravam como criadores, renunciava-se às mais sérias
resistências e todos se conformavam com o que lhes parecia Inevitável. Tinha-se
horror a resistir a esses incultos mentirosos e impostores, como se fosse uma
vergonha não compreender as produções desses degenerados ou descarados
embusteiros.
Esses jovens "intelectuais" possuíam um meio muito simples
de imprimir as suas produções o cunho da mais alta importância. Eles
apresentavam aos contemporâneos maravilhados todas as loucuras visíveis e as
incompreensíveis como se constituíssem a vida íntima destes, retirando assim, de
início, à maior parte dos indivíduos, qualquer possibilidade de réplica. Que
essas loucuras representem de fato a vida interna não é de duvidar. Não se
conclui daí, porém, que se deve pôr diante dos olhos de uma sociedade sadia as
alucinações de doentes do espírito ou de criminosos. As obras de um Moritz von
Schwind ou as de um Bocklin eram a descrição real da vida, mas da vida de
artistas da maior elevação moral e não da existência de bufões. Nesse estado de
coisas podia-se muito bem compreender a miserável covardia dos nossos chamados
intelectuais que se encolhiam a cada resistência séria contra esse envenenamento
intelectual e moral do nosso povo, que assim ficava entregue a si mesmo na luta
contra esses impudentes erros. Para não revelar ignorância era matéria de arte
comprava-se alho por bugalho até que, com o tempo, tornava- difícil distinguir
as produções de valor real das obras de fancaria.
Tudo isso constituía
um sintoma alarmante para o futuro.
Como sinal alarmante deve ser
considerado também o fato de, já no século XIX, as nossas grandes cidades terem
começado a perder cada vez mais o aspecto de cidades culturais para baixarem à
situação de meras aglomerações humanas. A falta de apego dos proletários dos
grandes centros ao lugar em que moram resulta do fato de ser vista a residência
de cada um apenas como um domicílio provisório. Isso em parte é devido à
situação social, que provoca tão constantes mudanças de domicilio, que os homens
não têm tempo de se apegar à sua cidade. Mas as causas principais devem ser
procuradas na pobreza da nossa cultura geral e na miséria atual dos grandes
centros.
No tempo da guerra da independência as cidades alemãs eram não
só em menor número mas mais modestas. As poucas grandes cidades existentes eram,
na sua maior parte, a sede dos governos e, como tais, possuíam quase sempre um
certo valor cultural e artístico. Os poucos lugares de mais de cinqüenta mil
habitantes eram, em comparação com as cidades atuais do mesmo vulto, ricas em
tesouros científicos e artísticos. Quando Munique contava setenta mil
habitantes, já se preparava para tornar-se um dos primeiros centros artísticos
da Alemanha. Hoje qualquer centro fabril já alcançou aquele número de habitantes
e até mesmo ultrapassou de muito sem que, em muitos casos, possa apresentar
qualquer valor próprio. Não passam esses lugares de mero aglomerado de casas de
residências e de aluguel e nada mais, Que desse estado de coisas pudesse
resultar um apego a tais lugares é quase impossível. Ninguém se apegará a uma
cidade que nada mais oferece aos seus habitantes do que quaisquer outras, que
deixa de satisfazer às exigências individuais e, na qual, criminosamente, se
lhes nega tudo que tenha a aparência de obras de arte ou produtos culturais.
Não é só. Nas cidades verdadeiramente grandes, à proporção que a população
aumentava, crescia também a pobreza artística. Elas ofereciam, em maiores
proporções, o mesmo quadro dos centros fabris. O que os tempos atuais
acrescentaram à cultura das nossas grandes cidades é de todo insuficiente. Todas
as nossas grandes cidades vivem das glórias e dos tesouros do passado.
Subtraia-se da atual Munique tudo o que foi criado por Luís I e constatar-se-á
com espanto como é mesquinho o progresso de então para cá em criações artísticas
de valor real. A mesma observação se poderá aplicar a Berlim e à maioria dos
outros grandes centros.
O mais importante é o seguinte:
Nenhuma
das nossas grandes cidades possui monumentos importantes que, de qualquer modo,
valham como sinais característicos da época! As cidades antigas, quase todas,
possuíam monumentos de que se orgulhavam. A característica dominante das cidades
antigas não está em construções particulares mas em monumentos públicos que não
são destinados para o momento mas para a eternidade, pois neles não se refletem
as riquezas de um particular mas a grandeza da coletividade. Assim se originavam
os monumentos públicos, cujo objetivo era fazer com que os habitantes se
apegassem à cidade, os quais, hoje, parecem a nós quase incompreensíveis. O que
se tinha em mente, naqueles tempos, era menos insignificantes casas particulares
do que pomposos monumentos para a coletividade.
Ao lado desses
monumentos, a casa de habitação tem uma importância muito secundária, só
comparando as grandes proporções das antigas construções do Estado com as
construções particulares do mesmo tempo poderemos compreender o elevado alcance
do princípio que consistia em dar preferência às obras de caráter coletivo. As
obras colossais que hoje admiramos nas ruínas do mundo antigo não são palácios
comerciais, mas templos e edifícios públicos, obras que aproveitam a toda a
coletividade. Mesmo em pleno fausto da Roma dos últimos tempos, ocupavam o
primeiro lugar, não as vilas e palácios dos burgueses, mas os templos e as
termas, os estádios, os circos, os aquedutos, as basílicas, etc.. todas
construções do Estado e, por conseguinte, de todo o povo. Essa observação também
se aplica à Alemanha da Idade Média, embora sob outro aspecto artístico. O que
para a antigüidade representava a Acrópole ou o Panteon, representava, para a
Idade Média, apenas a igreja gótica. Essas obras monumentais elevam-se como
gigantes ao lado das mesquinhas construções de madeira ou de tijolo das cidades
da Idade Média e constituem ainda hoje o sinal característico de uma época, pois
cada vez mais estão em voga as casas de aluguel. Catedrais, paços municipais,
mercados etc. são os sinais visíveis de uma concepção que em nada corresponde à
antiga.
Quão mesquinhas são hoje as proporções entre as construções do
Estado e as particulares! Se Berlim viesse a ter as artes de Roma, a posteridade
só poderia admirar, como obras mais importantes do nosso tempo e como expressão
da nossa cultura, os armazéns de alguns judeus e os hotéis de algumas
sociedades.
Compare-se a desproporção, mesmo em uma cidade como Berlim,
entre as construções dos Governos e as do mundo das finanças e do comércio. A
quota destinada às construções do Estado é insuficiente e irrisória. Não é
possível construir obras para a eternidade e sim para as necessidades do
momento. Nenhum elevado pensamento poderá inspirá-las. O castelo de Berlim foi,
para o seu tempo, uma obra de maior significação do que a nova Biblioteca, em
relação ao presente. Enquanto só a construção de um navio de guerra representa a
soma de sessenta milhões, para o edifício do Reichstag, o primeiro monumento
grandioso do Governo. foi concedida apenas a metade daquela importância. Quando
se cogitou da ornamentação interna do edifício, todos os membros do Reichstag
votaram contra o emprego de pedra e ordenaram que as paredes fossem revestidas
de gesso. Dessa vez, os parlamentares, por exceção, agiram direito, pois cabeças
de gesso correm perigo entre paredes de pedra.
As nossas cidades atuais
faltam monumentos que sejam a expressão da vida coletiva. Não é, por isso, de
admirar que essa também não exista. A falta de interesses dos habitantes das
grandes cidades pela sorte das mesmas dá lugar a prejuízos que se refletem
praticamente sobre a vida.
Nesse fato vemos também um sinal da
decadência da nossa cultura e um prenúncio da ruína geral. o Estado afunda-se em
mesquinhas preocupações ou melhor, põe-se a serviço do dinheiro. Por isso, não é
de admirar que, sob a influência de uma tal divindade, não haja estímulo para os
fatos de heroísmo. Nos dias que correm, colhemos apenas o que o próximo passado
semeou.
Todos esses sintomas de decadência são, em última análise, a
conseqüência da falta de uma definida concepção do mundo por todos reconhecida e
daí também a insegurança nos julgamentos e nas atitudes em relação ao único
realmente grande problema do presente.
Essa é a razão porque, a começar
do programa educacional, tudo se faz por meias medidas, todos receiam a
responsabilidade e terminam por tolerar os próprios males por todos
reconhecidos. O sentimento de compaixão torna-se a moda. Enquanto se consente na
germinação dos males e se poupam os seus autores, sacrifica-se o futuro de
milhões.
O estudo das condições religiosas antes da Guerra mostrará como
tudo havia atingido um estado de desagregação. Mesmo no domínio religioso,
grande parte do povo havia perdido completamente qualquer convicção
verdadeiramente sólida. Nisso os que eram, aberta e publicamente divergentes da
Igreja representavam uma parte menor do que os que apenas eram indiferentes.
Ambos os credos mantêm missões na Ásia e na África, com o fim de atrair novos
adeptos para as suas doutrinas (aspirações que apresentam resultados muito
modestos em comparação com os progressos feitos pela igreja maometana),
enquanto, na Europa, estão continuamente perdendo milhões e milhões de genuínos
adeptos que ou se tornam inteiramente estranhos a qualquer vida religiosa ou
agem com liberdade. Sob o ponto de vista moral, as conseqüências são nada boas.
Há sinais evidentes de uma luta que aumenta de violência, dia a dia, contra
os princípios dogmáticos das diferentes igrejas, sem os quais, na prática, a
crença religiosa é impossível neste mundo. As grandes massas da nação não
consistem de filósofos. A fé para elas é a única base para a sua vida moral. As
tentativas para encontrar sucedâneos para as atuais religiões não têm
demonstrado tanta conveniência e êxito que provem a vantagem de uma substituição
das antigas confissões religiosas. Quando a doutrina e a fé são realmente
adotadas pela massa do povo, a autoridade absoluta dessa fé é a única garantia
eficaz. O que o costume é, para a vida geral, assim é a lei para o Estado e o
dogma para a religião.
Só o dogma pode destruir a incerta, eternamente
vacilante e controvertida concepção do mundo e dar-lhe uma forma definida, sem a
qual nunca se transformará em uma verdadeira fé. Na outra hipótese, daí nunca
resultaria uma concepção metafísica ou, em outras palavras, um credo filosófico,
o ataque contra o dogma e, em si mesmo, muito semelhante à luta contra os
princípios gerais do Estado. Assim como essa luta contra o Estado terminaria em
completa anarquia, o ataque contra o dogma resultaria em um niilismo religioso.
Para um político o valor de uma religião deve ser apreciado menos pelas
faltas inerentes à mesma do que pelas vantagens que ela possa oferecer. Enquanto
um sucedâneo não aparecer, só loucos e criminosos poderão querer demolir o que
existe.
É bem verdade que, nessa situação desagradável da religião, não
são os menos culpados aqueles que prejudicam o sentimento religioso com a defesa
de interesses puramente materiais, provocando conflitos inteiramente
desnecessários com a chamada ciência exata. Nesse terreno, a vitória caberá
sempre à última, mesmo que a luta seja áspera, e a religião muito será diminuída
aos olhos dos que não se podem elevar acima de uma ciência aparente.
O
mais lastimável, porém, é o prejuízo ocasionado pela utilização das convicções
religiosas para fins políticos. Não se pode nunca dizer o suficiente contra
esses miseráveis exploradores que vêem na religião- um instrumento a serviço da
sua política ou melhor dos seus interesses comerciais. Esses descarados
impostores gritam com voz de estertor para que os outros pecadores possam ouvir,
em toda parte, a confissão de sua fé, pela qual jamais morrerão, mas com a qual
procuram viver melhor. Para conseguirem um êxito de importância na sua carreira
são capazes de vender a sua fé; para arranjarem dez cadeiras no parlamento,
ligam-se com os marxistas, inimigos de todas as religiões; para ganharem uma
pasta de ministro vendem a alma ao diabo, a menos que este os repila por um
resto de decoro.
O fato de muita gente, na Alemanha de antes da Guerra,
não gostar da religião, deve-se atribuir à deturpação do cristianismo pelo
chamado Partido Cristão e pela despudorada tentativa de confundir a fé católica
com um partido político.
Essa aberração ofereceu oportunidade à
conquista de algumas cadeiras do Parlamento a representantes incapazes, mas
prejudicou seriamente a Igreja. Infelizmente a nação inteira é que teve de
suportar as conseqüências desse desvio, pois as conseqüências dai decorrentes
sobre o relaxamento do sentimento religioso coincidiram justamente com um
período em que tudo começava a enfraquecer-se e oscilar nos seus fundamentos e
até os tradicionais princípios da moral e dos costumes ameaçavam entrar em
colapso.
Essas lesões no corpo da nação poderiam continuar sem perigo,
enquanto a própria nação não fosse submetida a uma rude prova de resistência,
mas levariam o povo à ruína desde que grandes acontecimentos tornassem de
decisiva importância o problema da solidariedade interna.
Também no
domínio da política um observador cuidadoso poderia descobrir males que, a menos
que não se tomassem providências imediatas para melhorar a situação, deveriam
ser vistos como sintomas da próxima decadência da política interna e externa do
Império.
A falta de objetivo da política externa e interna da Alemanha
era visível a todos os que não se fingissem de cegos. A política de acordos
pareceu a muitos corresponder à concepção de Bismarck, uma vez que "a política é
a arte do possível".
Apenas, entre Bismarck e os chanceleres alemães
posteriores, havia uma "pequena" diferença, Ao primeiro era possível adotar uma
tal concepção da realidade política ao passo que aos seus sucessores a mesma
concepção deveria ter outro sentido. Com essa política ele queria demonstrar que
para se atingir um determinado fim todos os meios deveriam ser utilizados e se
deveria recorrer a todas as possibilidades. Seus sucessores, porém, viram nesse
plano um produto da necessidade que deveria ser visto com entusiasmo, por
possuir uma finalidade política. A verdade é que nos tempos de hoje já não há
finalidade política na direção do Reich. Falta-lhe a base necessária de uma
concepção definida do mundo, assim como a necessária compreensão das leis que
regem a evolução do organismo político.
Muitos observavam essa
orientação com ansiedade e censuravam acrescente essa falta de plano e de ideais
na política do Império. Muitos reconheciam as fraquezas internas e a
insignificância dessa política. Todos esses, porém, estavam fora das hostes
políticas. O mundo oficial ignorava ás intuições de um Chamberlain, com a mesma
indiferença com o que o faz hoje. Essa gente é demasiado estúpida para pensar
por si mesma e demasiado orgulhosa para aprender dos outros o que é necessário.
Essa é uma verdade de todos os tempos e que deu lugar à afirmação de Oxenstierna
- o mundo será dirigido apenas por um "fragmento de sabedoria", fragmento em que
um conselho ministerial é apenas um átomo insignificante."
Desde que a
Alemanha se tornou república, isso já não acontece absolutamente, pois é
proibido pelas leis acreditar nisso ou mesmo proclamá-lo! Para Oxenstierna foi
uma felicidade ter vivido outrora e não na inteligente república de hoje.
Já antes da Guerra, muitos consideravam como uma das maiores fraquezas do
momento - o Reichstag, em que a força do Império se deveria corporificar. A
covardia e a falta de responsabilidade já ali se irmanavam da maneira mais
acabada.
Um das observações mais despidas de senso que costumamos ouvir
hoje é que o "sistema parlamentar tem sido um fracasso desde a Revolução". Isso
dá lugar a que se pense que, antes da Revolução, as coisas se passavam de modo
diferente, Na realidade, o único efeito dessa instituição é, não pode deixar de
ser, simplesmente destruidor e isso assim era já nos tempos em que a maior parte
do povo usava antolhos, não via nada ou nada queria ver. Para a ruína da
Alemanha essa instituição não contribuiu pouco. O motivo por que a catástrofe
não se realizou mais cedo não se deve pôr à conta do Reichstag mas sim da
resistência que, nos tempos de paz, se opunha à atitude desses coveiros da nação
e do Governo.
Ao número infinito de males, direta ou indiretamente
devidos ao parlamentarismo, escolho ao acaso uma calamidade que melhor define a
essência da mais irresponsável das' organizações de todos os tempos. Refiro-me à
monstruosa leviandade e fraqueza da direção política interna e externa do Reich,
que, antes de tudo, devem ser atribuídas à atuação do Reichstag, e que foram a
causa principal da ruína política. De qualquer maneira que se observem os fatos,
ressalta, em toda a sua clareza, que tudo o que caía sob a influência do
parlamento era feito por meias medidas.
A política de alianças do
Império foi uma dessas meias medidas que se caracterizam por sua fraqueza.
Enquanto se procurava manter a paz, estava-se, de fato, apressando a guerra.
Da mesma maneira deve ser julgada a política para com a Polônia, os
dirigentes alemães irritavam os poloneses sem nunca atacar o problema
severamente. O resultado não foi nem uma vitória para os alemães nem uma
reconciliação com os poloneses, mas a conquista da inimizade dos russos.
A solução do caso da Alsácia Lorena foi também uma meia medida. Em vez de,
por um golpe brutal, abater, de uma vez por todas a hidra francesa, permitindo a
concessão de direitos iguais aos alsacianos, não se fez nem uma nem outra. Os
maiores atraiçoadores do seu país estavam nas fileiras dos grandes partidos,
entre eles, o sr. Wetterlé do Partido do Centro. Tudo isso ainda seria tolerável
se essas meias medidas não tivessem tido força de sacrificar o exército, de cuja
existência dependia em última instância, a conservação do Império.
Para
que o chamado "Reichstag" alemão mereça para sempre as maldições da nação basta
o fato de ter colaborado nesse crime. Por motivos os mais deploráveis, esses
trapos de partido do parlamento retiraram das mãos da nação a arma da
conservação nacional, a única defesa da liberdade e da independência do nosso
povo.
Abram-se hoje os túmulos das planícies da Flândria e deles se
elevarão os acusadores representados por centenas de milhares da nata da
mocidade alemã, que, pela inconsciência desses políticos criminosos, foram
insuficientemente preparados, impelidos à morte, no exército. Esses e mais
milhões de mortos e de estropiados, a Pátria perdeu para favorecer a algumas
centenas de embusteiros, para impô-los à força ou para tornar possível a vitória
de certas teorias repetidas por verdadeiros realejos.
Enquanto os
judeus, por meio de sua imprensa democrática e marxista, irradiavam, para o
mundo inteiro, mentiras sobre o "militarismo" alemão e procuravam fazer mal ao
país por todos os meios possíveis, o partido democrático e o marxista se
recusavam a aprovar qualquer providência que concorresse a aumentar as forças de
resistência da Alemanha.
O inaudito crime que, com essa atitude, se
perpetrou tornou claro a todos que apenas quisessem observar que, na hipótese de
outra guerra, toda a nação pegaria em armas e, por causa desses "representantes
do povo", milhões de alemães, mal ou nada preparados seriam repelidos pelo
inimigo. Essa falta de soldados preparados, no começo da guerra, facilmente
acarretaria a sua perda, o que foi provado, de maneira insofismável, durante a
Grande Guerra.
A perda da guerra pela liberdade e independência da
Alemanha foi conseqüência da indecisão e fraqueza em coordenar todas as forças
da nação para a sua defesa.
Se, em terra, os recrutas não recebiam a
devida preparação militar, no mar verificava-se a mesma política de tornar as
armas de defesa da nação mais ou menos ineficientes. Infelizmente a própria
direção da Marinha deixou-se dominar pela política das meias medidas.
A
tendência de diminuir cada vez mais a tonelagem dos navios lançados ao mar em
comparação com os dos ingleses foi de pouco alcance, em nada genial. Uma frota
que, de início, não era tão numerosa quanto a do seu provável adversário,
deveria justamente compensar a inferioridade do número de unidades com o poder
ofensivo das mesmas. Tratava-se de uma superior capacidade de destruição e não
de uma lendária superioridade de competência.
Na realidade, a técnica
moderna está tão avançada e é tão análoga nos diferentes países civilizados, que
se deve ter como impossível dar a navios de um certo poder um maior poder
agressivo do que aos navios do mesmo número de toneladas das outras nações;
Muito menos se deve pensar em atingir uma maior capacidade
Na realidade, essa pequena tonelagem das navios
alemães só poderia ter como conseqüência a diminuição da sua velocidade e da sua
eficiência. A frase- com que se procura justificar essa realidade já mostrava
uma falta de lógica dos que, na paz, ocupavam as posições de direção. Dizia-se
que o material de guerra alemão era tão superior ao inglês que o canhão alemão
de vinte e oito centímetros, não ficava atrás do inglês de 30,5 centímetros, em
poder de alcance! Justamente por isso era dever do Governo ir além do canhão
30,5 fabricando-se um que lhe fosse superior, tanto em alcance como em poder
ofensivo. Se assim não fosse, não teria sido necessária, no exército, a
construção do canhão "Mörser" de 30,5 centímetros. Isso não aconteceu, porém,
porque a direção do exército pensava com acerto, enquanto a da Marinha defendia
um ponto de vista errado.
A renúncia a planos de uma maior eficiência da
artilharia, assim como de uma maior velocidade, baseou-se na falsidade dos
chamados planos gigantescos. Essa renúncia começou pela forma por que a direção
da Marinha atacou a construção da frota que, desde o começo, por força das
circunstâncias, se desviou para as preocupações de um plano de defensiva. Com
isso se renunciou também a um êxito, pois esse só pode estar no ataque.
Um navio de pequena velocidade, e com um fraco poder ofensivo seria mais
facilmente posto a pique por adversários mais velozes e mais bem armados. Isso
deve ter sido sentido, da maneira mais amarga, por um grande número de nossos
cruzadores. Como era falsa a orientação da nossa Marinha nos tempos de paz,
demonstrou, da maneira mais evidente, a Grande Guerra, que nos impeliu ao
desmantelamento dos velhos navios e a mu melhor aparelhamento dos novos. Se, na
batalha de Skagerrak, os navios alemães tivessem a mesma tonelagem, o mesmo
poder ofensivo e a mesma velocidade dos ingleses, então, a segura e eficiente
atuação das granadas do 38 teria afundado a frota britânica.
O Japão, já
há tempos, tinha impulsionado outra política de construções navais. Nesse país,
- foi julgado da máxima importância, em cada nova unidade, conseguir-se um poder
ofensivo maior do que o do inimigo provável. Isso satisfazia às necessidades de
uma possível posição ofensiva da frota!
Enquanto as forças de terra da
Alemanha, na sua direção, ficavam ao abrigo daqueles princípios falsos, a
Marinha que, infelizmente, estava melhor representada no Parlamento, teve que
ser vencida peta orientação deste. As forças do mar foram organizadas nesse
regime de meias medidas. As glórias imortais que ela conquistou devem ser
levadas à custa das qualidades guerreiras dos alemães, à capacidade e ao
incomparável heroísmo dos oficiais e das guarnições. Se a anterior direção da
Marinha se tivesse elevado ao nível da capacidade desses oficiais e marinheiros,
tantos sacrifícios não teriam sido inúteis. Talvez justamente a habilidade
parlamentar dos lideres da Marinha, durante a paz, tenha sido uma desgraça para
a própria Marinha, pois, em vez de pontos de vista militares, ameaçavam influir
pontos de vista parlamentares. O regime das meias medidas e da fraqueza, assim
como a falta de lógica, que caracterizam o parlamentarismo, mancharam a direção
da Marinha.
As forças de terra, como já dissemos, salvaram-se dessa
orientação fundamentalmente falsa. Principalmente, o então chefe do
Estado-Maior, Ludendorf, encabeçou uma campanha decisiva contra as criminosas
fraquezas do parlamento no trato dos problemas vitais da nação, que desconhecia
na sua maior parte.
Se a luta que esse oficial, naqueles tempos,
encabeçou, apesar de seus desesperados esforços, foi inútil, a culpa deve-se em
parte ao Parlamento e em maior parte talvez à miserável conduta do chanceler
Bethman Holiweg.
Isso não impede, porém, que os responsáveis pela ruína
da Alemanha queiram hoje lançar a culpa justamente sobre aquele que, sozinho se
levantou contra essa maneira negligente de tratar os interesses nacionais. Quem
refletir sobre o número de vítimas que ocasionou essa criminosa leviandade dos
mais irresponsáveis da nação, quem pensar nos mortos e nos mutilados,
sacrificados sem necessidade, assim como na fraqueza, na vergonha e na miséria
sem limites em que ainda agora nos encontramos e souber que tudo isso só
aconteceu para que se abrisse o caminho do ministério a uma multidão de
ambiciosos e caçadores de empregos, quem compreender tudo isso compreenderá
também que essas criaturas só devem ser designados com qualificativos como
patifes, infames, pulhas e criminosos. Ao contrário, o sentido dessas palavras e
a sua finalidade tornar-se-iam incompreensíveis. Para esses traidores da nação
cada patife é um homem de honra.
Todas as fraquezas da antiga Alemanha
só feriam realmente a atenção depois que, em conseqüência das mesmas, a
estabilidade interna da nação tinha recebido rudes golpes. Nesses casos, a
desagradável verdade era proclamada com berreiro nos ouvidos das massas,
enquanto, por pudicícia, se fazia silêncio sobre muitas coisas e negavam-se
outras. Isso acontecia quando, no trato de um problema de ordem pública, se
cogitava de uma reforma que pudesse melhorar o estado de coisas existentes. As
que exerciam influência nos postos de direção da coisa pública nada entendiam do
valor e da essência da propaganda. Só os judeus é que sabiam que, por meio de
uma propaganda inteligente e constante, pode-se fazer crer que o céu é Inferno
e, inversamente, que a vida mais miserável é um verdadeiro paraíso. Os alemães,
sobretudo Os que estavam no poder, não tinham nenhuma idéia da eficiência dessa
força. Essa ignorância deveria produzir os seus piores efeitos durante a guerra.
Ao lado dessas falhas já mencionadas e de inúmeras outras na vida alemã de
antes da Guerra, notavam-se muitas vantagens. Em um exame consciencioso
dever-se-ia mesmo reconhecer que muitas das nossas imperfeições eram vistas como
suas próprias por outros países, e que, em muitos casos, nos deixavam até mesmo
em plano secundário, e também que esses povos não possuíam muitas das nossas
vantagens.
Entre outras provas de superioridade ocupa o primeiro plano o
fato de que o alemão, entre os povos europeus, era o que mais se esforçava por
manter o caráter nacional da sua economia, e apesar de todos os maus sintomas,
tinha, pelo menos, a coragem de resistir ao controle do capital internacional,
infelizmente, essa perigosa superioridade haveria de mais tarde ser o maior
motivo de instigação da Guerra.
Se tivermos em consideração essa e
muitas outras vantagens, devem-se, dentre as inúmeras fontes sadias da nação,
salientar três instituições que, na sua espécie; são modelos que dificilmente
podem ser ultrapassados.
Em primeiro lugar, figura a forma de Governo em
si mesma e o caráter que tomou na Alemanha dos últimos tempos.
Devemos
fazer abstração das pessoas dos monarcas, as quais, como homens, estavam
sujeitos a todas as fraquezas dos que habitam esse planeta. A este respeito, não
fosse a nossa indulgência, seríamos forçados sobretudo a duvidar do presente. Os
representantes do atual regime, examinados pelo valor das suas personalidades,
serão, porventura, sob o ponto de vista intelectual e moral, os mais
representativos, que, depois de maduro exame, possamos descobrir? Quem deixar de
julgar a Revolução pelo valor das pessoas com que ela presenteou a nação desde
novembro de 1918, terá de esconder o rosto, tomado de vergonha, ante o
julgamento da posteridade. Porque agora o silêncio já não pode ser imposto por
leis, hoje conhecemo-los todos e sabemos que, entre os nossos novos guias, a
inteligência e a virtude estão em relação inversa aos seus vícios.
É
certo que a monarquia alienara as simpatias das grandes massas. Isso resultou do
fato de nem sempre se ter cercado o monarca dos homens mais esclarecidos, e
sobretudo, mais sinceros Infelizmente ê]e preferia, às vezes, os bajuladores aos
espíritos retos e, por isso, daqueles "recebia lições". Foi uma grande pena que
isso acontecesse em uma época em que o mundo passa por grandes mutações em todas
as antigas concepções, mutações que, naturalmente, não poderiam ser detidas na
sua marcha pelas velhíssimas tradições da Corte.
Não é, pois, de
estranhar que ao tipo comum dos homens, já na passagem do século, nenhuma
admiração especial causasse a presença da princesa uniformizada nas linhas da
frente. Sobre o efeito de uma tal parada no espírito do povo, aparentemente, não
se podia fazer uma idéia exata, pois, do contrário, jamais teríamos chegado à
situação infeliz de hoje. O sentimento de humanidade, nem sempre verdadeiro,
desses círculos, continua a provocar mais nojo do que simpatia. Se, por exemplo,
a princesa X se dignasse provar os alimentos em uma cozinha popular, outrora
isso podia ser muito bem visto mas, na época em que falamos, o efeito seria
contrário. É fácil de aceitar-se que a princesa, na realidade, não tivesse a
intenção de, no dia da prova dos alimentos, fazer com que a alimentação fosse um
pouquinho melhor do que de costume, Bastava, porém, que os indivíduos aos quais
ela queria beneficiar soubessem disso.
Assim as melhores intenções
possíveis tornar-se-iam ridículas senão irritantes.
Cartazes anunciando
a proverbial fragilidade do monarca, o seu hábito de acordar cedo e trabalhar
até tarde da noite, o perigo ameaçador da insuficiência de sua alimentação,
provocavam manifestações dignas de reflexão. Ninguém queria saber o que e quanto
o monarca se dignava comer, desejava-se-lhe apenas que "comesse o necessário".
Ninguém se preocupava em recusar-lhe o sono suficiente. Todos se contentavam em
que ele, como homem, honrasse o sexo, e, como chefe de governo, defendesse a
honra da nação. As fábulas já em nada adiantavam, mas ao contrário, eram
prejudiciais.
Essas e outras coisas semelhantes eram, porém, nonadas.
Infelizmente, no seio da maioria da nação, havia a convicção geral de que,
de qualquer modo, o povo é governado de cima para baixo e assim cada um não se
preocupava com coisa alguma mais. Enquanto a atuação do Governo era realmente
boa ou, pelo menos, bem intencionada, a coisa ainda passava. Uma infelicidade
seria, porém, se algum dia o velho regente bom em si, fosse substituído por um
outro menos respeitado, Então a docilidade passiva e a fé infantil redundariam
na maior calamidade imaginável.
Ao lado de todos esses e de muitos
outros defeitos, havia aspectos de importância incontestável.
A
estabilidade assegurada pelo regime monárquico, a proteção dos cargos públicos
contra o turbilhão das especulações dos políticos gananciosos, a dignidade
intrínseca da instituição monárquica e a autoridade que daí decorria, a
dignificação do corpo de funcionários, e, acima de tudo, a situação do exército
acima dos partidos políticos, eram vantagens incontestáveis.
Era também
uma grande vantagem o fato da liderança do Governo personificar-se no monarca e,
com isso, se fornecesse o exemplo da responsabilidade que inspira mais confiança
quando depende de um monarca do que dos azares de uma maioria parlamentar. A
proverbial pureza da administração alemã deve-se principalmente a isso.
Além disso, o valor cultural da Monarquia era, para o povo, da maior
significação, podendo compensar outras desvantagens, As sedes dos governos
alemães continuavam a ser esteio para os sentimentos artísticos que, em nossos
tempos de materialismo, cada vez mais estão ameaçados de desaparecer. O que os
príncipes alemães, no século XIX, fizeram em favor da arte e da ciência, foi de
alta significação. Os tempos de hoje não podem ser comparados com aqueles!
Como um dos fatores mais eficientes da nação contra essa incipiente mas
sempre crescente decomposição da nossa nacionalidade deve ser apontado o
exército. As forças armadas eram a mais forte escola da nação e justamente por
isso se dirigiam os ódios dos inimigos contra esse reduto da defesa e da
liberdade do povo. Nenhum mais portentoso edifício se poderia levantar a essa
instituição do que a proclamação desta verdade: o exército foi caluniado,
odiado, combatido por todos os indivíduos sem valor, mas foi temido. Se a fúria
dos aproveitadores internacionais em Versalhes se dirigia contra o antigo
exército alemão é que este era o último reduto das nossas liberdades na luta
contra o capitalismo internacional. Não fosse essa força ameaçadora, a Intenção
de Versalhes se teria realizado muito antes. O que o povo alemão deve ao
exército pode-se resumir nesta palavra: tudo.
O exército deu uma lição
de absoluta noção de responsabilidade, em uma época em que essa qualidade
tornava-se cada vez mais rara. A sua atuação impressionava tanto mais quanto
constituía uma brilhante exceção à ausência absoluta de responsabilidade de que
o parlamento era o mais eloqüente modelo.
O exército incentivou a
coragem pessoal em um momento em que a covardia ameaçava contaminar o país
inteiro e a capacidade de sacrifício, em favor do bem coletivo, era visto como
estupidez por aqueles que só cuidavam de conservar e melhorar o seu eu.
O exército foi a escola que deu aos alemães a convicção de que a salvação
da pátria não se devia procurar nas frases mentirosas de uma confraternização
internacional de negros, alemães, franceses, ingleses, etc., mas na força e na
decisão do seu próprio povo.
O exército inspirou o espírito de resolução
quando na vida do povo, a indecisão e a dúvida começavam a caracterizar todos os
atos dos indivíduos. Ele queria significar alguma coisa em um momento em que os
sabichões procuravam; por toda parte, o princípio de que uma ordem é sempre
melhor do que nenhuma.
Nessa capacidade de resolução podia-se notar um
sintoma de saúde integral e robusta que teria desaparecido dos outros setores da
vida da nação, se o exército, por sua educação, não se tivesse sempre esforçado
por uma renovação contínua dessa força primordial. Basta ver a terrível
irresolução dos atuais dirigentes do Reich, incapazes de tomar uma decisão em
qualquer fato, a não ser que se trate da assinatura de um tratado de pilhagem.
Nesse caso, eles põem de parte qualquer responsabilidade e assinam com a
destreza de um estenógrafo tudo o que se entende apresentar-lhes, porque aí a
resolução é fácil de tomar uma vez que lhes é ditada.
O exército pregava
o idealismo e o sacrifício em favor da Pátria e de suas grandezas, enquanto, em
outros setores, a ambição e o materialismo tinham assentado acampamento, Pregava
a unidade nacional contra a divisão do povo em classes. Talvez o seu único erro
tenha sido a instituição do voluntariado por um ano. Isso foi um erro porque
rompeu o princípio de igualdade absoluta e estabeleceu a distinção entre as
classes bem educadas e a maioria da nação. O contrário disso teria sido mais
aconselhável.
Tendo-se em consideração o espírito estreito das nossas
classes eleva. das e o seu divórcio progressivo do resto da nação, o Exército
poderia ter agido como uma espécie de Providência se tivesse evitado o
isolamento dos intelectuais pelo menos dentro das fileiras das classes armadas.
Foi um grande erro o não se ter agido assim. Que instituição neste planeta
é, porém, sem defeitos? Mas a despeito disso as suas vantagens eram tão
preponderantes que as suas pequenas falhas deveriam ser atribuídas à imperfeição
humana.
O maior serviço prestado pelo exército do antigo Império foi pôr
a competência acima do número, em uma época em que tudo se resolvia pela
maioria. Contra a idéia democrática dos judeus, de veneração às maiorias, o
Exército manteve o princípio da confiança no valor das personalidades, de que os
últimos tempos mais precisavam. No meio desse relaxamento e efeminação surgiam
todos os anos 350.000 jovens sadios que, depois de dois anos de exercícios,
perdiam a delicadeza da juventude e se tornavam fortes como aço. Pela maneira de
andar reconhecia-se o soldado treinado.
Essa foi a grande escola da
nação alemã e, por isso, não foi sem razão que sobre o exército convergia o ódio
inveterado daqueles cuja inveja e cobiça exigiam que o Governo ficasse sem força
e os cidadãos sem armas.
A forma do Governo e ao exército deve-se
acrescentar o incomparável corpo de funcionários públicos.
A Alemanha
era a mais bem administrada e organizada nação do mundo. Poder-se-ia dizer que
os empregados alemães eram burocratas pedantes, mas a situação não era melhor em
outros países. Ao contrário, era pior. O que os outros países não possuíam,
porém, era a solidez do aparelhamento e o caráter incorruptível da burocracia
alemã. É melhor ser pedante, mas honesto e fiel, a ser ilustre e "moderno", mas
de caráter fraco ou, como é hoje comum, ignorante e incompetente. É costume
dizer-se que, antes da Guerra, a administração alemã era, burocraticamente,
pura, mas sem senso prático, comercial. A essa objeção poder-se-á responder: Que
país do mundo tinha um serviço de transportes mais bem dirigido e melhor
organizado sob o ponto de vista comercial do que a Alemanha?
O corpo de
funcionários públicos alemães e a máquina administrativa caracterizavam-se pela
sua independência em relação aos Governos, cujas idéias transitórias sobre a
política não afetavam a posição dos funcionários. Depois da Revolução tudo isso
foi profundamente modificado. As contingências partidárias substituíram a
competência e a habilidade e, dai por diante, o fato de ter o funcionário um
caráter independente, em vez de ser uma recomendação, passou a ser uma
desvantagem.
Sobre a forma de Governo, sobre o Exército e sobre o
funcionalismo público repousavam a força e a eficiência do antigo império.
Essas eram as três causas primordiais da virtude que hoje falta ao Governo
alemão, isto é, a autoridade do Estado.
Essa autoridade não se apoia em
palavrório dos parlamento e dietas, nem em leis de proteção, nem em sentenças
judiciais destinadas a amedrontar os covardes, mentirosos, etc., mas na
confiança geral que a direção política e administrativa de um país pode e deve
inspirar. Esta confiança é o resultado de uma inabalável certeza do desinteresse
e da honestidade da política e da administração de um país e da harmonia do
espírito das suas leis com os princípios morais do povo. Nenhum sistema de
governo pode manter-se por muito tempo somente baseado na força, mas sim pela
confiança pública na excelência do mesmo e pela probidade dos representantes e
dos defensores dos interesses coletivos.
Por mais que certos males
ameaçassem, já antes da Guerra, carcomer e minar a força da nação, não se deve
esquecer que outros países sofriam ainda mais da mesma moléstia e, nem por isso,
na hora crítica do perigo, cessavam a luta e se arruinavam.
Se nos
lembrarmos, porém, que, antes da Guerra, ao lado das fraquezas alemãs já
mencionadas havia também forças ponderáveis podemos e devemos procurar as causas
da ruína do país em outros setores. É esse é o caso na realidade.
A mais
profunda causa da debácle do antigo Império está no desconhecimento do problema
racial e da sua importância na evolução espiritual dos povos Todos os
acontecimentos na vida das nações não são obras do acaso mas conseqüências
naturais da necessidade imperiosa da conservação e da multiplicação da espécie e
da raça, embora os homens nem sempre se apercebam do fundamento intimo das suas
ações.
CAPÍTULO XI - POVO E RAÇA
Há verdades de tal modo disseminadas
por toda parte que chegam a escapar, por isso mesmo, à vista ou, pelo menos, ao
conhecimento da maioria do povo. Este passa freqüentemente como cego diante
destas verdades à vista de todo, mundo e mostra a máxima surpresa, quando, se
repente, alguém descobre o que todos, portanto deveriam saber. Os ovos de
Colombo andam espalhados por centenas de milhares; os Colombos, porém, são
realmente mais difíceis de encontrar.
E assim os homens erram pelo
Jardim da Natureza, convencidos de quase tudo conhecer e saber, e, no entanto,
com raras exceções, deixam de enxergar um dos princípios básicos de maior
importância na sua organização a saber: o isolamento de todos os seres vivos
desta terra dentro das suas espécies.
Já a observação mais superficial
nos mostra, como lei mais ou menos implacável e fundamental, presidindo a todas
as inúmeras manifestações expressivas da vontade de viver na Natureza, o
processo em si mesmo limitado, pelo qual esta se continua e se multiplica. Cada
animal só se associa a um companheiro da mesma espécie. O abelheiro cai com o
abelheiro, o tentilhão com o tentilhão, a cegonha com a cegonha, o rato
campestre com o rato campestre, o rato caseiro com o rato caseiro, o lobo com a
loba etc.
Só circunstâncias extraordinárias conseguem alterar essa
ordem, entre as quais figura, em primeiro lugar a coerção exercida por prisão do
animal ou qualquer outra impossibilidade de união dentro da mesma espécie. Ai,
porém, a Natureza começa a defender-se por todos os meios, e seu protesto mais
evidente consiste, ou em privar futuramente os bastardos da capacidade de
procriação ou em limitar a fecundidade dos descendentes futuros. Na maior parte
dos casos, ela priva-os da faculdade de resistência contra moléstias ou ataques
hostis. Isso é um fenômeno perfeitamente natural: todo cruzamento entre dois
seres de situação um pouco desigual na escala biológica dá, como produto, um
intermediário entre os dois pontos ocupados pelos pais. Significa isto que o
filho chegará provavelmente a uma situação mais alta do que a de um de seus
pais, o inferior, mas não atingirá entretanto à altura do superior em raça. Mais
tarde será, por conseguinte, derrotado na luta com os superiores. Semelhante
união está porém em franco desacordo com a vontade da Natureza, que, de um modo
gera], visa o aperfeiçoamento da vida na procriação. Essa hipótese não se apoia
na ligação de elementos superiores com inferiores mas na vitória incondicional
dos primeiros. O papel do mais forte é dominar. Não se deve misturar com o mais
fraco, sacrificando assim a grandeza própria. Somente um débil de nascença
poderá ver nisso uma crueldade, o que se explica pela sua compleição fraca e
limitada. Certo é que, se tal lei não prevalecesse, seria escusado cogitar de
todo e qualquer aperfeiçoamento no desenvolvimento dos seres vivos em gera.
Esse instinto que vigora em toda a Natureza, essa tendência à purificação
racial, tem por conseqüência não só levantar uma barreira poderosa entre cada
raça e o mundo exterior, como também uniformizar as disposições naturais. A
raposa é sempre raposa, o ganso, ganso, o tigre, tigre etc. A diferença só
poderá residir na medida variável de força, robustez, agilidade, resistência
etc., verificada em cada um individualmente. Nunca se achará, porém, uma raposa
manifestando a um ganso sentimentos humanitários da mesma maneira que não há um
gato com inclinação favorável a um rato.
Eis porque a luta recíproca
surge aqui, motivada, menos por antipatia íntima, por exemplo, do que por
impulsos de fome e amor. Em ambos os casos, a Natureza é espectadora, plácida, e
satisfeita. A luta pelo pão quotidiano deixa sucumbir tudo que é fraco, doente e
menos resoluto, enquanto a luta do macho pela fêmea só ao mais sadio confere o
direito ou pelo menos a possibilidade de procriar. Sempre, porém, aparece a luta
como um meio de estimular a saúde e a força de resistência na espécie, e, por
isso mesmo, um incentivo ao seu aperfeiçoamento.
Se o processo fosse
outro, cessaria todo progresso na continuação e na elevação da espécie,
sobrevindo mais facilmente o contrário. Dado o fato de que o elemento de menor
valor sobrepuja sempre o melhor na quantidade, mesmo que ambos possuam igual
capacidade de conservar e reproduzir a vida, o elemento pior muito ,mais
depressa se multiplicaria, ao ponto de forçar o melhor a passar para um plano
secundário. Impõe-se, por conseguinte, uma correção em favor do melhor.
Mas a Natureza disso se encarrega, sujeitando o mais fraco a condições de
vida difíceis, que, só por isso, o número desses elementos se torna reduzido.
Não consentindo que os demais se entreguem, sem seleção prévia, a reprodução,
ela procede aqui a uma nova e imparcial escolha, baseada no princípio da força e
da saúde.
Se, por um lado, ela pouco deseja a associação individual dos
mais fracos com os mais fortes, ainda menos a fusão de uma raça superior com uma
inferior. Isso se traduziria em um golpe quase mortal dirigido contra todo o seu
trabalho ulterior de aperfeiçoamento, executado talvez através de centenas de
milênios.
Inúmeras provas disso nos fornece a experiência histórica. Com
assombrosa clareza ela demonstra, que, em toda mistura de sangue entre o ariano
e povos inferiores, o resultado foi sempre a extinção do elemento civilizador. A
América do Norte, cuja população,, decididamente, na sua maior parte, se compõe
de elementos germânicos, que só muito pouco se misturaram com povos inferiores e
de cor, apresenta outra humanidade e cultura do que a América Central e do Sul,
onde os imigrantes, quase todos latinos, se fundiram, em grande número, com os
habitantes indígenas. Bastaria esse exemplo para fazer reconhecer clara e
distintamente, o efeito da fusão de raças. O germano do continente americano
elevou-se até a dominação deste, por se ter conservado mais puro e sem mistura;
ali continuará a imperar, enquanto não se deixar vitimar pelo pecado da mistura
do sangue.
Em poucas palavras, o resultado do cruzamento de raças é,
portanto, sempre o seguinte:
A) Rebaixamento do n. 1 da raça mais forte;
B) Regresso físico e intelectual e, com isso, o começo de uma enfermidade,
que progride devagar, mas seguramente. Provocar semelhante coisa não passa então
de um atentado à vontade do Criador, o castigo também corresponde ao pecado.
Procurando rebelar-se contra a lógica férrea da Natureza, o homem entra em
conflito com os princípios fundamentais, aos quais ele mesmo deve exclusivamente
a sua existência no seio da humanidade - Desse modo, esse procedimento de
encontro às leis da Natureza só pode conduzir à sua própria perda. É oportuno
repetir a afirmação do pacifista moderno, tão tola quanto genuinamente judaica,
na sua petulância: "O homem vence a própria Natureza!"
Milhões de
indivíduos repetem mecanicamente esse absurdo judaico e Imaginam, por fim, que
são, de fato, uma espécie de domadores da Natureza. A única arma de que dispõem
para firmar tal pensamento é uma idéia tão miserável, na sua essência, que mal
se pode concebê-la.
Somente, pondo de parte que o homem ainda não
superou em coisa alguma a Natureza, não tendo passado de tentativas o levantar,
pelo menos, uma ou outra pontinha do gigantesco véu, sob o qual ela encobre os
eternos enigmas e segredos, que ele, de fato, nada inventa, somente descobre o
que existe, que ele não domina a Natureza, só tendo ascendido ao grau de senhor
entre os demais seres vivos, pela ignorância destes e pelo seu próprio
conhecimento de algumas leis e de alguns segredos da Natureza, pondo de parte
tudo isso, uma idéia não pode dominar as hipóteses sobre a origem e o destino da
Humanidade, visto a idéia mesma só depender do homem.
Sem o homem não
pode haver idéia humana no mundo, porquanto a idéia como tal é sempre
condicionada pela existência dos homens e, por isso mesmo, por todas as leis,
que regulam a sua vida. E, não fica nisso! Idéias definidas acham-se ligadas a
determinados indivíduos. Verifica-se isso, em primeiro lugar, no caso de
pensamentos cujo conteúdo não deriva de uma verdade exata, cientifica, porém do
mundo sentimental, reproduzindo, como se costuma tão claramente definir, hoje em
dia, um fato vivido interiormente. Todas essa idéias que em si nada têm que ver
com a lógica fria, representando, pelo contrário, manifestações sentimentais,
representações éticas, etc., prendem-se à vida do homem devido a sua própria
existência à força imaginativa criadora do espírito humano.
Aí
justamente é que se impõe a conservação dessas determinadas raças e criaturas
como condição primordial para a durabilidade dessas idéias. Quem, por exemplo,
quisesse realmente, de coração, desejar a vitória do pensamento pacifista, teria
que se empenhar, por todos os meios, para que os alemães tomassem posse do
Mundo; pois, se porventura acontecesse o contrário, muito facilmente, com o
último alemão, extinguir-se-ia também o último pacifista, visto o resto do mundo
dificilmente já ter sido logrado por um absurdo tão avesso à natureza e à razão,
quanto o foi o nosso próprio povo.
Seria pois necessário, de bom ou de
mau grado, nos decidirmos com toda a seriedade a fazer a Guerra a fim de
chegarmos ao pacifismo. Foi isso e nada mais a intenção de Wilson, o redentor
universal. Assim pensavam pelo menos os nossos visionários alemães que, por esse
meio, chegaram a seus fins. Talvez o conceito pacifista humanitário chegue a ser
de fato aceitável, quando o homem que for superior a todos, tiver previamente
conquistado e subjugado o mundo, ao ponto de tornar-se o senhor exclusivo desta
terra. A tal idéia torna-se impossível produzir conseqüências nocivas, desde que
a sua aplicação na realidade se torna cada vez mais difícil, e por fim,
impraticável. Portanto, primeiro, a luta, depois talvez o pacifismo. No caso
contrário, a humanidade teria passado o ponto culminante do seu desenvolvimento
resultando, por fim, não o império de qualquer idéia moral, mas sim barbaria e
confusão. Naturalmente um ou outro poderá rir dessa afirmação. É preciso que
ninguém se esqueça, porém, de que este planeta já percorreu o éter milhões de
anos sem ser habitado e poderá, um dia, empreender o mesmo percurso da mesma
maneira, se os homens esquecerem que não devem sua existência superior às
teorias de uns poucos ideólogos malucos, mas ao reconhecimento e à aplicação
incondicional de leis imutáveis da Natureza.
Tudo que hoje admiramos
nesta terra, - ciência e arte, técnica e invenções - é o produto criador somente
de poucos povos e talvez, na sua origem, de uma única raça. Deles também depende
a estabilidade de toda esta cultura. Com a destruição desses povos baixará
igualmente ao túmulo toda a beleza desta terra. Por mais poderosa que Possa ser
a Influência do solo sobre os homens, seus efeitos sempre hão de variar segundo
as raças. A falta de fertilidade de um país pode estimular uma raça a alcançar
nas suas atividades um rendimento máximo; outra raça só encontrará no mesmo fato
motivo para cair na maior miséria, acompanhada de alimentação insuficiente e
todas as suas conseqüências. As qualidades intrínsecas dos povos são sempre o
que determina a maneira pela qual se exercem as influências externas. A mesma
causa, que a uns leva a passar fome, provoca em outros o estimulo para trabalhar
com mais afinco.
A razão pela qual todas as grandes culturas do passado
pereceram, foi a extinção, por envenenamento de sangue, da primitiva raça
criadora. A última causa de semelhante decadência foi sempre o fato de o homem
ter esquecido que toda cultura dele depende e não vice-versa; que para conservar
uma cultura definida o homem, que a constrói, também precisa ser conservado.
Semelhante conservação, porém, se prende à lei férrea da necessidade e do-
direito de vitória do melhor e do mais forte.
Quem desejar viver,
prepara-se para o combate, e quem não estiver disposto a isso, neste mundo de
lutas eternas, não merece a vida.
Por mais doloroso que isso seja, é
preciso confessá-lo. A sorte mais dura é, sem dúvida alguma, a do homem que
julga poder vencer a Natureza e na realidade a Natureza do mesmo escarnece. A
réplica da Natureza se resume então em privações, infelicidades e moléstias!
O homem que desconhece e menospreza as leis raciais, em verdade, perde,
desgraçadamente a ventura que lhe parece reservada, Impede a marcha triunfal da
melhor das raças, com isso estreitando também a condição primordial de todo
progresso humano. No decorrer dos tempos, vai caminhando para o reino do animal
indefeso, embora portador de sentimentos humanos.
É uma tentativa ociosa
querer discutir qual a raça ou quais as raças que foram os depositários da
cultura humana e os verdadeiros fundadores de tudo aquilo que compreendemos sob
o termo "Humanidade". - Mais simples é aplicar essa pergunta ao presente, e,
aqui também, a resposta é fácil e clara. O que hoje se apresenta a nós em
matéria de cultura humana, de resultados colhidos no terreno .da arte, da
ciência e da técnica, é quase que exclusivamente produto da criação do Ariano. É
sobre tal fato, porém, que devemos apoiar a Conclusão de ter sido ele o fundador
exclusivo de uma humanidade superior, representando assim "o tipo primitivo
daquilo que entendemos por "homem". É ele o Prometeu da humanidade, e da sua
fronte é que jorrou, em todas as épocas, a centelha do Gênio, acendendo sempre
de novo aquele fogo do conhecimento que iluminou a noite dos tácitos mistérios,
fazendo ascender o homem a uma situação de superioridade sobre os outros seres
terrestres, Exclua-se ele, e, talvez depois de poucos milênios, descerão mais
uma vez as trevas sobre a terra; a civilização humana chegará a seu termo e o
mundo se tornará um deserto!
Se a humanidade se pudesse dividir em três
categorias: fundadores, depositários e destruidores de Cultura, só o Ariano
deveria ser visto como representante da primeira classe. Dele provêm os
alicerces e os muros de todas as criações humanas, e os traços característicos
de cada povo em particular são condicionados por propriedades exteriores, como
sejam a forma e o colorido, É ele quem fornece o formidável material de
construção e os projetos para todo progresso humano. Só a execução da obra é que
varia de acordo com as condições peculiares das outras raças. Dentro de poucas
dezenas de anos, por exemplo, todo o leste de Ásia possuirá uma cultura, cujo
último fundamento será tão impregnado de espírito helênico e técnica germânica
quanto o é a nossa. A forma exterior é que, pelo menos parcialmente, acusará
traços de caráter asiático. Muitos julgam erroneamente que o Japão assimilou a
técnica da Europa na sua civilização. Não é o caso. A ciência e a técnica
européias recebem apenas um verniz japonês. A base da vida real não é mais a
cultura específica do Japão, embora seja ela quem dê "a cor local" à vida do
país, o que impressiona mais à observação do Europeu, justamente devido aos
aspectos externos originais. Aquela base se encontra, porém, na formidável
produção científica e técnica da Europa e da América e, portanto, de povos
arianos. Só se baseando nessas produções é que o Oriente poderá seguir o
progresso geral da Humanidade. Só elas é que descortinam o campo para a luta
pelo pão quotidiano, criando, para isso, armas e utensílios; ao espírito japonês
só se vai adaptando gradualmente o aspecto exterior de tudo isso.
Se a
partir de hoje, cessasse toda a influência ariana sobre o Japão - imaginando-se
a hipótese de que a Europa e a América atingissem uma decadência total - a
ascensão atual do Japão no terreno técnico-científico ainda poderia perdurar
algum tempo. Dentro de poucos anos, porém, a fonte secaria, sobreviveria a
preponderância do caráter japonês, e a cultura atual morreria, regressando ao
sono profundo, do qual, há setenta anos, fora despertada bruscamente pela onda
da civilização ariana. Eis porque, em tempos remotos, também foi a influência,
do espírito estrangeiro que despertou a cultura japonesa. Hoje também o
progresso do país é inteiramente devido à influência ariana. A melhor prova
desse fato é a fossilização e a rigidez, que, mais tarde, se foram verificando
em tal cultura, fenômeno este que um povo só pode assinalar, quando a primitiva
semente criadora se perdeu em uma raça, ou quando velo a faltar a influência
externa que dera o impulso e o material necessários ao primeiro desenvolvimento
cultural. Pode-se denominar uma tal raça depositária, nunca, porém, criadora de
cultura. Está provado, que quando a cultura de um povo, na sua essência, foi
recebida, absorvida e assimilada de raças estrangeiras, uma vez retirada a
influência exterior, ela cai de novo no mesmo torpor.
Um exame dos
diferentes povos, sob tal ponto de vista, confirma o fato de que, nas origens,
quase não se trata de povos construtores, mas, sempre pelo contrário, de
depositários de uma civilização.
Sempre resulta. mais ou menos, o
seguinte quadro de sua evolução:
Tribos arianas - muitas vezes em número
ridiculamente reduzido - subjugam povos estrangeiros, desenvolvendo, então,
animadas por condições especiais da nova região (fertilidade, clima etc.),
favorecidas pelo número avultado de auxiliares da raça inferior, suas latentes
capacidades intelectuais e organizadoras. Elas criam, freqüentemente, em poucos
milênios e até em períodos de séculos, civilizações, que, de começo, revelam
integralmente os traços íntimos da sua individualidade adaptados às propriedades
específicas do solo como dos homens por elas subjugados. Por fim acontece,
porém, que os conquistadores pecam contra o princípio - observado no começo - da
pureza conservadora do sangue,- dão para misturar-se com os habitantes
subjugados, e põem termo com isso à sua própria existência. A queda pelo pecado,
no Paraíso, teve apenas como conseqüência a expulsão Depois de um milênio ou
mais, transparece freqüentemente o último vestígio visível do antigo povo
dominador, na coloração mais clara da pele, deixada pelo seu sangue à raça
vencida e também em uma civilização entorpecida, criada por ele primitivamente
para ser a geradora das outras.
Da mesma maneira que o verdadeiro
conquistador espiritual se perdeu no sangue dos vencidos, perdeu-se também o
combustível para a tocha do progresso da civilização humana! Tal qual a cor da
pele, devido ao sangue do antigo senhor, ainda guardou como recordação um
ligeiro brilho, a noite da vida espiritual igualmente se acha suavemente
iluminada pelas criações dos primitivos mensageiros de luz. Através de toda a
barbárie recomeçada, elas continuam a brilhar despertando demais no espectador
distraído a suposição de ver o quadro de um povo atual, enquanto ele se mira
apenas no espelho do passado.
Pode então acontecer, que, no decorrer da
sua história, um povo entre em contato duas vezes e mesmo até mais com a raça de
seus antigos civilizadores, sem que seja preciso existir ainda uma reminiscência
de prévios encontros. O resto do antigo sangue dominador se encaminhará
inconscientemente para o novo tipo e a vontade própria conseguirá então o que, a
princípio, só era possível por coação. Verifica-se uma nova onda civilizadora
que se mantém, até que os seus expoentes desapareçam por sua vez no sangue de
povos estrangeiros. Futuramente caberá como tarefa a uma História Universal e
Cultural fazer pesquisas nesse sentido e não se deixar sufocar na enumeração de
fatos puramente exteriores, como se dá, infelizmente, as mais das vezes, com a
ciência histórica da atualidade.
Já deste esboço sobre o desenvolvimento
de nações depositárias de uma civilização, resulta também o quadro da formação
da atividade e do desaparecimento dos próprios arianos, os verdadeiros
fundadores culturais desta terra. Como na vida corrente, o chamado "Gênio"
necessita de um pretexto, multas vezes até literalmente, de um empurrão, para
chegar ao ponto de brilhar, assim também acontece na vida dos povos, com a raça
genial. Na monotonia da vida quotidiana, indivíduos de valor costumam
freqüentemente parecer insignificantes, elevando-se apenas acima da média comum
dos que o cercam; entretanto, assim que sobrevem alguma situação, que a outros
faria desesperar ou enlouquecer, ergue-se de dentro da criatura média e apagada
a natureza genial, deixando facilmente estupefatos aqueles que a viam dantes, no
quadro estreito da vida burguesa - o que explica talvez o fato do "profeta
raramente valer qualquer coisa em sua terra". Nada melhor do que a Guerra nos
oferece oportunidade para fazer tal observação, Em horas de angústia, surgem
subitamente, de crianças aparentemente inofensivas, heróis dotados de resoluta
coragem, perante a morte e de grande frieza de reflexão. Não fosse tal momento
de provação, ninguém teria pressentido o herói no rapaz ainda imberbe. Quase
sempre é preciso algum solavanco para provocar o gênio. A martelada do destino,
que a uns derriba logo, já em outros encontra resistência de aço, e, destruindo
o invólucro da vida quotidiana, descobre o âmago até então oculto aos olhos do
universo atônito. Este se defende e recusa crer, que exemplares de aparência tão
semelhante possam tão repentinamente mudar de individualidade, processo esse,
que se deve repetir com toda criatura excepcional.
Apesar de um
inventor, por exemplo, só consolidar a sua fama no dia em que a invenção está
terminada, seria errôneo pensar que a genialidade em si não se contivesse no
homem antes desse momento. A centelha do gênio já faísca, desde a hora do
nascimento, na cabeça do homem verdadeiramente dotado de talento criador,
Genialidade verdadeiramente é sempre inata, nunca fruto de educação ou estudos.
Como já acentuamos previamente, o mesmo fenômeno, observado no indivíduo,
se produz também na raça, Ainda que espectadores superficiais queiram
desconhecer esse fato, certo é que os povos que produzem muito são dotados de
talento criador desde a sua origem mais remota. Aqui também a aceitação exterior
só se manifesta depois de obras executadas, o resto do mundo sendo incapaz de
reconhecer a genialidade em si, aplaudindo apenas suas manifestações concretas,
como sejam: invenções, descobertas, construções, pinturas, etc. Mesmo depois
disso, ainda passa às vezes muito tempo, até chegar a ser reconhecida. Na vida
do indivíduo predestinado, a disposição genial ou pelo menos extraordinária, só
incentivaria por motivos especiais, marcha para a sua realização prática; na
vida dos povos também só determinadas hipóteses poderão levar à completa
utilização de forças e capacidades criadoras.
É nos Arianos - raça que
foi e é o expoente do desenvolvimento cultural da Humanidade - que se verifica
tudo isso com a maior clareza. Assim que o destino os lança em situações
especiais, as faculdades que possuem começam a se desenvolver e a se tornar
manifestas. As civilizações por eles fundadas em semelhantes casos, quase sempre
são definitivamente fixadas pelo solo e clima e pelos homens vencidos, sendo
este último fator quase que o mais decisivo. Quanto mais primitivos os recursos
técnicos para um trabalho cultural, mais necessário o auxílio de forças humanas,
que, conjugadas e bem aplicadas, terão que substituir a energia da máquina. Sem
tal possibilidade de empregar gente inferior, o ariano nunca teria podido dar os
primeiros passos para sua civilização, do mesmo modo que, sem a ajuda de animais
apropriados, pouco a pouco domados por ele, nunca teria alcançado uma técnica,
graças à qual vai podendo dispensar os animais. O ditado: "o negro fez a sua
obrigação, pode se retirar", possui infelizmente uma significação profunda.
Durante milênios, o cavalo teve que servir e ajudar o homem em certos trabalhos
nos quais agora o motor suplantou, o que dispensou perfeitamente o cavalo, Daqui
a poucos anos, este terá cessado toda a sua atividade. No entanto, sem a sua
cooperação inicial, o homem só dificilmente teria chegado ao ponto em que hoje
se acha.
Eis como a existência de povos inferiores tornou-se condição
primordial na formação de civilizações superiores, nas quais só esses entes
poderiam suprir a falta de recursos técnicos, sem os quais nem se pode imaginar
um progresso mais elevado. A cultura básica da humanidade se apoiou menos no
animal domesticado do que na utilização de indivíduos inferiores.
Só
depois da escravização de raças inferiores ê que a mesma sorte tiveram os
animais, e não "vice-versa", como alguém poderia pensar. É certo que foi
primeiro o vencido, e só, depois dele o cavalo, que puxou o arado. Só os bobos
pacifistas é que podem enxergar nisso um indício de maldição humana, sem
perceber direito que tal era a marcha a seguir, para, finalmente, chegar-se ao
ponto de onde esses apóstolos têm pregado ao mundo o seu charlatanismo.
O progresso humano se assemelha a uma ascensão em uma escada sem fim; não
se chega de forma alguma encima, sem se ter servido dos degraus inferiores. Foi
assim que o ariano teve que trilhar o caminho traçado pela realidade e não
aquele com o qual sonha a fantasia de um pacifista moderno. O caminho da
realidade é duro e espinhoso, mas só ele conduz à finalidade com que os
pacifistas sonham afastando, porém, cada vez mais a humanidade do ideal sonhado.
Não é, portanto, por mero acaso, que as primeiras civilizações tenham nascido
ali, onde o ariano, encontrando povos inferiores, subjugou os à sua vontade;
foram eles os primeiros instrumentos a serviço de uma cultura em formação.
Com isso ficou porém, claramente delineado o trajeto que o ariano teria de
percorrer. Com a sua autoridade de conquistador, submeteu ele os homens
inferiores, regulando, em seguida, sob o seu comando, a atividade prática dessas
criaturas, conforme a sua vontade e visando seus próprios fins. Enquanto assim
conduzia os vencidos para um trabalho útil, embora duro, o ariano poupava, não
só as suas vidas, como lhes proporcionava talvez uma sorte melhor do que dantes,
quando gozavam a chamada "liberdade". Todo o tempo em que ele soube manter, sem
vacilações, o seu lugar de senhor e mestre, conservou-se, não somente o senhor
absoluto, como o conservador e pioneiro da civilização, visto esta depender
exclusivamente da capacidade dos conquistadores e da sua própria conservação. No
momento em que os próprios vencidos começaram a se elevar sob o ponto de vista
cultural, aproximando-se também dos conquistadores pelo idioma, ruiu a rigorosa
barreira entre o senhor e o servo. O ariano sacrificou a pureza do sangue,
perdendo assim o lugar no Paraíso, que ele mesmo tinha preparado. Sucumbiu, com
a mistura racial; perdeu, aos poucos, cada vez mais, sua capacidade
civilizadora, até que começou a se assemelhar mais aos indígenas subjugado do
que a seus antepassados, e isso, não só intelectual como fisicamente. Algum
tempo ainda, pôde fruir dos bens já existentes da civilização, mas, depois,
sobreveio a paralisação do progresso e o homem se esqueceu de si próprio. É
desse modo que vemos a ruína de civilizações e remos, que cedem o lugar a outras
formações.
As causas exclusivas da decadência de antigas civilizações
são: a mistura de sangue e o rebaixamento do nível da raça, que aquele fenômeno
acarreta. Está provado que não são guerras perdidas que exterminam os homens e
sim a perda daquela resistência, que só o sangue puro oferece.
Todo o
que, no Mundo, não é raça boa é joio.
Todo acontecimento na História
Universal não passa de uma manifestação externa do instinto de conservação das
raças, no bom ou no mau sentido. A questão das causas íntimas que determinam a
importância preponderante do arianismo pode ser explicada menos por uma força
mais poderosa do instinto de conservação, propriamente, do que pelo modo
especial por que este se manifesta. A vontade de viver, falando do ponto de
vista subjetivo, tem, por toda parte, a mesma intensidade e só difere pela forma
que ela adota na vida real. Nos seres mais primitivos, o instinto de conservação
não vai além da preocupação com o próprio "eu". O egoísmo - definição que damos
a tal tendência - nesses animais chega a limitar-se às preocupações do momento,
que absorvem tudo, nada reservando para as horas futuras. Nesse estado, o animal
vive exclusivamente para si, procura o alimento só para matar a fome no instante
e só luta pela própria vida.. Enquanto, porém, o instinto de conservação se
manifesta apenas desta maneira, falta lhe completamente a base para a formação
de uma comunidade, mesmo sob a forma mais primitiva da família. Já a comunhão
entre o macho e a fêmea exige uma extensão do instinto de conservação, pelo
cuidado e a luta que, além do próprio "eu", inclui também a outra metade. O
macho, às vezes, também procura alimento para a fêmea; o mais freqüente é eles
ambos procurarem-no para os filhos. Um protege o outro, de modo que aqui se
verificam as primeiras formas, embora infinitamente elementares, de um espírito
de sacrifício. No momento em que este espírito de sacrifício ultrapassa o quadro
estreito da família, estabelecem-se as condições para a fundação de maiores
agremiações e, enfim, de verdadeiros Estados.
Os povos mais atrasados da
terra têm essa qualidade muito apagada, de modo que, muitas vezes, não chegam
além da formação da família. Quanto mais aumenta a disposição a sacrificar
interesses puramente pessoais, tanto mais se desenvolve a capacidade para erigir
comunidades mais importantes.
É o ariano que apresenta, do modo mais
expressivo, essa disposição para o sacrifício do trabalho pessoal, e, sendo
necessário, até da sua própria vida, que arrisca em favor dos outros. Por si
mesmo, o ariano não se caracteriza por ser um homem mais bem dotado
intelectualmente, mas, sim, pela sua disposição em- pôr todas as suas faculdades
ao serviço da comunidade. Nele, o instinto de conservação alcançou a forma mais
nobre, submetendo o próprio "eu", espontaneamente, à vida da coletividade,
sacrificando-o até inteiramente, se o momento exigir.
A razão da
faculdade civilizadora e construtora do ariano não reside nos dotes
intelectuais. Se ele nada possuísse fora disso, só poderia agir como destruidor,
nunca, porém, como organizador, pois a significação intrínseca de toda
organização repousa sobre o princípio do sacrifício, que cada indivíduo faz de
sua opinião e de seus interesses pessoais em proveito de uma pluralidade de
criaturas. Só depois de trabalhar pelos outros, recebe ele novamente a parte que
lhe toca. Não trabalha mais, diretamente para si, mas incorpora-se, com o seu
trabalho, no quadro geral da coletividade, visando, não o seu proveito mas sim o
bem de todos. A ilustração mais admirável de semelhante disposição encontra-se
na palavra "trabalho" que para ele não representa absolutamente uma atividade
visando somente a manutenção da vida, mas uma criação que não vai de encontro
aos interesses da generalidade. Em caso contrário, quando as ações humanas só
atendem ao instinto de conservação, sem levar em conta o bem do resto do mundo,
o ariano as chama:. furto, usura, roubo, assalto, etc.
Tal disposição,
que faz ceder o interesses do próprio "eu" à conservação da comunidade, é
realmente a condição indispensável para a existência de toda civilização humana.
Só ela pode criar as grandes obras da humanidade, que ao fundador pouca
recompensa trazem, as maiores bênçãos porém às gerações futuras. Só esse
sentimento é que explica como é que tantos indivíduos podem suportar
honestamente uma existência miserável, que só lhes impõe pobreza e humildade,
mas firma para a coletividade as bases da existência. Cada operário, cada
camponês, cada inventor, cada funcionário, etc., que vai trabalhando, sem chegar
nem uma vez à felicidade ou ao bem-estar, é um expoente desse elevado ideal,
mesmo que nunca venha a penetrar o sentido profundo de seu proceder.
O
que é verdade, no que diz respeito ao trabalho como base de nutrição e de todo
progresso humano, aplica-se ainda, muito mais, em se tratando de preservar o
homem e a sua cultura. A coroação de todo espírito de abnegação reside no
sacrifício da própria vida individual em prol da existência coletiva. Só assim
se pode impedir que mãos criminosas ou a própria Natureza destruam aquilo que
foi obra de mãos humanas.
Nossa língua possui justamente um termo que
define esplendidamente o modo de agir nesse sentido; é o "cumprimento do dever"
Significa isso não se contentar o indivíduo somente consigo, mas em procurar
servir à coletividade.
A disposição fundamental de que emana um tal modo
de proceder, é chamada por nós Idealismo, em oposição ao Egoísmo. Entendemos por
essa palavra a faculdade de sacrifício do indivíduo pelo conjunto de seus
semelhantes.
É necessário proclamar repetidamente que o idealismo não
significa apenas uma supérflua manifestação sentimental, era e será sempre, em
verdade, a condição primordial para o que denominamos "civilização"- Foi esse
idealismo o criador do conceito "homem"! É a essa tendência interior que o
ariano deve sua posição no Mundo, esse a ela também deve a existência do homem
superior. O idealismo foi que, do espírito puro, plasmou a força criadora, cuja
obra - os monumentos culturais - brotou de um consórcio singular entre a
violência bruta e a inteligência genial.
Sem as tendências do idealismo,
mesmo as faculdades mais brilhantes não passariam de uma abstração, pura
aparência exterior, sem valor intrínseco, nunca podendo resultar em força
criadora.
Como, entretanto, o idealismo genuíno não é mais nem menos do
que a subordinação dos interesses e da vida do indivíduo à coletividade, isso
também, por sua vez, estabelece as condições para novas organizações de toda
espécie. Esse sentimento, no seu íntimo, corresponde à vontade mais imperiosa da
Natureza. Só ele é que conduz os homens a reconhecerem espontaneamente o
privilégio da força e do vigor, fazendo deles uma poeirinha insignificante
naquela organização que forma e constitui o Universo. O idealismo mais puro
reveste-se inconscientemente do mais profundo conhecimento.
O quanto
isso é verdadeiro, o quanto é inexistente a relação entre o idealismo real e as
fantasmagorias de brinquedo, ressalta, à primeira vista, do juízo de uma criança
pura, de um menino são, por exemplo. O mesmo jovem que escuta, sem interesses e
com repugnância, as tiradas intermináveis de um pacifista "idealista",
prontifica-se a dar imediatamente sua vida pelo ideal de seu nacionalismo.
Inconscientemente obedece aí ao instinto, que reconhece a necessidade
recôndita da conservação da espécie, à custa do indivíduo. Se preciso for,
lançará um protesto contra as fantasias do discursador pacifista, que, em
realidade, no seu pape) de egoísta mascarado, porém covarde, peca diretamente
contra as leis da evolução. Esta é condicionada pela disposição ao sacrifício do
indivíduo em prol da espécie, e não por visões mórbidas de sabichões covardes e
críticos da Natureza.
É justamente nas épocas em que o sentimento
idealista parece querer desaparecer, que podemos também imediatamente verificar
uma queda daquela força formadora de coletividade e, por si mesma, criadora de
possibilidades culturais. Logo que o egoísmo principia a governar um povo,
afrouxam-se os vínculos da ordem e, na caça atrás da felicidade, é que os homens
se precipitam do céu para dentro do inferno.
Sim, até o posteridade
esquece aqueles que só serviram a seus interesses pessoais e exalta os heróis
que renunciaram à sua própria ventura.
O judeu é que apresenta o maior
contraste com o ariano. Nenhum outro povo do mundo possui um instinto de
conservação mais poderoso do que o chamado "Povo Eleito". Já o simples fato da
existência desta raça poderia servir de prova cabal para essa verdade. Que povo,
nos últimos dois milênios, sofreu menos alterações na sua disposição intrínseca,
no seu caráter, etc., do que o povo judeu? Que povo, enfim, sofreu maiores
transtornos do que este, saindo, porém, sempre o mesmo, no meio das mais
violentas catástrofes da humanidade? Que vontade de viver, de uma resistência
infinita para a conservação da espécie, fala através desses fatos!
As
qualidades intelectuais do judeu formaram-se no decorrer de milênios, Ele passa
hoje por "inteligente" e o foi sempre até um certo ponto. Somente, sua
compreensão não é o produto de evolução própria, mas de pura imitação. O
espírito humano não consegue galgar alturas, sem passar por degraus; para cada
passo ascendente, necessita ele do fundamento do passado, naquele sentido lato
que só na cultura geral pode transparecer. Apenas uma pequena parte do
pensamento universal repousa sobre o conhecimento próprio; a maior parte é
devido às experiências de épocas precedentes. O nível geral de cultura mune o
indivíduo sem que disso ele se aperceba, de uma tal riqueza de conhecimentos
preliminares, que, assim preparado, ele, mais facilmente, seguirá o seu caminho.
O menino de hoje, por exemplo, cresce, cercado por uma infinidade de inventos
técnicos dos últimos séculos, de tal modo, que muitas coisas - um enigma, há cem
anos, para os espíritos mais adiantados - lhe passam despercebidas, embora a
observação e a compreensão dos nossos progressos no dito terreno sejam para ele
de uma importância decisiva. Se mesmo um cérebro genial da segunda década do
século passado saísse hoje do seu túmulo, encontraria maior dificuldade em se
orientar no tempo atual, do que, hoje, um rapazinho de quinze anos, de
Inteligência mediana. Ao ressuscitado faltaria toda a formação prévia,
interminável, quase inconscientemente absorvida pelo nosso contemporâneo durante
seu período de crescimento, no meio das manifestações da civilização geral. Como
então o judeu - por motivos que ressaltam à primeira vista - nunca possuiu uma
cultura própria, as bases do seu trabalho espiritual sempre foram ditadas por
outros. Em todos os tempos, seu intelecto desenvolveu-se por influências do
mundo civilizado que o cerca.
Nunca se operou um processo inverso.
Mesmo que o instinto de conservação do povo judeu não fosse mais fraco e
sim mais forte do que o de outros povos, quando mesmo sua capacidade intelectual
pudesse dar a impressão de poder ele concorrer sem desigualdade com as demais
raças, faltar-lhe-ia, no entanto, inteiramente, a condição "sine qua non" para
um povo expoente de cultura - a mentalidade idealista.
No povo judeu, a
vontade de sacrificar-se não vai- além do puro instinto de conservação do
indivíduo. O sentimento de solidariedade acha seu fundamento em um instinto
gregário muito primitivo, que se manifesta em muitos outros seres nesse mundo.
Notável é nisso tudo o fato dê que o instinto gregário só conduz ao apoio mútuo,
ali onde um perigo comum torna apropriado ou Inevitável tal auxílio. O mesmo
bando de lobos que, era determinado momento, assalta em comum a sua presa, se
dispersa de novo, assim que acaba de matar a fome. O mesmo fazem os cavalos,
que, juntos, procuram defender-se de um ataque, para dispersarem-se, para todos
os lados, uma vez o perigo passado.
Análogo é o caso do judeu. Seu
espirito de sacrifício é só aparente, só perdura, enquanto a existência de cada
um o exige peremptoriamente. Entretanto uma vez vencido o inimigo comum e
afastado o perigo, que a todos ameaçava, os espólios em segurança, cessa a
aparente harmonia dos judeus entre si, para deixar novamente transparecerem as
tendências primitivas. O judeu só conhece a união, quando ameaçado por um perigo
geral ou tentado por uma filhagem em comum; desaparecendo ambos estes motivos,
os sinais característicos do egoísmo mais cru surgem em primeiro plano, e o
povo, ora unido, de um instante para outro transforma-se em uma chusma de
ratazanas ferozes.
Se os judeus fossem os habitantes exclusivos do Mundo
não só morreriam sufocados em sujeira e porcaria como tentariam vencer-se e
exterminar-se mutuamente, contanto que a indiscutível falta de espírito de
sacrifício, expresso na sua covardia, fizesse, aqui também, da luta uma comédia.
É pois uma idéia fundamentalmente errônea, querer enxergar um certo espírito
idealista de sacrifício na solidariedade do judeu na luta ou, mais claramente,
na exploração de seus semelhantes, Aqui igualmente o judeu não é movido por
outra coisa senão pelo egoísmo individual nu e cru. Por isso mesmo, o Estado
judaico - que deve ser o organismo vivo para a conservação e multiplicação da
raça - não possui nenhum limite territorial. Uma formação estatal compreendida
dentro de um determinado espaço, pressupõe sempre uma disposição idealista na
raça, que ocupa esse Estado, antes de tudo, porém, uma compreensão exata da
noção de "trabalho". A falta de tal convicção acarreta o desânimo, não só para
construir, como até para conservar um Estado com limites marcados. Com isso
desaparece o fundamento único da origem de uma civilização.
Por isso
também é que o povo judeu, apesar de suas aparentes aptidões intelectuais,
permanece sem nenhuma cultura verdadeira e, sobretudo, sem cultura própria. O
que ele hoje apresenta, como pseudo-civilização, é o patrimônio de outros povos,
já corrompidos nas suas mãos.
Para se julgar o judaísmo em face da
civilização humana, é preciso salientar o traço característico mais inerente à
sua natureza, a saber: que nunca houve uma arte Judaica, como hoje ainda não há,
e que as duas rainhas entre as artes - a arquitetura e a música - nada de
espontâneo lhe devem, o que tem feito no terreno artístico é ou fanfarronice
verbal ou plágio espiritual. Além disso, faltam ao judeu aquelas qualidades que
distinguem as raças privilegiadas no ponto de vista criador e cultural.
A que ponto o judeu aceita por imitação a civilização estranha, até
deformando-a, está provado pelo fato de ser a arte dramática a que mais o atrai,
sendo, como, a que menos depende de invenção pessoal. Mesmo nessa especialidade,
ele realmente não passa de um "cabotino", melhor ainda, de um macaqueador,
faltando-lhe a inspiração para grandes realizações; nunca é construtor genial,
mas sim puro imitador. Os pequenos truques por ele utilizados não podem
entretanto a ninguém enganar, encobrindo a falta de. vitalidade intrínseca do
seu talento. Só a imprensa judaica, que presta o seu auxilio carinhosamente,
completando falhas e entoando, mesmo sobre o remendão mais medíocre, um tal hino
de "louvores" que o resto do mundo acaba supondo tratar-se de um verdadeiro
artista, quando se trata, apenas, de um miserável comediante. Não. O judeu não
possui força alguma suscetível de construir uma civilização e isso pelo fato de
não possuir nem nunca ter possuído o menor idealismo, sem o qual o homem não
pode evoluir em um sentido superior. Eis a razão por que sua inteligência nunca
construirá coisa alguma; ao contrário, agirá destruindo; quando muito, poder dar
um incentivo passageiro, aparecendo então como o protótipo da "Força, que sempre
deseja o Mal, fazendo o Bem". Não por ele, mas sim apesar dele, vai se
realizando de qualquer modo o progresso da humanidade.
O judeu, não
tendo jamais possuído um Estado com definidos limites territoriais e, portanto,
nenhuma cultura própria, formou-se o hábito de classificar esta raça entre os
nômades. É isto um erro tão grande quanto perigoso. O nômade dispõe, para viver,
de um espaço limitado por fronteiras; não o cultiva, porém, como um lavrador
estabelecido, mas vive do rendimento de seus rebanhos, com os quais percorre as
suas terras. A razão para isso reside, aparentemente, na pouca fertilidade do
solo, que não permite a instalação de uma colônia; no fundo, entretanto, está na
desarmonia entre a civilização técnica de uma época ou de um povo e a pobreza
natural do lugar habitado. Há regiões, onde o ariano, somente pelo
desenvolvimento de sua técnica milenar, consegue, em colônias isoladas,
apoderar-se das terras e delas extrair os elementos necessários ao seu sustento,
se não fosse essa técnica, ou ele teria que se afastar dessas paragens, ou viver
igualmente como nômade, em constante peregrinação. se é que sua educação,
através de milênios, e seu hábito de vida estabelecida, não tornasse semelhante
solução totalmente insuportável. Seja lembrado que quando se descobriu o
Continente Americano, numerosos arianos lutavam pela vida, como armadores de
alçapão, caçadores, etc., e isto freqüentemente, em bandos maiores, com mulher e
filhos, mudando sempre de paradeiro, em uma vida igual à dos nômades. Logo,
porém, que o seu número, por demais acrescido, assim como recursos mais
aperfeiçoados, permitiram desbravar o solo virgem e resistir aos indígenas,
começou a surgir, no país, uma colônia depois da outra.
É provável que o
ariano também tenha sido primeiro nômade, depois, com o decorrer do tempo, se
tenha fixado; mas nunca o foi o judeu! Não, o judeu não é um nômade, pois, mesmo
este já tomava atitudes definidas quanto ao "trabalho", contanto que, para isso,
existissem as devidas condições espirituais. O idealismo, como sentimento
fundamental, existe nele, embora infinitamente apagado; é por isso que, em todo
seu complexo, o nômade poderá parecer estranho aos povos arianos, mas nunca
antipático. Tal não acontece com o judeu; este nunca foi nômade e sim um
parasita incorporado ao organismo dos outros povos. Sua mudança de domicílio,
uma vez por outra, não corresponde às suas intenções, sendo resultado da
expulsão sofrida por ele, de tempos em tempos, da parte dos povos que o abrigam
e que ele explora. O fato dele continuar a se espalhar pelo mundo é um fenômeno
próprio a todo parasita; este anda sempre à procura de novos terrenos para fazer
prosperar sua raça.
Com o nomadismo isso nada tem que ver, porque o
judeu não cogita absolutamente de desocupar uma região por ele ocupada, ficando
ai, fixando-se e vivendo aí tão bem estabelecido, que mesmo a violência
dificilmente o consegue expulsar. Sua expansão através de países sempre novos só
principia quando neles existem condições precisas para lhe assegurar a
existência, sem que tenha que mudar de domicílio como o nômade, É e será sempre
o parasita típico, um bicho, que, tal qual um micróbio nocivo. Se propaga cada
vez mais, assim que se encontra em condições propicias. A sua ação vital
igualmente se assemelha à dos parasitas, onde ele aparece. O povo, que o
hospeda, vai se exterminando mais ou menos rapidamente. Assim viveu o judeu, em
todos os tempos, nos Estados alheios, formando ali seu próprio "Estado", que
aliás costumava navegar em paz, até que circunstâncias exteriores desmascarassem
por completo seu aspecto velado de "comunhão religiosa". Uma vez, porém, que
adquira bastante força para prescindir de tal disfarce, deixava afinal cair o
véu e torna-se de súbito, aquilo, que os outros não queriam, dantes, nem crer
nem ver: o judeu. Na vida do judeu, incorporado como parasita no meio de outras
nações e de outros Estados, existe um traço característico, no qual Schopenhauer
se inspirou para declarar, come já mencionamos: "O judeu é o grande mestre na
mentira". A vida impele o judeu para a mentira, para a mentira incessante, da
mesma maneira que obriga o homem do norte a vestir roupa quente.
Sua
vida, no seio de povos estranhos, só pode perdurar, se ele conseguir despertar a
crença de ser o representante, não de um povo, mas de uma "comunhão religiosa",
muito embora singular.
Aí está a primeira grande mentira.
Para
poder levar essa vida, à custa de outros povos, precisa ele recorrer à negação
de sua individualidade interior. Quanto mais inteligente é cada judeu melhor
conseguirá iludir. Pode chegar ao ponto de grande parte o povo que o hospeda
acreditar seriamente que o judeu seja francês ou inglês, alemão ou italiano,
embora pertencente a uma crença especial. As vítimas mais freqüentes de tão
infame fraude são os funcionários oficiais que parecem sempre influenciados por
essa fração histórica da sabedoria universal. O pensamento independente, em tais
rodas, passa, às vezes, como um verdadeiro pecado contra o progresso na vida, de
modo que ninguém se deve admirar, quer por exemplo, um secretário de Estado na
Baviera, até hoje, ainda não possua a mais leve suspeita de que os judeus
constituem um povo e não uma seita religiosa. Aliás, basta um olhar lançado
sobre a imprensa, eivada de judaísmo, para revelar tal verdade mesmo ao espírito
mais curto. É verdade, que o "Eco Judeu" ainda não é o órgão oficial, não
podendo traçar normas ao intelecto de uma tal autoridade do Governo.
O
judaísmo nunca foi uma religião, e sim sempre um povo com características
raciais bem definidas. Para progredir teve ele, bem cedo, que recorrer a um
meio, para dispersar a atenção malévola, que pesava sobre seus adeptos. Que meio
mais conveniente e mais inofensivo do que a adoção do conceito estranho de
"comunhão religiosa"? Pois, aqui, também, tudo é emprestado, ou, melhor, roubado
- a personalidade primitiva do judeu, já por sua natureza, não pode possuir uma
organização religiosa, pela ausência completa de ideal, e, por isso mesmo, de
uma crença na vida futura, Do ponto, de vista ariano, é impossível imaginar-se,
de qualquer maneira, uma religião sem a convicção da vida depois da morte, Em
verdade, o Talmud também não é um livro de preparação ao outro mundo, mas sim
para uma vida presente boa, suportável e prática.
A doutrina Judaica é,
em primeiro lugar, um guia para aconselhar a conservação da pureza do sangue,
assim como o regulamento das relações dos judeus entre si, mas ainda com os não
judeus, isto é, com o resto do inundo. Não se trata, em absoluto, de problemas
morais, e sim de questões econômicas, muito elementares, Existem hoje e já
existiram em todos os tempos estudos bastantes aprofundados sobre o valor ético
do ensino da doutrina Judaica, espécie de religião, que, aos olhos arianos,
parece, por assim dizer, escabrosa (tais estudos naturalmente não provêm de
iniciativa dos judeus, ao contrário, seriam habilmente adaptados ao fim visado).
O produto dessa educação religiosa - o próprio judeu é o seu melhor expoente.
Sua vida só se limita a esta terra, e seu espirito conservou-se tão estranho ao
verdadeiro Cristianismo quanto a sua mentalidade o foi, há dois mil anos, ao
grande fundador da nova doutrina. Verdade é que este não ocultava seus
sentimentos relativos ao povo judeu; em certa emergência pegou até no chicote
para enxotar do templo de Deus este adversário de todo espírito de humanidade
que, outrora, como sempre, na religião, só discernia um veículo para facilitar
sua própria existência financeira. Por isso mesmo, aliás, é que Cristo foi
crucificado, enquanto nosso atual cristianismo partidário se rebaixa a mendigar
votos judeus nas eleições, procurando ajeitar combinações políticas com partidos
de judeus ateístas e tudo isso em detrimento do próprio caráter nacional.
Em uma seqüência lógica, amontoam-se sempre novas mentiras sobre a grande
mentira inicial, a saber: que o judaísmo não é uma raça, mas uma religião. A
mentira estende-se igualmente à questão da língua dos judeus; esta não lhes
serve de veículo para a expressão, mas sim de máscara para seus pensamentos.
Falando francês, seu modo de pensar é judeu; torneando versos em alemão não faz
senão fazer transparecer o espírito da sua raça.
Enquanto o judeu não se
torna senhor dos outros povos é forçado, quer queira quer não, a falar as
línguas desses.
No momento, porém, em que esses se tornassem seus
vassalos, teriam que aprender todos um idioma universal (por exemplo, o
Esperanto!) a fim de assim poderem ser dominados mais facilmente pelo judaísmo.
Os "Protocolos dos Sábios de Sião", tão detestados pelos judeus, mostram,
de uma maneira incomparável, a que ponto a existência desse povo é baseada em
uma mentira ininterrupta. "Tudo isto é falsificado", geme sempre de novo o
"Frankfurter Zeitung", o que constitui mais uma prova de que tudo é verdade.
Tudo o que muitos judeus talvez façam inconscientemente, acha-se aqui claramente
desvendado. Mas o ponto capital é que não importa absolutamente saber que do
cérebro judeu provêm tais revelações. O ponto decisivo é a maneira pela qual
essas revelações tornam patentes, com uma segurança impressionante, a natureza e
a atividade do povo judeu nas suas relações íntimas, assim como nas suas
finalidades. A melhor critica desses escritos é fornecida entretanto pela
realidade. Quem examinar a evolução histórica do último século sob o prisma
deste livro, logo compreenderá também o clamor da imprensa judaica, pois no dia
em que o mesmo for conhecido de todo o povo, nesse dia estará evitado o perigo
do judaísmo.
Para bem conhecer o judeu, o melhor meio é estudar o
caminho seguido por ele no seio dos outros povos e no decorrer dos séculos.
Basta para isso estudar um só exemplo, que nos será bastante instrutivo. Como a
sua evolução, sempre e em todos os tempos, foi a mesma, como também os povos por
ele devorados, são sempre os mesmos, seria recomendável, em um tal estudo,
dividir essa marcha da sua evolução em períodos definidos, que marcarei com
letras para simplificar.
Os primeiros judeus vieram para a Germânia no
curso da marcha invasora dos Romanos, como sempre, negociando. Nos túmulos das
invasões parecem entretanto ter desaparecido, e o tempo da primeira formação de
Estados germânicos pode ser considerado o início de uma nova e permanente
invasão Judaica na Europa Central e Setentrional. Começa aí uma evolução, que
sempre foi idêntica, toda vez que, em qualquer parte, houve colisão dos judeus
com povos arianos.
a) Com a instalação das primeiras colônias fixas,
surge repentinamente o judeu. Ele chega como negociante, e, a princípio, não se
preocupa em disfarçar a sua nacionalidade. Ainda é o judeu, talvez em parte
também, porque, exteriormente, a diferença racial entre ele e o povo
hospitaleiro é grande demais, seu conhecimento da língua muito falho, as
desconfianças da gente da terra muito sensíveis, para lhe permitirem aparecer
sob outro aspecto que o de um comerciante estrangeiro. Com o seu jeito
insinuante e a Inexperiência do outro povo, a conservação de sua personalidade
não apresenta para ele nenhuma desvantagem; pelo contrário, antes uma vantagem
que é a de ser amavelmente recebido na sua qualidade de estrangeiro.
b)
Aos poucos, começa ele a trabalhar no terreno econômico, não como produtor mas
exclusivamente como intermediário. Na sua habilidade milenar de negociante,
supera de muito os arianos, os quais ainda se mostram sem jeito e, sobretudo, de
uma probidade sem limites. Assim, em pouco tempo, o judeu ameaça adquirir o
monopólio do comércio. Começa com empréstimos de dinheiro, e, como sempre, com
juros de usurários. Na verdade, foi ele quem, por este meio, introduziu o juro.
O perigo dessa nova instituição, a princípio, não é reconhecido, sendo ela até
acolhida com entusiasmo pelas vantagens momentâneas que oferece.
e) O
judeu estabeleceu-se completamente, isto é, habita em cidades e lugarejos,
bairros especiais, formando cada vez mais um Estado seu, dentro do Estado.
Considera o comércio e todos os negócios financeiros como seu privilégio
pessoal, que explora sem escrúpulo algum.
d) As finanças e o comércio
tornaram-se decididamente monopólio seu. Seus juros de usurários afinal provocam
oposição, seu atrevimento crescente revolta, sua riqueza produz inveja. A medida
chega a transbordar, quando a propriedade e a terra também ingressam no círculo
de seus objetivos comerciais, sendo rebaixados ao grau de mercadoria vendável e
mais apta a ser negociada. Como o judeu nunca cultiva a terra, que para ele
representa um fundo de exploração, o camponês pode ficar vivendo ali, entretanto
tão miseravelmente oprimido por seu novo senhor, que a aversão contra esse vai
pouco a pouco se convertendo em ódio declarado. Sua insaciável tirania torna-se
tão grande que desperta reações violentas. Começa-se a examinar, sempre mais de
perto, o corpo estranho, descobrindo-se nele sempre novos traços e maneiras
repelentes, até que a cisão completa se opera.
Nas épocas das maiores
privações, a fúria, afinal, rebenta contra ele; as massas exploradas e
totalmente aniquiladas recorrem à defesa própria, a fim de se livrarem do
"flagelo de Deus". No decorrer dos séculos, já o conheceram de sobra, sentindo
que sua simples existência é uma calamidade equivalente à peste.
e)
Então principia o judeu a desvendar suas qualidades genuínas. Graças à lisonja
abjeta, consegue acercar-se dos Governos, faz girar e trabalhar o seu dinheiro,
e deste modo arranja sempre uma "carta branca' para a exploração de suas
vitimas. Mesmo que, às vezes, á ira popular se torne violenta contra a eterna
sanguessuga, isso não impede absolutamente de aparecer ele no lugar há pouco
abandonado e de recomeçar a vida de outrora. Não há perseguição que o possa
demover do seu processo de exploração humana; nenhuma o poderá expulsar, pois
cada perseguição termina ela sua volta dentro em breve e sob a mesma forma.
Para impedir, pelo menos, a piores conseqüências, começa-se a retirar a
terra da sua mão usurária, tornando-se a aquisição da mesma impossível dentro da
lei.
f) Quanto mais o poder dos príncipes vai aumentando, mais o judeu
se vai chegando a eles. Mendiga "privilégios" que facilmente obtém, em troca do
devido pagamento destes senhores constantemente em dificuldades financeiras.
Custe o que custar, em poucos anos ele recobra novamente, com juros sobre juros,
o dinheiro empregado. Uma verdadeira sanguessuga que se agarra ao corpo do
infeliz povo e daí não se mexe até que os príncipes precisem novamente de
dinheiro e se encarreguem de lhes extorquir pessoalmente o sangue sugado. Tal
espetáculo repete-se sempre, sendo que o papel dos príncipes alemães é tão
miserável quanto o dos próprios judeus. Foram, com efeito, perante seu povo, o
castigo de Deus. Esses senhores não encontram paralelos senão em vários
ministros da época atual.
Aos seus príncipes é que a nação alemã deve o
não ter podido libertar-se completamente do perigo judaico. Infelizmente, as
coisas não se modificaram posteriormente, de modo que do judeu só receberam o
pago mil vezes merecido pelos pecados cometidos contra seu povo. Aliaram-se com
o demônio, e foram parar onde ele está!
g) É assim que o seu processo de
sedução tem levado os príncipes à ruína. Devagar, porém, seguramente, vão se
afrouxando os laços que os ligam aos povos, na medida em que cessam de servir os
interesses destes, para se transformarem em exploradores dos mesmos.
O
judeu conhece perfeitamente o fim reservado aos príncipes e procura, por todos
os meios, apressá-lo. Ele mesmo alimenta seus eternos apertos financeiros,
afastando-os cada vez mais de seus verdadeiros deveres, rodeando-os com a mais
vil adulação, conduzindo-os aos erros e tornando-se cada vez mais indispensável
a eles. Sua habilidade (ou melhor sua falta de escrúpulos, em todas as questões
financeiras sabe se arranjar para extorquir sempre novos recursos dos súditos
explorados, recurso que aos poucos vão desaparecendo. É assim que cada corte
possui seu "judeu da corte", como se denominam esses entes abomináveis que
atormentam o pobre povo até o desespero, proporcionando a seus príncipes alegria
perene.
Quem se admirará, então, que esses ornamentos do gênero humano
por fim também, querendo se enfeitar, subam até à altura da nobreza hereditária,
contribuindo assim, não só a expor essa classe ao ridículo, como também para
envenená-la.
Então, naturalmente, ele poderá se aproveitar de sua
situação para facilitar seu progresso.
Afinal, ele não precisa mais de
outra coisa senão do batismo para entrar na posse de todas as possibilidades e
de todos os direitos dos filhos do país. Não é raro vê-lo liquidar também esse
negócio, fazendo a alegria das Igrejas pelo novo filho adquirido e de Israel
pelo sucesso da mistificação.
h) No mundo judaico inicia-se, então, uma
metamorfose- Até agora foram judeus, isto é, não faziam questão de passar por
outra coisa, e também era impossível fazê-lo, dados os sinais raciais tão
característicos, de ambos os lados. Ainda na época de Frederico o Grande,
ninguém se lembraria de ver nos judeus outra coisa senão "o povo estranho", e
até Goethe se mostrava horrorizado com o fato dos casamentos entre cristãos e
judeus não serem proibidos legalmente. Goethe, portanto, santo Deus, não era
nenhum retrógrado nem "ilota", O que o fazia falar era nada menos do que a voz
do sangue e da razão, É assim que mau grado toda a conduta vergonhosa das cortes
- o povo via instintivamente no judeu o corpo estranho introduzido no seu
organismo, e tomava, por conseguinte, a atitude que essa idéia lhe sugeria.
Isso, porém, tinha que mudar. No decorrer de mais de um milênio aprendeu
ele a dominar de tal forma o idioma do país que o hospeda, que agora pensa poder
se aventurar a tornar menos acentuado seu aspecto judaico, pondo em maior relevo
seu "germanismo". Por mais ridículo, mesmo extravagante que possa parecer isso à
primeira vista, permite-se ele, portanto, o atrevimento de se transformar em um
"Germano", isto é, em um "Alemão", Com isso principia uma das mais infames
mistificações inimagináveis. Não possuindo do "Alemanismo" nada a não ser a arte
de maltratar - aliás de um modo horrível - a língua alemã, com a qual, porém,
nunca se identificou, toda sua nacionalidade alemã se resume exclusivamente na
fala. A raça, porém, não reside na língua, mas unicamente no sangue. Ninguém
sabe isso melhor do que o judeu, que muito pouca importância dá justamente à
conservação de sua língua.
Uma pessoa pode, sem mais nem menos, mudar
sua língua, quer dizer, pode servir-se de outra, mas, no seu novo idioma,
expressará suas idéias antigas, sua natureza intima não sofrerá alteração, o
judeu é o melhor expoente desse fenômeno, Fala várias línguas e conserva-se,
entretanto, sempre judeu. Seus traços característicos conservaram-se sempre os
mesmos, quer - ele tivesse falado romano, há dois mil anos, como vendedor de
cereais em Óstia, ou que hoje fale alemão quebrado, como negociante, que se
enriquece à custa de trigo! É sempre o mesmo judeu. Que essa verdade evidente
não seja compreendida, hoje em dia, por um conselheiro ministerial ou um
funcionário superior da policia, não é de admirar, pois é difícil encontrar-se
coisa mais sem intuição, mais sem espírito do que os servidores de nossa modelar
autoridade oficial dos tempos que correm.
A causa que leva o judeu à
resolução de converter-se subitamente em "alemão" é evidente. Ele sente como o
poder dos príncipes vai começando a se abalar e procura, por isso, já cedo, uma
base sólida para firmar os pés.
Além disso, já é tão vasta a sua
dominação do mundo econômico pelo dinheiro, que, por não possuir todos os
direitos de cidadão, ele acaba não podendo mais sustentar o colossal edifício
por ele criado, ou pelo menos não podendo mais aumentar a sua influência. Ambos
os fins são, porém, por - ele desejados, pois, quanto mais alto sobe, mais
tentador lhe aparece o antigo fim alvejado, que lhe fora predito, Ë com uma
ânsia febril, que os mais esclarecidos cérebros judaicos vêem aproximar-se
novamente o sonho do domínio universal, tão perto que já parece realizado, É por
isso que sua única aspiração de hoje é a aquisição completa dos plenos direitos
de cidadãos. Eis a razão por que ele tenta ultrapassar as fronteiras do Ghetto.
i) Deste modo, o judeu cortesão transforma-se em judeu popular, isto é,
permanece, como dantes, no círculo dos grandes senhores, procura até, cada vez
mais, penetrar nessa roda, mas, simultaneamente, outra parte de sua raça vai se
aconchegando ao povo de uma maneira que inspire confiança. Quando se reflete
sobre a soma de males, que, no decorrer dos séculos, ele havia feito ao povo,
como, cada vez mais, ele o sangrava e explorava sem mercê; quando se pensa
ainda, como o povo, por isso, aos poucos, o foi odiando, vendo afinal na sua
existência nada mais do que um castigo do Céu para os outros povos, pode se
avaliar o quanto deve ser difícil ao judeu essa nova atitude, sim, com efeito, é
uma árdua tarefa apresentar-se de repente como "amigo do gênero humano" às
próprias vitimas, às quais sempre havia arrancado a pele.
Seu primeiro
esforço consiste em reparar, aos olhos do povo, o que até então lhe fizera de
mal. Inicia sua metamorfose na qualidade de "benfeitor" da humanidade. Para que
a atitude de bondade que, agora, resolveu assumir, possua uma base real, ele não
se pode apegar à antiga frase bíblica, segundo a qual a esquerda não deve saber
o que a direita dá, tem que adotar, quer queira quer não, a prática de propagar
por toda parte o quanto sente os sofrimentos da humanidade e que sacrifícios faz
pessoalmente em beneficio desta. Com essa "modéstia", que nele é inata, proclama
com tanto alarde seus merecimentos pelo mundo afora, que todos começam a tomá-lo
a sério. Quem não o fizer, comete uma grande injustiça contra ele. Em pouco
tempo, já principia a revirar os fatos de tal jeito, como se, até hoje, só ele
tivesse sempre sido lesado e não inversamente. Alguns, especialmente os tolos,
acreditam nisso, não se podendo furtar a ter piedade do infeliz.
Além
disso, cumpre ainda observar, nesse ponto, que apesar de toda a disposição ao
sacrifício, o judeu pessoalmente nunca empobrece. É que ele sabe se arranjar. Só
se pode comparar o benefício, por ele praticado, ao adubo, que também não é
posto na terra por amor a esta, mas sim na previsão do próprio bem-estar do que
usa desse processo. Em todo caso, em um lapso de tempo relativamente curto,
ficam todos sabendo que o judeu se tornou um "benfeitor e filantropo". Que
mudança esquisita!
O que em outras pessoas pode parecer mais ou menos
natural, da parte dele desperta a maior surpresa, mesmo admiração, por não estar
de acordo com seus antecedentes. É o que explica achar-se cada um de seus atos
filantrópicos muito mais extraordinário do que se tivesse sido praticado por
qualquer outra criatura humana.
Ainda mais: o judeu fica de repente
liberal, começando a sonhar com a necessidade do progresso humano. Pouco a
pouco, transforma-se no arauto de uma nova época. Na verdade, ele está
destruindo cada vez mais os fundamentos de uma economia verdadeiramente útil ao
povo. Pelo recurso das sociedades de ações, vai penetrando nos círculos da
produção nacional, faz desta um objeto mais suscetível de compra e de
traficância, roubando assim às empresas a base de propriedade pessoal. Por isso,
surge entre o patrão e o empregado aquele distanciamento que conduz à Ulterior
luta política de classes.
Cresce assim a influência dos judeus em
matéria econômica, além da Bolsa, e isso com assombrosa rapidez. Torna-se
proprietário ou controlador das forças de trabalho do país.
Para
consolidar sua posição política, tenta destruir as barreiras raciais e de
cidadania, que mais do que tudo o embaraçam a cada passo. Para atingir tal fim,
luta, com sua resistência típica, pela tolerância religiosa, encontrando na
Maçonaria, que caiu inteiramente em seu poder, um excelente instrumento para o
combate e para a realização de suas aspirações. Os círculos governamentais,
assim como as camadas superiores da burguesia política e econômica, caem em suas
armadilhas, guiados por fios maçônicos, mal se apercebendo disso. Só o povo
propriamente dito ou, melhor, a classe que, despertando, luta pelos seus
próprios direitos e sua liberdade, não pode ser conquistado por esse meio,
principalmente nas suas camadas mais profundas. Essa, porém, é a conquista mais
indispensável. O judeu sente que sua ascensão a uma posição dominadora só se
tornará possível, quando existir à sua frente um "precursor" e este pensa ele
descobrir não entre a burguesia mas nas camadas populares. Não se pode,
entretanto, conquistar fabricantes de luvas e tecelões com os frágeis processos
da Maçonaria, tornando-se obrigatório introduzir, nesse caso, meios mais rudes e
grosseiros, porém não menos enérgicos. Como segunda arma ao serviço do judaísmo,
existe, além da Maçonaria, a imprensa. Com todo o afinco e toda habilidade
apossa-se ê]e desse órgão de propaganda. Com a mesma principia lentamente a
enlaçar toda a vida oficial, a dirigi-la e empurrá-la, tendo a facilidade de
criar e superintender aquela potência, que, sob a denominação de "opinião
pública", é hoje melhor conhecida do que há algumas décadas. Com isso tudo,
apresenta-se sempre como animado por uma infinita sede de saber, elogia todo
progresso, sobretudo aquele que acarreta a ruína dos outros, pois só julga todo
saber e toda evolução na medida em que lhe facilitam a propaganda de sua raça.
Quando falta esse objetivo, torna-se inimigo encarniçado de toda luz, um odiador
de toda verdadeira civilização, Desse modo, utiliza todo o saber aprendido nas
escolas alheias, unicamente ao serviço de sua raça.
Esse espírito racial
ele o preserva como nunca, Enquanto aparenta transbordar de "Instrução",
"Liberdade", "Humanidade" etc., preserva o mais rigorosamente possível a sua
raça. Acontece que, às vozes, impinge suas mulheres a cristãos de influência,
porém tem por princípio conservar sempre a pureza do ramo masculino. Envenenando
o sangue alheio, zela sobremodo pelo seu próprio. Quase nunca o judeu casará com
uma ens1i, o inverso se dá entretanto entre o cristão e a judia, os bastardos,
apesar disso, só herdam as qualidades do lado judeu, a parte mais nobre degenera
completamente. O judeu sabe disso muito bem e empreende, sempre segundo um
programa, esta espécie de "desarmamento" da camada dos "lideres" intelectuais de
seus adversários de raça. Para mascarar seu modo de agir, e para iludir as suas
vítimas, vai falando, cada vez mais, da igualdade de todos os homens, sem
considerações de raça nem de cor. Os tolos já principiam a acreditar nas suas
afirmações. Dado o fato de sua personalidade ainda ter um cunho por demais
exótico para poder prender, sem mais nem menos, sobretudo as grandes massas
populares, dá ele à imprensa a incumbência de representá-lo tão diferente da
realidade quanto seja necessário para servir à finalidade visada. É,
especialmente em jornais humorísticos, que se encontra uma tendência a mostrar
os judeus como um povinho inofensivo, que tem lá suas peculiaridades - como
outros as têm - que, porém, mesmo nas suas maneiras talvez um tanto estranhas,
denota possuir uma alma, possivelmente cômica, mas sempre fundamentalmente
honesta e bondosa. A preocupação dominante é sempre fazê-lo passar antes por
insignificante do que por perigoso.
O fim a atingir nessa luta é, porém,
a vitória da democracia, ou como ele a entende, o domínio do parlamentarismo, É
o que mais satisfaz às suas necessidades, porque, nesse regime, faz-se abstração
da personalidade e institui-se, no seu lugar, a preponderância da burrice, da
incapacidade e, por último, da covardia! O resultado final haveria de ser, mais
cedo ou mais tarde, a queda fatal da monarquia.
j) A formidável evolução
econômica produz uma alteração na distribuição do povo em classes. Com a morte
lenta dos pequenos ofícios, tornando-se mais rara a possibilidade do operário
ganhar a sua existência independente. ele se vai "proletarizando" à vista
d'olhos, É essa a origem do "operário de fábrica", na indústria. O que melhor o
caracteriza é provavelmente nunca chegar ele a poder assegurar-se mais tarde uma
existência própria. No mais verdadeiro sentido da palavra, não possui nada; sua
velhice torna-se um tormento e quase não merece a denominação de "vida".
Outrora, havia uma situação análoga que exigia peremptoriamente uma solução
e foi encontrada por fim. Ao camponês e ao operário, juntou-se a classe do
funcionário e empregado, mormente do Estado. Todos estes também eram indivíduos
sem propriedade. A solução que o Estado descobriu para pôr fim a essa situação
de mal-estar, foi cuidar dos funcionários públicos, impossibilitados de se
manterem por si na velhice, instituindo "a pensão", a aposentadoria Aos poucos,
um número cada vez maior de empresas particulares foi seguindo esse exemplo, de
modo que hoje cada empregado fixo recebe mais tarde sua pensão, desde que a
empresa tenha alcançado ou ultrapassado certo sucesso financeiro. É só a
garantia do funcionário público na idade avançada poderia educá-lo àquele amor
ao dever que, antes da Guerra, era a qualidade mais característica do
funcionalismo alemão. Foi desta maneira que toda uma classe popular, que
permaneceu sem propriedades, foi arrancada à miséria social e assim incorporada
ao conjunto da Nação. Problema idêntico, desta vez em muito maior escala, surgiu
recentemente para o Estado e para a Nação. Sempre novas multidões de gente,
milhões, emigravam do campo para as grandes cidades, a fim de ganhar o pão
quotidiano, como operários de fábrica, nas indústrias novamente fundadas. As
condições de vida e de trabalho eram mais do que deploráveis. Já não convinha,
em absoluto, o transporte mais ou menos mecânico dos velhos métodos de trabalho
do antigo operário ou dos camponeses aos novos quadros. A atividade de um como
de outros não era mais comparável aos esforços exigidos do trabalhador de
fábrica. Se, no antigo ofício manual, o tempo ocupava talvez papel menos
importante, nos novos métodos de trabalho, era fator essencial. Foi de um efeito
desastrado a aceitação formal dos antigos horários de trabalho nas grandes
empresas industriais, visto que o produto real alcançado, outrora, era bem
reduzido, pela falta dos processos intensivos de hoje. Se, portanto, dantes. se
podia aturar o dia de 14 e 15 horas de trabalho, era impossível suportá-lo em
uma época, na qual cada minuto é aproveitado. Na realidade, esta introdução
absurda de antigos horários na atividade industrial de hoje teve um resultado
infeliz em dois sentidos: a ruína da saúde e a destruição da fé em um direito
superior. Acrescentou ainda, de um lado, a miserável diminuição de salários,
provocando, por outro, a posição cada vez melhor do patrão.
No campo não
podia haver uma questão social, uma vez que o senhor e o servo faziam o mesmo
trabalho e comiam do mesmo prato. Até isso se foi mudando.
Aparece,
agora, como consumada, em todos os setores da vida, a separação do trabalhador e
do patrão.
Os progressos da influência judaica, no seio do nosso povo,
podem ser facilmente descobertos na indiferença, mesmo desprezo, que inspira o
trabalho manual. Aliás, isso não é próprio ao alemão Foi a influência latina
sobre a nossa vida - fenômeno que não passa de uma influência judaica - que
transformou o antigo respeito ao ofício em um certo desprezo por todo e qualquer
trabalho físico.
Isso deu origem realmente a uma nova categoria social,
muito pouco acatada, devendo um dia surgir a questão, se sim ou não, a Nação
possuiria a força de integrá-lo novamente na sociedade geral, ou se a diferença
de posição se estenderia até à cisão completa entre as classes.
Uma
coisa, entretanto, é inegável. Não eram os piores elementos que a nova casta
apresentava nas suas fileiras, pelo contrário, eram os mais enérgicos. As
sutilezas da chamada "civilização" ainda não tinham exercido neles seus efeitos
de decomposição e de destruição. A nova classe social, na sua maioria, ainda não
tinha sido contaminada pelo veneno debilitante do pacifismo, mantendo-se
robusta, e, segundo as exigências, mesmo brutal.
Enquanto a burguesia se
descuida em absoluto desta questão de tão grande importância, deixando correr as
coisas no maior indiferentismo, o judeu se prevalece das incomensuráveis
possibilidades futuras, organizando, de um lado, os métodos capitalistas de
exploração humana até os últimos extremos, do outro acercando-se das vítimas de
seus atos, dirigindo, dentro em pouco tempo, a luta deles "contra si mesmos". O
grande mestre na mentira sabe admiravelmente fazer-se passar por muito puro, a
fim de melhor jogar a culpa nas costas alheias. Possuindo o desplante de
instituir-se em guia das massas, estas nem de leve suspeitam a existência, atrás
disso tudo, do logro mais infame de todos os tempos. Entretanto, era assim que
as coisas se passavam. Apenas surgiu a nova categoria social, saída da
transformação econômica que se estende a todas as classes, o judeu avista, com
toda a nitidez e clareza, o novo itinerário a seguir para sua prosperidade
sempre crescente. Outrora, serviu-se da burguesia como arma contra o mundo
feudal, agora vai atiçar o operário contra o burguês. Se, à sombra da burguesia,
ele conseguiu, por meios duvidosos, a conquista dos direitos de cidadania,
espera agora encontrar, na luta do trabalhador pela vida, o caminho para
implantar o seu domínio político.
Doravante, só resta ao operário a
tarefa de pelejar pelo futuro do povo judeu. Sem se aperceber, entra a serviço
da potência que ele tem a ilusão de combater. Com a aparência de deixá-la atacar
o capital, é que se pode melhor fazê-la lutar pelo mesmo. Nisso tudo, grita-se
constantemente contra o capital internacional, quando em verdade o que se visa e
a economia nacional. É esta que importa demolir para que, no seu cemitério, se
possa edificar triunfalmente a Bolsa Internacional.
O processo aí
empregado pelo judeu é o seguinte: aproxima-se do trabalhador, finge compaixão
pela sua sorte ou mesmo revolta contra seu destino de miséria e indigência, tudo
isso unicamente para angariar confiança. Esforça-se por examinar cada privação
real ou imaginária na vida dos operários, despertando o desejo ardente de
modificar a sua situação. A aspiração à justiça social, latente em cada ariano,
é por ele levada de um modo infinitamente hábil, ao ódio contra os privilégios
da sorte; a essa campanha pela debelação de pragas sociais imprime um caráter de
universalismo bem definido. Está fundada a doutrina marxista.
Apresentando-a inseparavelmente ligada a toda uma série de exigências
sociais bem legítimas, vai ele favorecendo sua propaganda e, por outro lado,
despertando a aversão da humanidade bem intencionada em satisfazer aquelas
exigências, que, expostas da maneira por que o são, aparecem desde o inicio,
como injustas, e mesmo de impossível realização.
É que, sob esse
disfarce de idéias puramente sociais, escondem-se intenções francamente
diabólicas. Elas são externadas ao público com uma clareza demasiado petulante.
A tal doutrina representa uma mistura de razão e de loucura, mas de tal forma
que só a loucura e nunca o lado razoável consegue se converter em realidade.
Pelo desprezo categórico da personalidade, por conseguinte da nação e da raça,
destrói ela as bases elementares de toda a civilização humana, que depende
justamente desses fatores. Eis a verdadeira essência da teoria marxista, se é
que se pode dar a esse aborto de um cérebro, criminoso a denominação de
"doutrina". Com a ruína da personalidade e da raça, desaparece o maior reduto de
resistência contra o reino dos medíocres, de que o judeu é o mais típico
representante.
Essa doutrina pode ser julgada justamente pelos seus
desvarios em matéria econômica e política. Todos os que, de fato, são
inteligentes hesitam em entrar no seu séquito, e os outros, a quem falta
suficiente atividade intelectual ou preparo econômico, precipitam-se ao seu
encontro. O judeu, dentro de suas próprias fileiras, "sacrifica" o elemento
inteligente ao movimento, pois mesmo semelhante movimento não se pode manter sem
inteligência. Assim cria-se um verdadeiro movimento trabalhista, sob a chefia de
judeus. Aparentam visar à melhora das condições dos operários, tendo na mente,
porém, em verdade, a escravização e o aniquilamento de todos os povos que não
são judeus.
A Maçonaria se encarrega, por meio da imprensa, hoje nas
mãos dos judeus, de levar, à burguesia e às camadas populares, a Idéia de que a
defesa do país deve consistir no pacifismo. A essas duas armas demolidoras
assecla-se, em terceiro lugar, a organização da violência bruta que é a mais
temível. Como patrulha de ataque, o Marxismo tem que consumar a obra de
destruição que as outras duas armas prepararam.
Trata-se de uma ação
simultânea, admiravelmente conjugada. Não deve provocar admiração o fato de
semelhante arma destruir instituições que se comprazem em figurar como expoentes
da autoridade suprema, mais ou menos legendária. É nas mais altas esferas do
funcionalismo que o judeu, em todas as épocas, com raras exceções,, descobriu os
promotores mais dóceis da sua obra de destruição. Essa classe é caracterizada
per: submissão bajuladora quando trata com "superiores", impertinência arrogante
com os subalternos. Outra característica é uma estupidez que grita aos céus e só
se vê, às vezes, superada, por uma presunção fora do comum.
Tudo isso
são defeitos de que o judeu necessita para agir junto às nossas autoridades e
que, por isso, cultiva com carinho.
A luta que, então, principia, pode
ser "grosso modo" delineada da seguinte maneira.
De acordo com as
finalidades da luta judaica, que não consistem Unicamente na conquista econômica
do mundo, mas também na dominação política, o judeu divide a organização do
combate marxista em duas partes, que parecem separadas mas, em verdade,
constituem um bloco único: o movimento dos políticos e o dos sindicatos.
Esse último é um trabalho de aliciamento. Na dura luta pela existência, que
o operário tem que enfrentar, devido à ganância e à miopia de muitos patrões, o
movimento lhe propõe ajuda e proteção e a possibilidade de combater por uma
melhora nas suas condições de vida. Se o operário desejar reivindicar seus
direitos humanos em uma época, em que a "comunidade popular organizada" - o
Estado - não se preocupa com ele em absoluto; se ele não quiser confiar essas
suas aspirações à. cega arbitrariedade de semi-responsáveis, dotados, muitas
vezes, de nenhum coração, é preciso que, pessoalmente, ele se encarregue de sua
defesa. Na mesma proporção, a chamada burguesia nacional, cega pelo dinheiro,
põe os maiores obstáculos a essa luta pela vida, opondo-se contra todas as
tentativas de abreviação do horário de trabalho, desumanamente longo, supressão
do trabalho infantil, segurança e proteção da mulher, melhoramento das condições
sanitárias em oficinas e moradias, etc. O judeu, mais inteligente, toma a defesa
dos oprimidos. Aos poucos, torna-se o chefe do movimento social. Isso lhe é
fácil, pois não se trata, na realidade, de combater com boa intenção as chagas
sociais, mas somente de selecionar uma tropa de combate, nos meios proletários,
que lhe seja cegamente devotada na campanha de destruição da independência
econômica do país. Enquanto a chefia de uma sã política social não aceitar
firmemente estas duas diretrizes: conservação da saúde do povo e segurança de
uma independência nacional no terreno econômico, o judeu na sua luta não só
descurará completamente esses dois problemas, como fará de sua supressão uma
verdadeira finalidade. Não deseja ele a conservação de uma economia nacional
independente, mas, ao contrário, o seu aniquilamento. Em conseqüência, não há
escrúpulos de consciência que possam demovê-lo, como chefe do movimento
proletário, de fazer exigências, não só exorbitantes, como praticamente
irrealizáveis e próprias a acarretar a ruína da economia nacional. Não cogita
ele de ver uma geração sadia e robusta, deseja somente um rebanho contaminado e
apto a ser subjugado. Com esse desideratum, faz exigências tão destituídas de
senso que sua realização (ele não o ignora) se torna impossível e não pode
provocar nenhuma modificação do estado de coisas existente. Serve apenas para
excitar a massa popular até ao desvario. Isso, porém, é o que ele quer e não a
modificação para melhor da situação do proletariado.
A chefia do judeu
na questão social se manterá até o dia em que uma campanha enorme em prol do
esclarecimento das massas populares se exerça instruindo-as sobre sua miséria
infinita, ou até que o Estado aniquile tanto o judeu como sua obra. É claro que,
enquanto durar a falta de perspicácia do povo, e o Estado se conservar
indiferente como o tem sido até hoje, as massas seguirão sempre de preferência
aquele, cujas promessas, de ordem econômica, forem as mais audaciosas. Nisso,
aliás, o judeu leva a palma, pois nenhum escrúpulo moral entrava a sua ação.
É natural que, em pouco tempo, ele tenha vencido, nesse terreno, todos os
concorrentes. De acordo com sua feroz ganância, põe ele, a base do movimento
operário, o princípio da violência mais brutal. Quem for perspicaz e opuser
resistência à tentação do judeu, terá sua teimosia e clarividência inutilizadas
pelo terror. Os efeitos de tal sistema são simplesmente fantásticos.
De
fato, através do operariado, que poderia ser uma bênção para a nação, o judeu
destrói as bases da economia nacional.
Paralelamente a isso, progride a
sua organização política.
Sua cooperação com o movimento proletário
manifesta-se pelo modo por que prepara as massas para a organização política,
fustigando-as até pela violência e pela coação. Além disso, o judeu é a fonte
financeira que alimenta o enorme maquinismo do edifício político. É o órgão
fiscalizador da atividade política de cada um, desempenhando, em todas as
grandes manifestações oficiais, o papel de condutor. Por fim, deixa de se
interessar por questões econômicas, pondo à disposição do ideal político sua
principal arma de combate - a renúncia ao trabalho, sob a forma de greve
coletiva e geral. A organização política e trabalhista consegue, através de uma
imprensa apropriada aos mais ignorantes, os meios para resolver e agitar as
camadas mais baixas da nação, amadurecendo-as para os feitos mais audazes. Sua
missão não consiste em arrancar os homens do pântano dos sentimentos baixos e
elevá-los a uma posição mais elevada. Ao contrário, visa à satisfação dos mais
baixos instintos destes. Tudo se resume a um negócio lucrativo junto à massa
popular, tão cheia de presunções quanto preguiçosa e incapaz de idéias próprias.
É essa imprensa o órgão principal para a destruição, por uma campanha fanática
de calúnias, tudo que se pode considerar como esteio da independência nacional,
do progresso cultural e da autonomia da nação.
Faz ela uma guerra
encarniçada às personalidades que não se querem curvar às pretensões dominadoras
dos judeus ou que, por sua capacidade excepcional, impressionam o judeu como um
perigo iminente. Para que se seja odiado pelo judeu, não é preciso que se o
combata. Basta a suspeita de que seu adversário possa apenas nutrir a idéia de
perseguição ou ser um propagandista da força e grandeza de algum povo hostil à
sua raça.
Seu instinto, incapaz de se enganar nestas coisas, fareja em
cada um a alma primitiva, podendo contar com a sua inimizade todo aquele cujo
espírito não é uma cópia do seu. Não sendo judeu a vítima e sim o agressor, seu
inimigo não é só o que ataca mas também o que oferece resistência. O meio,
porém, pelo qual ele tenta domar almas tão ousadas e francas, não é por uma luta
leal e sim pela mentira e pela calúnia. Nesse ponto, ele não recua diante de
coisa alguma. Torna-se tão ordinário na sua vulgaridade, que ninguém se deve
admirar que, entre o nosso povo, a personificação do diabo, como símbolo de todo
mal, tome a forma do judeu em carne e osso.
A ignorância da grande massa
sobre a personalidade do judeu, a falta de alcance das nossas altas camadas
sociais, fazem do povo facilmente a vitima dessa campanha judaica de mentiras.
Enquanto as classes mais altas se afastam por covardia do indivíduo atacado pela
mentira e calúnia, o povo propriamente, na sua tolice e ingenuidade, costuma
acreditar em tudo. As autoridades do Governo mantêm-se, porém, em silêncio, ou,
mais freqüentemente, a fim de porem um termo à campanha dos judeus pela
imprensa, perseguem a inocente vitima. Isso aparece aos olhos de um asno, sob a
capa de funcionário, como uma salvaguarda da autoridade do Governo e uma
garantia da ordem e da tranqüilidade!
Sobre o cérebro e a alma da gente
de bem, vai descendo, aos poucos, como um pesadelo, o temor do judaísmo, a arma
dos marxistas.
Todos começam a tremer diante do terrível inimigo,
tornando se assim suas vitimas definitivas.
k) O domínio do judeu no
Estado já parece tão firmado, que, agora, não só ele tem direito de aparecer
como judeu, como também de externar seus pensamentos mais íntimos a respeito de
raça e de política, sem pôr nisso o menor escrúpulo. Parte da sua raça já se
confessa abertamente como povo estrangeiro, o que ainda é uma pequena mentira.
Enquanto o Sionismo se esforça por fazer crer à Humanidade que a consciência do
judeu, como povo, encontraria satisfação na criação de um Estado na Palestina,
os judeus nada mais fazem que ludibriar os cristãos, da maneira mais miserável.
Não cogitam absolutamente de implantar na Palestina um Estado para ali
viverem. O que eles desejam, é, unicamente, um centro de organização autônomo,
ao abrigo da intrusão de outras potências. Querem apenas um refúgio seguro para
a sua canalhice, isto é, uma academia para a educação de trapaceiros.
É,
porém, um indício, não só de sua confiança crescente, como também da consciência
de sua segurança, que uma parte se proclame, aberta e cinicamente, como raça
judaica, ao mesmo tempo que a outra, sem a mínima sinceridade, disfarça-se em
alemães, franceses ou ingleses.
A maneira por que tratam os outros povos
é- um sinal evidente de que vêem muito próxima a vitória.
O judeuzinho
de cabelos negros espreita, horas e horas, com um prazer satânico, a menina
inocente que ele macula com o seu sangue, roubando-a ao seu povo. Não há meios
que ele não empregue para estragar os fundamentos raciais do povo que ele se
propõe vencer. Do mesmo modo que, segundo um plano traçado, vai corrompendo
mulheres e mocinhas, também não recua diante do rompimento de barreiras impostas
pelo sangue, empreendendo essa obra em grande escala, no país estranho. Foram e
continuam a ser ainda judeus os que trouxeram os negros até o Reno, sempre com
os mesmos intuitos secretos e fins evidentes, a saber: "bastardizar" à força a
raça branca, por eles detestada, precipitá-la do alto da sua posição política e
cultural e elevar-se ao ponto de dominá-la inteiramente.
Decorre daí que
um povo de raça pura, consciente de seu sangue, nunca poderá ser subjugado pelo
judeu. Este só poderá ser dominador de bastardos. É assim que, sistematicamente,
ele tenta fazer baixar o nível racial por um ininterrupto envenenamento dos
indivíduos.
Em matéria política, começa ele a substituir o ideal
democrático pelo da Ditadura do Proletariado. Na multidão organizada do marxismo
é que ele foi encontrar a arma que a Democracia não lhe dá e que lhe permite a
subjugação e o governo dos povos pela força bruta, ditatorialmente.
Seu
programa visa à revolução em um duplo sentido: econômico e político.
Povos que opõem ao ataque interno uma forte resistência são por ele
envolvidos em uma teia de inimigos, graças às suas influências internacionais.
Incita-os à guerra, implantando, se preciso for, nos campos de batalha, a
bandeira revolucionária. Economicamente, eles criam para os Estados tal situação
que as empresas oficiais, deixando de dar residas, são subtraídas à direção do
Estado e submetidas à fiscalização financeira do judeu.
No terreno
político, recusam eles ao Estado os meios para sua subsistência, destroem as
bases de toda e qualquer defesa nacional, aniquilam a crença em uma chefia,
desprezam a história e o passado, e enlameiam tudo que é expoente de grandeza
real.
A contaminação, em matéria de cultura, manifesta-se na arte, na
literatura, no teatro. Cobrindo de ridículo o sentimento espontâneo, destroem
todo conceito de beleza e elevação, de nobreza e de bondade, arrastando o homem
aos seus sentimentos inferiores. A religião é ridicularizada Bons costumes e
moralidades são taxados de coisas do passado, até que os últimos esteios de uma
nacionalidade tenham desaparecido.
l) Principia agora a última grande
Revolução.
Chegando a alcançar a preponderância política, despojam-se
eles dos poucos disfarces que ainda lhes restam, o judeu popular e democrático
se transforma no judeu sanguinário e tiranizador de povos. Procura exterminar,
em poucos anos, os expoentes nacionais da intelectualidade, preparando os povos,
que ele priva de uma natural direção espiritual, para uma opressão contínua.
O exemplo mais terrível nesse gênero é apresentado pela Rússia, onde o
judeu, com uma ferocidade verdadeiramente fanática, trucidou cerca de trinta
milhões, alguns por meio de torturas desumanas, outros pela fome, e tudo isso
com o fito de assegurar a um lote de literatos judeus e bandidos da Bolsa o
domínio sobre um grande povo. A conseqüência final, entretanto, não é só a
morte da liberdade dos povos oprimidos, mas também a morte desse parasita
internacional. Após a imolação da vítima, morre, também, cedo ou tarde, o
vampiro.
Passando em revista todas as causas da derrocada da Alemanha,
resta, como última e decisiva, o desconhecimento do problema racial e sobretudo,
do perigo judeu.
Teria sido muito fácil suportar as derrotas de agosto
de 1918, nos campos de batalha. Não foram elas que nos aniquilaram, mas sim
aquela potência que preparou essas derrotas, roubando, desde muitos anos,
sistematicamente, ao nosso povo, os instintos e as forças morais que são os
fatores exclusivos para assegurar a capacidade e os direitos dos povos à
existência.
O antigo Império, não dando a menor atenção à questão
fundamental da raça, que pesa na formação de uma nacionalidade, desprezou o
direito único que explica a vida de um povo. Povos que se tornam bastardos ou se
deixam contaminar, atentam contra a vontade da Providência, e seu aniquilamento
não é uma injustiça e sim um restabelecimento do direito. Quando um povo não
quer mais dar apreço às qualidades inerentes que lhe foram dadas pela Natureza e
que se acham enraizadas no seu sangue, não tem mais o direito de chorar a perda
de sua existência.
Tudo nesta terra é suscetível de melhoras. Cada
derrota pode engendrar uma vitória futura, cada guerra perdida origina uma
ressurreição vindoura, cada miséria fecunda energias humanas e de cada opressão
as forças conseguem erguer-se até uma renascença espiritual. Tudo isso, porém,
enquanto o sangue se conserva puro.
A perda da pureza de sangue por si
só destrói a felicidade íntima, rebaixa o homem por toda a vida, e as
conseqüências físicas e intelectuais permanecem para sempre.
Todos os
demais problemas vitais, examinados e comparados em relação a este, aparecerão
ridiculamente mesquinhos. Todos são limitados no tempo. A questão, porém, da
conservação ou não conservação do sangue perdurará sempre, enquanto existir a
Humanidade.
Todos os importantes sintomas de decadência de antes da
Guerra tinham seu fundamento na questão racial.
Quer se trate de
questões de direito público ou de abusos na vida econômica, de fenômenos de
decadência ou de degenerescência política, de questões relativas a uma
defeituosa educação escolar ou uma má influência exercida sobre adultos pela
imprensa, etc., sempre e, em toda parte, surge a falta de consideração aos
interesses raciais do próprio povo ou a cegueira diante do perigo racial trazido
pelo estrangeiro. Dai a ineficácia de todas as tentativas de reforma, de todas
as obras de assistência social, de todos os esforços políticos, de todo
progresso econômico, de todo aparente acréscimo do saber. A nação e o Estado já
não possuíam saúde real, o seu mal progredindo à vista d'olhos, cada vez mais,
Toda prosperidade fictícia do antigo Império não conseguia ocultar a fraqueza
íntima, toda tentativa de um verdadeiro fortalecimento do poder ficava sem
efeito, pois deixava de lado a questão de maior importância, a questão racial.
Seria errôneo supor que os adeptos das diversas facções políticas, que
tentaram esfacelar o organismo alemão, - mesmo uma parte de seus líderes -
fossem homens ordinários ou mal intencionados. A causa única da esterilidade de
seus esforços foi só terem enxergado, quando muito, as manifestações exteriores
de nossa moléstia geral e procurado combatê-las, deixando cegamente de lado
aquele que as provocou. Quem seguir sistematicamente a linha de evolução do
antigo Império, deve chegar, depois de refletido exame, à conclusão de que,
mesmo no tempo da unificação e, portanto, da época do maior progresso da nação
alemã, já era evidente a decadência interna e que, apesar de todos os aparentes
triunfos políticos e da crescente riqueza, a situação geral piorava de ano para
ano. Mesmo as eleições de representantes ao "Reichstag" anunciavam, com o seu
acréscimo patente de votos marxistas, o desmoronamento interno cada vez mais
próximo e a todos manifesto. Todos os sucessos dos denominados partidos
políticos não tinham mais valor, não só por não poderem fazer parar a ascensão
da onda marxista, mesmo nas chamadas vitórias eleitorais burguesas, como também
pelo fato de já trazerem dentro de si os fermentos da decomposição.
Inconscientemente, o mundo burguês já se achava contaminado pelo veneno mortal
do marxismo. Um único travou a luta, nesses longos anos, com inabalável
regularidade, e esse foi o judeu. Sua estrela de Davi" subiu sempre mais alto, à
proporção que a vontade da conservação desaparecia do nosso povo.
Por
isso é que, em agosto de 1914, não foi um povo resolvido ao ataque que
compareceu às urnas, mas o que se deu foi um último lampejo do instinto de
conservação nacional diante da paralisação progressiva do nosso organismo
popular, provocada pelo pacifismo e pelo marxismo. Como, mesmo nesses dias
decisivos, se desconhecia o inimigo interno, toda resistência era debalde.
Este conhecimento da situação interna é que deveria formular as diretrizes,
assim como a tendência do novo movimento. Estávamos convencidos de que só isso
seria capaz de fazer estacionar o declínio do povo alemão, criando
simultaneamente a base granítica sobre a qual um dia se poderá manter um Estado
que não seja um mecanismo de finalidade e interesses puramente econômicos,
alheio ao povo, mas sim um organismo popular, isto é, UM ESTADO VERDADEIRAMENTE
GERMÂNICO.
CAPÍTULO XII - O PRIMEIRO PERÍODO DE DESENVOLVIMENTO DO PARTIDO NACIONAL
SOCIALISTA DOS TRABALHADORES ALEMÃES
Quando, no fim deste volume,
descrevo o primeiro período de evolução do nosso movimento, comentando, em
breves palavras, as questões dele decorrentes, não tenho o intuito de fazer uma
preleção sobre os seus fins intelectuais. Os propósitos e fins do novo movimento
são tão importantes que só poderão ser tratados em volume exclusivamente a eles
dedicado. Assim tratarei, em um segundo volume, das bases do programa do
movimento e tentarei demonstrar aquilo que para nós representa a palavra
"Estado". Com a palavra "nós", designo as centenas de milhares de pessoas que,
no fundo, se batem pelos mesmos ideais, sem, isoladamente, acharem as palavras
para designar o que no intimo almejam, pois é característico de todas as grandes
reformas, que para defendê-las apareça, muitas vezes, um só homem, enquanto os
seus adeptos já são milhares. O seu alvo muitas vezes, já é há séculos o desejo
íntimo de milhares de pessoas, até que apareça um que proclame o desejo geral,
e, como porta-estandarte, conduza à vitória as velhas aspirações, por meio de
uma idéia nova.
Que milhões de homens desejam de coração uma mudança
fundamental na situação de hoje, prova-o o descontentamento profundo que
experimentam- Manifesta-se esse descontentamento de mil maneiras: em alguns pelo
desânimo e falta de esperança; em outros pela má vontade, irascibilidade e
revolta; neste em indiferença e naquele em exaltação furiosa. Como testemunhas
desse descontentamento intimo podem servir tanto os "fatigados de eleições" como
os que se inclinam para o fanatismo da esquerda.
E é a esses, em
primeiro lugar, que se deveria dirigir o novo movimento. Esse não deve ser a
organização dos satisfeitos, dos fartos, mas sim dos sofredores e inquietos, dos
infelizes e descontentes, não deve, principalmente, sobrenadar na onda humana,
mas sim mergulhar até ao fundo da mesma.
Sob o ponto de vista puramente
político, apresentava o ano de 1918 o seguinte aspecto: um povo dividido em duas
partes. Uma, a menor, abrange as camadas da inteligência nacional com exclusão
de todos os trabalhadores manuais. É aparentemente nacional, mas não é capaz de
dar a essa palavra outra significação senão a de uma representação vaga e fraca
dos chamados interesses do Estado, que, por sua vez, são idênticos aos
interesses dinásticos. Procura defender as suas idéias e seus fins com armas
intelectuais, tão superficiais como cheias de lacunas, e que falham diante da
brutalidade do adversário. Com um só golpe terrível, essa classe até aqui
dominante é derrubada e suporta com covardia trêmula todas as humilhações do
vencedor sem escrúpulos.
A outra parte compõe-se da grande massa do
operariado, concentrada em movimentos marxistas mais ou menos radicais,
resolvida a vencer à força bruta toda resistência dos intelectuais. Não quer ser
"nacional", ao contrário, recusa, conscientemente, trabalhar pelos interesses
nacionais, auxiliando do outro lado a opressão por parte do estrangeiro.
Numericamente é a mais forte, abrangendo, antes de tudo, aqueles elementos do
povo, sem os quais não se pode imaginar uma ressurreição nacional, porque,
(sobre isso já em 1918 não deveria ter havido mais dúvida) todo o reerguimento
do povo alemão só seria possível depois da reconquista do poder perante o
exterior. As condições essenciais para isso, não são, porém, como dizem os
nossos "estadistas" burgueses, armas, mas sim as forças da vontade. Outrora, o
povo alemão possuía armas em quantidade mais do que suficiente. Não soube
garantir, a liberdade porque lhe faltou a energia do espírito nacional de
conservação e a vontade firme de auto-conservação. A melhor arma torna-se
material morto e sem valor, quando falta o espírito resoluto para manejá-la. A
Alemanha tornou-se fraca, não porque lhe faltassem armas, mas porque lhe faltou
o ânimo de manejá-las para a conservação nacional. Se, hoje, principalmente os
nossos políticos esquerdistas, apontam a falta de armas como causa obrigatória
de sua política exterior fraca, condescendente, na verdade, porém, traidora, sã
se lhes pode responder uma coisa: Não! O inverso é o que se dá: a vossa
criminosa política de abandono dos interesses nacionais, é que vos fez entregar
as armas. Agora, quereis apresentar a falta de armas como motivo de Vossa
miserável baixeza. Isto, como tudo que fazeis, é mentira e mistificação.
Essa acusação também se ajusta exatamente aos políticos da direita. Graças
à sua covardia foi possível, em 1918, à corja dos judeus, que se tinha apossado
do poder, roubar as armas à nação. Por isso também eles não podem, com razão,
justificar a sua sábia "moderação" (diga-se covardia) com a hodierna falta de
armas, porque essa falta é justamente um resultado de sua covardia. A questão da
reconquista do poder alemão não deve consistir em saber, por exemplo, como
fabricaremos armas, mas sim, como despertaremos no povo o espírito que o
habilite a ser portador de armas. Quando esse espírito domina um povo, ele
achará mil caminhos dos quais cada um terminará junto a uma arma! Entreguem-se,
porém, dez pistolas a um covarde e, quando for agredido, não será capaz de
disparar um tiro sequer. Têm nas mãos dele menos valia que um bom porrete nas
mãos de um homem corajoso. A questão da reconquista do poder político do nosso
povo é, em primeira linha, uma questão de saneamento do nosso sentimento de
conservação nacional, porque, segundo a experiência ensina, toda política
exterior eficiente, assim como todo o valor de um Estado em si, baseiam-se menos
nas armas que possui do que na reconhecida ou mesmo suposta faculdade de
resistência moral da nação. A possibilidade de alianças é menos designada pela
existência de armas mortas do que pela existência visível de uma incandescente
vontade de auto-conservação nacional e heróico desprezo em face da morte. Uma
aliança não é feita com armas mas sim com homens. Dessa maneira, o povo inglês
será considerado o aliado mais valoroso do inundo, enquanto os seus governantes
e o espírito da massa geral derem mostras de uma brutalidade e persistência que
fazem supor que uma luta, uma vez começada, será continuada até um fim
vitorioso, sem medir sacrifícios nem tempo, não entrando em consideração se os
seus preparativos militares estão em relação aos dos outros Estados ou não.
Compreendendo-se, porém, que o reerguimento da nação alemã é uma questão de
reconquista da nossa vontade de auto-conservação, fica evidente que para isso
não basta a conquista de elementos já nacionalistas por si, ao menos pela
vontade, mas sim a nacionalização de toda a massa abertamente antinacional.
Um novo movimento que almeja o reerguimento de um Estado alemão com
soberania própria, terá que dirigir sua campanha unicamente no sentido da
conquista das grandes massas. Por mais miserável que seja a nossa chamada
"burguesia nacional", por mais fraca que seja a sua convicção nacional, desse
lado não se pode esperar uma resistência séria contra uma política forte
interior e exterior. Mesmo que a burguesia alemã, de idéias e vistas curtas,
permaneça em resistência passiva, come já aconteceu com Bismarck, não nos fará
temer nunca uma resistência ativa devido à sua proverbial covardia.
Outras são as circunstâncias na massa de nossos compatriotas impregnados de
idéias internacionais. Não só os seus instintos primitivos pendem mais para o
emprego da força, mas também os seus guias judeus são mais brutais e sem
consideração. Eles inutilizarão do mesmo modo todo movimento de ressurreição
nacional, como outrora - quebraram a espinha dorsal ao exército alemão.
Principalmente neste regime parlamentar, por força da sua maioria, farão ruir
toda a política nacional exterior, evitando assim uma avaliação mais alta da
força alemã, e, consequentemente, a possibilidade de alianças. O sintoma de
fraqueza que representam esses 15 milhões de marxistas, democratas, pacifistas e
centristas, não é somente perceptível a nós, mas muito mais ao estrangeiro, que
mede o valor de uma aliança conosco por esse peso morto. Não se faz uma aliança
com um Estado cuja parte ativa da população se conserva passiva, ao menos diante
de qualquer política exterior resoluta. Ajunte-se a isso o fato de serem os
chefes desses partidos de traição nacional adversos, por instinto de
conservação, a qualquer progresso. É, historicamente, difícil imaginar que o
povo alemão chegue algum dia a ocupar a sua posição anterior, sem chamar à
prestação de contas aqueles que motivaram e promoveram o inaudito desmoronamento
de que foi vítima o nosso Estado. Diante do juízo das gerações vindouras, o mês
de novembro de 1918 não será qualificado de alta traição, mas sim de traição à
pátria. Assim, a reconquista da autonomia alemã, perante o exterior, está ligada
em primeira linha à reconquista da união consciente do nosso povo.
Também, tecnicamente encarada, a idéia da libertação alemã, perante o
estrangeiro, parecerá loucura, enquanto as grandes massas não aderirem a esse
ideal de liberdade. Encarado do ponto de vista puramente militar, qualquer
oficial, depois de alguma reflexão, reconhecerá que uma campanha externa não
poderá ser realizada com batalhões de estudantes, e, que, além dos cérebros de
um povo, também são necessários os seus punhos. Também precisa ser considerado
que a defesa de uma nação, baseada somente na chamada intelectualidade, seria um
sacrifício de bens irreparável. A jovem intelectualidade alemã dos regimentos de
voluntários que, no outono de 1914, sucumbiu nas planícies de Flandres, mais
tarde fez falta enorme. Era o bem mais valioso que a nação possuía, e a sua
perda não pôde mais ser suprida durante a guerra. Não só a luta é impossível se
os batalhões que avançam não têm em suas fileiras as massas dos operários, mas
também os preparativos técnicos não são realizáveis sem a união interna
consciente de nosso povo. Justamente o povo alemão, que, debaixo das vistas do
tratado de Versalhes, vive desarmado, só poderá tratar de qualquer preparativo
técnico para alcançar a liberdade e a independência humana, depois que o
exército de espiões internos estiver dizimado a ponto de só restarem aqueles
cuja falta de caráter lhes permita venderem tudo e todos pelos conhecidos trinta
dinheiros. Mas com esses pode-se acabar. Invencíveis, no entanto, parecem os
milhões que se opõem ao levantamento nacional por convicções políticas,
invencíveis enquanto não se combaterem as suas idéias marxistas, arrancando-as
de seus corações e de seus cérebros.
Indiferente, portanto, é o ponto de
vista por que se encara a possibilidade da reconquista de nossa independência,
tanto do Estado como do povo, se do ponto do preparo da política exterior, do
ponto técnico do armamento ou mesmo do ponto da luta em si mesma, sempre
persiste a necessidade de conquista anterior da grande massa do povo para a
idéia de autonomia nacional. Sem a reconquista da liberdade exterior toda a
reforma interior significará, no caso mais favorável, a elevação da nossa
capacidade de produzir renda como colônia. Os saldos de toda chamada melhoria
econômica serão absorvidos pelos nossos "controleurs" e todo melhoramento social
elevará a nossa força produtiva em beneficio dos mesmos. Progressos culturais
não nos serão possíveis, porque são intimamente ligados à independência política
e dignidade de um povo.
Se, portanto, a solução favorável do futuro
alemão está em ligação intima com a conquista nacional da grande massa do nosso
povo, deve ser esta a mais alta e importante tarefa de um movimento, cuja
eficiência não se deve esgotar na satisfação de um movimento, mas deve submeter
toda a sua ação a um exame sobre as conseqüências futuras prováveis. Já no ano
de 1919, estávamos convencidos de que o novo movimento deveria ter por escopo
principal a nacionalização das massas.
No sentido tático resulta daí uma
série de exigências.
1. - Para conquistar as massas para o levante
nacional nenhum sacrifício é pesado demais. Quaisquer que sejam as concessões
econômicas feitas ao operário, nunca estarão em relação ao que lucra a nação em
geral, quando elas contribuem para restituir ao seu povo grandes camadas dele
afastadas.
Só a ignorância míope que, lamentavelmente, muitas vezes se
encontra entre os nossos empregadores, pode deixar de reconhecer que não é
possível incremento econômico durável para eles e, consequentemente, mais
lucros, enquanto não se restabelecer a solidariedade interna no seio do próprio
povo. Se as fábricas alemãs, durante a guerra, tivessem cuidado dos interesses
do operariado, sem outras considerações, se tivessem, mesmo durante a guerra,
exercido pressão, por meio de greves, sobre os acionistas famintos de
dividendos, se tivessem atendido às exigências dos operários, se se tivessem
mostrado fanáticas no seu germanismo, em tudo que concerne à defesa nacional, se
tivessem também dado à pátria o que' é da pátria, sem restrição alguma, não se
teria perdido a guerra. E teriam sido verdadeiramente insignificantes todas as
concessões econômicas, diante da importância imensa da vitória.
Assim,
um movimento que visa a reincorporar o operário alemão à nação alemã, deve
reconhecer que, neste caso, sacrifícios econômicos não podem ser tomados em
consideração, enquanto não ameaçarem a conservação e a independência da economia
nacional.
2. - A educação nacional das grandes massas só pode ser
realizada depois de uma elevação social porque, só por meio desta, é que se
prepara o terreno que produz as predisposições que permitem ao indivíduo
compartilhar dos bens culturais da nação.
3. - A nacionalização das
grandes massas nunca se conseguirá por meias medidas, por afirmações tímidas de
um chamado ponto de vista objetivo, mas sim por uma focalização unilateral e
fanática no fim almejado. Quer isso dizer que não se pode tornar nacional um
povo no sentido de nossa hodierna burguesia, isto é, com umas tantas restrições,
mas sim tornando o "nacionalista" com toda veemência. Veneno só pode ser
combatido com contraveneno, e só a lassidão de um caráter burguês é que poderá
encarar os atalhos como conduzindo ,ao reino do céu.
A grande massa do
povo não é composta de professores nem de diplomatas. O pouco conhecimento
abstrato que possui conduz as suas aspirações mais para o mundo do sentimento. É
lá que ela se coloca para a ação positiva ou negativa. Só é apologista de um
golpe de força em uma dessas duas direções, mas nunca de situações dúbias. Esse
sentimento é também a causa de sua persistência extraordinária. A fé é mais
difícil de abalar do que o saber, o amor é menos sujeito a transformação do que
a inteligência, o ódio e mais durável que a simples antipatia, e a força motriz
das grandes evoluções, em todos os tempos, não foi o conhecimento científico das
grandes massas mas sim um fanatismo entusiasmado e, às vezes, uma onda histérica
que as impulsionava. Quem quiser conquistar as massas deve conhecer a chave que
abre as portas do, seu coração. Essa chave não se chama objetividade, isto é,
debilidade, mas sim vontade e força.
4. - A conquista da alma do povo só
é realizável quando, ao mesmo tempo que se luta para os próprios fins, se
aniquila o adversário dos mesmos. O povo, em todos os tempos, encara a agressão
impetuosa do adversário como uma prova do direito do agressor e considera a
abstenção no- aniquilamento do outro como um sinal de dúvida do próprio direito,
quando não como sinal de ausência do mesmo.
A grande massa não passa de
uma obra da natureza e o seu sentir não compreende o aperto de mão recíproco
entre homens que afirmam pretender o contrário. O que ela quer é a vitória do
mais forte e o aniquilamento do fraco ou a sua rendição incondicional.
A
nacionalização de nossa massa popular só é realizável quando, na luta positiva
para a conquista da alma do nosso povo, ao mesmo tempo esmagarmos os seus
envenenadores internacionais.
5. - Todas as grandes questões atuais são
questões de momento e representam apenas as conseqüências de determinadas
causas. Importância capital, porém, tem uma só entre todas elas: a questão da
conservação racial do povo. O sangue somente é a base tanto da força como da
fraqueza do homem. Povos que não reconhecem e consideram a importância dos seus
alicerces raciais, assemelham-se a homens que quisessem ensinar a cachorros
"lulu" as qualidades características de cachorros galgos, sem compreenderem que
a ligeireza do galgo e a inteligência do "Pudel" não são qualidades adquiridas
pelo ensino mas sim qualidades inatas da raça. Povos que se descuidam da
conservação da pureza de sua raça, abrem mão também da unidade de sua alma, em
todas as suas manifestações. O enfraquecimento de seu ser é a conseqüência
lógica do "enfraquecimento" do seu sangue e a modificação de sua força criadora
e espiritual é o efeito da transformação de suas bases raciais.
Quem
quiser libertar o povo alemão de seus vícios de hoje, das manifestações
estranhas à sua natureza, precisa livrá-lo do causador desses vícios e dessas
manifestações.
Sem o mais claro conhecimento do problema racial e do
problema dos judeus, não se poderá verificar um reerguimento do povo alemão.
A questão das raças fornece não só a chave para compreensão da historia
universal mas também para a da cultura humana em geral.
6. - O
enfileiramento da grande massa popular (que hoje faz parte de uma massa
internacional) em uma comunidade popular nacionalista, não significa uma
abdicação da representação de interesses legítimos de classes.
Interesses antagônicos de classes e profissões não são idênticos a divisões
de classes, porque são conseqüências lógicas da nossa vida econômica de hoje. O
agrupamento profissional não se opõe de forma alguma a uma verdadeira
coletividade popular, consistindo essa na união do espírito nacional em todas as
questões que lhe interessam propriamente.
A incorporação de uma classe à
coletividade da nação não se efetua com o rebaixamento de classes superiores e
sim com a ascensão das inferiores. O expoente desse fenômeno nunca poderá ser a
classe superior mas sim a inferior, que luta pela equiparação de seus direitos.
Não foi por iniciativa dos nobres que os cidadãos de hoje foram incorporados ao
Estado e sim por sua própria energia debaixo de uma direção autônoma.
Não é através de cenas piegas de confraternização que o operário alemão
será elevado a figurar no quadro da comunhão nacional e sim por uma elevação
consciente de sua posição cultural e social, até que se possam considerar
vencidas as diferenças mais importantes que o separam das outras classes. Um
movimento visando semelhante evolução terá que procurar seus adeptos, em
primeiro lugar, nos acampamentos operários. Só se deverá recorrer aos
intelectuais, na medida em que estes já tiverem percebido plenamente o alvo
aspirado. Este processo de transformação e aproximação não estará terminado em
dez ou vinte anos, provado, como está, que se prolongará por muitas gerações.
O empecilho maior para a aproximação entre o operário de hoje e a
coletividade nacional não reside na representação de interesses - conforme cada
posição social - porém, ao contrário, na sua conduta e atitude
internacionalistas, hostis ao povo e à Pátria. As mesmas corporações dirigidas
nas suas aspirações políticas e populares por um nacionalismo fanático, fariam
de milhares de operários preciosíssimos membros da sua organização nacional, sem
levar em conta lutas isoladas de interesse puramente econômico.
Um
movimento visando à restituição honesta do operário alemão ao seu povo, querendo
arrancá-lo à loucura internacionalista, precisa opor uma resistência de aço,
antes de tudo, à convicção que domina as empresas industriais. Aí se entende por
(comunhão popular" a rendição econômica, sem resistência, do trabalhador ao
patrão, enxergando se um ataque à coletividade em cada tentativa de preservação
dos interesses econômicos, nos quais o trabalhador tem os mesmos direitos.
Representar esta idéia eqüivale a ser o expoente de uma mentira consciente: a
coletividade impõe suas obrigações tanto a um lado como ao outro.
Com a
mesma certeza que um trabalhador prejudica o espírito de uma verdadeira
coletividade popular, quando, apoiado na sua força, faz exigências desmedidas,
da mesma forma, um patrão trai essa comunidade. se, por uma direção desumana e
exploradora, abusar da energia de seu empregado no trabalho, ganhando milhões,
como um usurário, à custa do suor daquele.
Então, perde ele o direito de
se considerar um membro da nação, de falar em uma coletividade nacional, não
passando de um egoísta que, pela introdução da desarmonia social, provoca lutas
futuras. que de uma maneira ou de outra têm que ser perniciosas à Pátria.
A fonte de reserva, na qual o movimento incipiente tem de conquistar seus
adeptos, será, em primeiro lugar, a massa dos nossos operários. Esta é que nos
cumpre, a todo preço, arrancar à mania internacional, salvar da miséria social,
levantar da crise cultural, para integrá-la na comunhão geral e, como um- fator
bem distinto, precioso, desejando agir conforme o sentimento e espírito
nacionais.
Se se acharem, nos círculos da inteligência nacional,
indivíduos com o coração vibrando pelo povo e pelo seu futuro, conhecendo
profundamente a importância da luta pela alma dessa multidão, que sejam
benvindos nas fileiras deste movimento, como coluna vertebral do mais alto
valor.
A finalidade desse movimento não deve consistir na conquista do
rebanho eleitoral. Nessa hipótese adquiriria uma sobrecarga que tornaria
impossível a conquista das grandes massas populares.
Nosso objetivo não
é selecionar elementos no campo nacionalista mas conquistar elementos entre os
antinacionalistas. Esse princípio é absolutamente necessário para a direção
tática do movimento.
7. - Essa consistente e clara atitude deve ser
expressa na propaganda da nossa causa, por exigências da própria propaganda.
Para que uma propaganda seja eficiente é preciso que ela tenha um objetivo
definido e que se dirija a um determinado grupo. Ao contrário, ela ou não será
entendida por um grupo ou será julgada pelo outro tão compreensível por si mesma
que se torna desinteressante. Até a forma da expressão, o tom, não pode atuar da
mesma maneira em camadas populares de níveis intelectuais diferentes. Se a
propaganda não se inspirar nesses princípios, nunca atingirá as massas. Entre
cem oradores, dificilmente se encontrarão dez em condições de, em um dia,
conseguir sucesso ante um auditório de varredores de ruas, ferreiros, limpadores
de esgotos etc., e, no dia seguinte, diante de espectadores compostos de
estudantes e professores, obter o mesmo êxito em uma conferência de fundo
intelectual.
Entre mil oradores talvez só se encontre um capaz de,
diante de um auditório de serralheiros e professores de universidade, conseguir
expressões que não só correspondam à capacidade de apreensão de ambas as partes
como provoquem os seus mais entusiásticos aplausos. Não se deve perder de vista
também que as mais belas idéias de uma doutrina, na maior parte dos casos, só se
propagam por intermédio dos espíritos inferiores. Não se deve considerar o que
tem em mente o genial criador de uma idéia, mas em que forma e com que êxito o
defensor dessa idéia a comunicará às grandes massas.
A grande eficiência
da Social Democracia, do movimento marxista, sobretudo, consiste, em grande
parte, na homogeneidade do público a que se dirige. Quanto mais estreitas e
limitadas eram as idéias propagadas, tanto mais facilmente eram aceitas pelas
massas, a cujo nível intelectual correspondiam perfeitamente.
Disso
resulta para o novo movimento uma conduta clara e simples. A propaganda, tanto
pelas suas idéias como pela forma, deve ser organizada para alcançai- as grandes
massas populares e a sua justeza só pode ser avaliada pelo êxito na prática. Em
um grande comício popular, o orador mais eficiente não é o que mais se aproxima
dos elementos intelectuais do auditório mas o que consegue conquistar o coração
da maioria.
O intelectual que, presente a uma reunião, apesar da
evidente atuação do orador sobre as camadas inferiores, critica o discurso, sob
o ponto de vista intelectual, dá demonstração da sua incapacidade e da sua
ineficiência para o novo movimento. Para a causa só serão úteis os intelectuais
que já tenham apreendido muito bem a finalidade da mesma e estejam em condições
de avaliar a eficiência da propaganda pelo êxito da mesma sobre o povo e não
pela impressão que produz sobre o espirito deles. A propaganda não deve visar
pessoas que já formam entre os nacionais-socialistas mas, sim, conquistar os
inimigos do nacionalismo, desde que sejam da nossa raça.
Para o novo
movimento devem-se adotar, no esclarecimento do espirito do povo, as mesmas
idéias de que eu já tinha feito uma síntese na propaganda da Guerra. Que essas
idéias eram justas provou-o o êxito das mesmas.
8. - O objetivo de um
movimento de renovação política nunca será atingido por meio de propaganda
puramente intelectual ou por influência sobre os dominadores do momento, mas sim
pela conquista do poder político. Os que se batem por uma idéia que se destina a
modificar o mundo não só têm o direito mas o dever de recorrer aos meios que
facilitem a sua realização. O êxito é o único juiz sobre a justeza de um tal
movimento inicial. Esse êxito não deve ser compreendido apenas como a conquista
do poder, como aconteceu em 1918, pois um golpe de estado não pode ser visto
como bem sucedido somente porque os revolucionários conseguiram tomar posse da
administração pública, como se pensa nos meios oficiais da Alemanha, mas sim
quando seus objetivos trazem mais vantagens ao povo do que as existentes no
regime precedente. Esse não é o caso da "Revolução Alemã" de 1918, como se
costuma denominar esse golpe de banditismo.
Se a conquista do poder é a
condição preliminar para a realização de reformas políticas, um movimento com
finalidade renovadora deve, desde os primeiros dias de sua existência,
considerar-se como um movimento realmente popular e não um clube literário ou um
clube esportivo de burgueses.
9. - O novo movimento é, na sua essência e
na sua organização, antiparlamentarista, isto é, rejeita, em princípio, toda
teoria baseada na maioria de votos, que implique na idéia de que o líder do
movimento degrada-se à posição de cumprir as ordens dos outros. Nas pequenas
coisas como nas grandes, o movimento baseia-se no princípio da indiscutível
autoridade do chefe, combinada a uma responsabilidade integral.
As
conseqüências práticas desse princípio fundamental são as seguintes:
O
primeiro chefe de um grupo local é investido nas suas funções pelo que lhe está
imediatamente superior e assume a responsabilidade da sua direção. Todas as
comissões dependem dele e não ele das comissões. Não há comissões com voto, mas
comissões com deveres. O trabalho é distribuído pelo líder responsável, isto é,
o primeiro chefe ou presidente do grupo. O mesmo critério deve ser adotado nas
organizações maiores. O chefe é sempre indicado pelo seu superior e investido de
toda a responsabilidade. Só o chefe do partido é que, por exigência de uma
direção única, é escolhido pela assembléia geral de todos os correligionários.
Todas as comissões dependem exclusivamente dele e não ele das comissões. Assume
a responsabilidade de tudo. Os adeptos do movimento têm sempre, porém, a
liberdade de chamá-lo à responsabilidade, e, por uma nova escolha, destituí-lo
do cargo, desde que ele tenha abandonado os princípios fundamentais da causa ou
tenha servido mal aos seus interesses.
Uma das principais tarefas do
movimento é tornar esse princípio decisivo, não só dentro das próprias fileiras
do partido como na organização do Estado.
Quem se propuser a ser chefe
terá a mais ilimitada autoridade, ao lado da mais absoluta responsabilidade.
Quem não for capaz disso ou for covarde demais para não arcar com as
conseqüências de seus atos, não serve para chefe. Só o herói está em condições
de assumir esse posto.
O progresso e a cultura da humanidade não são
produto da maioria mas dependem da genialidade e da capacidade de ação dos
indivíduos.
Cultivar a personalidade, investi-la nos seus direitos, é a
condição essencial para a reconquista das grandezas e do poder da nossa raça.
Por isso o movimento é antiparlamentarista. A sua participação em uma tal
instituição só pode ter o objetivo de destruir o parlamento, que deve ser visto
como um dos mais graves sintomas da decadência da humanidade.
l0. - O
movimento evita tomar posição em todo e qualquer problema fora do campo de sua
atividade política ou que para a mesma não seja de importância fundamental. A
sua missão não é a de uma reforma religiosa mas a da reorganização política do
nosso povo. Vê em ambas as religiões um valioso esteio para a existência da
nação, e, por isso, combate os partidos que pretendam transformar essa base
moral e espiritual do povo em instrumento dos seus interesses.
Finalmente, o nosso partido não tem por finalidade manter ou restaurar ou
combater essa ou aquela forma de governo, mas criar os princípios fundamentais,
sem os quais nem a República nem a Monarquia podem existir durante muito tempo.
Sua missão não consiste em fundar uma Monarquia ou estabelecer uma República,
mas em criar um Estado germânico.
A questão da forma exterior desse novo
Estado não é de importância fundamental, o que importa é a finalidade prática.
Um povo que compreendeu os seus grandes problemas e sua missão nunca será
arrastado à luta por formas de governo.
11. - O problema da organização
interna do movimento não é uma questão de princípios mas de finalidade. A melhor
organização é a que entre a direção do movimento e os seus adeptos possua o
menor número de mediadores, pois a finalidade da organização é comunicar uma
idéia definida - que sempre se origina no cérebro de um único indivíduo - e
trabalhar por vê-la transformada em realidade.
A organização é apenas um
mal necessário. Na melhor hipótese, é um meio para um fim, na pior hipótese um
fim em si. Como o mundo é composto mais de naturezas mecânicas do que de
idealistas, a forma da organização é mais facilmente percebida do que a idéia.
A marcha de cada um na realização de idéias novas, sobretudo entre os
reformadores, é, em traços gerais, a seguinte:
Todas as idéias geniais
partem do cérebro dos indivíduos que se sentem destinados a comunicar os seus
pensamentos ao resto da humanidade. Ele faz a sua pregação e conquista, pouco a
pouco, um certo círculo de adeptos. Essa transmissão direta e pessoal das idéias
de um indivíduo aos seus semelhantes é a melhor e a mais natural. A proporção
que aumenta o número dos adeptos da nova doutrina, torna-se impossível ao
portador da nova idéia continuar a exercer influência direta sobre os inúmeros
correligionários e guiá-los pessoalmente.
A medida que cresce a
coletividade e a ação direta torna-se impossível, surge a necessidade de uma
organização. Termina a situação ideal primitiva e começa a organização como um
mal necessário. Formam-se os pequenos grupos que no movimento político
constituem, como grupos locais, a célula mater da organização. Essa organização
primitiva deve sempre se realizar, a fim de que se conserve a unidade da
doutrina e para que a autoridade do fundador especial da mesma seja por todos
reconhecida. É da mais alta importância geopolítica a existência de um núcleo
central, de uma espécie de Meca do movimento.
Na organização dos
primeiros núcleos, nunca se deve perder de vista que ao núcleo primitivo de onde
saiu a idéia deve ser dada a maior importância. A proporção que inúmeros outros
núcleos se forem entrelaçando, deve aumentar também o apreço ao lugar que, do
aspecto moral, intelectual e prático, representa o ponto de partida do movimento
e a sua cabeça. Tão fácil é manter a autoridade do núcleo central em face dos
outros grupos locais como difícil é protegê-la contra as mais altas organizações
que se vão formando. No entanto, a conservação dessa autoridade é condição sine
qua non para a consistência de um movimento e para a realização de uma idéia.
Quando, por fim, esses grandes centros se ligam a novas formas de organização,
aumenta a dificuldade de assegurar o absoluto caráter de chefia ao lugar da
fundação do movimento. Assim só se devem formar núcleos de organização quando se
pode conservar a autoridade intelectual e moral do núcleo central. Assim sendo,
a organização interna do movimento deve obedecer às seguintes linhas gerais:
a) Concentração de todo o trabalho em um lugar só, que será Munique.
Deve-se criar um estado maior de adeptos de indiscutível confiança, a fim de
serem treinados, e fundar uma escola para a propaganda posterior da idéia. É
preciso que nesse centro se adquira a indispensável autoridade para agir com
eficiência no futuro.
Para tornar a nova causa e seus líderes conhecidos
é necessário não somente destruir a crença na invencibilidade do marxismo como
demonstrar a possibilidade, a viabilidade de um movimento que lhe seja
contrário.
b) Os grupos locais só serão criados depois que a autoridade
da direção central de Munique for por todos absolutamente reconhecida.
e) A criação de círculos, distritos, ligas, etc., não surge somente da
necessidade da sua existência mas da absoluta segurança de que reconhecem a
autoridade do núcleo central. Mais ainda, a formação de outros grupos depende
dos indivíduos tidos como líderes no momento.
Há dois caminhos a seguir:
a) O movimento arranja os meios financeiros para aperfeiçoar os cérebros
capazes de assumir a futura liderança. .O material adquirido deve ser disposto
dentro de um certo plano, de acordo com os pontos de vista táticos e com a
finalidade da causa.
Esse caminho é o mais fácil e o mais rápido. Exige,
porém, grandes somas de dinheiro, pois esses líderes só a soldo poderão
trabalhar pelo movimento.
b) O movimento, em conseqüência da falta
de recursos financeiros, não está em condições de se utilizar de guias pagos,
tem que recorrer à atividade de funcionários gratuitos. Esse caminho é o mais
lento e o mais difícil. A direção do movimento deve, caso convenha, paralisar a
atuação em determinados grandes setores, até que, entre os adeptos da causa,
surja uma cabeça capaz de se pôr à testa da chefia e organizar e dirigir o
movimento nesses locais.
Pode acontecer que não se encontre em certas
regiões ninguém em situação de poder assumir a chefia e que, em outras, duas ou
três pessoas estejam em condições mais ou menos idênticas quanto à capacidade.
São grandes as dificuldades para a evolução do movimento em tal situação e, só
depois de anos, podem elas ser vencidas.
Em qualquer hipótese, a
condição indispensável na organização é a existência de indivíduos capazes para
a direção. Para a causa é preferível que se deixe de organizar um grupo local a
que se corra o risco de um insucesso, por falta de um guia eficiente.
Para a liderança não se exige somente boa vontade, mas também capacidade,
que depende mais da energia do que de pura genialidade.- A combinação da
capacidade, do poder de resolução e da persistência, constitui o ideal.
12. - O futuro do movimento depende do fanatismo, mesmo da intolerância,
com a qual seus adeptos o defenderem como a única causa justa e defenderem-na em
oposição a quaisquer outros esquemas de caráter semelhante.
É um grande
erro pensar que o movimento se torna mais forte quando se liga a outros, mesmo
que possam ter fins parecidos.
Todo aumento de extensão realizado por
essa maneira traz, é verdade, um maior desenvolvimento - externo, o que faz com
que o observador superficial pense tratar-se de um aumento de força. Na
realidade, porém. a causa apenas recebe o germe de fraqueza que se fará sentir
mais tarde.
Por mais que se fale da identidade de dois movimentos, essa
identidade nunca existe. Ao contrário, não haveria dois movimentos, mas apenas
um. Pouco importa saber onde estão as divergências. Fossem elas apenas fundadas
na capacidade dos líderes não deixariam por Isso de existir.
A lei
natural de toda evolução não permite a união de dois movimentos diferentes, mas
assegura sempre a vitória do mais forte e a criação do poder e da força do
vitorioso, o que só se pode conseguir por meio de uma luta incondicional.
Pode ser que a união de duas concepções partidárias, em dado momento,
ofereça vantagens. Com o tempo, porém, o êxito assim conseguido é sempre uma
causa de fraqueza.
A um movimento é de vantagem apenas combater por uma
vitória que não seja um acesso momentâneo, mas um êxito de efeitos duradouros,
obtido depois de uma luta incondicional, capaz de maiores desenvolvimentos
posteriores.
Movimentos que devem seu progresso a ligações com outros
de concepções parecidas, dão a impressão de plantas de estufa. Eles crescem, mas
falta-lhes a força para, durante séculos, resistir às grandes tempestades. A
grandeza de toda organização ativa que corporifique uma idéia está no fanatismo
religioso e na intolerância com que agride todas as outras, convencidos os seus
adeptos de que só eles estão com a razão. Se uma idéia em si é justa e dispõe
dessas forças resistirá a todas as lutas, será invencível. A perseguição que
contra a mesma se possa mover apenas aumentará sua força intrínseca.
A
grandeza do Cristianismo não está em qualquer tentativa para reconciliar-se com
as opiniões semelhantes da filosofia dos antigos, mas na inexorável e fanática
proclamação e defesa das suas próprias doutrinas.
13. - O movimento tem
que educar os seus adeptos de tal maneira que, na luta, vejam a necessidade do
emprego dos maiores esforços. Não devem temer a Inimizade do adversário, mas
considerá-la como condição essencial para a sua própria existência. Não se devem
atemorizar pelo ódio dos inimigos da nação mas sim desejá-lo do mais intimo da
alma. Na manifestação externa desse ódio, só há mentira e calúnia.
Quem
não é atacado nos jornais judeus, por eles caluniado e difamado, não é um alemão
Independente, não é um verdadeiro Nacional Socialista. O melhor critério para se
avaliar dos seus sentimentos, da sinceridade de suas convicções e da 'sua força
de vontade, é a inimizade contra os mesmos evidenciada pelos inimigos do povo
alemão.
Os adeptos do movimento e, em sentido mais lato, todo o povo,
devem ficar convencidos de que, nos seus jornais, o judeu mente sempre e que uma
ou outra verdade é apenas o disfarce de uma falsidade e por isso sempre uma
mentira.
O Judeu é o maior mestre da mentira e a mentira e a fraude são
as únicas armas da sua luta.
Cada calúnia, cada mentira dos Judeus
contra um de nós, deve ser vista como uma cicatriz honrosa.
Quanto mais
eles nos difamarem, mais nos aproximaremos uns dos outros. Os que nos votam ódio
mais mortal são justamente os nossos melhores amigos.
Quem, pela manhã,
ler um jornal judeu e não tiver sido pelo mesmo difamado, não aproveitou bem o
seu dia, pois se o tivesse, teria sido pelo judeu perseguido, caluniado,
insultado, enxovalhado.
Só os que enfrentam de maneira eficiente esse
inimigo mortal do nosso povo e da civilização ariana devem esperar a calúnia
dessa raça e ver dirigida contra si a luta desse povo.
Se essas idéias
fundamentais forem totalmente assimiladas pelos nossos correligionários, então o
movimento será inabalável, invencível.
14. - O nosso movimento deve usar
de todos os meios para incutir o respeito pelas personalidades. Não deve perder
de vista que todos os valores humanos residem no indivíduo, que todas as idéias,
todas as realizações, são o resultado do poder criador de um homem e que a
admiração pela grandeza não é simplesmente uma homenagem prestada mas também um
pacto de união entre os que lhe são gratos. Não há substituto para a
personalidade, sobretudo quando essa personalidade não é mecânica mas
corporifica um elemento criador da cultura.
Assim como um célebre
artista não pode ser substituído e nenhum outro acerta concluir um quadro já
quase pronto, o mesmo acontece com os grandes poetas e pensadores, os grandes
estadistas e os grandes generais. A sua atividade não é formada mecanicamente,
mas é um dom da graça de Deus.
As grandes revoluções, as grandes
conquistas desta terra, suas grandes produções culturais, as obras imorredouras
no terreno da política etc., estão sempre ligadas a um nome e serão por ele
representadas. A falta de reconhecimento do valor excepcional de um desses
espíritos significa a perda de uma força imensa.
Melhor do que ninguém
sabe disso o judeu. Ele que só é grande na destruição da humanidade e da sua
cultura, tem a maior admiração pelos seus próprios valores. No entretanto, o
respeito dos povos pelos seus grandes espíritos ele tenta apontar como coisa
indigna e é considerado como "culto pessoal".
Quando um povo é bastante
covarde para se deixar vencer por essa insolência e descaramento dos judeus,
renuncia à mais poderosa força que possui, pois essa força não consiste no
respeito às massas mas na veneração pelos gênios.
Nos primeiros dias do
nosso movimento, a nossa maior fraqueza foi a insignificância dos nossos nomes e
a circunstância de sermos desconhecidos. Só esse fato tornou problemático o
nosso êxito.
O mais difícil, nesses primeiros tempos, em que apenas
seis, sete ou oito pessoas se reuniam para ouvir o discurso de um orador, era
despertar, nesses pequenos círculos, a confiança no grande futuro do movimento e
em mantê-lo.
Pense-se em que seis ou sete homens, inteiramente
desconhecidos, simples pobres diabos, se reuniam com a intenção de criar um
movimento destinado a vencer de futuro, - o que até então tinha sido impossível
aos grandes partidos - e de reerguer a nação alemã ao seu mais alto poder e
esplendor!
Se, naqueles tempos, nos tivessem prendido ou rido de nós,
nós nos sentiríamos felizes da mesma maneira, pois o que mais nos entristecia,
naquele momento, era o passarmos despercebidos. Era isso o que mais me fazia
sofrer.
Quando me incorporei a essa meia dúzia de homens, não se podia
falar ainda nem em um partido nem em um movimento. Já descrevi as minhas
impressões a respeito do primeiro encontro com essa pequena organização.
Nas semanas que se sucederam a esse início tive oportunidade de pensar na
aparente impossibilidade desse novo partido. O quadro que se deparava aos meus
olhos era de entristecer. Não existia, nesse sentido, nada, absolutamente nada.
O público nada sabia a nosso respeito. Em Munique, não se conhecia o
partido nem de nome, afora a sua meia dúzia de adeptos e as poucas pessoas de
suas relações.
Todas as quartas-feiras se realizava, no München Café,
uma reunião da comissão e, uma vez por semana, havia conferência à noite. Como
todos os membros do "Movimento" estavam representados apenas pela comissão, as
pessoas eram naturalmente sempre as mesmas. Era, por isso, essencial que se
alargasse o pequeno circulo e se conseguissem novos adeptos, mas, antes de tudo,
fazer com que o nome do movimento se tornasse conhecido.
Servimo-nos da
seguinte técnica:
Tentamos realizar um comício todos os meses, e, mais
tarde, todas as quinzenas. Os convites para os mesmos eram em parte
datilografados e em parte escritos a mão. Cada um se esforçava por conseguir, no
circulo de suas relações, visitas a essas sessões preparatórias.
O êxito
era dos mais lamentáveis.
Lembro-me ainda como, naqueles primeiros
tempos, depois de ter distribuído o 80.° convite, esperava, à noite, a grande
massa popular, que deveria assistir a reunião Depois de adiar por uma hora a
reunião, o presidente era obrigado a iniciar a "sessão". Éramos de novo os sete,
sempre os mesmos sete.
Passamos a copiar na máquina os convites em uma
casa de utensílios de escritório e tirávamos inúmeras cópias. O resultado foi
obtermos maior auditório na próxima reunião. O número subiu lentamente de onze
para treze, finalmente para dezessete, vinte e três, e vinte e quatro.
Pobres diabos, subscrevíamos pequenas importâncias entre os nossos
conhecidos, com o que conseguimos anunciar um comício no "Münchener Beobachter"
que era, então, independente. O sucesso dessa vez foi espantoso Tínhamos
aprazado a reunião para o Hofbräuh, auskeller. de Munique, pequena sala que
apenas poderia comportar cento e trinta pessoas. O espaço deu-me, pessoalmente,
a impressão de um vasto salão e cada um de nós estava ansioso por ver se
conseguiríamos, na hora marcada, encher este "vasto" edifício. As sete horas,
com a presença de cento e onze pessoas, começou o comício. Um professor de
Munique deveria fazer o primeiro discurso. Eu falaria em segundo lugar.
Falei trinta minutos e aquilo que, antes, sem o saber, havia sentido
intuitivamente, estava provado: eu sabia discursar. Depois de trinta minutos, o
auditório estava eletrizado e o entusiasmo foi tal que meu apelo a uma
contribuição dos presentes rendeu a soma de trezentos marcos. Isso nos libertou
de uma grande preocupação. A situação financeira era tão precária que não
tínhamos nem recursos para mandar imprimir as linhas gerais do programa ou mesmo
boletins. Afinal tínhamos conseguido uma base para fazer face às despesas mais
indispensáveis e mais urgentes.
Sob outro aspecto, o êxito dessa
primeira grande reunião era muito significativo.
Comecei a atrair um
grande número de forças novas. Durante meus longos anos de serviço militar,
conheci muitos camaradas fiéis que começavam, aos poucos, a entrar no movimento,
em conseqüência de minha propaganda. Eram jovens de grande eficiência,
habituados à disciplina e educados, desde o tempo do serviço militar, na
convicção de que a quem quer nada é impossível.
De como era necessária
uma tal afluência de sangue novo pude reconhecer poucas semanas depois.
O então presidente do Partido, Herr Barrer, era, por profissão e por
treino, um jornalista. Como chefe do Partido, tinha, porém, uma grande fraqueza:
não era orador para as massas. Por mais consciencioso que fosse no seu trabalho,
talvez por falta daquela qualidade, faltava-lhe o poder de arrastar o povo. Herr
Drexler, outrora presidente do grupo local de Munique, era um simples operário,
não valia grande coisa como orador, e, sobretudo, não tinha qualidades de
soldado. Nunca servira na Guerra, de modo que, além de ser naturalmente fraco e
Indeciso, nunca tinha passado pela única escola que transforma, em verdadeiros
homens, espíritos fracos e indecisos. Nenhum deles possuía qualidades não só
para inspirar a fé entusiástica na vitória de uma causa como para, por uma
inabalável força de vontade, sem contemplações e pelos meios mais violentos,
vencer a resistência oposta à vitória de uma idéia nova. Para esse objetivo
servem apenas os homens que possuem aquelas virtudes físicas e intelectuais do
militar.
Naquele tempo, eu ainda era soldado. Minha aparência exterior,
meu caráter, se tinham formado de tal modo durante quase dois anos que, naquele
meio, devia sentir-me como um estranho. Tinha-me esquecido de expressões como
estas: Isso não pode ser; isso não se realizará; isso não se deve arriscar; isso
é demasiado perigoso, etc.
De fato, a coisa era perigosa. Em 1920, era
impossível, em muitas regiões da Alemanha, aventurar-se alguém a dirigir um
apelo às massas populares para uma assembléia nacionalista e convidá-las
publicamente para uma visita. Os que participavam dessas reuniões quebravam-se
as cabeças mutuamente. As chamadas grandes reuniões coletivas burguesas eram
debandadas por uma dúzia de comunistas, como aconteceria com lebres em face de
cães.
Os comunistas não davam importância a esses clubes burgueses
inofensivos, que não ofereciam o menor perigo, e que eles conheciam melhor do
que a seus próprios adeptos. Estavam, porém, resolvidos a liquidar, por todos os
meios ao seu alcance, um movimento novo que lhes parecia perigoso. E o meio mais
eficiente, em tais casos, sempre foi o terror, o emprego da força. Mais do que
qualquer outro grupo, os marxistas, ludibriadores da nação, deveriam odiar um
movimento cujo escopo declarado era conquistar as massas que até então tinham
estado a serviço dos partidos marxistas dos judeus internacionais. Só o titulo
"Partido dos Trabalhadores Alemães" já era capaz de irritá-los. Assim não era
difícil prever que, na primeira oportunidade favorável, surgiria uma definição
de atitudes em relação aos agitadores marxistas ainda ébrios com a vitória.
No pequeno âmbito do movimento de outrora, ainda se sentia um certo receio
ante uma tal luta. Evitava-se, pelo menos, uma oportunidade pública, com medo de
ser-se batido. Via-se nisso uma mácula para a primeira grande reunião e que o
movimento assim seria sufocado no início. O meu modo de ver era diferente.
Pensava que não se devia evitar a luta, mas, ao contrário, ir a seu encontro e
tomar as únicas precauções garantidoras contra o emprego da força. Não se
combate o terror com armas intelectuais, mas com o próprio terror. O êxito da
primeira assembléia fortaleceu no meu espírito esse ponto de vista. Adquirimos
coragem para uma segunda, já de proporções mais vastas.
Mais ou menos em
outubro de 1919, realizou-se, na Eberlbraukeller, a segunda grande reunião. O
tema foi Brest-Litowsky e Versalhes, os dois tratados). Apresentaram-se quatro
oradores. Eu falei quase uma hora e o êxito foi maior do que da primeira
reunião. O número de convites tinha subido a mais de cento e trinta. Uma
tentativa de perturbação foi abafada de início por meus camaradas, os
responsáveis pela perturbação fugiram de escadas abaixo, com as cabeças
machucadas. Quatorze dias depois realizou-se uma reunião maior, na mesma sala. O
número de ouvintes tinha ultrapassado cento e setenta - uma casa cheia. Falei de
novo e o sucesso foi ainda maior do que da outra vez.
Procurei conseguir
uma sala maior. Por fim encontramos uma em condições, do outro lado - da cidade,
no Deutschen Reich, na Dachauer Strasse. A freqüência da primeira reunião nessa
sala foi menor do que a anterior, apenas cento e quarenta pessoas.
As
esperanças começaram a se arrefecer e os eternos céticos acreditavam que a causa
da pequena freqüência devia ser vista na repetição constante de nossas
afirmações. Havia fortes divergências, sendo que eu defendia o ponto de vista
segundo o qual uma cidade de setecentos mil habitantes deveria comportar não um
comício de quinzena em quinzena mas dez por semana, a fim de que, por força de
repetir, não houvesse engano sobre o caminho certo que se havia tomado e que
mais cedo ou mais tarde, com incrível constância, haveria de levar ao sucesso.
Durante todo o inverno de 1919 1920, nossa principal luta foi no sentido de
fortalecer a fé na força conquistadora do novo movimento e elevá-la às alturas
do fanatismo capaz de abalar as montanhas.
O próximo comício do
Deutschen Reich de novo provou que eu tinha razão. O auditório compunha-se de
mais de duzentas pessoas e nosso sucesso foi brilhante, tanto no que diz
respeito ao público como sob o ponto de vista financeiro.
Tomei
providências imediatas para mais vastas reuniões. Apenas quatorze dias depois,
realizava-se um novo comício e a multidão subia a mais de duzentos e setenta
indivíduos.
Nesse tempo, conseguimos dar organização interna ao
movimento. Muitas vezes, no pequeno círculo em que agíamos, havia divergências
mais ou menos fortes. De vários lados, como acontece ainda hoje, o novo
movimento foi acusado de ser um partido.
Em tal concepção, eu via sempre
a prova de incapacidade prática e de estreiteza de espírito. Trata-se de homens
que não sabem distinguir a realidade no meio das aparências e que procuram
avaliar a importância de um movimento pelas denominações pomposas.
Difícil era, então, fazer compreender ao povo que todo movimento, enquanto
não tiver atingido a vitória de suas idéias e a finalidade, é um Partido,
qualquer que seja a denominação que se lhe dê.
Quem quer que possua uma
idéia ousada, cuja realização pareça útil ao interesses de seu próximo e deseje
transformá-la em realidade prática, o primeiro passo a dar é conquistar adeptos
que estejam dispostos a levar avante os seus desígnios. Enquanto esses desígnios
se limitarem a anular os partidos existentes no momento, a ultimar a sua
dissolução, os representantes das novas idéias, os seus pregadores, formarão
sempre um Partido, até que o objetivo seja alcançado.
É puro jogo de
palavras, mera dissimulação, a tentativa de qualquer teórico popular, cujo êxito
na prática está sempre em relação inversa à sua sabedoria, de imaginar possível
que um movimento ainda com o caráter de partido se transforme apenas pela
mudança de nome.
Quando se trata de um movimento impopular, sua
propaganda é sempre feita sobretudo com expressões alemães antigas que não só
não são aplicadas hoje como não traduzem pensamentos em forma precisa. E, além
disso, podem concorrer para que se aprecie a Importância de um movimento pelo
vocabulário que emprega. Isso é um desatino que se pode observar hoje, em um sem
número de vezes.
O novo movimento devia e deve precaver-se contra a
invasão, por parte de homens, cuja única recomendação consiste, na maior parte
das vezes, no fato de, durante trinta ou quarenta anos, se terem batido pela
mesma idéia. Quem, porém, durante todo esse tempo, se bate por uma idéia, sem
conseguir o menor êxito, sem mesmo ter evitado as idéias contrárias, dá uma
prova evidente da sua incapacidade. O mais perigoso é que esses indivíduos não
querem entrar no movimento como quaisquer outros adeptos mas intrometem-se na
direção do mesmo, na qual pretendem posições de destaque, atendendo a sua
atividade no passado. Ai do novo movimento que lhes cai nas mãos! Nenhuma
recomendação é para um homem de negócios ter empregado, durante quarenta anos, a
sua atividade em determinado ramo, para, no fim desse prazo. arrastar a sua
firma à falência. Ninguém nisso veria credenciais para confiar-lhe a direção de
outra firma. O mesmo acontece com esses Matusaléns populares que. depois de, no
mesmo prazo, haverem fossilizado uma grande idéia, ainda pensam em dirigir um
novo movimento.
Aliás, esses homens entram em um novo movimento, com o
fim de servi-lo e de ser útil à nova doutrina, mas, na maioria dos casos, o que
pretendem é, sob a proteção do mesmo ou pelas possibilidades que esse lhes
oferece, fazer mais uma vez a infelicidade geral, com as suas idéias próprias.
A sua característica principal é possuir-se de entusiasmo pelos antigos
heróis alemães, pelos tempos mais recuados, pela idade da pedra, por dardos e
escudos, mas, na realidade, não passam dos maiores covardes que se pode
imaginar. Essa mesma gente que tanto finge glorificar o heroísmo do passado,
prega a luta no presente com armas intelectuais e foge diante de qualquer
cassetete de borracha nas mãos dos comunistas. A posteridade terá poucos motivos
para dai retirar uma nova epopéia.
Aprendi a conhecer essa gente bem
demais para não sentir o mais profundo nojo ante suas miseráveis simulações. A
sua atuação sobre as massas é irrisória. O judeu tem toda razão para conservar
com cuidado esses comediantes e para preferi-los aos verdadeiros propugnadores
por um novo Estado alemão. Esses indivíduos, apesar de todas as provas da sua
perfeita incapacidade, querem entender tudo melhor do que os outros. Assim
transformam-se em uma verdadeira praga para os lutadores retos e honestos, cujo
heroísmo não se manifesta só na veneração do passado e que se esforçam por
deixar à posteridade, através de seus atos, um quadro de heroicidade igual ao
dos antepassados.
Freqüentemente é difícil distinguir, no meio dessa
gente, quem age por estupidez ou incapacidade e quem obedece a determinados
motivos.
Não foi sem razão que o novo movimento adotou um programa
definido e não empregou a palavra "popular". Devido ao seu caráter vago, esta
expressão não pode oferecer uma base segura para qualquer movimento nem um
modelo para os que ao mesmo de futuro aderirem.
É incrível o que hoje se
compreende sob essa denominação. Um conhecido professor da Baviera, um dos
célebres lutadores com "armas espirituais", concilia a expressão "popular" com o
espírito monárquico. Esse sábio" esqueceu-se de explicar a identidade existente
entre a nossa velha monarquia e o que hoje se entende por "popular". Acredito
que isso lhe seria quase impossível, pois dificilmente se pode imaginar coisa
menos popular" do que a maior parte dos Estados monárquicos da Alemanha. Se não
fosse assim, esses Estados não teriam desaparecido, ou o seu desaparecimento
significaria que as opiniões do povo estavam erradas.
Devido ao seu
sentido vago, cada um entende a expressão "popular", a seu jeito. Só esse fato a
torna inviável para a base de um movimento político. Prova disso é o ridículo
que desperta.
Neste mundo, porém, quem não se dispuser a ser odiado
pelos adversários não me parece ter multo valor como amigo. Por isso, a simpatia
desses indivíduos era por nós considerada não só inútil mas prejudicial. Para
irritá-los, adotamos, de começo, a denominação de Partido para o nosso
movimento, que tomou o nome de Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães.
É claro que teríamos de ser combatidos, não com armas
eficientes mas pela pena, única arma desses escrevinhadores. A nossa afirmação
de que "nos defendemos com a força contra quem nos combate com a força" era
incompreensível para eles.
Há uma classe de indivíduos contra os quais
não é nunca demasiado chamar a atenção dos nossos correligionários. Refiro-me
aos que "trabalham no silêncio". Não só são covardes como incapazes e
indolentes. Quem quer que entenda do assunto social e veja uma possibilidade de
perigo, tem a obrigação, desde que conheça o meio de evitar esse perigo, de agir
publicamente contra o ma] conhecido e trabalhar abertamente pela sua cura. Se
não fizer Isso é um miserável covarde, sem noção dos seus deveres. É assim que
age a maior parte de tais "trabalhadores silenciosos". Eles nada realizam e, no
entanto, tentam iludir o mundo inteiro com as suas obras; são preguiçosos e dão
a impressão de, com o seu "trabalho silencioso", desenvolverem uma atividade
fora do comum. Em resumo, eles são trapaceiros, aproveitadores políticos, que
vêem com ódio a atividade dos outros.
Qualquer agitador que tenha
coragem para enfrentar seus opositores e defender seus pontos de vista, com
audácia e franqueza, tem mais eficiência que mil desses hipócritas.
No
começo do ano de 1920 eu insisti pelo primeiro grande comício. A imprensa
vermelha começava a se ocupar de nós. Considerávamo-nos felizes por termos
despertado o seu ódio. Tínhamos começado a freqüentar outras reuniões, como
críticos. Com isso conseguimos ser conhecidos e ver aumentados a aversão e o
ódio contra nós. Deveríamos, por isso, esperar que os nossos amigos vermelhos
nos fariam uma visita, ao nosso primeiro grande comício. Era muito possível que
fôssemos atacados de surpresa. Eu conhecia muito bem a mentalidade dos
marxistas. Uma forte reação da nossa parte não só produziria sobre eles uma
profunda impressão como serviria para ganhar adeptos. Deveríamos, pois, nos
decidir a essa reação!
Harrer, então presidente do Partido, não
concordou com os meus pontos de vista sobre a escolha do momento, e, como homem
de honra, retirou-se da liderança do movimento. O seu sucessor foi Anton
Drexler. Eu tomei a mim a organização da propaganda do movimento e resolvi
levá-la a cabo sem contemplações.
O dia 24 de fevereiro de 1920 foi a
data fixada para o primeiro grande comício do movimento, até então desconhecido.
Eu, pessoalmente, encarreguei-me de arranjar as coisas. Os preparativos eram os
mais simples. O anúncio deveria ser feito por cartazes e boletins orientados no
sentido de produzir a mais forte impressão sobre as massas.
A cor que
escolhemos foi a vermelha, não só porque chama mais atenção como porque,
provavelmente, irritaria os nossos adversários e faria com que eles se
impressionassem conosco.
Só me dominava uma preocupação. Perguntava-me:
a sala ficará repleta ou teremos que falar em uma sala vazia? Tinha a certeza de
que se tivéssemos auditório, o sucesso seria completo.
As 7 horas e meia
da noite começou o comício. As 7,15 eu entrei na sala da Hotbrauhaus, de
Munique. Senti uma alegria infinita. A enorme sala - como me parecia então -
estava à cunha. No auditório encontravam-se talvez umas duas mil pessoas,
justamente aquelas a que nos queríamos dirigir. Mais da metade dos presentes era
composta de comunistas e de independentes.
Quando o primeiro orador
acabou de falar, eu pedi a palavra. Dentro de poucos minutos começaram os
apartes e verificaram-se cenas de violência dentro da sala. Alguns fiéis
camaradas da Guerra, depois de espancarem os perturbadores da ordem,
restabeleceram a tranqüilidade. Pude, então, prosseguir. Meia hora depois, os
aplausos abafavam os apartes dos adversários.
Comecei, então, a expor o
programa, ponto por ponto. Depois que expliquei as vinte e cinco teses do nosso
movimento, senti que tinha diante de mim uma massa popular conquistada às novas
idéias, a uma nova crença e animada de uma nova força de vontade.
A
proporção que, depois de quase quatro horas de discussões, a sala começou a
esvaziar-se, senti que as bases do movimento estavam lançadas.
no
coração do povo.
Estava ateado o fogo de um movimento que, com o auxílio
da espada, haveria de restaurar a liberdade e a vida da nação alemã.
Pensando no sucesso futuro, sentia que a deusa da vingança marchava contra
os traidores da Revolução de novembro!
O movimento seguia o seu curso.
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO I - DOUTRINA E PARTIDO
Deu-se em 24 de fevereiro de
1920 a primeira manifestação pública, em massa, de nosso novo movimento. No
salão de festas da Hofbräuhaus, de Munique, perante uma multidão de quase duas
mil pessoas, foram apresentadas e jubilosamente aprovadas, ponto por ponto, as
vinte e cinco teses do programa do novo Partido.
Foram, nesse momento,
lançadas as diretrizes e linhas principais de uma luta cuja finalidade era
varrer o monturo de idéias e pontos de vista gastos e de objetivos perniciosos.
No putrefato e acovardado mundo burguês. bem como no cortejo triunfal 4a onda
marxista em movimento, devia aparecer uma nova força para deter, à última hora,
o carro do destino.
É evidente que o novo movimento só poderia ter a
devida importância, a força necessária para essa luta gigantesca, se conseguisse
despertar, no coração de seus correligionários, desde os primeiros dias, a
convicção religiosa de que, para ele, a vida política deveria ser, não uma
simples senha eleitoral, mas uma nova concepção do mundo de significação
doutrinária.
Deve-se ter em mente a maneira lastimável por que os pontos
de vista dos chamados "programas de partido" são ordinariamente consertados,
alindados ou remodelados de tempos a tempos. Devem ser examinados cuidadosamente
os motivos impulsores das "comissões de programa" burguesas para aquilatar-se
devidamente o valor de tais programas.
É sempre uma preocupação única,
que leva a uma nova exposição de programas ou à modificação dos já existentes: a
preocupação com o êxito nas futuras eleições. Logo que à cabeça desses artistas
do Estado parlamentar acode a idéia de que o povo pode revoltar-se e escapar dos
arreios do carro partidário, costumam eles pintar de novo os varais do veículo.
Ei tão aparecem os astrônomos e astrólogos do partido, os chamados "experientes"
e "entendidos", na maioria velhos parlamentares que, pelo seu largo "tirocínio",
podem recordar-se de casos análogos em que as massas perdiam toda a paciência e
se tornavam ameaçadoras. E recorrem, então, às velhas receitas, formam uma
"comissão", apalpam o sentimento popular, farejam a opinião da imprensa e sondam
lentamente o que poderia desejar o amado povo, o que lhe desagrada, o que ele
almeja. Todos os grupos profissionais, todas as classes de empregados são
acuradamente estudados. Pesquisam-se-lhes os mais íntimos desejos. Então, com
espanto dos que os descobriram e os divulgaram, costumam reaparecer subitamente,
os mesmos estribilhos da temível oposição, já agora inofensivos e como que
fazendo parte do patrimônio do velho partido.
Reúnem-se as comissões,
que fazem a "revisão" do velho programa e elaboram um novo no qual se dá o seu a
seu dono. Esses senhores mudam de convicções como o soldado no campo de batalha
muda de camisa, isto é. quando a antiga está imunda! Por esse novo programa, o
camponês recebe proteção para a sua propriedade, o industrial para as suas
mercadorias, o consumidor para as suas compras, aos professores elevam-se os
vencimentos; aos funcionários melhora-se a aposentadoria: das viúvas e órfãos
cuidará o Estado com largueza; será incentivado o comércio; as tarifas serão
reduzidas e os impostos serão não totalmente, mas quase abolidos. Por vezes
sucede que uma classe fica esquecida ou não é atendida uma reclamação popular.
Nesse caso, acrescentam-se a toda pressa remendos, que continuam a ser feitos,
até que o rebanho dos burgueses comuns e mais as suas esposas se tranqüilizem e
fiquem, inteiramente satisfeitos. Assim, de ânimo armado pela confiança no bom
Deus e na inabalável estupidez dos cidadãos eleitores, podem começar a luta pelo
que chamam a "reforma", do Estado.
Passa-se o dia da eleição. Os
parlamentares fizeram a última assembléia popular, que só se renovará cinco anos
mais tarde; e, abandonando a domesticação da plebe, entregam-se ao desempenho de
suas altas e agradáveis funções. Dissolve-se a comissão do programa" e a luta
pela reforma das instituições reveste de novo a modalidade da luta pelo querido
pão. nosso de cada dia, pela "dieta", como dizem os deputados. Todos os dias se
dirigem os senhores representantes do povo para a Câmara, se não para o interior
da casa, ao menos para a ante-sala onde se acham as listas de presença. ,Em
fatigante serviço pelo povo, eles registam lá os seus nomes e aceitam, como bem
merecida recompensa, uma pequena indenização pelos seus extenuantes esforços.
Quatro anos depois, ou antes, nas semanas críticas, quando começa a
aproximar-se a dissolução das corporações parlamentares, apodera-se deles um
impulso Irresistível. Como a larva não pode fazer outra coisa senão
transformar-se em crisálida, assim as lagartas parlamentares abandonam o casulo
comum e voam para o amado povo. Tornam a falar aos seus eleitores, contam o
enorme trabalho que fizeram e a malévola obstinação dos outros; mas as massas
ignaras, em vez de agradecido aplauso, lançam-lhes em rosto, por vezes,
expressões ásperas, cheias de ódio. Se essa ingratidão popular sobe até um certo
ponto, só um remédio pode servir: é preciso restaurar o esplendor do partido, o
programa necessita ser melhorado, renasce para a vida a "comissão" e recomeça-se
a burla. Dada a estupidez granítica dos homens do nosso tempo, não é de admirar
o êxito desse processo. Guiado pela sua imprensa e deslumbrado com o novo e
sedutor programa, o gado "burguês" e "proletário" torna a voltar ao estábulo e
de novo elege os seus velhos impostores.
Assim, o homem do povo, o
candidato das classes produtoras, transforma-se em lagarta parlamentar, que se
ceva na vida do Estado, para, quatro anos depois, de novo se transmudar em
brilhante borboleta.
Nada mais deprimente que observar a nua realidade
desse estado I de coisas, que ter de ver repetir-se essa eterna impostura.
Certamente, dessa base espiritual do mundo burguês não é possível haurir
elementos para a luta contra a força organizada do marxismo.
E nisso não
pensam nunca seriamente os senhores parlamentares. Devido à reconhecida
estreiteza e Inferioridade mental desses médicos parlamentares da raça branca,
eles próprios não conseguem imaginar seriamente como uma democracia ocidental
possa arrostar com uma doutrina para a qual a democracia e tudo que lhe diz
respeito é, no melhor dos casos, um meio para chegar a um determinado fim; um
meio que se emprega para anular a ação do adversário e facilitar a sua própria.
E se uma parte do marxismo, por vezes, tenta, com muita prudência, aparentar
indissolúvel união com os princípios democráticos, convém não esquecer, que
esses senhores, nas horas críticas, não deram a menor importância a uma decisão
por maioria, à maneira democrática ocidental! Isso foi quando os parlamentares
burgueses viam a segurança do Reich garantida pela monumental parvoíce de uma
grande maioria, enquanto o marxismo, com uma multidão de vagabundos, desertores,
pulhas partidários e literatos judeus, em pouco tempo, arrebatava o poder para
si, aplicando, assim, ruidosa bofetada à democracia. Por isso, só ao espírito
crédulo dos magros parlamentares da burguesia democrática cabe supor que, agora
ou no futuro, os interessados pela universal peste marxística e seus defensores
possam ser banidos com as fórmulas de exorcismo do parlamentarismo ocidental.
O marxismo marchará com a democracia até que consiga, por via indireta, os
seus criminosos fins, até obter apoio do espírito nacional por ele condenado à
extirpação. Que ele se convencesse hoje de que o caldeirão de feiticeira, que é
a nossa democracia parlamentar, poderia repentinamente fermentar uma maioria que
- mesmo que fosse na base de sua legislação justificada pelo maior número -
enfrentasse seriamente o marxismo - e estaria extinta a ilusão parlamentar,
Então os porta-bandeiras da Internacional vermelha, em lugar de um apelo à
consciência democrática, dirigiram uma incendiária proclamação às massas
proletárias e a luta se transplantaria imediatamente do ar viciado das salas de
sessões dos nossos parlamentos para as fábricas e para as ruas. A democracia
ficaria logo liquidada; e o que não conseguiria a habilidade intelectual dos
apóstolos do povo, conseguiriam, com a rapidez do relâmpago, tal qual aconteceu
no outono de 1918, a alavanca e o malho das excitadas massas proletárias. Isso
ensinaria eloqüentemente ao mundo burguês quanto ele é insensato em imaginar
que, com os recursos da democracia ocidental, é possível resistir à conquista
judaica do mundo.
Como já dissemos, só um espírito crédulo pode aceitar
regras de jogo com um parceiro para o qual elas só vigoram para "bluff" ou
quando lhe são úteis e que as despreza logo que deixem de ser-lhe vantajosas.
Como em todos os partidos da chamada classe burguesa, toda luta política na
realidade consiste na disputa de cadeiras individuais no parlamento, luta em
que, de acordo com as conveniências, posições e princípios são atirados fora,
como lastros de areia, da mesma maneira que os seus programas são alterados em
todos os sentidos. E por essa bitola são avaliadas as suas forças. Falta-lhes
aquela forte atração magnética, que sempre seguem as massas, sob a impressão
incoercível dos altos, dominadores pontos de vista e da força convincente da fé
inabalável, dobrada pelo espírito combativo que a sustenta.
Mas, numa
época em que uma parte, aparelhada com todas as armas de uma nova doutrina,
embora mil vozes criminosa, se prepara para o ataque a uma ordem existente, a
outra parte só pode resistir-lhe sempre se adotar fórmulas de uma nova fé
política; em nosso caso, se trocar a senha de uma defesa fraca e covarde pelo
grito de guerra de um ataque animoso e brutal, Por isso, se hoje os chamados
ministros nacionais-burgueses, até mesmo do centro bávaro, fazem a espirituosa
censura de que o nosso movimento trabalha por uma "revolução", só uma resposta
se pode dar a esses políticos liliputianos: Sim, tentamos recuperar o que
perdestes com a vossa criminosa estupidez. Com os princípios do vosso avacalhado
parlamentarismo, cooperastes para que a nação fosse arrastada ao abismo; nós,
porém, mesmo de forma agressiva, lançando uma nova concepção do mundo e
defendendo-lhe os princípios de maneira fanática e inexorável, prepararemos os
degraus pelos quais um dia o nosso povo poderá subir de novo ao templo da
liberdade.
Assim, ao tempo da fundação do novo movimento, os nossos
primeiros cuidados deveriam ser sempre no sentido de impedir que o exército dos
nossos combatentes por uma nova e elevada convicção se tornasse uma simples liga
para a proteção de interesses parlamentares.
A primeira medida
preventiva foi a elaboração de um programa que conduzisse convenientemente a um
desenvolvimento que, pela sua grandeza Intima, fosse apropriado a afugentar os
espíritos pequeninos e fracos de nossa atual política partidária.
Quanto
era certo o nosso conceito da necessidade de um programa de pontos de mira
definidos, provou claramente o fatal enfraquecimento que levou a Alemanha à
ruína.
Desse conhecimento devem sair novas fórmulas do conceito de
Estado, que sejam parte essencial de uma nova concepção do mundo.
Já no
primeiro volume desta obra analisei a palavra "popular" (volkisch), pois
constatei que esse termo parece pouco preciso para permitir a formação de uma
definida comunidade de combatentes. Tudo o que é possível imaginar, embora sejam
coisas completamente distintas, corre sob a capa de "popular". Por isso, antes
de passar à missão e objetivos do Partido Alemão Nacional Socialista dos
Trabalhadores, devo determinar o conceito de "popular" e suas relações com o
movimento partidário.
O conceito "popular" parece tão mal delimitado,
tão mal explicado, e tão Ilimitado no seu emprego quanto a palavra "religioso".
Deveras difícil é compreender-se por essa palavra alguma coisa exata, quer
quanto à percepção do pensamento, quer quanto à realização prática. O termo
"religioso" só é fácil de perceber no momento em que aparece ligado a uma forma
determinada e delimitada de realização. É uma bela e fácil explicação qualificar
um homem de "profundamente religioso". Haverá, decerto, algumas raras pessoas
que se sintam satisfeitas com uma tal denominação geral, porque tais pessoas
podem perceber uma imagem mais ou menos viva desse estado de espírito. Mas, para
as grandes massas, que não são constituídas nem de santos nem de filósofos, tal
idéia geral religiosa apenas significaria para eles, na maioria dos casos, a
tradução de seu modo individual de pensar e de agir, sem entretanto, conduzir
àquela eficiência que imediatamente desperta a intima ânsia religiosa pela
formação, no ilimitado mundo mental, de uma fé definida. De certo, não é esse o
fim em si, mas apenas um meio para o fim; todavia, é um meio absolutamente
inevitável para que afinal se possa alcançar o fim. E esse fim não é
simplesmente ideal, mas, em última análise, essencialmente prático. Como cada um
de nós pode capacitar-se de que os mais elevados ideais sempre correspondem a
uma profunda necessidade da vida, assim a sublimidade da beleza está, em
derradeira instância, na sua utilidade lógica.
A fé, auxiliando o homem
a elevar-se acima do nível da vida vulgar, contribui em verdade para a firmeza e
segurança de sua existência. Tome-se à humanidade contemporânea a sua educação
apoiada nos princípios da fé e da religião, na sua significação prática, quando
à moral e aos costumes, eliminando-a sem substitui-la por outra educação de
igual valor, e ter-se-á em conseqüência um grave abalo nos fundamentos da
existência humana. E deve ter-se em mente que não é só o homem que vive para
servir os altos Ideais, mas que também, ao contrário, esses altos Ideais
pressupõem a existência do homem. E assim se fecha o circulo.
A
denominação "religioso" implica, naturalmente, pensamentos doutrinários ou
convicções, como, por exemplo, a indestrutibilidade da alma, a sua vida Imortal,
a existência de um ser supremo, etc. Mas todos esses pensamentos, ainda que para
o indivíduo sejam muito convincentes, sofrem o exame critico Individual e com
isso a hesitação que afirma ou nega, até que ele aceite, não a noção sentimental
ou o conhecimento, mas a legítima força da fé apodítica. Esse é o principal
fator da luta que abre brecha no reconhecimento das concepções religiosas. Sem a
clara delimitação da fé, a religiosidade, na sua obscura polimorfia não só seria
inútil para a vida humana, mas provavelmente contribuiria para a confusão geral.
O mesmo que acontece com o conceito "religioso" se dá com o termo
"popular". Nele se subentendem também noções doutrinárias. Estas são, todavia,
bem que da mais alta significação pela forma, determinadas com tão pouca
clareza, que só tomam o valor de uma opinião a ser mais ou menos reconhecida
quando postas no quadro de um partido político. Porque a realização dos ideais
de uma concepção do mundo e das exigência. dela decorrentes resulta tão pouco do
sentimento puro e da vontade interior do homem, em si, como, porventura, a
conquista da liberdade do natural anseio por ela. Não, só quando o impulso ideal
para a independência sob a forma de força militar recebe organização combativa -
pode o ardente desejo de um povo converter-se em realidade.
Cada
concepção do mundo, por mais justa e de mais alta utilidade que seja para a
humanidade, ficará sem significação para o aperfeiçoamento prático da vida de
uma população, enquanto não se tornem os seus princípios o estandarte de um
movimento de luta, que, por sua vez, se converte em um partido; enquanto não
tiver transformado as suas idéias em vitória e os seus dogmas partidários não
formarem as novas leis fundamentais do Estado.
Mas se uma representação
mental de um modo geral deve servir de base a um futuro desenvolvimento, nesse
caso a primeira condição é a absoluta clareza do caráter, natureza e amplitude
dessa representação, pois só sobre esses alicerces é possível organizar um
movimento que, pela intrínseca homogeneidade de suas convicções, possa
desenvolver as necessárias forças para a luta. Um programa político deve ser
caracterizado por Idéias gerais e por uma definida fé política em uma doutrina
universal. Esta, visto que o seu objetivo deve ser praticamente realizável,
deverá servir não só à idéia em si, mas também tomar em consideração os
elementos de luta existentes e a serem empregados para a consecução da vitória
dessa Idéia. A uma idéia mentalmente correta que o autor do programa tenha de
anunciar, deve associar-se o conhecimento prático do homem político. Assim, um
eterno ideal deve contentar-se, infelizmente, com ser a estréia guia da
humanidade, tendo em consideração as fraquezas humanas, para não naufragar desde
o Inicio ante a geral deficiência do homem. Ao investigador da verdade deve
associar-se o investigador da psicologia popular, para, do reino do eterno
verdadeiro e do ideal, retirar o que é humanamente possível para os pobres
mortais.
A conversão da representação ideal de uma concepção do mundo da
máxima veracidade em uma fé política e em uma organização combativa definida e
centralizada, pelo espírito e pela vontade é o serviço mais Importante, pois do
feliz resultado desse trabalho dependem exclusivamente as possibilidades de
vitória de uma idéia. Preciso é, pois, que do exército, por vezes de milhões de
homens, dos quais cada um pressente ou mesmo compreende de modo mais ou menos
claro essa verdade, seria alguém que, com força apodítica, forme, das idéias
vacilantes das massas, princípios graníficos e empreenda o combate em defesa
deles, até que do jogo livre das ondas do mundo mental se erga o rochedo da
aliança da fé e da vontade.
Tentando extrair a significação profunda da
palavra "popular", chegamos à conclusão seguinte:
A nossa concepção
política usual repousa geralmente sobre a idéia de que ao Estado, em si, se pode
atribuir força criadora e cultural, mas que ele nada tem a ver com a questão
racial; e que ele é, antes de mais nada, um produto das necessidades econômicas
ou, no melhor dos casos, a resultante natural da competição política pelo poder.
Essa concepção fundamental, em seu lógico e conseqüente desenvolvimento
progressivo, leva não só ao desconhecimento das forças primordiais da raça como
à desvalorização do indivíduo. Porque a negação da diferença entre as raças, em
relação à capacidade cultural de cada uma delas, implica necessariamente em
transferir esse grande erro para a apreciação do indivíduo. A aceitação da
identidade das raças viria a ser o fundamento de um semelhante modo de ver em
relação aos povos e depois em relação aos homens individualmente. Por isso, o
marxismo internacional é simplesmente a versão aceita pelo judeu Karl Marx de
idéias e conceitos já há muito tempo existentes de fato sob a forma de aceitação
de uma determinada fé política. Sem o alicerce de uma semelhante intoxicação
geral já existente, jamais teria sido possível o espantoso êxito político dessa
doutrina. Entre os milhões de indivíduos de um mundo que lentamente se
corrompia, Karl Marx foi, de fato, um que reconheceu, com o olho seguro de um
profeta, a verdadeira substância tóxica e a apanhou para, como um feiticeiro,
com ela aniquilar rapidamente a vida das nações livres da terra. Tudo isso,
porém, a serviço de sua raça.
A doutrina de Marx é assim o extrato
espiritual concentrado das doutrinas universais hoje geralmente aceitas. E, por
esse motivo, qualquer luta do nosso chamado mundo burguês contra ela é
impossível, até ridícula, pois esse mundo burguês está inteiramente impregnado
dessas substancias venenosas e admira uma concepção do mundo que, em geral, só
se distingue da marxística em grau e pessoas, o mundo burguês é marxístico, mas
acredita na possibilidade do domínio de determinado grupo de homens (burguesia),
ao passo que o marxismo procura calculadamente entregar o mundo às mãos dos
judeus.
Em face disso, a concepção "racista" distingue a humanidade em
seus primitivos elementos raciais, Ela vê, no Estado, em princípio, apenas um
meio para um fim e concebe como fim a conservação da existência racial humana.
Consequentemente, não admite, em absoluto, a igualdade das raças, antes
reconhece na sua diferença maior ou menor valor e, assim entendendo, sente-se no
dever de, conforme à eterna vontade que governa este universo, promover a
vitória dos melhores, dos mais fortes e exigir a subordinação dos piores, dos
mais fracos. Admite, assim, em princípios, o pensamento aristocrático
fundamental da Natureza e acredita na validade dessa lei, em ordem descendente,
até o mais baixo dos seres. Vê não só os diferentes valores das raças, mas
também os diferentes valores dos indivíduos. Das massas destaca ela a
significação das pessoas, mas, nisso, em face do marxismo desorganizador, age de
maneira organizadora. Crê na necessidade de uma idealização da vida humana, pois
só nela vê a justificação da existência da humanidade. Não pode aprovar, porém,
a idéia ética do direito à existência, se essa idéia representa um perigo para a
vida racial dos portadores de uma ética superior pois, em um mundo de mestiços e
de negros, estariam para sempre perdidos todos os conceitos humanos do belo e do
sublime, todas as idéias de um futuro ideal da humanidade.
A cultura
humana e a civilização nesta parte do mundo estão inseparavelmente ligadas à
existência dos arianos. A sua extinção ou decadência faria recair sobre o globo
o véu escuro de uma época de barbaria.
A destruição da existência da
cultura humana pelo aniquilamento de seus detentores é, porém, aos olhos de uma
concepção racista do mundo, o mais abominável dos crimes. Quem ousa pôr as mãos
sobre a mais elevada semelhança de Deus ofende a essa maravilha do Criador e
coopera para a sua expulsão do paraíso.
Assim corresponde a concepção
racista do mundo ao intimo desejo da Natureza, pois restitui o jogo livre das
forças que encaminharão a uma mais alta cultura humana, até que, enfim,
conquistada a terra, uma melhor humanidade possa livremente chegar a realizações
em domínios que atualmente se acham fora e acima dela.
Todos
pressentimos que, em remoto futuro, surgirão ao homem problemas para cuja
solução deverá ser chamada uma raça superior, apoiada nos meios e possibilidades
de todo o- globo terrestre.
Está claro que a constatação geral de uma
concepção racista de análogo conteúdo pode dar lugar a milhares de
interpretações. De fato, dificilmente acharemos uma, para a nossa nova
instituição política, que não se refira de qualquer modo a essa concepção. Ela
prova, todavia, exatamente pela sua própria existência em face de muitas outras,
a diferença de suas concepções.
Assim, à organização central da
concepção marxística, opõe-se uma mixórdia de conceitos que, idealmente, à vista
da fechada "frente" inimiga, é pouco impressionante. Não se ganha a vitória
pelejando com armas fracas! Somente opondo à concepção internacional -
politicamente dirigida pelo marxismo - uma concepção igualmente dotada de
organização central e direção racista, será possível, com igual energia
combativa, alcançar o sucesso para a verdade eterna.
Mas a organização
de uma concepção do mundo só pode efetuar-se duradouramente sobre a base de uma
fórmula definida e clara. Os princípios políticos do partido em formação devem
ser como os dogmas para a Religião.
Por isso, a concepção racista do
mundo tem de tornar-se um instrumento que permita ao Partido as devidas
possibilidades de luta, tal como a organização partidária marxista abre o
caminho para o internacionalismo.
Esse fim visa o Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Que uma tal compreensão partidária
do conceito racista implica na vitória da concepção racista, a melhor prova é
dada, - ao menos indiretamente, pelos próprios adversários de uma tal união
partidária. Exatamente aqueles que não se cansam de insistir que a concepção
racista não é privilégio de um indivíduo, mas que dormita ou vive sabe Deus no
coração de quantos milhões de pessoas, documentam, com isso, que o fato da
existência de uma tal idéia de modo algum impediria a vitória da concepção
adversa, que, sem dúvida, terá a representação clássica de um partido político.
E se não fora assim, já o povo alemão teria alcançado uma gigantesca vitória e
não jazeria à beira de um abismo. O que deu êxito à concepção internacional foi
o fato de ser representada por um partido político nos moldes de um batalhão de
assalto: o que fez sucumbir a concepção contrária foi a falta, até agora, de uma
representação centralizada. Não é pela faculdade de interpretar um conceito
geral, mas sim, pela forma definida e por isso mesmo concentrada de uma
organização política que pode lutar e vencer uma nova doutrina.
Por
isso, compreendi que a minha própria missão era especialmente selecionar, da
vasta informe matéria de uma concepção do mundo, as idéias nucleares e fundi-las
em fórmulas mais ou menos dogmáticas, que, na sua clara delimitação, servissem
para unir e coordenar os homens que as aceitassem. Por outras palavras: o
Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães apropria-se das
características essenciais do pensamento fundamental de uma concepção geral
racista do mundo; e, tomando em consideração a realidade prática, o tempo, o
material humano existente, com as suas fraquezas, forma uma já política, a qual,
por sua vez, dentro desse modo de entender a rígida organização das grandes
massas humanas, autoriza a prever a luta vitoriosa dessa nova doutrina.
CAPÍTULO II - O ESTADO
Já nos anos de 1920 e 1921, nosso novo
movimento era constantemente acusado nos círculos burgueses, hoje fora da época,
de manter uma atitude de reação contra o Estado. Dai concluíam todos os partidos
que lhes assistia o direito de combaterem, por todos os meios possíveis, o
inconveniente campeão de uma nova doutrina. De propósito, esqueceram esses
partidos que a própria burguesia já não considera o Estado como um corpo
homogêneo e que, do mesmo, não dava e nem pode dar uma definição precisa. Ë
verdade que há professores, nas nossas universidades oficiais, que, nas suas
conferências sobre direito público, tem por tarefa encontrar uma explicação para
a existência mais ou menos feliz do Estado que lhes assegura o pão. Quanto pior
um Estado é constituído tanto mais confusa e incompreensível é a explicação da
sua finalidade. Que poderia, por exemplo, outrora, um professor da Universidade
do império, escrever a respeito do sentido e da finalidade do Estado em um país
cujo Governo é a maior monstruosidade do século XX? É realmente uma tarefa
difícil, se pensarmos que, no ensino do direito público, em nossos dias, há
menos a preocupação de atender à verdade do que alcançar um determinado
objetivo. Esse objetivo consiste em conservar, a todo preço, a monstruosidade
que se designa pelo nome de Estado. Ninguém se admire de que, na discussão desse
problema, sejam postos à margem os verdadeiros pontos de vista para, em seu
lugar, pôr-se um amálgama de valores e objetivos intelectuais e morais.
Entre esses indivíduos devem-se distinguir três grupos.
a) O grupo
dos que vêem o Estado como uma reunião mais ou menos voluntária de indivíduos
sob a mesma administração oficial.
Esse grupo é o mais numeroso. Nas
suas fileiras, encontram-se, sobretudo, os fanáticos pelo princípio da
legitimidade, para os quais, nesses assuntos, a vontade dos homens não
desempenha nenhum papel. Para esses, a simples existência do Estado dá-lhes
direito a uma inviolabilidade sagrada. Para defender essa concepção idiota eles
observam uma fidelidade de cão em relação à autoridade do Estado. Assim, com a
rapidez de um relâmpago, eles convertem um meio em uma finalidade.
O
Estado, para estes indivíduos, não existe para servir aos homens mas estes são
destinados a adorar a autoridade do Estado, que se personaliza em qualquer
empregado público. Para que esse Estado, objeto de uma verdadeira adoração, não
se perturbe, é que o governo toma a si a defesa da ordem e da tranqüilidade. A
autoridade, então, já não- é um fim nem um meio. O Estado tem que cuidar da
ordem e da tranqüilidade e, inversamente, essa ordem e tranqüilidade deve
facilitar a existência do Estado. A vida Toda tem que se circunscrever entre
esses dois pólos.
Na Baviera, eram principais representantes dessa
teoria os políticos do chamado Partido Popular Bávaro; na Áustria, eram os
Legitimistas, no Império alemão, eram os Conservadores que se batiam por essas
idéias.
b) O segundo grupo é um pouco menor em número. Nesse grupo devem
ser computados os que não acreditam que a autoridade do Estado seja a única
finalidade do mesmo, mas condicionam-na a umas tantas exigências. Esses desejam
não somente um Governo único, mas também, se possível, uma língua única, quando
não por outras razões ao menos por motivos de técnica administrativa. A
autoridade já não é a única, a exclusiva finalidade do Estado. Este tem que
cuidar também do bem-estar do povo. Idéias de "liberdade", geralmente mal
compreendidas, insinuam-se na compreensão do Estado, por parte desse grupo. A
forma de governo já não é considerada intangível só por sua .existência em si.
Discute-se também a sua conveniência. O caráter sagrado da idade não a abriga
contra as críticas do presente. Os principais representantes dessas idéias
encontram se entre os burgueses, sobretudo entre os liberais-democratas.
c) O terceiro grupo é o mais fraco em número. Vê no Estado um instrumento
para realizar tendências vagas no sentido de uma política de força, por uma
nação unificada e falando a mesma língua.
A aspiração de uma língua
única não se manifesta somente na esperança de se criar um fundamento capaz de
produzir um aumento de prestígio da nação no exterior, mas, não menos, na
falsíssima opinião de que, por esse meio, se conseguirá uma orientação definida
na obra de nacionalização. Era uma tristeza ver-se, durante os últimos cem anos,
como indivíduos tendo essas idéias na maior parte dos casos de boa fé - jogavam
com a palavra "germanizar". Lembro-me como, na minha juventude, esse vocábulo
dava margem a concepções absolutamente falsas. Mesmo nos círculos
pan-germanistas, ouvia-se a opinião de que, com auxílio do Governo, poder-se-ia
realizar com sucesso a germanização da Áustria eslava, sem que ninguém se
apercebesse que só se pode germanizar um território e nunca um povo. O que se
compreendia pela palavra germanização resumia-se na adoção forçada da língua. É
quase incrível que alguém pense ser possível transformar um negro ou um chinês
em alemão somente por ter o mesmo aprendido a língua alemã e esteja disposto a
falá-la por toda a vida e a votar em qualquer dos partidos políticos alemães. Os
meios nacionalistas burgueses nunca se elevaram à compreensão de que semelhante
processo de germanização redundaria em uma desgermanização. Quando, hoje, pela
imposição de uma língua comum, se diminuem ou mesmo se suprimem as diferenças
mais sensíveis entre os povos, isso representa um começo de abastardamento da
raça e, no nosso caso, não uma germanização mas a destruição dos elementos
germânicos. Acontece muito freqüentemente na História que um povo conquistador
consiga impor a sua língua aos vencidos, e que, depois de milhares de anos, essa
língua venha a ser falada pois outro povo e que assim o vencedor passe à posição
de vencido.
Desde que a nacionalidade, ou, melhor, a raça, não está na
língua que se fala, mas no sangue, só se deveria falar em germanização se, por
um tal processo, se pudesse modificar o sangue dos indivíduos. Isso é
absolutamente impossível. Essa modificação teria que ser feita pela mistura do
sangue, o que resultaria no rebaixamento do nível da raça superior. A
conseqüência final seria a destruição justamente das qualidades que tinham
preparado o povo conquistador para a vitória. Por uma tal mistura com raças
inferiores, sobretudo as forças culturais desapareceriam mesmo que o produto daí
resultante falasse perfeitamente a língua da raça superior. Durante muito tempo,
travar-se-á uma luta entre os dois espíritos e pode ser que o povo que desce
cada vez mais de nível consiga, por um esforço supremo, elevar-se e criar uma
cultura de surpreendente valor. Isso pode acontecer com os indivíduos das raças
mais elevadas ou com os bastardos, nos quais, no primeiro cruzamento, ainda
prevalece o melhor sangue: nunca se verificará, porém, esse fato com os produtos
definitivos da mistura. Nesses verificar-se-á sempre um movimento de regressão
cultural.
Deve-se considerar uma felicidade que a germanização da
Áustria, nos moldes da empreendida por Francisco José, não fosse continuada. O
sucesso da mesma ter-se-ia traduzido na conservação do Estado austríaco, mas em
um rebaixamento do nível da raça alemã. Talvez daí surgisse um novo Estado, mas
uma cultura ter-se-ia perdido. Com o correr dos séculos, ler-se-ia organizado um
rebanho, mas esse rebanho seria de valor muito medíocre. Dai poderia talvez
surgir um povo organizado em Estado, mas com isso teria desaparecido uma
civilização.
Foi muito melhor para a nação alemã que se não tivesse
realizado essa mistura, aliás evitada não por motivos elevados mas devido à
curteza de vistas dos Habsburgos. Se o contrário tivesse acontecido, hoje mal se
poderia apontar o povo alemão como um fator de cultura.
Não só na
Áustria como na própria Alemanha, os chamados nacionalistas eram e ainda são
inclinados a essas idéias falsas. A tão desejada política polonesa, no sentido
de uma germanização do oeste, apoiava-se quase sempre em idênticos sofismas.
Acreditava-se poder conseguir a germanização dos elementos poloneses apenas pela
adoção da língua. O resultado dessa tentativa só poderia ser funesto. Um povo de
raça estrangeira exprimindo os seus pensamentos próprios em língua alemã só
poderia, por sua mediocridade, comprometer a majestade do espírito alemão.
Os grandes prejuízos que, indiretamente, já sofreu o espírito alemão, podem
ser constatados no fato de os americanos, por falta de conhecimentos,
confundirem o dialeto judaico com o alemão. A ninguém passará pela idéia que
essa piolheira judaica que, no oriente, fala alemão, só por isso deve ser vista
como de descendência alemã, como pertencente ao povo alemão.
A história
mostra que foi a germanização da terra, que os nossos antepassados promoveram
pela espada, a que nos trouxe proveitos, pois essa terra conquistada era
colonizada com agricultores alemães, sempre que o sangue estrangeiro foi
introduzido no corpo da nação, os seus desastrados eleitos se fizeram sentir
sobre o caráter do povo, dando lugar ao super-individualismo, infelizmente ainda
hoje muito apreciado.
Nesse terceiro grupo a que aludimos acima, o
Estado é visto, de certa maneira, como um fim, sendo a sua conservação a mais
alta missão da vida dos indivíduos.
Em resumo, pode-se afirmar que todos
esses pontos de vista não têm as suas raízes mais profundas na convicção de que
as forças culturais e criadoras de um povo repousam nos elementos raciais e que
o Estado deve ter como seu mais alto objetivo a conservação e aperfeiçoamento da
raça, base de todos os progressos culturais da humanidade.
As últimas
conseqüências dessa concepção falsa sobre a existência e a finalidade do Estado
foram tiradas pelo judeu Karl Marx. Enquanto o mundo burguês abandonava o
conceito do Estado, tendo por base os deveres para com a raça, e não conseguia
substituir essa concepção por outra fórmula- que pudesse ser aceita, uma outra
doutrina que chegava a negar o próprio Estado abria caminho no mundo moderno.
Nesse campo, a luta do mundo burguês contra o internacionalismo marxístico
deveria ser um fracasso completo. A burguesia já tinha, há - muito tempo,
sacrificado os fundamentos absolutamente indispensáveis para a defesa de suas
idéias. Seus espertos adversários, reconhecendo a fraqueza das instituições do
inimigo, lançaram-se na luta com as próprias armas que este, embora
involuntariamente, lhes fornecera.
Por tudo isso, o primeiro dever de um
novo movimento que repousa sobre o fundamento da raça, é dar uma forma clara,
bem definida, da concepção sobre a existência e a finalidade do Estado.
O grande princípio que nunca deveremos perder de vista é que o Estado é um
meio e não um fim. É a base sobre que deve repousar uma mais elevada cultura
humana, mas não e a causa da mesma. Essa cultura depende da existência de uma
raça superior, de capacidade civilizadora. Poderia haver centenas de Estados
modelos no mundo e isso não impediria que, com o desaparecimento dos arianos,
formadores de cultura, desaparecesse a civilização no nível em que se encontra
atualmente nas nações mais adiantadas.
Podemos avançar mais um pouco e
proclamar que o fato dos indivíduos se organizarem em Estados, de nenhum modo
afastaria a possibilidade do desaparecimento da raça humana, desde que uma
capacidade intelectual superior e um grande poder de adaptação se perdessem por
falta de uma raça para conservá-las.
Se, por exemplo, a superfície da
terra fosse inundada por um dilúvio, e, do meio das vagas do oceano, surgisse um
novo Himalaia, nessa terrível catástrofe desapareceria a cultura humana. Nenhum
Estado persistiria, os bandos se dissolveriam, seriam destruídos os atestados de
uma evolução de milhares de anos e restaria de tudo apenas um vasto cemitério
coberto de água e de lama. Mas, se desse horrível caos, se conservassem alguns
homens pertencentes a uma certa raça de capacidade criadora, de novo, embora
isso durasse milhares de anos, no mundo, depois de cessada a tempestade, se
notariam sinais da existência do poder criador da humanidade. Só o
desaparecimento das últimas raças capazes transformaria a terra em um vasto
deserto. O contrário disso vemos em exemplos do presente. Estados têm existido
que por não possuírem, devido a suas origens raciais, a genialidade
indispensável, não puderam evitar a sua ruína. O que aconteceu com certas
espécies animais dos tempos pré-históricos, que cederam lugar a outras e, por
fim, desapareceram completamente, acontece com os povos, quando lhes falta a
força espiritual, única arma capaz de assegurar sua própria conservação!
O Estado em si não cria um determinado standard de cultura, pode apenas
conservar a raça de que depende essa civilização. Em outra hipótese, o Estado
poderá durar centenas de anos, mas se não tiver evitado a mistura de raças, a
capacidade cultural e todas as manifestações da vida a ela condicionadas
sofrerão profundas modificações.
O Estado de hoje, por exemplo, pode,
como mecanismo, ainda por muito tempo aparentar vida, mas o envenenamento da
raça criará fatalmente um rebaixamento cultural que, aliás, já se nota hoje em
proporções assustadoras.
Assim sendo, a condição essencial para a
formação de uma humanidade superior não é o Estado mas a raça.
Nações
ou, melhor, raças, possuidoras de gênio criador trazem sempre essas virtudes
consigo, embora, muitas vezes, em estado latente, mesmo quando circunstâncias
exteriores, desfavoráveis em dado momento, não permitam o seu desenvolvimento. É
um ultraje, por exemplo, imaginar que os povos alemães de antes da era cristã
eram bárbaros. Bárbaros nunca foram eles. O clima áspero dos países do Norte
forçou-os a viver sob condições que não lhes permitiram desenvolver suas
qualidades criadoras.
Se o mundo clássico nunca tivesse existido, se os
alemães tivessem descido para os países do sul, de clima mais favorável, e ali
tivessem contado com os primeiros auxílios da técnica, empregando a seu serviço
raças que lhe eram Inferiores, então a capacidade criadora latente teria
produzido uma civilização tão brilhante como a dos Helenos.
Mas esta
força criadora de cultura nem sempre se encontra nos climas do Norte. O Lapônio,
transportado para o sul, produziria tão pouco, sob o ponto de vista cultural,
como o esquimó. Essa capacidade dominadora e criadora é característica do
ariano, que a possui em estado latente ou em toda sua eficiência, tudo
dependendo das condições do meio que ou permitem a sua expansão ou a impedem.
Daí resultam os seguintes princípios:
O Estado é um meio para um
fim. Sua finalidade consiste na conservação e no progresso de uma coletividade
sob o ponto de vista físico e espiritual. Essa conservação abraça em primeiro
lugar tudo o que diz respeito à defesa da raça, permitindo, por esse meio, a
expansão de todas as forças latentes da mesma. Pela utilização dessas forças,
promover-se-á a defesa da vida física e, por outro - lado, o desenvolvimento
intelectual. Na realidade, os dois estão sempre em função um do outro. Estados
que não atendem a esse objetivo são criações artificiais, simples mostrengos. O
fato de semelhante Estado existir em nada altera essa verdade, assim como o
êxito de uma associação de piratas não justifica o saque.
Nós,
nacionais-socialistas, como defensores de uma nova concepção do mundo, não
devemos nunca nos colocar no ponto de vista falso das chamadas "realidades". Se
assim acontecesse não seríamos os fatores de uma grande idéia mas escravos das
mentiras em voga. Temos que estabelecer bem claramente a diferença entre o
Estado como continente e a raça como conteúdo. Esse continente só tem sentido se
puder manter e proteger o conteúdo. Na hipótese contrária, torna-se inútil.
Assim, a finalidade principal de um Estado nacionalista é a conservação dos
primitivos elementos raciais que, por seu poder de disseminar a cultura, criam a
beleza e a dignidade de uma humanidade mais elevada. Nós, como arianos, i.
'vendo sob um determinado Governo, podemos apenas imaginá-lo como um organismo
vivo da nossa raça que não só assegurará a conservação dessa raça, mas a
colocará em situação de, por suas possibilidades intelectuais, atingir uma mais
alta liberdade.
O que hoje se tenta apresentar-nos como um tipo de
Estado é apenas o produto de um grande erro de que resultarão as conseqüências
mais deploráveis.
Nós, nacionais-socialistas, sabemos muito bem que o
mundo atual nos contempla como revolucionários devido às nossas Idéias e, com
esse qualificativo, pretende estigmatizar-nos. Os nossos pensamentos e ações não
se devem, porém, deixar influenciar pela aprovação ou condenação dos
contemporâneos, mas, ao contrário, devemos nos manter cada vez mais firmes na
defesa das verdades que reconhecemos. Poderemos assim ficar certos de que uma
mais clara visão da posteridade não só compreenderá a nossa atuação de hoje,
como aceitá-la-á como justa e dar-lhe-á o devido apreço.
Por esse
critério é que devemos, nós, nacionais-socialistas, medir o valor de um Estado
Esse valor será relativo quanto a um determinado povo e absoluto no que diz
respeito à humanidade em si. Em outras palavras:
O valor de um Estado
não pode ser apreciado pela sua elevação cultural ou pelo seu poder em
comparação com outros povos, mas, em última análise, pela justeza de sua
orientação em relação à posteridade.
Um Estado pode ser apontado como
modelar quando não somente corresponde às condições da vida do povo que
representa mas também assegura a existência material desse povo, qualquer que
seja a importância cultural que as instituições atinjam no resto do mundo.
A missão do Estado não é criar capacidades mas tornar possível a expansão
das forças existentes.
Por outro lado, pode-se apontar como um Estado
mal organizado aquele em que, qualquer que seja a elevação de sua cultura,
consente na ruína, sob o ponto de vista racial, dos portadores dessa cultura.
Pois assim se eliminaria praticamente a condição indispensável para a
continuação dessa civilização que, aliás, não foi criada por ele mas é o fruto
de um espírito nacional criador garantido por uma organização estatal
conveniente. O Estado não é um conteúdo mas uma forma.
A elevação da
cultura de um povo, qualquer que ela seja, não dá a medida por que se deve
apreciar o valor de um Estado.
É evidente que um povo altamente
civilizado dá de si uma impressão mais elevada do que um povo de negros. Não
obstante isso, a organização estatal do primeiro, observada quanto à maneira por
que realiza a sua finalidade, pode ser pior que a dos negros. Assim como a
melhor forma de governo não pode produzir, em um povo, capacidades que não
existiam antes, assim um Estado mal organizado pode, promovendo a ruína dos
indivíduos de uma determinada raça, fazer desaparecerem as qualidades criadoras
que possuíam na origem.
Conclui-se daí que o julgamento da boa ou má
organização de um Estado só poderá ser feito pela relativa utilidade que oferece
a um determinado povo e nunca pela importância que atinge em face do mundo.
Esse julgamento relativo pode ser fácil e acertadamente feito. O juízo,
porém, sobre o valor absoluto é muito difícil, pois não depende somente da
organização estatal, mas principalmente das qualidades de determinado povo.
Quando se fala de uma mais elevada missão do Estado, não se deve nunca
esquecer que a maior finalidade reside no povo e que o dever do Governo é tornar
possível, com a sua organização, a livre expansão das forças existentes.
Quando, porém, nos perguntamos qual o Estado que precisamos instituir para
nós, devemos primeiro esclarecer que espécie de homens se há. de propor produzir
e qual o objetivo que está destinado a servir. Infelizmente, o âmago da
nacionalidade alemã já não é mais homogêneo, sob o ponto de vista racial. o
processo de fusão dos elementos originais não tinha ainda ido tão longe que já
se pudesse afirmar que uma nova raça tinha surgido dessa fusão. Ao contrário, o
envenenamento racial de que o nosso país se vem ressentindo, desde a guerra dos
Trinta Anos, não só perturbou a pureza do sangue como da própria alma do povo.
As fronteiras abertas da Pátria, a vizinhança de elementos não germânicos
nas fronteiras, e, sobretudo, a corrente contínua de sangue estrangeiro no
interior do Império, não dão tempo a uma fusão absoluta, desde que a invasão
continua sem interrupção.
Não se formará uma nova raça, mas as
diferentes raças continuarão a viver umas ao lado das outras. A conseqüência
disso é que, nos momentos críticos, justamente quando os rebanhos se costumam
unir, os alemães se debandam em todas as direções.
Não é só nos seus
respectivos territórios que os elementos raciais se comportam diferentemente o
mesmo acontece com os indivíduos de raças diferentes, dentro das mesmas
fronteiras. Coloquem-se homens do norte ao lado de homens de leste, ao lado de
homens de leste homens do oeste e o resultado será a mistura.
Por um
lado, isso é de grandes vantagens.
Falta aos alemães o espírito gregário
que sempre se verifica quando todos são do mesmo sangue e que protege as nações
contra a ruma, sobretudo nos momentos de perigo, em que todas as pequenas
diferenças desaparecem e o povo, como um só rebanho, enfrenta o inimigo comum.
Na existência de elementos raciais diferentes, que se não fundiram, está o
fundamento do que designamos pela palavra super-individualismo.
Nos
tempos de paz, esse super-individualismo poderia ser útil, mas, bem examinadas
as coisas, foi o que nos arrastou a sermos dominados pelo mundo.
Se o
povo alemão, na sua evolução histórica, possuísse aquela inabalável unidade, que
foi de tanta utilidade a outros povos, seria hoje o senhor do globo terrestre. A
história do mundo teria tomado outro curso. Não veríamos esses cegos pacifistas
mendigarem a paz através de queixas e lamentações, pois a paz do mundo não se
mantém com as lágrimas de carpideiras pacifistas, mas pela espada vitoriosa de
um povo dominador que põe o mundo a serviço de uma alta cultura.
O fato
da não existência de uma perfeita unidade racial causou-nos grandes males. Isso
deu lugar ao surto de um pequeno número de potentados alemães, mas retirou à
Alemanha o direito à dominação, Ainda hoje, o nosso povo sofre as conseqüências
dessa desunião. O que, no passado e no presente, causou a nossa infelicidade,
pode ser, porém, a nossa salvação no futuro. Por mais prejudicial que, por um
lado, tenha sido a falta de fusão dos diferentes elementos raciais, o que
impediu a formação da perfeita unidade nacional, é incontestável que, por outro,
com isso se conseguiu que, pelo menos uma parte do povo, de melhor sangue, se
conservasse na sua pureza, evitando-se assim a ruína da raças.
Certamente, uma completa fusão dos primitivos elementos raciais originaria
uma unidade mais perfeita, mas, como se verifica em todos os cruzamentos, a
capacidade criadora seria menor do que a possuída pelos elementos primitivos
superiores. Foi uma felicidade que não se tenha dado a fusão completa, pois, por
isso, ainda possuímos representantes do puro sangue germânico do Norte, em que
vemos o mais precioso tesouro para o nosso futuro. Nos dias sombrios de hoje, em
que é completa a ignorância sobre as leis raciais, em que todos os homens são
tidos como iguais, não se tem uma idéia clara dos diferentes valores dos
elementos raciais primitivos. Sabemos hoje que uma mistura completa dos diversos
componentes do nos. w organismo racial poderia, em conseqüência de uma maior
unificação, ter-nos proporcionado maior poder exterior, mas o maior objetivo da
humanidade não poderia ser atingido, uma vez que os indivíduos apontados pela
Providência a realizá-lo tinham desaparecido na mistura geral.
O que a
sorte evitou, sem o querermos, devemos experimentar e utilizar à luz dos
conhecimentos adquiridos de então para cá.
Quem falar de uma missão do
povo alemão neste mundo, deve saber que essa missão só pode consistir na
formação de um Estado que vê, como sua maior finalidade, a conservação e o
progresso dos elementos raciais que se mantiveram puros no seio do nosso povo,
na humanidade inteira.
Com essa missão, o Estado, pela primeira vez,
assume a sua verdadeira finalidade. Em vez do palavreado irrisório sobre a
segurança da paz e da ordem, por meios pacíficos, a missão da conservação e do
progresso de uma raça superior escolhida por Deus é que deve ser vista como a
mais elevada.
Em lugar de uma máquina que só se esforça por viver, deve
ser criado um organismo vivo com o objetivo único de servir a uma nova idéia.
O Estado alemão deve reunir todos os alemães com a finalidade não só de
selecionar os melhores elementos raciais e conservá-los mas também de elevá-los,
lenta mas firmemente, a uma posição de domínio.
Nesse período de luta,
deve-se entrar com a mais firme resolução. Como sempre acontece em tudo neste
mundo, aqui mais uma vez se verifica a verdade deste provérbio - máquina que não
trabalha se enferruja e também que a vitória está sempre no ataque. Quanto maior
for o objetivo que tivermos diante de nós, quanto menor for a compreensão das
massas no momento, tanto mais prodigioso será - de acordo com as lições da
história - o êxito, desde que o alvo seja bem compreendido e a luta dirigida com
firmeza inabalável.
É muito natural que a maior parte dos empregados que
hoje controlam o Estado se sintam mais a cômodo trabalhando para conservar o
statu quo atual do que lutando por uma nova ordem de coisas. Eles sentirão que é
mais fácil considerar o Estado como uma máquina que existe somente para
garantir-lhes a subsistência, uma vez que as suas vidas, como eles costumam
dizer, pertencem ao Estado.
Como dissemos acima, é mais fácil ver na
autoridade do Estado apenas um mecanismo do que encará-la como a corporificação
da força de conservação de um povo na terra.
No primeiro caso, para
esses espíritos fracos, o Estado é uma finalidade em si; no segundo, é a arma
poderosa a serviço da eterna luta pela existência, arma que não é mecânica, mas
a expressão de uma vontade geral em favor da conservação da vida. Na luta pelas
novas idéias - que estão em harmonia com o sentido original das coisas -
encontraremos poucos combatentes no seio de uma sociedade de homens
envelhecidos, não só de corpo como de espirito também, o que é ainda mais
lamentável.
Só virão para as nossas fileiras os indivíduos excepcionais,
Isto é, os velhos de coração e de espírito moços. Nunca se incorporarão às
nossas hostes aqueles que pensam ser a finalidade única da vida manter
inalterável a situação atual.
Contra nós se arregimentara um exército
composto menos dos indivíduos maus do que dos indiferentes, preguiçosos mentais,
e dos interessados na conservação do atual estado de coisas. O grito de guerra
que, logo de início, afugenta os fracos, é o toque de reunir das naturezas
dotadas de espírito combativo.
Devemos ter sempre presente no espírito
que quando uma certa soma de grande energia e eficiência de um povo é
concentrada em um determino4o fim e segregada definitivamente, da inércia das
grandes massas, essa pequena minoria está destinada a dominar o resto. A
história do mundo é feita pelas minorias, desde que elas tenham incorporado a
maior parte do poder de vontade e de determinação do povo.
Isso que, a
muitos, parece uma desvantagem, é, na realidade, a condição indispensável para a
nossa vitória. Na grandeza e na dificuldade da nossa tarefa, está a
possibilidade de que só os melhores Lutadores formarão conosco. Nessa seleção
está a garantia do sucesso.
A própria natureza consegue fazer certas
correções nos seres vivos, no que diz respeito à pureza da raça. Ela tem muito
pouca inclinação pelos bastardos. Os primeiros produtos desse cruzamento são os
que mais sofrem, quando não na primeira, na terceira, quarta ou quinta geração.
Perdem as qualidades da raça superior, e, pela falta de unidade racial, perdem
também a constância na força de vontade e de decisão. Em todos os momentos
críticos em que as raças puras tomam resoluções certas e firmes, o bastardo
ficará indeciso, tomará meias medidas. Isso não se traduz somente na
inferioridade da mistura em relação à pureza mas, na prática, na possibilidade
de uma mais rápida ruína. Em um sem-número de casos, em que a raça pura resiste,
os bastardos se deixam vencer. Nisso se deve ver uma das maneiras de correção da
natureza. Ela vai mais adiante, quando restringe a possibilidade de procriação.
Com isso proíbe a fecundidade de novos cruzamentos e arrasta-os ao extermínio.
Se, por exemplo, em uma determinada raça, um indivíduo cruza com outro de
raça inferior, o resultado imediato é a baixa do nível racial e, depois, o
enfraquecimento dos descendentes, em comparação com os representantes da raça
pura. Proibindo-se absolutamente novos cruzamentos com a raça superior, os
bastardos, cruzando-se entre si, ou desapareceriam, dada a sua pouca
resistência, ou, com o correr dos tempos, através de misturas constantes,
criariam um tipo em que não mais se reconheceria nenhuma das qualidades da raça
pura.
Assim se formaria uma nova raça com uma certa capacidade de
resistência passiva, mas muito diminuída na importância da sua cultura em
relação à raça superior do primeiro cruzamento. Nesse último caso, na luta pela
existência, o bastardo será sempre vencido, enquanto existir, como adversário, o
representante de uma raça pura.
No correr dos tempos, todos esses novos
organismos raciais, em conseqüência do rebaixamento do nível da raça e da
diminuição da elasticidade espiritual, daí decorrente, não poderiam sair
vitoriosos em uma luta com uma raça pura, mesmo intelectualmente atrasada.
Pode-se, pois, estabelecer o seguinte princípio:
Toda mistura de
raça tende, mais cedo ou mais tarde, a provocar a decadência do produto híbrido,
enquanto a raça superior do cruzamento se mantiver em sua pureza. Só quando os
últimos representantes da raça superior se tornam bastardos é que para os
produtos híbridos cessa o perigo de desaparecimento.
Inicia-se, então,
um processo natural, mas lento, de regeneração, que gradualmente eliminará o
veneno racial, desde que ainda exista um es toque de elementos puros e que se
tenha impedido a mistura.
A essa situação podem chegar mesmo indivíduos
com o mais forte instinto racial e que, por força de certas situações ou por
influência de coação, foram obrigados a abandonar os processos normais de
multiplicação! Logo, porém, que essa situação excepcional deixa de exercer sua
influência, a parte pura da raça procurará unir-se aos seus semelhantes, opondo
um dique ao abastardamento. Os produtos bastardos entram por si mesmos para um
segundo Plano a menos que, pelo número considerável por eles já atingido, a
resistência dos elementos raciais puros se tivesse tornado impossível.
O
homem que, uma vez, perdeu os seus instintos e se nega ao cumprimento dos
deveres que a natureza lhe impõe, não deve, em regra, nada esperar de um
corretivo da natureza, desde que não tenha compensado com um conhecimento
visível a perda desse instinto. Há, nesse caso, sempre o perigo de que o
indivíduo, completamente cego, cada vez mais destrua as fronteiras entre as
raças até perder de todo as melhores qualidades da raça superior. Resultará de
tudo isso uma massa informe que os famosos reformadores de nossos dias vêem como
um ideal. Em pouco tempo, desapareceria do mundo o idealismo. Poder-se-ia com
isso formar um grande rebanho de indivíduos passivos, mas nunca de homens
portadores e criadores de cultura. A missão da humanidade deveria, então, ser
vista como terminada.
Quem não quiser que a humanidade marche para essa
situação, deve-se converter à idéia de que a missão principal dos Estados
Germânicos, é cuidar de pôr um paradeiro a uma progressiva mistura de raças.
A- geração dos nossos conhecidos fracalhões de hoje naturalmente gritará e
se queixará de ofensa aos mais sagrados direitos dos homens.
Só existe,
porém, um direito sagrado e esse direito é, ao mesmo tempo, um dever dos mais
sagrados, consistindo em velar pela pureza racial, para, pela defesa da parte
mais sadia da humanidade, tornar possível um aperfeiçoamento maior da espécie
humana.
O primeiro dever de um Estado nacionalista é evitar que o
casamento continue a ser uma constante vergonha para a raça e consagrá-lo como
uma instituição destinada a reproduzir a imagem de Deus e não criaturas
monstruosas, meio homens meio macacos. Protestos contra isso estão de acordo com
uma época que permite qualquer degenerado reproduzir-se e lançar uma carga de
indizíveis sofrimentos sobre os seus contemporâneos e descendentes, enquanto,
por outro lado, meios de evitar a procriação são oferecidas à venda em todas as
farmácias e até anunciados pelos camelôs, mesmo quando se trata de pais sadios.
Neste estado de "paz e ordem" dos dias de hoje, neste mundo de bravos
"nacionalistas" burgueses, a proibição da procriação de portadores de sífilis,
tuberculose e outras moléstias contagiosas, de mutilados e de cretinos, é Vista
como um crime, ao passo que a esterilidade de milhares dos indivíduos mais
fortes de nossa raça não é tida como um mal ou ofensa à moral dessa hipócrita
sociedade, mas aproveita ao seu comodismo. Se fosse de outra maneira, eles
teriam que quebrar a cabeça para arranjar meios de prover à subsistência e à
conservação dos elementos sadios da nação, que deveriam prestar esse grande
serviço às gerações futuras.
Como esse sistema é desprovido de ideal e
de honra! Ninguém se preocupa em cultivar o que há de melhor, em benefício da
posteridade, mas, ao contrário, deixam-se as coisas continuarem como estão.
Até a nossa igreja, que fala sempre no homem como criado à imagem de Deus,
peca contra esse princípio, cuidando simplesmente da alma, enquanto deixa o
homem descer à posição de degradado proletário. A gente fica transido de
vergonha ao ver a atuação da fé cristã, em nosso próprio país, em relação à
"impiedade" desses indivíduos pecos de espírito e degradados de corpo, enquanto
se procura levar a bênção da igreja a cafres e hotentotes. Enquanto os povos
europeus são devastados por uma lepra moral e física, erra o piedoso missionário
pela África Central, organiza missões de negros, até conseguir a nossa "elevada
cultura" fazer de indivíduos sadios, embora primitivos e atrasados, bastardos,
preguiçosos e incapazes.
Seria muito mais nobre que ambas as igrejas
cristãs, em vez de importunarem os negros com missões, que estes não desejam nem
compreendem, ensinassem aos europeus, com gestos bondosos, mas com toda
seriedade, que é agradável a Deus que os pais não sadios tenham compaixão das
pobres criancinhas sadias e que evitem trazer ao mundo filhos que só trazem
infelicidade para si e para os outros.
O que não tem sido feito em
outros setores deve ser empreendido pelo Estado. , raça deve ser vista como
ponto central da atuação do Estado na vida geral da nação. Deve ser conservada
pura. A infância deve ser vista como a mais preciosa propriedade da Pátria.
Deve-se providenciar para que só pais sadios possam ter filhos. Só há uma coisa
vergonhosa: é que pessoas doentes ou com certos defeitos possam procriar, e deve
ser considerada uma grande honra impedir que isso aconteça. Por outro lado, deve
ser condenado o privar a nação de filhos sadios, o Estado deve pôr todos os
recursos médicos a serviço dessa concepção. Deve proclamar como incapaz de
procriar quem quer que seja doente ou tenha certas taras hereditárias e levar
esse propósito ao terreno prático. Deve providenciar também para que a
fecundidade de uma mulher sadia não seja diminuída pelas malditas condições
econômicas de um regime em que o ter filhos é tido como uma calamidade pelos
pais. Deve-se libertar a nação dessa indolente e criminosa indiferença com que
se tratam as famílias de muitos filhos e, em lugar disso, ver nelas a maior
felicidade de um povo. Os cuidados da nação devem ser mais em favor das crianças
do que dos adultos.
Quem, física ou espiritualmente, não é sadio ou
digno, não deve perpetuar os seus defeitos através de seus filhos! Nisso
consiste a maior tarefa educativa do Estado nacionalista. Isso será visto, de
futuro, como uma obra mais elevada do que as mais vitoriosas guerras do atual
século burguês. Educando o indivíduo, o Estado deve ensinar que não é uma
vergonha, mas uma lamentável infelicidade, ser fraco ou doente, mas é um crime e
também uma vergonha que se arrastem, nessa infelicidade, por mero egoísmo,
inocentes criaturas. Ao contrário é uma prova de grande nobreza de sentimentos,
do mais admirável espírito de humanidade, que o doente renuncie a ter filhos
seus e consagre seu amor e sua ternura a alguma criança pobre, cuja saúde dá
esperança de Vir a ser ela um membro de valor de uma comunidade forte. Nessa
obra de educação, o Estado deve coroar os seus esforços tratando também do
aspecto intelectual. Deve agir, nesse sentido, sem consideração de qualquer
espécie, sem procurar saber se a sua atuação é bem ou mal entendida, popular ou
impopular.
Só uma proibição, durante seis séculos, da procriação de
degenerados físicos e de doentes de espírito não só libertaria a humanidade
dessa imensa infelicidade como produziria uma situação de salubridade que, hoje,
parece quase impossível. Se se realizar com método um plano de procriação dos
mais sadios, o resultado será a constituição de uma raça que trará em si as
qualidades primitivas, evitando assim a degradação física e intelectual de hoje.
Só depois de ter tomado esse caminho é que um povo e um Governo conseguirão
melhorar uma raça e aumentar a sua capacidade de procriar, permitindo, afinal, à
coletividade retirar todas as vantagens da existência de uma raça sadia, o que
constitui a maior felicidade de uma nação.
É preciso que o Governo não
deixe ao acaso os novos elementos incorporados à nação, mas, ao contrário,
submeta-os a determinadas normas. Devem ser organizadas comissões que tenham a
seu cargo fornecer atestados a esses indivíduos, atestados que obedeçam ao
critério da pureza racial. Assim se formarão colônias cujos habitantes todos
serão portadores do mais puro sangue e, ao mesmo tempo, de grande capacidade.
Serão o mais precioso tesouro da nação. O seu progresso deve ser visto com
orgulho por todos, pois neles estão os germes de um grande desenvolvimento da
nação e da própria humanidade.
A nova doutrina deve procurar no seio do
Estado, criar um ambiente mais puro e mais elevado em que os homens não mais
dediquem toda a sua atenção à seleção de cavalos, cães e gatos, mas sim procurem
melhorar a sua própria situação, pela renúncia consciente de uns - os que não
devem procriar - e pelo sacrifício espontâneo de outros, os que têm aquela
capacidade.
Isso não deve ser impossível em um mundo em que centenas de
milhares de homens voluntariamente se entregam ao celibato, apenas por força de
um compromisso religioso.
Não será possível essa renúncia, se, em lugar
do voto religioso, se colocar a advertência de que se deve pôr um paradeiro ao
envenenamento da raça e dar ao mundo apenas criaturas verdadeiras feitas à
imagem do Criador?
É verdade que o calamitoso exército dos nossos
burgueses de hoje não entenderá isso. Eles encolherão os ombros ou sairão sempre
com as suas eternas evasivas. Dirão: "isso é muito bonito mas é irrealizável".
No mundo deles, isso é, de fato, impossível, pois não têm capacidade para esse
sacrifício. Eles só têm uma preocupação - o seu próprio eu. O seu único Deus é o
dinheiro. Mas nos não nos dirigimos a esses e sim às grandes legiões daqueles
que, por demasiado pobres, vêem na sua própria vida a única felicidade e que não
têm como Deus o dinheiro, mas possuem outras crenças. Sobretudo à mocidade
alemã, é que nos dirigimos. A juventude alemã, de futuro, ou constrói um novo
Estado nacionalista ou será a última testemunha da derrocada, do fim do mundo
burguês.
Quando uma geração sofre de certos males que ela conhece e
contenta-se, como é o caso atual do mundo burguês, em declarar levianamente que
nada se pode fazer, está fatalmente condenada à destruição.
A principal
característica da nossa burguesia é que já não pode negar a enfermidade. Ela é
obrigada a confessar que há muita coisa podre, mas não é capaz de resolver-se a
combater o mal e, coordenando, com toda energia, a força de sessenta ou setenta
milhões de homens, resistir ao perigo. Quando acontece o contrário, procura-se,
pelo menos de longe, provar a impossibilidade teórica desse modo de proceder e
mostrar que não se deve nem pensar em êxito. Não há razão, por mais absurda, que
não invoquem em apoio da sua mesquinha propaganda.
Se, por exemplo, um
continente inteiro, envenenado pelo álcool, se recusa a combater esse mal e
libertar o povo das suas garras, o nosso mundo burguês nada encontra para dizer.
Limita-se a arregalar os olhos e levantar os ombros.
Com uma coisa não
devemos nos enganar: a nossa burguesia atual é incapaz de realizar qualquer
grande missão na humanidade. E é incapaz, na minha opinião, não porque seja
deliberadamente má, mas devido a sua incrível indolência e tudo que daí decorre.
Há muito tempo, os clubes políticos que atendem pelo nome de partidos
burgueses nada mais são do que sociedades que representam certas classes e
profissões e a sua maior finalidade é defender interesses egoísticos, da melhor
maneira possível. É óbvio que uma liga política de burgueses, como os nossos,
presta-se para tudo menos para a luta, especialmente quando o adversário
consiste, não em tímidos lojistas, mas em massas proletárias e absolutamente
resolvidos à luta.
Se reconhecemos que a nossa maior missão, a bem do
povo, é a conservação e o aperfeiçoamento dos melhores elementos raciais, é
natural que os nossos cuidados não parem após o nascimento, mas continuem na
educação da criança, para a sua transformação em uma individualidade apta para a
multiplicação.
Assim como, em conjunto, a condição essencial para a
capacidade de realizações espirituais é a virtude racial, da mesma maneira,
quanto ao indivíduo, a educação deve ter em mira, em primeiro lugar, o
aperfeiçoamento físico, pois, em regra, é nos indivíduos sadios e fortes que se
encontra a maior capacidade intelectual. Não desmente essa verdade o fato de que
muitos gênios são fisicamente mal formados e, até mesmo, doentes. Trata-se,
nesse caso, de exceções que apenas confirmam a regra geral. Se a massa de um
povo é composta de degenerados físicos, muito raramente surgirá desse pântano um
espírito realmente grande. Da sua atuação, não é lícito, em nenhum caso, esperar
grande coisa. A massa inferior ou não o entendera absolutamente ou será tão
fraca de vontade que não conseguirá acompanhar o gênio nos seus surtos.
Tendo isso em vista, o Estado deve dirigir a educação do povo, não no
sentido puramente intelectual, mas visando sobretudo à formação de corpos
sadios. Em segundo plano, é que vem a educação intelectual. Aqui ainda, a
formação do caráter deve ser a primeira preocupação, especialmente a formação do
poder de vontade e de decisão e do hábito de assumir com prazer todas as
responsabilidades. Só depois disso, é que vem a aquisição do conhecimento puro.
O Estado deve agir na presunção de que um homem de modesta educação, mas
fisicamente sadio, de caráter firme, confiante em si mesmo e na sua força de
vontade, é mais útil à comunidade do que um indivíduo fraco, embora altamente
instruído.
Um povo de sábios, fisicamente degenerados, torna-se fraco de
vontade e transforma-se em um corpo de pacifistas covardes que nunca se elevara
às grandes ações e nem mesmo poderá assegurar-se a existência na terra.
Em uma áspera luta pela vida, é raramente vencido o que sabe menos, mas
sempre os que não podem tirar partido da sua ciência, na sua atuação na vida.
Deve, pois, haver uma harmonia entre os dois pontos de vista.
De um
corpo apodrecido, mesmo servido por um brilhante espírito, nada de grande é
lícito esperar. As altas criações intelectuais nunca se realizarão por
intermédio de caracteres dúbios, sem força de vontade e fisicamente doentes.
O que tornou imperecível o ideal da beleza grega foi a harmonia entre a
beleza física e a espiritual e moral.
O refrão popular, segundo o qual a
"felicidade, no final das contas, está sempre reservada aos mais capazes" também
se aplica na harmonia que deve existir entre o corpo e o espírito. O espírito
sadio geralmente coincide com o corpo sadio.
A cultura física não é,
pois, um problema que só interesse ao indivíduo ou que afete somente aos pais,
mas é um requisito Indispensável para a conservação da raça, a que o Estado deve
proteção.
Assim como, já hoje, o Estado, no que diz respeito à cultura
intelectual, passa por cima do livre arbítrio dos indivíduos e, sem consultar a
vontade dos pais, torna obrigatória a freqüência às escolas, assim também o
Estado, de futuro, deve agir no problema da conservação da raça, sem indagar se
as razões para essa atitude são ou não são compreendidas pelas massas.
O
Estado deve dirigir a educação do povo de maneira que a infância, desde os
primeiros tempos, se prepare a enfrentar a luta pela vida que a espera. Deve
tomar todo o cuidado para que não se forme uma geração de comodistas.
Esse trabalho de educação e assistência deve ser iniciado pelas mães. Assim
como foi possível, com um cuidadoso trabalho de dez anos, conseguir um ambiente
livre de infecções para o nascimento, limitando as possibilidades de febres
puerperais, também devem ser e serão possíveis, por meio de real educação das
irmãs e das próprias mães, já nos primeiros anos da criança, cuidados que
forneçam excelentes bases para um desenvolvimento futuro.
Em um Estado
nacionalista, a escola deve reservar mais tempo para o exercícios físicos.
De nenhum interesses é que se sobrecarregue o cérebro das crianças com
excesso de conhecimentos que, a prática demonstra, só em uma proporção
insignificante, são conservados. Na maior parte dos casos, esquecem o importante
e guardam o que é secundário, sabido como é que as crianças não estão em
condições de fazer a seleção da matéria que lhes é ensinada. Foi um erro crasso
ter-se, hoje, até no programa das escolas médias, deliberado reservar à
ginástica apenas duas horas por semana e, isso mesmo sem caráter obrigatório.
Não se deve passar um dia sem que cada jovem tenha, pelo menos, uma hora de
exercício físico, pela manhã e à tarde, em esportes e ginástica. Especialmente o
boxe, visto por muitos nacionalistas "como rude e indigno", não deve ser
esquecido. É incrível a soma de idéias falsas que, entre os "educados", há sobre
esse assunto. Julga-se natural e honroso que os indivíduos aprendam a lutar, a
bater-se em duelo, mas jogar boxe é grosseiro! Por que? Não há desporto que
estimule tanto o espírito de ataque. Mais do que nenhum outro, requer decisões
rápidas e enrija e torna flexível o corpo, ao mesmo tempo. Não é mais grosseiro
que dois jovens decidam uma disputa a soco do que a espada. Não é também mais
nobre que um indivíduo atacado se defenda a murros do seu agressor, em vez de
correr a gritar por socorro? Antes de tudo, o rapaz sadio deve aprender a
suportar pancadas. Isso, aos olhos dos nossos "lutadores intelectuais", pode
parecer selvagem. Mas um Estado nacionalista não tem por missão fundar uma
colônia de estetas pacifistas ou de degenerados físicos. O ideal humano não
consiste em modestos burgueses ou virtuosas solteironas, mas, ao contrário, em
homens e mulheres fortes que possam dar ao mundo outros seres em idênticas
condições.
A função do esporte não é somente a de tornar os indivíduos
ágeis e destemidos, mas também de prepará-los para suportarem todas as reações.
Se as nossas classes intelectuais não tivessem sido educadas exclusivamente
em desportos elegantes; se, em vez disso, tivessem aprendido o boxe, nunca teria
sido possível uma revolução alemã de rufiões, de desertores e de outros
indivíduos do mesmo jaez. O que assegurou o êxito da Revolução não foi a
intrepidez e a coragem dos seus organizadores, mas a covardia, a miserável
irresolução dos que dirigiam o Estado e eram responsáveis pela sua conservação.
Os condutores intelectuais do nosso povo recebiam apenas educação espiritual e,
por isso, ficaram sem poder reagir, no momento em que os adversários, em vez de
armas espirituais, puseram em cena ate alavancas. A Revolução só triunfou porque
a educação ministrada nas escolas superiores não formava homens, no verdadeiro
sentido da palavra, mas funcionários, engenheiros, juristas, literatos e, por
fim, professores encarregados de manter sempre viva essa instrução puramente
intelectual.
Nossa direção intelectual produziu brilhantes resultados,
mas o cultivo da força de vontade sempre esteve abaixo de qualquer crítica. É
claro que, por meio da educação, não se pode transformar um intelectual covarde
em um homem corajoso. É evidente também que um homem, que não é covarde por
natureza, mas prejudicado no desenvolvimento de suas qualidades individuais,
desde que não receba uma educação que aperfeiçoe a sua força física e a sua
destreza, será, logo de início, derrotado. É no exército que se pode avaliar o
quanto a capacidade física estimula a coragem e desperta o espírito de ataque. A
excelente instrução recebida pelos nossos soldados, durante a paz, inoculou,
nesse gigantesco organismo, a fé sugestiva na sua própria superioridade, em
proporções que os nossos próprios adversários não julgavam possível.
O
imortal espírito de combatividade e de coragem que, nos meses do fim do verão e
no outono de 1914, se verificou na ofensiva do exército alemão, foi efeito
exclusivamente dos ininterruptos exercícios dos tempos de paz, que permitiram
que, de corpos fracos, se obtivessem os efeitos mais incríveis e que neles
inspirou uma confiança em si mesmos que nunca mais os abandonou nas maiores
refregas.
Justamente agora que a nação alemã está em colapso,
espezinhada por todo mundo, é que mais se faz necessária aquela confiança em si
mesma. Essa confiança deve ser cultivada na juventude, desde a meninice. Toda a
sua educação, todo o seu treinamento, devem ser dirigidos no sentido de dar-lhe
a convicção da sua superioridade. Certa da sua força e da sua habilidade, a
mocidade deve readquirir a fé na invencibilidade da sua nação. O que levou,
outrora, o exército alemão à vitória foi a confiança extraordinária que cada um
tinha em si mesmo e todos tinham nos seus chefes. O que poderá levantar de novo
o povo alemão é a convicção de que a liberdade ainda poderá ser reconquistada.
Mas essa convicção só poderá ser o produto final de um sentimento partilhado por
milhões de indivíduos.
Ninguém se engane sobre isso.
Inaudita
foi a derrocada da nossa nação, inaudito deve ser o esforço para, um dia, se pôr
um fim a essa deplorável situação. Engana-se desgraçadamente quem acredita que o
nosso povo, continuando essa educação burguesa inspirada na "paz e na ordem",
poderá conquistar a força necessária para modificar a situação atual de ruína e
jogar os nossos grilhões de escravos à face dos nossos adversários. Só por um
imenso desenvolvimento de nossa força de vontade, por uma sede de liberdade e
por uma alta devoção à Pátria é que se poderá reconquistar o que nos tem
faltado.
Até o vestuário dos jovens deve ser apropriado a esse fim. É
uma verdadeira lástima ser obrigado a ver como os moços de hoje se submetem a
uma moda idiota que muito bem se traduz no ditado popular que as roupas fazem os
homens.
Justamente na mocidade é que o vestuário deve estar em função da
finalidade educacional. Um jovem, que, no verão, anda para cima e para baixo
vestido até ao pescoço, só por isso dificulta a sua educação física. O espírito
de honra e - digamos entre nós - a vaidade devem ser cultivados, não a vaidade
de possuir belas roupas, que nem todos podem comprar, mas a de criar-se um corpo
bem formado, a que todos podem concorrer.
Isso corresponde, para o
futuro, a uma certa finalidade. A rapariga deve conhecer o seu cavalheiro. Se a
beleza física não se ocultasse hoje, completamente, sob as vestes da moda
idiota, e a sedução de centenas de milhares de moças, por judeus bastardos, de
pernas tortas e desengonçados, não seria possível. Está também no interesses da
nação que se chegue à formação de corpos perfeitos, a fim de se criar um novo
ideal de beleza.
Isso é mais necessário, hoje, por faltar a educação
militar, cuja organização supria em parte a deficiência de nosso sistema
educacional de outrora. O êxito dessa organização não se via somente na educação
do indivíduo, mas também na sua influência sobre as relações entre os dois
sexos. A rapariga alemã preferia o soldado ao civil.
É dever do Estado
nacionalista cultivar a eficiência física, não somente nos anos de freqüência à
escola mas também depois da idade escolar. Enquanto o indivíduo se estiver
desenvolvendo fisicamente, este desenvolvimento deve ser dirigido de modo que se
torne para ele uma bênção futura.
É idiotice pensar que o direito do
Estado em superintender a educação da sua mocidade termina com a idade escolar e
só recomeça com o serviço militar. Esse direito é um dever que nunca deve ser
perdido de vista.
O Governo atual, que não tem nenhum interesses pela
saúde do povo, abandonou essa missão da maneira mais criminosa. Consente que a
mocidade se desmoralize nas ruas e nos bordéis, em vez de dirigi-la de maneira
que de futuro se transforme em homens e mulheres sadios.
De que maneira
o Estado continua a dirigir essa educação pode ser, hoje, indiferente; o
essencial é que ele o faça e procure o caminho para chegar a esse fim. O Estado
tem como uma das suas finalidades, a educação, tanto intelectual como física,
dos jovens, depois da idade escolar. E essa educação deve ser realizada de
acordo com a orientação oficial, visando, nas suas linhas gerais, o serviço
militar.
O exército não deve, como até agora, instruir os moços apenas
nos exercícios regulamentares mas transformar jovens já perfeitos, no ponto de
vista físico, em verdadeiros soldados.
Em um Estado nacionalista, o
exército não existe só para ensinar o homem a marchar e a outros exercícios
militares, mas deve ser a mais alta escola da educação nacional. Naturalmente, o
jovem recruta deve aprender a manejar as armas, mas, ao mesmo tempo, deve ser
preparado para a Vida futura. Nessa escola é que o rapaz se deve transformar em
homem. Não deve só aprender a obedecer, mas também a comandar, de futuro. Deve
aprender a silenciar não só quando é censurado com razão, mas deve também
aprender a suportar a injustiça em silêncio.
Apoiado na confiança de sua
própria força, empolgado pelo espírito de classe, ele deve adquirir a convicção
de que sua Pátria é invencível.
Quando tiver terminado seu serviço
militar deve estar em condições de poder exibir dois documentos: seu diploma de
cidadão, que lhe dá o direito a tomar parte na vida pública, e um atestado de
saúde que lhe dá direito a casar-se.
A educação do sexo feminino deve
obedecer ao mesmo critério da do sexo masculino. O ponto mais importante é a
educação física, vindo, em seguida, o desenvolvimento do caráter e, por último,
o valor intelectual. A preocupação principal, na educação das mulheres, é formar
futuras mães.
Só, em segundo plano, o Estado nacionalista tem de
promover a for. mação do caráter.
As qualidades reais de caráter, nos
indivíduos, são inatas: o egoísta é e será sempre egoísta, o idealista sincero
será sempre idealista. Entre esses dois caracteres, absolutamente típicos, há
milhões que aparecem cujo caráter é confuso, indistinto. O criminoso nato será
sempre criminoso, mas há inúmeras pessoas que possuem uma certa tendência para o
crime e que poderão ser corrigidas e transformadas em ótimos membros de uma
coletividade. Inversamente, caracteres dúbios podem, por defeito de educação,
transformar-se em péssimos elementos.
Quantas vezes, durante a Guerra,
não ouvi queixas sobre a indiscrição do nosso povo, que, com dificuldade, podia
guardar os mais importantes segredos, mesmo perante o inimigo! Mas,
consideremos: Que fez a educação alemã, antes da Guerra, para recomendar a
discrição como uma virtude? Na escola, o delator não era preferido ao que se
mantinha em silêncio? Alguém procurou, por acaso, apontar a discrição como uma
grande virtude? Não! Nas nossas escolas, essa virtude é considerada coisa
insignificante. Apenas, essa insignificância custou à nação incontáveis milhões,
pois noventa por cento dos processos de ofensa e outros têm sua origem na
incapacidade de manter o silêncio.
Afirmações feitas sem
responsabilidade são retrucadas da mesma maneira. Nossa economia é
constantemente prejudicada pela divulgação dos mais importantes métodos de
fabricação, etc., e todos os preparativos para a defesa do país são simplesmente
ilusórios, porque o povo nunca aprendeu a ser discreto. Durante uma guerra, esse
amor à indiscrição pode ocasionar a perda de batalhas e constitui a causa
principal do insucesso de uma campanha. Ninguém se deve esquecer de que o que
não é praticado na mocidade não pode ser aprendido na idade madura. Dai se
conclui que o professor não deve procurar tomar conhecimento de pequenas
travessuras, cultivando a delação. A mocidade tem o seu governo próprio. Ela tem
para com os mais crescidos uma solidariedade mais limitada, perfeitamente
compreensível. A ligação de uma criança de dez anos com outra da mesma idade é
maior e mais natural do que com uma mais crescida. Uma criança que denuncia seu
camarada, pratica uma traição que, no sentido figurado, corresponde a uma
traição contra a Pátria. Tal criança não pode ser vista como "valente" e
"independente", mas como possuindo qualidades de caráter de pouco valor. Para o
professor pode ser mais cômodo, a fim de manter a autoridade, utilizar esse mau
costume, mas, no coração da criança, esse processo ocasionará um sentimento que
agirá como um germe fatal. Não é raro de um pequeno delator sair um grande
tratante.Isso é apenas um exemplo entre muitos. Na escola de hoje o
desenvolvimento intelectual é maior, mas as nobres qualidades de caráter estão
reduzidas quase a zero. Deve-se, por isso, dar maior importância ao outro ponto
de vista. Fidelidade, capacidade de sacrifício, discrição, são virtudes de que
um grande povo precisa e cujo ensino e cultivo nas escolas é mais importante do
que muita coisa que, atualmente, figura nos programas.
Também deve fazer
parte desse plano o combate às lamúrias e eternas queixas. Se um processo
educacional deixa de atuar, na criança, de modo que essa se acostume a suportar
em silêncio todos os sofrimentos, ninguém se deve admirar que, mais tarde, no
momento crítico, na linha de frente de uma batalha, por exemplo, o tráfico
postal só se ocupe em transmitir cartas lamuriantes de um lado e de outro. Se a
nossa juventude, nas escolas, tivesse aprendido menos conhecimentos e se tivesse
mais exercitado no domínio de si mesma. grandes vantagens se teriam verificado
nos anos de 1915-1918.
Por tudo isso, o Estado nacionalista, na sua
missão educativa, deve dar a maior importância à educação física e à do caráter.
Inúmeras deformidades existentes hoje no organismo nacional seriam, por esse
processo de educação, quando não afastadas pelo menos minoradas.
Da
maior importância é a formação da força de vontade e do poder de decisão, assim
como do prazer da responsabilidade.
Assim como no exército era convicção
geral, antigamente, que uma ordem é sempre melhor do que nenhuma, também na
juventude uma resposta é sempre melhor do que nenhuma. O receio de, para não dar
uma resposta falsa, não dar nenhuma resposta, deve envergonhar mais do que
responder errado. Isso vai aos poucos acostumando os jovens a terem a coragem de
suas atitudes.
Era geral a queixa, em novembro e dezembro de 1918, de
que havia ineficiência em todos os setores, e que, a partir do Imperador ao
último comandante de divisão, ninguém tinha coragem de tomar uma decisão
independente Essa terrível realidade é uma praga da nossa educação, pois nessa
cruel catástrofe apareceu apenas em vasta escala o que já existia por toda parte
em casos de menor importância.
É essa falta de poder de vontade e não a
falta de material de guerra que, hoje, nos torna incapazes de resistência séria.
Está profundamente arraigada no nosso povo e proíbe-nos de tomar qualquer
resolução que ofereça um perigo, como se a grandeza de uma ação não consistisse
na ousadia com que é atacada.
Sem o querer, um general alemão encontrou
uma fórmula para essa miserável falta de decisão, quando avançou: Não ao nunca
sem. contar pelo menos com 51% de probabilidades de êxito. Nesses 51% está a
razão da trágica ruína da Alemanha.
Quem confia à sorte a vitória de uma
causa, não compreende a importância de um ato de heroísmo. Esse está justamente
na convicção de que, diante da possibilidade do perigo, dá-se o passo que pode
levar à vitória. Um canceroso, cuja morte é certa, não precisa de 51% de
probabilidades para tentar uma operação. Se essa operação lhe oferece um meio
por cento de possibilidade de cura, ele, sendo homem corajoso, arriscar-se-á à
mesma. Se não o fizer não tem o direito de se queixar da sorte. A epidemia de
falta de vontade e de espírito de decisão é, em última análise, sobretudo a
conseqüência da falha educação da mocidade, cuja atuação devastadora se faz
sentir na vida e cujas últimas conseqüências são a falta de coragem cívica dos
estadistas que dirigem a nação.
Sob o mesmo aspecto, pode ser visto o
terror da responsabilidade que grassa em todo o país. Nesse caso também, o
motivo inicial está na maneira por que se educa a juventude. Essa falta de
responsabilidade conta. mina toda a vida pública e encontra a sua mais alta
expressão na instituição do Parlamento.
Já na escola dá-se mais valor a
uma demonstração de remorso e de contrição do que a uma franca confissão do
erro.
Justamente porque o Estado nacionalista deve, de futuro, prestar
toda atenção ao cultivo da força de vontade e de decisão, deve implantar nos
corações juvenis, desde a meninice até a idade adulta, a alegria da
responsabilidade e a coragem de confessar as suas faltas.
Somente quando
o Estado compreender essa necessidade em toda a sua significação, poderá. depois
de um trabalho secular, ter como resultado disso um organismo nacional, não mais
composto dessas criaturas fracas que tanto contribuíram para a nossa ruína.
A instrução científica que, hoje, é o objetivo único da educação oficial
pode ser adotada pelo Estado nacionalista com algumas modificações, que podem
ser resumidas nestes três itens.
Em primeiro lugar, o cérebro infantil
não deve ser sobrecarregado com assuntos, noventa por cento dos quais são
desnecessários e cedo esquecidos.
O programa das escolas populares e das
escolas médias, é o mais anarquizado. Em muitos casos, a matéria é tão vasta que
só uma parte é conservada e essa mesmo não encontra emprego na vida prática. Do
outro lado, nada se aprende que seja de utilidade, em uma determinada profissão,
para a conquista do pão quotidiano.
Tome-se, por exemplo, na idade de
trinta e seis ou quarenta anos, o tipo normal do burocrata, que tenha feito o
curso do Ginásio ou da Oberrealschule, e faça-se um exame sobre o que ele
aprendeu na escola. Como é pouco o que ele conservou de tudo quanto lhe meteram
na cabeça!
Poder-se-á responder que a instrução ministrada na escola não
visa somente o objetivo de posse posterior de múltiplos conhecimentos mas também
o desenvolvimento da capacidade de assimilação, de raciocínio e de atenção do
cérebro. Em parte, isso é verdadeiro.
Nisso há, porém, sempre, um
perigo. O cérebro juvenil fica empanturrado de impressões que, em raríssimos
casos, consegue assimilar completamente e cuja importância, nos detalhes, não
pode perceber nem compreender. Por isso, na maioria dos casos não é o secundário
mas o essencial, que os jovens esquecem. Não é, por exemplo, compreensível que
milhões de pessoas, no decorrer de anos, sejam obrigados a aprender duas ou três
línguas estrangeiras que, só em proporções insignificantes, podem utilizar, e
que, na maioria dos casos, esquecem inteiramente. De cem mil alunos que aprendem
francês, por exemplo, talvez apenas dois mil possam encontrar utilização para
esse conhecimento, enquanto os outros para o mesmo não encontrarão nenhum
emprego, durante .toda a sua vida. Na juventude, dedicaram milhares de horas a
um assunto, sem nenhum valor para a sua vida futura. Contra mil homens, para os
quais o conhecimento dessa língua foi de alguma utilidade prática, há noventa e
oito mil que foram inutilmente submetidos ao suplício de aprendê-la, com
sacrifício completo do seu tempo.
Além disso, trata-se, nesse caso, de
uma língua da qual não se pode dizer que constitui a escola para a formação
lógica do espírito, como se dá talvez com a língua latina. Por isso, seria um
objetivo mais importante que se estudasse esse idioma apenas em suas linhas
gerais, os fundamentos de sua gramática, a pronúncia, a construção através de
exemplos modelares, etc. Isso bastaria para as necessidades comuns e, porque,
mais fácil de alcançar, de muito mais valor seria do que a aprendizagem da
linguagem falada, que nunca é completamente dominada e é cedo esquecida.
Deve evitar também o perigo de, sobrecarregando demais o cérebro dos jovens
com matérias que ficam sem ligação na memória e de que eles só conseguem
aprender as que mais despertam a sua atenção, desapareça, nos cérebros juvenis,
a diferença entre o valor e o desvalor.
O sistema de educação que aqui
esboço em largos traços será suficiente para a grande maioria dos jovens,
enquanto que os outros que, mais tarde, precisarem de uma língua estrangeira,
poderão sempre estudá-la exaustivamente, à sua livre escolha.
Assim
ganhar-se-ia o tempo necessário para a educação física e para outras exigências
mais importantes que já indiquei.
Sobretudo nos métodos atuais de
ensinar história, deve-se proceder a uma modificação racial. Poucos povos têm
tanta necessidade de aprender história quanto o povo alemão; poucos povos a
utilizam tão mal quanto o nosso. A nossa educação histórica deve ser orientada
pela nossa experiência política. Não nos devemos irritar com os miseráveis
resultados da direção da coisa pública se não estivermos resolvidos a cuidar de
uma melhor educação política. Em noventa e nove por cento dos casos, as
conseqüências do nosso atual sistema de ensinar história são as mais
deploráveis. Algumas datas e nomes, eis o que, habitualmente, fica do estudo da
história. Do mesmo não constam as linhas gerais e claras da evolução. Tudo que é
essencial, de importância, não é ensinado. Deixa-se ao maior ou menor talento
dos indivíduos a descoberta da significação do dilúvio de datas e da sucessão
dos acontecimentos. Por mais arrepiante que seja essa constatação, ela mantém-se
incontestável. Basta, para prova disso, que se leiam com atenção os discursos
dos nossos parlamentares, mesmo em um só período de sessão, sobre os problemas
políticos, até os da política externa. Pense-se em que, ao menos pela
importância de sua posição, esses parlamentares representam a elite nacional, e
que eles, em grande parte, freqüentaram as escolas secundárias e alguns até as
superiores, e compreender-se-á como é insuficiente a cultura histórica desses
homens. Se eles nunca tivessem estudado história mas possuíssem intuições
sadias, isso teria sido muito melhor e mais útil à nação.
Sobretudo no
ensino da história é que se deve tomar em consideração uma redução nos
programas. A parte mais importante é o conhecimento das linhas gerais da
evolução. Quanto mais se restringir o ensino a esse ponto de vista, tanto mais é
de esperar que os indivíduos tirem proveito dos seus conhecimentos, o que é
também de vantagem para a coletividade.
Não se estuda história somente
para saber o que aconteceu, mas para que ela possa orientar o futuro da nação.
Essa é a finalidade, o ensino da história é apenas um meio. Não se
argumente que o estudo dessas datas referentes a indivíduos seja necessário a um
fundamental estudo da história, a fim de que se possa encontrar a base para as
linhas gerais da evolução. Essa missão compete ao especialista. O tipo normal
não é, porém, o do professor. Para aquele o estudo da história deve consistir,
em primeiro lugar, em proporcionar-lhe as noções necessárias para que possa
tomar atitude em face dos acontecimentos políticos da nação. Quem desejar ser
professor que se aprofunde mais tarde nesses estudos. Esse sim terá que se
ocupar com todos os detalhes, mesmo os mais insignificantes.
Sob todos
os aspectos, o ensino atual da história é deficiente, pois para a maioria dos
indivíduos é demasiado extenso e para os especialistas muito limitado.
Enfim, a missão de um Estado nacionalista é de esforçar-se por que seja
escrita uma história do mundo em que a questão racial seja o problema dominante.
Em resumo: o Estado nacionalista racista deve resumir o ensino intelectual,
reduzindo-o ao que é essencial. Só depois disso é que se oferecerá a
possibilidade de uma educação especializada sobre bases sólidas.
A
educação geral, destinada a todos, deve ser obrigatória. O resto deve ficar ao
arbítrio dos indivíduos.
A redução dos programas e das horas de estudo
que assim se obteria, seria aproveitada em benefício da cultura física, do
caráter, da vontade, do poder de decisão. A pouca importância que as nossas
escolas, sobretudo as secundárias, hoje dão às exigências profissionais na vida
pós escolar, é evidenciada pelo fato de homens saídos de três escolas diferentes
poderem abraçar a mesma profissão. Daí se conclui que o importante é a educação
geral e não a especial. Quando se trata de casos em que um verdadeiro
conhecimento especializado torna-se necessário, os programas das nossas escolas
secundárias aparecem deficientes.
A segunda reforma que se impõe aos
nossos programas de ensino é a seguinte: Prefere-se, nos tempos de materialismo
de hoje, que a nossa educação intelectual se oriente cada vez mais no sentido de
especializações técnicas, como matemática, física, química, etc. Por mais que
isso seja necessário em uma época em que domina a técnica, que se apresenta,
pelo menos aparentemente, como constituindo as grandes características dos
nossos dias, não se deve esquecer nunca o perigo que resulta para o povo de uma
tal orientação. A educação deve sempre e cada vez mais atender às exigências
profissionais, fornecendo apenas as bases para futuras especializações.
Ao contrário, desperdiçar-se-ão forças que para a conservação do povo são
muito mais importantes que todos os conhecimentos especializados.
Não se
deve afastar o estudo da história antiga, pois a história romana, bem apreciada
nas suas linhas gerais, é e será sempre a melhor mestra não só para o presente
como para o futuro. O ideal da cultura helênica, na sua típica beleza, deve ser
aproveitado. Não se deve destruir a grande comunidade racial pelas
diferenciações entre os vários povos. A luta que hoje se agita tem o grande
objetivo de, ligando sua existência ao passado milenar, unificar o mundo
greco-romano com o germânico.
Deve-se estabelecer uma diferença bem
clara entre a educação geral e a especializada.
Uma vez que a última
ameaça pôr-se ao serviço dos argentários, a educação geral, pelo menos na sua
concepção ideal, deve continuar a servir de contrapeso àquela tendência.
Devemos nos aferrar à convicção de que a indústria, a ciência técnica e
ocomércio só podem florescer em uma sociedade que oferece, por seus elevados
ideais, as condições indispensáveis para aquele progresso, esses ideais não
consistem em egoísmo material, mas em capacidade de sacrifício e prazer de
renúncia.
A educação da mocidade tem, como mais elevado objetivo, dar ao
jovem a instrução de que, de futuro, ele precisará para os seus progressos na
vida.
Essa orientação pode ser expressa na seguinte fórmula: "O jovem
deve ser de futuro uma unidade útil na sociedade humana". Por isso não se deve
entender, porém, a sua capacidade apenas para ganhar o pão.
A
superficial educação do Estado burguês tem bases fraquíssimas. Como o Estado em
si se apresenta apenas como uma forma, é muito difícil educar homens que se
sintam com deveres para com o mesmo. Uma simples forma é fácil de destruir. A
concepção de Estado, de hoje, não possui um conteúdo. Assim sendo, tudo o que se
pode fazer em um tal Estado é promover a educação "patriótica", hoje em voga. Na
Alemanha antiga essa educação consistia em uma espécie de veneração dos pequenos
potentados regionais, o que ocasionou, logo de inicio, a não compreensão da
nação tomada em conjunto. O resultado, por parte das massas populares, foi o
insuficiente conhecimento da nossa história, por falta de percepção das linhas
gerais.
É evidente que, por esse meio, nunca se poderá chegar a
assegurar uma verdadeira grandeza nacional. Falta à nossa educação a arte de, da
evolução histórica da nacionalidade, fazer seleção de alguns nomes que se
imponham à admiração da nação, de maneira a formar um só bloco nacional. Não se
compreendeu a importância de apresentar aos olhos do povo os verdadeiros grandes
homens como grandes heróis, de concentrar sobre os mesmos a atenção geral,
criando-se assim uma opinião definida no seio das massas. Não se pôde, no trato
das diferentes matérias dos programas nacionais destinados à glória da nação,
ultrapassar o nível de uma representação material. Por isso, os brilhantes
exemplos do passado não puderam inflamar o orgulho nacional. Para aqueles isso
parecia chauvinismo. coisa de que, sob essa forma, menos se gostava. O
patriotismo dinástico pareceu mais agradável e mais fácil de executar que as
tempestuosas paixões que desperta o orgulho nacional. Com a primeira forma de
patriotismo estava-se sempre disposto a "servir", com a segunda, poder-se-ia, um
dia, dominar. O patriotismo monárquico terminou nas associações de veteranos; a
meta a que se chegaria com o verdadeiro ardor nacional era mais difícil de ser
determinada. Esse se compara a um cavalo nobre que não consente em ser montado
por qualquer. Não é de admirar, pois, que toda gente preferisse recuar ante esse
perigo. Ninguém pensou em que um dia uma guerra, com todos os seus horrores,
poderia pôr à prova a consistência desses sentimentos patrióticos. Quando ela
apareceu é que se verificou, da maneira mais terrível, a falta de um elevado
sentimento nacional. Os homens tinham cada vez menos vontade de morrer pelo seu
imperador. pelos seus reis. E a "nação" era desconhecida pela maior parte deles.
Desde que a Revolução entrou na Alemanha e desapareceu o patriotismo
monárquico, o ensino da história só visara na realidade um objetivo - mera
aquisição de conhecimentos. Esse novo Estado não precisará de entusiasmo
nacional; o que ele quer, porém, jamais conseguirá. Há poucas probabilidades de
uma permanente força de resistência em um patriotismo dinástico. Quanto à
República, o entusiasmo é ainda menor. Não, há nenhuma dúvida que o povo nunca
teria permanecido, durante quatro anos e meio, nos campos de batalha, se a
divisa então tivesse sido - pela República!
O resto do mundo vê com
simpatia essa República. Um fraco é sempre mais bem recebido pelos que dele se
utilizam, do que um indivíduo forte. Na simpatia por essa forma de Governo está,
porém, a maior crítica à mesma. O estrangeiro gosta da República alemã e deixa-a
viver, porque não se poderia encontrar um melhor aliado na obra de escravização
de nosso povo. A isso devemos o "magnífico" quadro da situação atual. Dai a
oposição a qualquer educação verdadeiramente nacional e a exaltação de heróis
fictícios que. na hora do perigo, fugiriam como lebres.
O Estado
nacionalista deve lutar pela sua existência. Não a defenderá pelo plano Dawes.
Para sua existência e garantia do seu futuro precisará daquilo a que hoje se
acredita ter ele renunciado. Quanto mais importante for a forma que assumir,
tanto maiores serão a inveja e a oposição dos adversários. A sua maior proteção
não está nas armas mas nos seus cidadãos. Não são fortalezas que o defenderão,
mas as muralhas vivas das mulheres e homens, dominados pelo mais elevado amor à
Pátria e por um fanático entusiasmo nacional.
O Estado nacionalista deve
ver na ciência um meio de aumentar o orgulho nacional. Tanto a história
universal como a história da civilização devem ser ensinadas sob esse aspecto.
Um inventor deve ser visto não só porque é inventor, mas também porque é um dos
nossos compatriotas. A admiração por todas as grandes ações deve ser combinada
ao orgulho por ser seu executor um membro de nossa Pátria. Devemos selecionar as
maiores figuras da massa dos grandes nomes da nossa história e pô-las diante da
juventude de modo tão impressionante que elas possam servir de colunas mestras
de um inabalável sentimento nacionalista.
De acordo com esses pontos de
vista, deve ser escolhida a matéria a ser ensinada nas escolas. A educação deve
ser orientada de tal maneira que um jovem, ao deixar a escola, não seja um
pacifista democrata ou coisa que o valha, mas um verdadeiro alemão, na mais
ampla acepção da palavra.
Para que esse sentimento nacionalista seja
verdadeiro e não meramente artificial, já na juventude deve-se manter no cérebro
de cada um a convicção firme de que quem ama seu povo deve prová-lo somente pelo
sacrifício de que é capaz em favor do mesmo. sentimento nacional que só visa
lucros não existe. Nacionalismo que só tem em consideração o espírito de classe
não merece esse nome. Só o fato de gritar urra! nada significa e não dará nenhum
direito ao título de verdadeiro nacionalista, se atrás disso não houver a
preocupação pela conservação de um espírito nacional sadio. Só se pode ter
orgulho de uma nação, quando, na mesma, não há nenhuma classe de que a gente
precise se envergonhar. Uma nação, porém, em que a metade vive na miséria,
trabalhada pelas maiores preocupações, ou mesmo corrompida, dá de si uma
impressão tão pouco edificante que ninguém por ela pode sentir orgulho. Enquanto
um país não aparecer como sadio de corpo e alma, o prazer de a ele pertencer não
poderá nunca atingir a esse elevado sentimento que denominamos orgulho nacional.
Mas esse orgulho só pode possuir quem conhecer a grandeza de sua Pátria.
Essa aliança íntima de nacionalismo e de espírito de justiça social deve
ser implantada já nos corações juvenis. Assim se formará, de futuro, um Estado
composto de cidadãos unidos entre si, fortalecidos, em conjunto, por um amor e
um orgulho comum a todos e que se tornará inabalável e invencível para sempre.
O pavor do chauvinismo, hoje freqüente, é uma demonstração de incapacidade
Como falta ao Estado burguês aquela força exuberante, que até parece
desagradável, o mesmo não mais está destinado a grandes ações. As maiores
revoluções da humanidade não teriam sido possíveis se as forças impulsoras das
mesmas fossem apenas virtudes burguesas inspiradas na paz e na tranqüilidade",
em vez das fanáticas e histéricas paixões pela causa defendida.
A
verdade é que o mundo passa por grandes transformações. A única questão a saber
é se o resultado final será a favor da raça ariana ou em proveito do eterno
judeu.
A tarefa do Estado nacionalista será, por isso, a de preservar a
raça e prepará-la para as grandes e finais decisões, por meio da educação
apropriada da mocidade.
A nação que primeiro entrar no campo da luta
alcançará a vitória.
O trabalho de educação coletiva do Estado
nacionalista deve ser coroado com o despertar do sentido e do sentimento da
raça, que deve penetrar no coração e no cérebro da juventude que lhe foi
confiada.
Nenhum rapaz, nenhuma rapariga deve abandonar a escola sem,
estar convencido da necessidade de manter a pureza da raça.
Assim se
estabelecerão as condições essenciais para a conservação dos fundamentos raciais
e, com isso, as condições preliminares para o posterior desenvolvimento
cultural.
Toda educação física e intelectual, em última análise,
tornar-se-ia inútil, se não pudesse ser aproveitada por uma criatura disposta e
resolvida a manter-se e a mantê-la.
Ao contrário aconteceria o que nós
alemães já hoje lamentamos, sem talvez nos darmos conta da extensão dessa
trágica infelicidade: no futuro serviríamos apenas de adubo para a civilização,
não só no sentido das limitadas concepções dos burgueses atuais, que lastimam a
perda dos indivíduos somente porque com eles se perde o Estado burguês, mas
também no sentido de que, apesar de toda a nossa ciência, nossa raça se teria
arruinado.
Enquanto nos misturarmos com outras raças elevaremos a um
nível mais elevado as raças inferiores mas desceremos para sempre da posição
elevada em que nos achávamos antes.
Sob o ponto de vista racial, essa
educação deve ser completada pelo serviço militar, que deve ser visto como a
conclusão da educação normal de cada alemão.
Embora seja grande a
importância, no Estado nacionalista, da educação física e espiritual, não o é
menos a seleção dos melhores indivíduos.
Na maioria dos casos, são os
filhos de pais bem situados na vida que são julgados aptos para uma mais elevada
educação. A questão do talento desempenha um papel secundário.
Um filho
de camponês pode ser dotado de muito mais talento do que um filho de pais que
vêm ocupando posições elevadas há muitas gerações, mesmo quando, na sua
capacidade de percepção, pareça inferior àquele.
O fato de o último
possuir maior soma de conhecimento nada tem que ver com a questão do talento,
mas tem a sua origem na variedade das impressões recebidas pela criança, como
resultado do meio mais elevado em que vive. Se o talentoso camponesinho, desde
os primeiros anos, tivesse crescido no mesmo meio, a sua capacidade de
assimilação seria outra.
Hoje talvez só existe um setor em que o
nascimento vale menos do que os dotes naturais. Refiro-me à arte. Como aqui não
se trata somente de aprender, mas tudo provém de qualidades inatas que apenas
precisam ser desenvolvidas posteriormente, a questão do dinheiro e da posição
dos pais não entra em consideração, o que prova que o gênio não depende da
posição social ou da riqueza. Os maiores não raramente têm origem em famílias
modestas. Muitos pequenos camponeses tornam-se, mais tarde, festejados mestres.
Não recomenda a profunda cultura da época que se não tenha tirado partido
dessa verdade em benefício da vida espiritual da coletividade. Pensa-se que
isso, que não se pode negar em relação à arte, não se aplica aos chamados
conhecimentos reais.
Sem dúvida pode-se acostumar os homens a umas
certas habilidades automáticas, assim como é possível, por um hábil
adestramento, levar os cães a executar trabalhos quase incríveis. Em um caso
como no outro, não é, porém, o intelecto do indivíduo que o leva à prática
dessas habilidades.
Pode-se, em qualquer hipótese, levar um talento
inferior a adquirir habilidades científicas, mas o resultado caracteriza-se
sempre pela falta de vida, de alma, tal como acontece com os animais. Pode-se,
por um certo exercício espiritual, Incutir no espírito de um homem medíocre
conhecimentos acima de medíocres, mas essa ciência mantém-se morta e estéril
Dá-se o caso de um indivíduo ser um verdadeiro dicionário vivo, mas, em todos os
momentos da vida, fracassar miseravelmente. A cada nova exigência que se lhe
apresenta ele tem que aprender de novo. esse indivíduo é incapaz de contribuir
com a menor parcela para um maior desenvolvimento da humanidade.
Essa
ciência mecânica serve admiravelmente para ser aceita pelos burocratas de hoje.
É perfeitamente compreensível que em todas as camadas sociais de uma nação
serão encontrados talentos e que o valor do saber será tanto maior quanto mais
possa ser vivificado, por essas naturezas de elite, o conhecimento morto.
Realizações criadoras só podem surgir quando se dá a aliança do saber com a
capacidade.
Como a humanidade de hoje erra nesse sentido demonstra-o um
único exemplo.
De tempos em tempos, os jornais ilustrados comunicam aos
seus leitores burgueses que, pela primeira vez, aqui ou ali, um negro tornou-se
advogado, professor, pastor, primeiro tenor, etc. Enquanto a burguesia sem
espírito fica admirada de um tão maravilhoso adestramento e, cheia de respeito
por esse fabuloso resultado da atual arte de educar, o judeu esperto compreende
que daí será possível tirar mais um aprova da justeza da teoria que pretende
inculcar no público, segundo a qual todos os homens são iguais. Não se apercebe
esse desmoralizado mundo burguês que se trata de um ultraje à nossa razão, pois
é uma criminosa idiotice, adestrar, durante muito tempo, um meio macaco, até que
se acredite que ele se fez advogado, enquanto milhões de indivíduos,
pertencentes às mais elevadas raças, devem permanecer em uma posição
inteiramente digna, se tem em vista a sua capacidade. É um atentado contra o
próprio Criador deixar-se perecerem, no atual pântano proletário, centenas de
milhares das criaturas mais bem dotadas para adestrar hotentotes e cafres.
No caso, trata-se na realidade de um adestramento, como o do cão, e nunca
de educação científica.
O mesmo cuidado aplicado em relação a raças inteligentes, daria, a cada
indivíduo, mil vezes mais depressa, idêntica capacidade de realizações.
É intolerável pensar-se que, todos os anos, centenas de milhares de
indivíduos, inteiramente sem talento, mereçam uma educação superior, enquanto
centenas de milhares de outros, dotados de grande inteligência, fiquem privados
dessa educação. Não é para se desprezar a perda que a nação com isso
experimenta. Se, nas últimas décadas, aumentou consideravelmente o número das
invenções importantes, sobretudo na América do Norte, é que ali se ofereciam,
mais do que na Europa, possibilidades de uma educação superior às camadas
populares.
Para as descobertas não basta a instrução mal digerida. É
imprescindível o talento, infelizmente, hoje em dia, na Alemanha, não se dá
nenhum valor a isso. Só as exigências imperiosas da necessidade é que
despertarão o povo a essa verdade.
Essa é outra tarefa educacional do
Estado nacionalista. Seu dever não é restringir a determinada classe social a
influência decisiva na vida da nação, mas permitir que surjam os cérebros mais
capazes e prepará-los para as mais altas e mais dignas posições. Sua obrigação é
não só dar uma certa educação ao tipo médio mas também oferecer aos verdadeiros
talentos a oportunidade de desenvolverem suas qualidades excepcionais. Deve
considerar como a sua mais imperiosa obrigação abrir as portas dos
estabelecimentos superiores oficiais a todos os talentos, sem distinção de
classes. Essa finalidade deve ser cumprida, pois só assim, das camadas dos
representantes de uma ciência morta, poderão surgir os condutores geniais da
nação.
Há uma outra razão para que o Estado deva volver a sua atenção
sobre esse assunto. As camadas intelectuais, sobretudo na Alemanha, vivem em um
mundo tão à parte, que não têm nenhuma ligação com as classes que lhes são
inferiores. Daí resultam dois péssimos efeitos: em primeiro lugar aquela classe
nem entende o povo nem por ele tem simpatias. Há tanto tempo que os intelectuais
vivem afastados da massa popular que não podem possuir a necessária compreensão
da psicologia da mesma. Tornaram-se estranhos uns para com os outros. A essas
classes superiores, em segundo lugar, falta a necessária força de vontade,
sempre menos freqüente entre os intelectuais do que na massa do povo. Graças a
Deus, a nós alemães, nunca faltou educação científica; em compensação era geral
a deficiência em força de vontade e poder de decisão. Quanto mais "intelectuais"
eram os nossos estadistas, tanto mais fracas eram as suas realizações. Nossa
preparação política para a guerra, assim como a preparação técnica, foram
insuficientes, não porque os dirigentes da nação tivessem pouca ilustração, mas,
ao contrário, porque eram super instruídos, cheios de ciência mas vazios de
intuições sadias e, sobretudo, de energia e intrepidez.
Foi uma
fatalidade que a nação alemã tivesse de lutar pela sua existência sob o governo
de um chanceler filósofo e fraco. Se, naquela época, em vez de um Batmann
Hollweg, tivéssemos por chefe um enérgico homem do povo, o sangue heróico dos
nossos granadeiros não teria sido derramado em vão. Além disso, o exagerado
intelectualismo dos nossos guias foi o melhor aliado que podiam encontrar os
pulhas da Revolução de novembro. A maneira vergonhosa por que esses intelectuais
sacrificavam o interesses nacional que lhes estava confiado, em vez de
promoverem a sua defesa pelos meios mais enérgicos, ofereceu aos adversários a
condição essencial para a vitória. Nesse assunto, a Igreja Católica oferece um
exemplo muito instrutivo, o celibato dos sacerdotes obriga-a a recrutar os seus
futuros ministros, não nas suas próprias fileiras, mas na massa do povo. Essa
importância do celibato eclesiástico passa despercebida a muita gente. Aí está a
razão da incrível força dessa instituição multissecular. Porque,
ininterruptamente, esse gigantesco exército de dignitários espirituais é
recrutado nas camadas inferiores, só por isso, a Igreja se assegura uma natural
ligação com os sentimentos do povo, como também uma soma de energia que só se
pode encontrar na massa popular. Daí resulta a impressionante vitalidade dessa
formidável organização, a sua flexibilidade, a sua inquebrantável força de
vontade.
Uma das finalidades do Estado nacional, no ponto de vista da
educação, é agir de maneira que seja possível uma perpétua renovação das classes
intelectuais pela inoculação de sangue novo vindo das classes inferiores.
É obrigação do Governo selecionar, com o maior cuidado e exatidão, do meio
de todas as classes, o material humano visivelmente capaz de pô-lo ao serviço da
coletividade.
O Estado e os seus dirigentes não existem para
possibilitar uma vida cômoda às diferentes classes mas para que essas possam
cumprir a missão que lhes está reservada. Isso, porém, só será possível se para
as posições de direção se instruírem os mais capazes, os de mais força de
vontade. Isso se aplica não só a todos os empregados públicos como aos diretores
intelectuais da nação, em todos os setores, e constitui um fator da grandeza do
nosso povo, pois assim se consegue fazer a seleção dos mais capazes e pô-los a
serviço da nação.
Se dois povos entram em concorrência, em igualdade de
condições, vencerá aquele que souber aproveitar os maiores talentos e serão
vencidos os que só cuidam da defesa de suas posições ou de sua classe, sem
nenhuma consideração à capacidade dos indivíduos.
Isso parece, no mundo
de hoje, impossível. Dir-se-á, em oposição a essa idéia, que o filho de um alto
funcionário público não deve ser operário, porque é superior a não importa que
filho cujos pais foram operários. Isso está de acordo com a idéia que hoje se
faz do trabalho manual. Por isso, o Estado nacionalista deve se esforçar por
modificar a atual concepção do trabalho. Se necessário, mesmo por uma educação
secular, deve o Estado acabar com o desprezo pela atividade física e valorizar
os homens não pela sorte de trabalho que desempenham mas pela forma e vantagens
de sua atuação.
Isso poderia parecer extravagante em uma época em que os
escrevinhadores mais sem espírito, somente porque manejam com a pena, valem mais
do que os melhores profissionais.
Essa falsa valorização, não tem
fundamento natural, mas é conseqüência da educação, e não existia outrora. Essa
situação artificial é sintoma da super materialização de nossos tempos.
Todo trabalho tem um duplo valor, um material e um ideal. O valor material
reside na importância do trabalho realizado, que se avalia pela sua significação
em relação à coletividade. Quanto maior for a utilidade coletiva de um
determinado trabalho, tanto maior será o seu valor. Isso se verifica também
quanto à avaliação material do trabalho individual, isto é, quanto ao salário. O
valor do trabalho puramente material está em função do ideal. O valor material
depende da sua necessidade; embora a utilidade material de uma descoberta possa
ser maior do que a de um serviço doméstico de todos os dias, todos vêem no mesmo
plano a importância de ambos esses serviços, desde que cada indivíduo, na sua
esfera, qualquer que ele seja, trate de se esforçar por cumprir o seu dever da
melhor maneira possível.
Por esse critério, é que se deve medir o valor
de um homem e não pelo que ele ganha.
Assim, é dever do Estado assegurar
a cada um a atividade que corresponda à sua capacidade, ou, em outras palavras,
aperfeiçoar os indivíduos capazes para os trabalhos que lhes estão reservados. A
capacidade não é, porém, somente conseqüência da educação; é uma qualidade mata,
um presente da natureza e não constitui um mérito para o indivíduo. A avaliação
pela coletividade não pode ser feita pela natureza desse trabalho, que é produto
tanto de qualidades trazidas do berço como de outras adquiridas pela educação. A
medida do valor de um homem depende da maneira por que ele cumpre a missão que
lhe confiou a coletividade. O trabalho não é a finalidade da existência humana,
mas apenas um meio para garanti-la. O homem deve continuar a educar-se, a
enobrecer-se, mas isso só será possível dentro do quadro de uma cultura geral,
cujo fundamento deve ser sempre o Estado. Para a conservação desse Estado, ele
deve trazer a sua contribuição. A forma dessa contribuição é determinada pela
natureza, cabendo ao homem, por sua diligência e honestidade, restituir à
coletividade o que esta lhe deu. A recompensa material deve depender da
utilidade coletiva do trabalho. As forças de que a natureza dotou os indivíduos
e a coletividade aperfeiçoou devem ser consagradas ao interesses geral. Não deve
ser considerado uma vergonha ser um modesto trabalhador. Vergonha é ser um
empregado incapaz que rouba o pão ao povo, é perfeitamente compreensível, porém,
que não se pode exigir de um indivíduo uma determinada tarefa, sem que ele, de
inicio, tenha sido educado para executá-la.
A sociedade de hoje, está,
porém, promovendo a sua própria ruína. Ela introduz o sufrágio universal,
tagarela sobre igualdade de direitos, não encontra, porém, fundamentos para essa
doutrina. Vê na recompensa material a expressão do valor do indivíduo, demolindo
assim as bases da mais nobre igualdade que pode existir. A igualdade não
consiste e não pode consistir nas realizações humanas em si mesmas, mas é
possível na forma por que cada homem cumpre suas obrigações, só assim, se pode,
no julgamento de valor do indivíduo, pôr de lado as diferenças da natureza,
podendo, então, cada um forjar o seu próprio valor.
Nos tempos de hoje,
em que todos os grupos humanos só se sabem apreciar pelos salários, não pode
haver um entendimento a esse respeito. Isso não é, porém, motivo para que
renunciemos às nossas idéias. Ao contrário. Quem quiser salvar esse mundo
apodrecido deve ter a coragem de mostrar as causas primárias desse mal. A
preocupação do movimento nacional-socialista deve ser esta: desprezando todos os
preconceitos burgueses reunir e coordenar todas as forças capazes de ser
aproveitadas como pioneiros da nova doutrina universal.
Certamente
levantar-se-á a objeção de que, na maioria dos casos, é difícil fazer distinção
entre o valor material e o ideal e que o menor apreço do trabalho seria
ocasionado justamente pelo menor salário. Esse pequeno apreço é, por sua vez, a
causa da menor participação dos indivíduos nas riquezas culturais da nação.
Assim, é prejudicada a cultura ideal dos homens, que nada tem que ver com o seu
trabalho. A vergonha que se sente pelo trabalho material reside nisso: como
conseqüência dos pequenos salários, desce o nível cultural do operário e com
isso se justifica o menor valor em que é tida a sua atividade.
Nisso há
muita verdade. Justamente por esse motivo, é que, de futuro, se deve evitar uma
grande disparidade de salários. Não se argumente que, assim, o resultado do
trabalho individual seria menor. Seria o mais deplorável sintoma da decadência
de uma época se o estímulo para as mais altas realizações espirituais dependesse
apenas de altos salários. Se esse ponto de vista fosse até hoje o único, então a
humanidade não teria nunca alcançado as suas grandes realizações no domínio da
ciência e da cultura. As maiores invenções, as maiores descobertas, os trabalhos
que mais revolucionaram a ciência, os esplêndidos monumentos da cultura humana,
não surgiram da caça do dinheiro. Ao contrário, a sua origem coincide, não
raramente, com a renúncia aos bens terrenos.
É possível que o dinheiro
se tenha tornado o poder dominante na vida de hoje, mas um dia virá em que os
homens venerarão outros deuses, de mais elevação.
Muita coisa hoje deve
sua existência à ânsia pelo dinheiro e pelo poder, mas nisso está incluído pouca
coisa, cujo desaparecimento deixaria a humanidade mais pobre. E uma das
finalidades do nosso movimento anunciar que virá um tempo em que se dará ao
indivíduo o que ele precisa para viver, mantendo-se, porém, o princípio de que o
homem não deve viver somente para a satisfação de prazeres materiais. Isso se
realizará, de futuro, com uma sábia graduação de salários que permita a cada
trabalhador honesto ter a certeza de poder viver uma vida ordenada e digna, como
homem e como cidadão.
Não se diga que isso é um ideal que não resistiria
à prática e jamais poderá ser atingido.
Nós mesmos não somos tão
simplórios que acreditemos na possibilidade de se conseguir restituir a
existência a uma sociedade cheia de defeitos. Isso não nos deve, porém, livrar
do dever de combater as faltas que conhecemos, abolir as fraquezas e lutar por
um ideal. A dura realidade ocasionará somente restrições a essa atividade. Por
isso mesmo, o homem se deve esforçar para atingir o objetivo final. Insucessos
não devem desviá-lo da sua finalidade, da mesma maneira que não se pode
renunciar à justiça somente porque na mesma se verificam erros, nem desprezar a
medicina porque as moléstias continuam a existir.
Devemos evitar dar tão
pouco valor à força de um ideal. Quem, nesse assunto, sentir-se desalentado,
deve lembrar-se, se já foi soldado, de um tempo cujo heroísmo era representado
pela certeza da força do ideal, o que, então, fez com que os homens se deixassem
morrer não foi a preocupação de ganhar o pão quotidiano, mas o amor da Pátria, a
fé na sua grandeza, o sentimento geral da honra da nação. Somente quando o povo
alemão afastou-se desse ideal, para seguir as promessas da Revolução e trocou as
armas pela sacola é que alcançou o desprezo geral e a miséria.
É
absolutamente necessário que se ponha, diante das vistas dos homens práticos da
República "realista" de hoje, um Estado ideal.
CAPÍTULO III - CIDADÃOS E "SÚDITOS" DO ESTADO
A instituição que
hoje erroneamente é designada pelo nome de Estado reconhece apenas duas sortes
de indivíduos: cidadãos e estrangeiros. Cidadãos são aqueles que, pelo
nascimento ou pela naturalização, gozam dos direitos de cidadania; estrangeiros
são todos os que gozam idênticos direitos em seus respectivos países. Entre
esses há os que se podem denominar "cometas", que não pertencem a nenhum Estado
e que, por isso, não têm o direito de cidadania.
Hoje, o direito de
cidadania é adquirido, em primeiro lugar, por se ter nascido dentro das
fronteiras de um determinado Estado. A raça e a nacionalidade nada têm a ver com
isso. O filho de um negro que viveu em um protetorado alemão e que está
domiciliado na Alemanha é automaticamente cidadãos do Estado alemão. Do mesmo
modo, qualquer filho de judeu, de polonês, de africano ou de asiático, pode, sem
maiores dificuldades, tornar-se cidadão alemão.
Além da naturalização
pelo nascimento existe a possibilidade da naturalização posterior. Essa
naturalização está condicionada a várias exigências, como sejam, por exemplo, as
seguintes. O candidato, quando possível, não será um arrombador de portas ou
cáften, não será suspeito à polícia, não tomará parte em política, isto é, será
um imbecil e, finalmente, não incomodará a sua nova pátria. Naturalmente, o mais
importante nesta época de realismo é a situação financeira do candidato. É uma
recomendação importante apresentar-se como um presumível futuro contribuinte
para apressar a aquisição do direito de cidadania nos tempos atuais.
Argumentos de raça de nada valem nesse caso.
Todo o processo para
adquirir o direito de cidadania em nada difere daquele por que se consegue
entrar em um clube de automóveis, por exemplo. O candidato faz seu requerimento
e, um dia, por meio dum escrito, chega ao seu conhecimento a notícia de que está
considerado cidadão alemão, o que se revestia ainda de uma forma pândega.
Participava-se ao catre em questão que "ele com aquela comunicação se tinha
tornado cidadão alemão".
Esse passe de mágica preparava um presidente da
República. O que os céus não podem fazer consegue-o o mais humilde empregado,
enquanto o diabo esfrega um olho. Com uma simples penada, um criado mongol
transforma-se, como por encanto, em alemão da melhor espécie!
O pior é
que não só ninguém se preocupava com a raça do candidato como não se cogitava
também da sua saúde.
Um indivíduo, por mais roído de sífilis que esteja,
é recebido pelo Governo de hoje como cidadão alemão desde que, economicamente,
não crie problemas financeiros ou caracterize uma ameaça política.
O
cidadão alemão distingue-se do estrangeiro porque lhe são abertas as portas para
os empregos públicos, porque, eventualmente, está sujeito ao serviço militar e
pode votar e ser votado nas eleições. Nisso está toda a diferença. Quanto à
proteção dos direitos pessoais e da liberdade, a situação dos estrangeiros é a
mesma dos alemães e, às vezes, melhor Pelo menos é isso que acontece na
República Alemã de hoje.
Sei que ninguém gosta de ouvir essas verdades,
mas o que é incontestável é que dificilmente se poderá encontrar no mundo uma
legislação tão insensata, tão louca como a nossa.
Há um país em que,
pelo menos, se notam fracas tentativas para melhorar essa legislação.
Naturalmente não me refiro à nossa modelar República Alemã mas ao Governo dos
Estados Unidos da América do Norte, onde se está tentando, embora por medidas
parciais, pôr um pouco de senso nas resoluções sobre este assunto.
Eles
se recusam a permitir a imigração de elementos maus sob o ponto de vista da
saúde e proíbem absolutamente a naturalização de determinadas raças. Assim
começam lentamente a executar um programa dentro da concepção racista do Estado.
O Estado nacionalista divide seus habitantes em três classes: cidadãos,
súditos e estrangeiros.
Só o nascimento dá, em princípio, o direito de
cidadania. Não dá, porém, o direito de exercer cargo público ou tomar parte na
política, para votar ou ser votado.
Quanto aos chamados súditos, a raça
e a nacionalidade terão sempre que ser declaradas. A esses é livre passarem
dessa situação à de cidadãos do país, dependendo isso da sua nacionalidade.
O estrangeiro é diferente do súdito no fato de ser súdito em um país
estrangeiro.
O jovem súdito da nação alemã é obrigado a receber a
educação que se ministra a todos os alemães. Ele se submete assim à mesma
educação dos nacionais. Mais tarde ele tem que se submeter à educação física
oficial e, finalmente, entra para as fileiras do exército. O serviço militar é
obrigatório. Deve abranger todos os alemães, a fim de prepará-los, física e
espiritualmente, para as possíveis exigências militares.
Depois do
serviço militar, aos jovens, inteiramente sadios, com solenidade será concedido
o título de cidadão. Esse será o mais importante documento para toda a sua vida.
Ele entra na posse de todos os direitos e goza de todas as vantagens daí
decorrentes. É preciso que se faça a diferença entre os que concorrem para a
existência e grandeza da nação e os que residem no país apenas para ganhar a
vida.
A concessão do título de cidadão exige um solene juramento em
relação à coletividade e ao Estado.
Nesse título deve ser inscrito: Deve
ser uma honra maior ser varredor de rua em sua Pátria do que rei em país
estrangeiro.
O cidadão alemão é privilegiado em relação ao estrangeiro.
Essa honra excepcional também implica em deveres. O indivíduo sem honra, sem
caráter, o criminoso comum, o traidor da Pátria, etc., pode, em qualquer tempo,
ser privado desses direitos. Torna-se, então, súdito, novamente.
As
jovens alemãs são súditas e só se tornam cidadãs depois de casadas. À mulher,
porém, que vive do seu trabalho honesto, pode ser concedido o titulo de cidadã.
CAPÍTULO IV - PERSONALIDADE E CONCEPÇÃO DO ESTADO NACIONAL
Se o
Estado nacional socialista e racista tem como sua mais importante finalidade a
formação e educação do povo, como esteio do mesmo, é óbvio que não basta somente
favorecer os elementos raciais em si, educá-los para a vida prática. Faz-se
necessário também que a sua própria organização seja estabelecida em harmonia
com esse objetivo.
Seria loucura querer medir o valor dos homens pela
raça, e, ao mesmo tempo, declarar guerra ao princípio marxista segundo o qual
"um homem é sempre igual a outro", se não estivermos resolvidos a tirar daquele
axioma todas as conseqüências. A última conseqüência do reconhecimento da
importância da questão do sangue, isto é, do fundamento do problema racial, deve
consistir em levar aos indivíduos essa convicção. Assim como eu devo estabelecer
a diferença entre os povos pela raça a que pertencem, assim também devem fazer
os indivíduos dentro de uma determinada coletividade. A afirmação de que os
povos não são iguais provoca nos indivíduos de uma nação a idéia de que nem
todas as cabeças são iguais, porque, também nesse caso, embora as partes
essenciais sejam semelhantes nas linhas gerais, nos casos individuais notam-se
milhares de pequenas diferenças.
A primeira conseqüência desse modo de
encarar o problema é também a mais elementar. Refiro-me ao trabalho de
favorecer, no seio da coletividade, os elementos de mais valor sob o ponto de
vista racial e cuidar sobretudo de sua alimentação.
Mais fácil torna-se
essa tarefa, justamente porque pode ser quase mecanicamente compreendida e
resolvida. Mais difícil é, porém, descobrir, no seio da coletividade, os
indivíduos de mais valor sob o ponto de vista intelectual e ideal e sobre eles
exercer uma influência que ponha esses espíritos superiores a serviço da nação.
Esse movimento no sentido de estimular a inteligência e a capacidade não se
pode fazer mecanicamente, é um trabalho que depende da luta diária pela vida.
Uma concepção social que se propõe, pondo de lado os pontos de vista
democráticos das massas, a entregar a terra aos melhores, aos tipos mais
elevados, não deve logicamente estimular, no seio do povo, o princípio
aristocrático, mas assegurar a direção aos mais capazes, para que esses possam
exercer a mais elevada influencia sobre esse mesmo povo. Esse trabalho não se
pode fundar sobre o princípio da maioria mas deve ser alicerçado no
reconhecimento do valor da personalidade. Quem quer que hoje acredite que um
Estado nacional-socialista-racista pode diferenciar-se dos outros Estados, com a
aplicação de meios puramente mecânicos, pela melhoria da vida econômica, etc.,
isto é, por uma melhor distribuição da riqueza, por um maior controle no
processo econômico, por salários mais compensadores, pelo combate às grandes
desproporções dos mesmos, quem assim pensar, repetimos, encontrar-se-á em um
absoluto impasse e provará não ter a mais leve idéia do que entendemos por uma
verdadeira concepção do mundo. Por esses processos acima aludidos, não se
chegará nunca a reformas profundas e radicais e de efeitos duradouros, porque
essa maneira de agir toca apenas a superfície das coisas sem preparar para o
povo uma situação que lhe dê uma segurança definitiva de poder vencer as
fraquezas, de que hoje todos sofremos.
Para mais facilmente
compreender-se essa verdade, é oportuno, mais uma vez, lançar uma vista sobre as
causas primárias da evolução da cultura humana.
O primeiro passo que,
visivelmente, levou o homem a distinguir-se do resto dos animais foi o que o
arrastou a fazer descobertas. Essas descobertas consistiam, no primeiro momento,
na astúcia, cujo emprego facilitou a luta pela vida contra os outros animais e o
êxito na mesma.
Essas descobertas primitivas não se apresentam
claramente no espírito das pessoas, porque o observador de hoje as vê apenas em
massa. Certos artifícios e espertos expedientes que o homem pode observar nos
animais aparecem simplesmente como um fato natural. Não estando, por isso, em
condições de determinar ou investigar suas causas primárias, contenta-se em
considerar essas qualidades como instintivas.
Em nosso caso, essa última
palavra nada significa.
Quem acredita em uma evolução mais elevada da
vida deve admitir que todas as manifestações dessa luta pela existência devem
ter tido um começo. Em dado momento, um indivíduo praticou uma determinada ação.
Por força da repetição, esse fato se foi tornando cada vez mais geral até, de
certo modo, passar para o subconsciente dos indivíduos e ser visto como
instintivo.
Isso se compreenderá mais facilmente em relação aos homens.
Seus primeiros atos de inteligência na luta contra os outros animais foram, com
certeza, na sua origem, atos praticados sobretudo pelos indivíduos mais capazes.
As qualidades pessoais foram, incontestavelmente, o estímulo para as decisões e
realizações que, mais tarde, foram aceitas como naturais por toda a humanidade.
Da mesma maneira, a confiança na sua própria força, fundamento atual de toda
estratégia, foi, originariamente, devida a uma determinada cabeça e, só com o
correr de muitos anos, talvez milhares, passou a ser aceita por toda gente como
perfeitamente compreensível.
O homem completou essa primeira descoberta
com uma segunda. Aprendeu outras coisas, outros processos, que pôs a serviço da
sua luta pela subsistência. Com isso começou a atividade criadora, cujos
resultados vemos por toda parte. Essas invenções materiais, que começaram pelo
emprego da pedra como arma, que levaram à domesticação dos animais. e, através
de criações artificiais, deram ao homem o fogo e, assim por diante, até as
múltiplas e espantosas descobertas de nossos dias, são evidentemente devidas à
iniciativa individual, o que se torna claro se examinarmos as descobertas de
hoje, sobretudo as mais importantes, as que mais impressionam.
Todas as
invenções que vemos em torno de nós foram o resultado do poder criador e da
capacidade do indivíduo e todas elas, em última análise, concorreram para
elevar, cada vez mais, o homem acima do nível dos outros animais, distanciando-o
dos mesmos em progressão sempre crescente.
O que, de começo, era apenas
simples artifício para auxiliar os caçadores da floresta na sua luta pela
existência, serve agora, sob a forma das brilhantes descobertas científicas dos
tempos atuais, a auxiliar a humanidade nas lutas do presente e a forjar as armas
para os embates futuros.
Todo pensamento humano, todas as invenções, em
seus últimos efeitos. servem, em primeiro lugar, para facilitar a luta do homem
pela vida neste planeta, mesmo quando a utilidade real de uma descoberta ou de
uma profunda concepção científica passa despercebida no momento. Enquanto tudo
isso auxilia o homem a elevar-se acima do nível das criaturas que o cercam, ele
fortifica cada vez mais a sua posição, tornando-se, a todos os respeitos, o rei
da criação.
Todas as descobertas são, pois, a conseqüência do poder
criador do indivíduo. Todos esses inventores constituem, quer se queira quer
não, os maiores ou menores benfeitores da humanidade. Sua atuação proporciona a
milhões de homens, meios de subsistência e recursos posteriores para a
facilitação da luta pela vida.
Se, na origem da civilização material de
hoje, vemos sempre personalidades que se completam umas às outras e sempre
realizam novos progressos, o mesmo acontece na execução e aperfeiçoamento das
coisas descobertas. Os vários processos de produção, em última análise, são
sempre obras de determinados indivíduos. O trabalho puramente teórico que, em
relação a cada pessoa, dificilmente se pode medir, e que representa a condição
indispensável para todas as descobertas posteriores, até esse trabalho é produto
individual. As massas nunca inventam, nunca organizam ou pensam por si. No
início de tudo está sempre uma atividade individual.
Uma coletividade
humana só é bem organizada quando facilita, por todos os modos possíveis, o
trabalho desses elementos criadores e utiliza-os em benefício da comunidade.
O que há de mais importante em matéria de invenções, quer se trate de
invenções de ordem material quer de descobertas no mundo do pensamento, é sempre
o fruto da força criadora de um indivíduo.
Utilizá-las em benefício da
coletividade é a primeira e a mais elevada tarefa da organização social, que
deve ser apenas o desenvolvimento desse princípio. Por isso deve livrar-se da
praga da orientação mecânica para transformar-se em uma organização viva. Deve
ser, em si mesma, a corporificação do esforço para pôr os valores individuais
acima das massas e subordinar essas àqueles.
Essa organização não deve
impedir que os valores individuais surjam do seio das massas, mas, ao contrário,
por uma ação consciente, deve promover essa evolução facilitando-a por todos os
meios possíveis. Deve partir do princípio de que a prosperidade do gênero humano
nunca é devida às massas, mas às cabeças criadoras, que, por isso, devem ser
vistas como benfeitoras da espécie.
Facilitar-lhes a mais vasta
influência está no interesses da coletividade. Esse interesses nunca será
atendido pela dominação das massas incapa7es mas Cinicamente pela direção das
almas privilegiadas pela Natureza. A áspera luta pela vida, mais do que qualquer
outra causa, concorre para o aparecimento dos indivíduos superiores. Nessa luta
muitos sucumbem, não resistem às provas, e, no fim, somente poucos aparecem como
os escolhidos.
Nos domínios do pensamento, das criações artísticas e até
nos da economia, ainda hoje esse processo de seleção se verifica sempre, embora.
no terreno econômico, encontre grandes obstáculos.
A administração do
Estado e o poder das nações representado pela sua capacidade guerreira são
dominados pelo princípio do valor pessoal. Nesse setor domina a idéia da
personalidade, a autoridade desta em relação aos que estão embaixo e a
responsabilidade dos que estão em cima.
A vida política de hoje tem cada
vez mais abandonado esse princípio natural. Enquanto toda a cultura humana não
passa de uma conseqüência da atividade criadora do indivíduo, na comunidade em
geral e especialmente entre os líderes da mesma, o princípio da maioria pretende
ser a autoridade que decide e começa gradualmente a envenenar a vida da nação,
isto é, a arruiná-la.
A ação destruidora do judaísmo em vários aspectos
da vida do povo, deve ser vista como um esforço constante para minar a
importância da personalidade nas nações que os acolhem e substituí-la pela
vontade das massas. O princípio orgânico da humanidade ariana é substituído pelo
princípio destruidor dos judeus. Assim se torna o judaísmo um "fermento de
decomposição" dos povos e raças e, em sentido mais vasto, de ruína da cultura
humana.
O marxismo aparece como a tentativa dos judeus para enfraquecer,
em todas as manifestações da vida humana, o princípio da personalidade e
substituí-lo pelo prestígio das massas. Em política, o marxismo tem. a sua forma
de expressão no regime parlamentar cujos efeitos sentimos desde as menores
células da comunidade até as posições mais eminentes do Reich. No que diz
respeito à economia, o efeito disso é o estabelecimento de uma organização que,
na realidade, não serve aos interesses do proletariado mas aos propósitos
destruidores do judaísmo internacional.
A proporção que a economia se
subtraia à atuação do princípio da personalidade, e, em lugar do mesmo, se
instalava a influência: ,das massas, perdia a oportunidade de ter a seu serviço
todas as capacidades reais e entrava em decadência inevitável.
Todas as
organizações industriais que, em vez de atenderem aos interesses dos seus
empregados, procuram ter influência sobre a própria produção, servem a esses
mesmos objetivos destruidores da economia. São nocivos à direção da coletividade
e, em conseqüência, também aos indivíduos tomados isoladamente.
A
satisfação dos interesses dos membros de uma coletividade, em última análise,
não é a conseqüência de meras frases teóricas, mas, sobretudo, de uma segurança
que no indivíduo se oferece a respeito das necessidades da vida diária e a
convicção definitiva daí resultante de que a direção geral de uma coletividade
deve atender aos interesses dos indivíduos.
Pouco importa que o
marxismo, no terreno da sua teoria das massas, aparente capacidade para tomar
sob a sua direção e desenvolver a economia existente no momento. A crítica sobre
a justiça ou injustiça desse princípio não será determinada pela prova de sua
aptidão para preparar o presente para o futuro, mas pela prova de sua capacidade
para criar uma cultura. Mil vezes poderia o marxismo assumir a direção da
economia e deixá-la progredir, o êxito dessa atividade nada provaria contra o
fato de não estar o mesmo em condições de, pelo emprego do princípio das
maiorias, criar essa cultura.
O próprio marxismo deu disso uma prova
prática. Não só nunca pôde, em parte alguma, criar uma cultura, ou mesmo um
sistema econômico próprios, como também jamais conseguiu desenvolver um sistema
já existente, de acordo com os seus princípios. Ao contrário, depois de curto
espaço de tempo, é forçado a voltar atrás e fazer concessões ao princípio da
personalidade que não pode negar nem mesmo nas suas próprias organizações.
A concepção racista deve ser completamente diferenciada desde que aquela
reconhece não só o valor da raça como o do próprio indivíduo, duas colunas sobre
que deve repousar todo o edifício. Esses são os fatores básicos na sua maneira
de encarar o mundo.
Se o movimento nacional-socialista não compreendesse
a importância fundamental dessa verdade, mas, ao contrário, em vez disso,
procurasse pôr remendos ao Estado atual e visse no ponto de vista das massas um
ponto de vista seu próprio, transformar-se-ia em um partido de concorrência ao
marxismo. Não teria, então, o direito de falar em uma nova doutrina.
Se
o programa social do novo movimento consistisse somente em suprimir a
personalidade e pôr em seu lugar a autoridade das massas, o Nacional-Socialismo,
já ao nascer, estaria contaminado pelo veneno do marxismo, como é o caso dos
partidos burgueses.
O Estado nacionalista racista tem que cuidar do
bem-estar dos seus cidadãos, em tudo em que reconhecer o valor da personalidade,
e, assim, introduzir, em todos os campos de atividade, aquela produtiva
capacidade de direção que só ao indivíduo é concedida.
O Estado
nacionalista deve trabalhar infatigavelmente para libertar o Governo, sobretudo
os altos postos de direção, do princípio parlamentar da maioria, para assegurar,
em seu lugar, a indiscutível autoridade do indivíduo.
Dai resultam as
seguintes noções:
A melhor forma de Governo e de constituição é aquela
que, com a mais natural firmeza, eleva aos postos de comando, de maior
influência, as melhores cabeças de uma coletividade.
Como na vida
econômica os homens mais capazes não provêm de cima mas têm que abrir o seu
próprio caminho lutando e nessa luta recebem as lições da experiência, tanto em
pequenos negócios como nas grandes empresas, não podem, por isso, as cabeças de
valor político ser descobertas de um momento para outro.
Na sua
organização, o Estado, desde os lugares mais modestos até aos postos mais
elevados da coletividade, deve basear-se no princípio da personalidade.
Não deve haver maiorias tomando decisões mas sim um corpo de pessoas
responsáveis. A palavra "Conselho" reverterá assim à sua antiga significação.
Cada um poderá ter conselheiros a seu lado, mas a decisão caberá sempre a uma
pessoa.
A razão porque o exército prussiano se pode transformar em um
admirável instrumento de grandeza do povo alemão é que, em sentido figurado, ele
representava o edifício de nossa organização nacional: autoridade e
responsabilidade.
Não nos poderemos passar, mesmo então, dessas
corporações que designamos sob o nome de parlamento. A diferença ó que seus
Conselhos serão verdadeiramente conselhos, mas a responsabilidade recairá sempre
sobre uma só pessoa, a única que tem autoridade e o direito de dar ordens.
Os parlamentos em si são necessários, antes de tudo porque neles têm
oportunidade de se afirmar os valores individuais, a que, mais tarde, se podem
confiar missões de responsabilidade.
Resulta o seguinte:
O
Estado racista, em nenhum dos setores, terá um corpo de representantes que possa
resolver por meio da maioria de votos, mas apenas Conselhos consultivos que
auxiliam o chefe escolhido e, por intermédio desse, tomarão parte nos trabalhos
e, de acordo com as necessidades, aceitarão responsabilidades incondicionais,
nas mesmas condições em que age o chefe ou presidente nas grandes questões.
O Estado racista não tolera que homens cuja educação ou ocupação não lhes
tenha proporcionado conhecimentos especiais, sejam convidados a dar conselhos ou
a julgar, o corpo representativo do Estado será dividido em comitês políticos e
comitês profissionais permanentes.
A fim de obter uma cooperação
vantajosa entre os dois haverá sobre eles um Senado permanente. Mas nem o Senado
nem a Câmara terão poderes para tomar resoluções; eles são designados para
trabalhar e não para decidir. Os seus membros individuais podem aconselhar mas
nunca resolver. Essa prerrogativa é da competência exclusiva do presidente
responsável do momento.
Esse princípio de absoluta aliança da
responsabilidade com a autoridade pouco a pouco tornará possível a escolha de um
líder, o que, hoje, é absolutamente impossível em face da irresponsabilidade do
parlamento.
Então a constituição política da nação será posta em
harmonia com a lei a que esta já deve a sua grandeza nos domínios da cultura e
da economia.
No que diz respeito à possibilidade de pôr em prática essa
doutrina, devo lembrar que nem sempre o princípio da maioria de Votos dos
parlamentos democráticos governou o mundo. Ao contrário, esse princípio só é
encontrado em pequenos períodos da história e esses são sempre períodos de
decadência das nações ou dos Governos.
Em todo caso, ninguém imagine que
providências puramente teóricas, partidas de cima, possam provocar essa mudança,
desde que, logicamente, a mesma não se pode limitar à constituição de um Estado
mas toda a legislação e, na realidade, toda a vida da nação, devem por ela ser
influenciadas.
Uma tal revolução só poderá e só virá a realizar-se por
meio de um movimento inspirado naquela idéia e que traga em si a semente do novo
Estado.
Assim o movimento nacional socialista hoje deve-se identificar
com aquela idéia e pô-la em prática em sua organização própria, de maneira que
não só possa guiar o Estado no bom caminho mas também preparar todo o corpo da
nação, assim melhorada, a receber a nova ordem de coisas.
CAPÍTULO V - CONCEPÇÃO DO MUNDO E ORGANIZAÇÃO
O Estado
nacionalista, que tentei pintar em linhas gerais, não surgirá apenas do
conhecimento das suas necessidades. Não basta saber que aspecto um tal Estado
deverá assumir. Muito mais importante é o problema da sua formação. Não se pode
esperar que os partidos atuais, que são os maiores aproveitadores do Estado,
mudem de atitude por sua própria iniciativa. Isso é absolutamente impossível,
uma vez que seus verdadeiros chefes são todos judeus.
A evolução por que
passamos terminará um dia, se não lhe opusermos obstáculos, nesta, profecia
judaica: o judeu, na realidade, devorará os povos da terra e tornar-se-á senhor
dos mesmos.
Perfeitamente consciente dos seus objetivos, o judeu
defende-os de maneira irresistível, nas suas relações com milhões de alemães
proletários e burgueses, os quais caminham para a destruição, principalmente
devido á sua covardia, aliada à indolência e à estupidez.
Os partidos
sob a sua direção não podem fazer outra coisa que não seja combater por seus
interesses e nada têm de comum com o caráter das nações arianas.
Se se
deve fazer uma tentativa para realizar o ideal de um Estado nacionalista, devem
ser postos de parte os que agora controlam a vida pública e deve-se procurar uma
nova força resoluta e capaz de tomar a si a luta por esse ideal.
A
primeira tarefa nesse combate não é a criação de uma nova concepção do Estado,
mas a remoção das concepções judaicas atuais. Como acontece freqüentemente na
história, a principal dificuldade não está em encontrar os moldes do novo estado
de coisas mas em abrir caminho para instalá-los. Preconceitos e interesses
dispõem-se em falanges cerradas procurando evitar por todos os meios a vitória
de uma nova idéia que vejam como desagradável e ameaçadora.
Por isso, o
combatente por um novo ideal dessa natureza é infelizmente forçado, de maneira
veemente, a começar a luta pela parte negativa que deve terminar pela remoção
das instituições em vigor.
A primeira arma de uma nova doutrinação que
se inspire em grandes princípios, por mais que isso possa desagradar a certos
indivíduos, deve ser o exercício da mais forte critica contra aqueles que estão
na liderança da sociedade.
De observações superficiais sobre a história
dos povos costuma-se chegar à conclusão de que a evolução dos mesmos, de nenhum
modo, é devida à crítica negativa mas ao trabalho construtivo. Essa cegueira
"popular", infantil e sem sentido, é uma prova de como, nessas cabeças, até os
acontecimentos dos dias de hoje passaram sem deixar vestígios.
O
marxismo possui um objetivo e também conhece a atuação construtora (somente,
porém, quando se trata de estabelecer o despotismo do capitalismo internacional
judeu), mas nem por isso ele deixou de exercer a critica, durante sessenta anos,
aliás uma crítica demolidora e dissolvente que se prolongou até que o antigo
Estado, corroído pelo acido dessa crítica, foi arrastado à ruína. Só então,
começou o seu chamado peno. do "construtivo". Isso era compreensível, justo e
lógico. Uma situação existente não pode ser posta à margem pela simples
anunciação de um novo estado de coisas. Não é admissível que os adeptos ou
interessados na manutenção do statu quo se convertessem ao novo movimento
simplesmente porque se proclamasse a sua necessidade. Ao contrário, acontece
freqüentemente que as duas situações continuam uma ao lado da outra e, então, a
chamada concepção do mundo transforma-se em partido, não podendo jamais
elevar-se acima do nível das facções.
Uma doutrina universal é sempre
intolerante e não se contenta em representar o papel de um "partido ao lado dos
outros", mas insiste em ser por todos reconhecida e em impor uma nova maneira de
encarar a vida pública, de acordo com os seus pontos de vista. Por esse motivo,
não pode tolerar a continuação de uma força representando a situação anterior,
O mesmo acontece com as religiões.
O cristianismo não se satisfez
em erigir os seus altares, mas viu-se na contingência de proceder à destruição
dos altares dos pagãos. Só essa fanática intolerância tornou possível construir
aquela fé adamantina que é a condição essencial de sua existência.
Pode-se fazer a objeção de que, na história da humanidade, esse fato é
característico do modo de pensar dos judeus e que a intolerância e o fanatismo
são a sua razão de ser. Essa objeção pode ser muito justa e pode-se até lamentar
essa realidade e constatá-la com tristeza na história humana. Isso, porém, não
impede que ainda hoje se verifique o mesmo fenômeno.
Os homens que
querem salvar o nosso povo da atual situação não devem quebrar a cabeça sobre se
as coisas se deveriam passar dessa ou daquela maneira, mas devem tentar os meios
para demover os obstáculos do presente.
Uma doutrina universal que se
caracteriza por sua infernal intolerância só será destruída por outra inspirada
no mesmo espírito, mantida pela mesma vontade de ferro, baseada, porém, em
idéias mais puras e mais verdadeiras.
Cada um pode hoje, com tristeza,
constatar que, no tempo antigo, de muito mais liberdade, o primeiro terror
espiritual se verificou por ocasião do aparecimento do cristianismo. Não se
contestará, porém, o falo de que o mundo, desde aquele tempo, foi torturado e
dominado por essa intolerância e que só se vence um terror com outro terror. Só,
então, pode-se iniciar a obra de construção.
Os partidos políticos estão
sempre prontos a assumir compromissos, ao contrário do que acontece com as
concepções universais. Aquelas entram em acordo com os seus adversários, essas
proclamam-se infalíveis.
Os partidos políticos, de começo, também
acariciam a esperança de exercer uma autoridade despótica. Eles sempre
apresentam ligeiros traços de uma concepção mundial. A estreiteza dos seus
programas priva-os do heroísmo que uma doutrina universal exige. A capacidade de
conciliar atrai para o seu seio os espíritos fracos e com esses nenhuma
verdadeira cruzada pode ser levada a efeito. Assim ficam desde cedo reduzidos às
suas mesquinhas proporções. Por isso, não tentam a luta por uma renovação de
concepções, mas, em vez disso, por uma "colaboração positiva", visam apenas
conquistar um lugarzinho na gamela das comidas e ai permanecer por muito tempo.
Nisso consiste todo o seu esforço.
Quando, por um forte e inteligente
concorrente à pensão, eles são expulsos da manjedoura, concentram toda sua
inteligência e esforços para, por meio da força ou da astúcia, de novo entrar
nas primeiras filas dos seus companheiros famintos, e, embora com o sacrifício
das suas mais sagradas convicções, gozar as delícias das comidas.
Chacais da política!
Como uma doutrina mundial nunca entra em
acordo com uma segunda, assim também não poderá colaborar em uma situação pela
mesma condenada, mas, pelo contrário, sente-se no dever de combatê-la e combater
também todas as idéias adversas, preparando, assim, a derrocada das mesmas.
Logo que essa campanha demolidora, cujo perigo por todos será imediatamente
reconhecido, encontrando por isso resistência geral, inicia também sua ação
positiva, destinada a assegurar o êxito das novas idéias, então fazem-se
necessários lutadores resolutos. Um tal movimento só levará à vitória as suas
idéias se ao mesmo se unirem os mais corajosos e mais eficientes elementos do
momento, em uma organização com capacidade para a luta. Para isso é, porém,
indispensável que essa organização, tomando em consideração esses elementos,
escolha certas idéias e lhes dê uma forma que, de maneira precisa e incisiva,
seja a apropriada a servir de dogma à nova sociedade.
Enquanto o
programa de um novo partido político consiste apenas em uma receita para o
triunfo nas eleições, o programa de uma nova doutrina deve se traduzir na
fórmula de uma declaração de guerra contra uma ordem de coisas existente, em uma
palavra, contra as atuais maneiras de compreender o mundo.
Não é
necessário que cada lutador, individualmente, tenha conhecimento completo de
todas as idéias e do processo mental dos líderes do movimento. Muito mais
necessário é que se lhe esclareçam certos pontos de vista de conjunto e as
linhas essenciais capazes de provocar um entusiasmo permanente, de maneira que
cada um se compenetre da necessidade da vitória do movimento em que está
empenhado. É o mesmo que acontece com o soldado na tropa, o qual nunca está ao
par dos altos planos estratégicos. Quanto mais é ele educado em uma disciplina
rígida, quanto maior é o seu fanatismo a respeito do direito e da força da sua
causa, tanto mais se entrega de corpo e alma à mesma. Assim acontece com o
adepto de um movimento de grandes proporções, de grande futuro e que exige
grande força de vontade.
Tão pouco valeria um exército em que os
soldados fossem todos iguais aos generais, pela sua educação e pela sua
sagacidade, como um movimento político baseado em uma, concepção mundial, que se
compusesse apenas de um conjunto de "homens de espírito". São absolutamente
necessários os soldados, sem os quais não se pode conseguir a disciplina.
Está na natureza de uma organização de combate que ela só pode subsistir se
a sua direção, inspirada em idéias elevadas, servir a - uma massa de indivíduos
que nela se enfileiram por motivos sentimentais.
Um grupo de duzentos
homens, iguais quanto à capacidade intelectual, com o tempo, seria mais difícil
de disciplinar do que um de cento e no. venta homens menos capazes e de dez
tipos superiores.
Dessa verdade a social-democracia tirou outrora as
maiores vantagens. Ela se aproveitou dos que se haviam licenciado do serviço do
exército, já acostumados à disciplina e saídos das vastas camadas populares, e
submeteu-os sua rígida disciplina partidária. A sua organização se apresentava
como um exército de soldados e oficiais. Os operários que deixavam o serviço
militar eram os soldados do partido, o intelectual judeu era o oficial, os
empregados de fábricas o corpo de suboficiais.
O que a nossa burguesia
sempre olhou com indiferença, isto é, a verdade segundo a qual ao marxismo só se
ligam as classes iletradas, era. na realidade, a condição sine qua non para o
êxito do mesmo. Enquanto os partidos burgueses, na sua intelectualidade
superficial, nada mais representavam do que um bando incapaz e indisciplinado, o
marxismo, com um material humano intelectualmente inferior, formou um exército
de soldados partidários que obedeciam tão cegamente aos seus dirigentes judeus
como outrora aos seus oficiais alemães.
A burguesia alemã, por julgar-se
superior, nunca se preocupou seriamente com os problemas psicológicos, não
julgou necessário, nesse caso, refletir sobre a importância desse fato e o
perigo que nele se ocultava. Acreditava-se, ao contrário, que um movimento
político que se compunha de elementos recrutados nos círculos intelectuais só
por esse fato era de mais valor e tinha mais direito e mesmo mais probabilidade
de alcançar o Governo do que um simples movimento de massas sem instrução.
Não se apercebeu de que a força de um partido político não repousa em uma
intelectualidade elevada e independente dos seus adeptos, mas sobretudo na
obediência disciplinada com que a direção intelectual assegura a vitória. Quem
decide é a própria direção.
Quando dois corpos de tropa lutam um contra
o outro, não vence aquele em que cada soldado recebeu uma perfeita educação
estratégica, mas sim o que dispõe da melhor direção e, ao mesmo tempo, das
tropas mais disciplinadas, mais cegas na sua obediência e mais treinadas. Isso é
um ponto de vista fundamental que, no cálculo das possibilidades para a
conversão de uma doutrina em realidade, devemos sempre ter em mente. Se, para
levarmos essa doutrina à vitória, temos que nos transportar ao terreno da luta,
logicamente o programa do movimento deve ter em consideração o material humano
de que se pode dispor.
Quanto mais inalterável for o objetivo a ser
conseguido, quanto mais dogmáticas forem as idéias fundamentais, tanto mais
psicologicamente justo deve ser o programa de aliciamento das massas, sem o
auxilio das quais as idéias mais elevadas ficam sempre no terreno da teoria.
Para que o programa racista-nacionalista possa emergir dos vagos anseios de
hoje para tornar-se uma realidade, é preciso que se selecionem, dentro de suas
largas concepções, certas idéias mestras bem definidas que, por sua
significação, sejam apropriadas a atrair e conseguir a adesão de vastas massas
populares, justamente aquelas que podem assegurar o êxito da grande luta de
finalidade universal. Referimo-nos ao proletariado alemão.
Com esse
objetivo, o programa do novo movimento foi sintetizado em vinte e cinco
proposições principais destinadas a orientar a luta. Essas teses são destinadas,
antes de tudo, a dar ao homem do povo uma idéia geral das intenções do
movimento. São por assim dizer, uma declaração de fé política, que, de um lado,
serve à causa e, do outro, visa unir em um bloco sólido os adeptos do movimento
por um compromisso por todos entendido.
Assim, não devemos nunca
abandonar o seguinte aspecto da questão. Como o programa do movimento, na sua
mais alta finalidade, é absolutamente justo mas deve atender ao momento
psicológico, com o correr dos tempos, pode-se chegar à convicção de que os
indivíduos compreendem mal certas proposições e que receberiam melhor outro
programa. Toda tentativa de modificação nesse sentido é, porém, fatal. Com isso,
entregar-se-ia à discussão o que se deveria conservar inabalavelmente firme. Uma
vez que qualquer ponto do dogma político é afastado, não se chegará a produzir
um novo, melhor e mais conforme com o programa mas, ao contrário, marchar-se-á,
através de discussões sem fim, para o caos geral.
Nessa situação,
deve-se sempre procurar saber o que é mais conveniente, se uma nova fórmula,
embora melhor, que ocasiona a decomposição do movimento, ou uma que, não
obstante não ser perfeita, no momento corporifica-se em uma nova organização
inquebrantável, centralizada. Do exame mais superficial ressalta a vantagem da
última hipótese. Como nessas modificações do programa trata-se apenas de uma
questão de forma, elas parecerão sempre possíveis ou desejáveis.
Devido
à superficialidade dos homens, há o perigo de acabarem estes por considerar a
fórmula do programa como a finalidade real do movimento.
Diminuem,
assim, a vontade e a força no combate pela idéia, e a atividade que se devia
empregar na propaganda externa gasta-se inutilmente em lutas internas sobre
questões de programa.
Tratando-se de uma doutrina sã, em suas linhas
gerais, é menos prejudicial insistir em uma determinada concepção, mesmo quando
não corresponda perfeitamente à realidade, do que tentar melhorá-la, abrindo a
discussão sobre os princípios básicos do movimento que devem ser considerados
como inalteráveis. Daí só poderão resultar as piores conseqüências, entre as
quais a impossibilidade de vitória do movimento.
Como é possível
inspirar aos indivíduos a fé cega na excelência de uma doutrina, quando
modificações constantes no programa de propaganda da mesma desenvolvem a
incerteza e a dúvida?
O essencial de um movimento não está nas
aparências externas mas no âmago das suas concepções e, nesse campo, nada deve
ser modificado. Devemos todos desejar que, no seu próprio interesses, o
movimento mantenha a sua força para todos os combates, evitando qualquer
iniciativa que ponha em evidência divisões e falta de entendimento mútuo.
Também nessa questão muito se pode aprender com a Igreja Cató1ica. Apesar
de suas doutrinas estarem - aliás, sob certos aspectos, desnecessariarnente - em
muitos pontos, em colisão com a ciência exata e o espírito de investigação, a
Igreja não sacrifica uma virgula dos seus princípios. Com muita sabedoria, ela
reconheceu que seu poder de resistência não consiste em uma maior ou menor
harmonia com as conquistas científicas do momento, sempre variáveis, mas na
insistência da defesa dos dogmas que, em conjunto, expressam o caráter da fé.
Conseqüência disso é que a Igreja mantém-se mais firme do que nunca.
Pode-se profetizar que, com o tempo, cada vez conquistará maior número de
adeptos.
Quem realmente desejar com sinceridade a vitória de uma
doutrina racista deve reconhecer que, para a consecução de um tal resultado, é
indispensável, primeiro, que o movimento se revele capaz para a luta, mas só se
manterá se tiver como fundamento um programa inalterável e firme. Esse programa
não deve fazer concessões exigidas pelo espírito publico em determinado momento,
mas manter, para sempre, a fórmula julgada boa ou pelo menos até à hora da
vitória. Antes disso, provocará a desagregação qualquer tentativa que tenha por
fim modificar a finalidade de um ou outro ponto do programa e terá como
conseqüência a destruição do espírito de decisão e da capacidade para a luta, à
proporção que seus adeptos se empenham em discussões internas.
Acrescente-se a isso que uma "reforma" executada hoje, já amanhã poderia
ser destruída por novas críticas para, no dia seguinte, encontrar-se uma mais
vantajosa.
Quem entra nesse caminho, toma uma estrada livre da qual,
porém, só se conhece o começo. O ponto terminal perde-se em horizontes sem fim.
Essa importante noção deve ser utilizada pelo novo movimento
nacional-socialista. O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães,
com o seu programa de vinte e cinco teses, aceitou uma base que deve ser mantida
inalterável.
A missão dos adeptos do movimento, os de hoje como os do
futuro, não é criticar e alterar essas teses essenciais mas considerar do seu
dever empenhar-se na sua defesa. Ao contrário, as próximas futuras gerações, com
o mesmo direito, dissipariam as suas forças nessa atividade interna, em vez de
atrair para o seio do partido novos adeptos, novas forças. Para a maior parte
dos nossos correligionários a essência do movimento deve estar menos na letra
das teses do que no espírito que podemos lhes emprestar.
A essa noção o
novo partido deveu de inicio o seu nome, de acordo com a mesma foi organizado o
seu programa e nela se fundamenta o processo do seu desenvolvimento. Para se
conseguir a vitória das idéias racistas, deve-se organizar um partido popular,
um partido que não se componha somente de guias intelectuais mas também de
proletários.
Sem uma organização forte, qualquer tentativa para promover
a realização de idéias no seio do povo será sem conseqüências, hoje como de
futuro.
Só assim o movimento terá não só o direito mas também o dever de
considerar-se como pioneiro e representante dessas idéias.
As idéias
básicas do movimento Nacional Socialista são nacionalistas, assim como as idéias
nacionalistas são também do Partido Nacional Socialista. Para a vitória do
Partido Nacional Socialista é preciso que ele adira absolutamente a essas
convicções. É seu dever e direito proclamar, da maneira mais incisiva, que é
inadmissível qualquer tentativa de representar a idéia nacionalista fora dos
limites do Partido e que, na maioria dos casos, essa tentativa não passa de
embuste.
Se alguém fizer ao movimento a censura de que o mesmo age, como
se tivesse "monopolizado" a idéia racista nacionalista, deve-se-lhe dar apenas a
seguinte resposta: Não só a "monopolizou" como a criou para o seu uso.
O
que até hoje existia, em matéria de organização partidária, não estava em
condições de exercer a menor influência sobre a sorte do nosso povo, pois a
todas as idéias em voga faltava uma exteriorização clara, um plano uniforme.
Tratava-se, na maioria dos casos, de noções mais ou menos justas, que não
raramente se contradiziam e que nenhuma ligação íntima tinham umas com as
outras. Mesmo, porém, que houvesse a união a que nos referimos, essas idéias,
por sua fraqueza, nunca teriam sido suficientes para, com elas, se organizar um
movimento.
Se hoje, todas as associações e pequenos grupos, e até
"grandes partidos" reclamam para si a denominação de nacionalistas, devemos ver
nisso a influência do movimento nacional-socialista. Sem a atuação deste, nunca
teria ocorrido a estas organizações nem mesmo mencionar a palavra nacionalista.
Esse qualificativo nada lhes teria sugerido. Ao mesmo tempo, essa concepção lhes
teria passado indiferente, o NSDAP, isto é, o Partido Nacional-Socialista dos
Trabalhadores Alemães, foi o primeiro a dar um sentido a essa palavra, que hoje
tem uma significação tão vasta e que está na boca de toda gente. Nosso movimento
demonstrou, de maneira tão eloqüente, a força da idéia nacionalista, que a
ambição está forçando os outros partidos pelo menos a pretenderem possuir
aspirações iguais.
Porque eles põem tudo o serviço de suas pequenas
especulações eleitorais, a concepção nacionalista racista não passou de um
estribilho oco, superficial, com o qual os partidos tentam rivalizar com a força
criadora do movimento nacionalista-socialista.
Só a preocupação de sua
própria subsistência e o receio da prosperidade de um movimento que se faz em
torno de uma nova concepção do mundo, cuja significação eles compreenderam assim
como o perigo de seu espírito exclusivista, obriga-os a usar essa palavra que há
oito anos eles não conheciam, há sete levavam a ridículo, há seis apontavam como
uma insensatez, há cinco combatiam, há quatro odiavam, há três perseguiam, e só
há dois anexaram ao resto do seu vocabulário, para empregá-la como grito de
guerra.
Ainda hoje mesmo, é fácil demonstrar que todos esses partidos
não têm a menor idéia do que é preciso ao povo alemão. A prova mais evidente
disso é a superficialidade com que compreendem a palavra "nacionalista".
Não menos perigosos são os partidos que se agitam em torno de idéias
aparentemente nacionalistas, fazem planos fantásticos, apoiados apenas em idéias
fixas que, em si mesmas, podem ser justas, mas, no seu isolamento, não têm
nenhuma significação para uma luta contínua em favor da coletividade e, muito
menos, para a construção de um novo estado de coisas.
Essa gente, que
fabrica um programa de idéias próprias ou de idéias resultantes de leituras, é
geralmente mais perigosa do que os inimigos declarados da concepção
nacionalista.
Na melhor das hipóteses, são teóricos estéreis, mas, na
maior parte, palradores que se limitam a destruir e que, não raramente,
acreditam que, com suas longas barbas e ademanes ultra-germânicos, poderão
disfarçar a insignificância espiritual de sua maneira de agir, de sua
capacidade.
Em contraposição a todas essas estéreis tentativas, é bom
que se rememore o tempo em que o novo partido nacional-socialista começou a sua
luta.
CAPÍTULO VI - A LUTA NOS PRIMEIROS TEMPOS - A IMPORTÂNCIA DA ORATÓRIA
Mal tínhamos terminado o primeiro grande comício de 24 de fevereiro de
1920, na sala de festas do Hofbräuhaus e já nos preparávamos para o próximo. Até
aquele momento tinha-se como quase impossível, em uma cidade como Munique, fazer
um comício de quinze em quinze dias ou mesmo uma vez por mês. No entanto, íamos
realizar um grande mitingue por semana!
Naqueles tempos, faziamo-nos
sempre esta angustiosa pergunta: O povo virá às nossas reuniões, estará disposto
a ouvir-nos? Quanto a mim, já estava firmemente convencido de que uma vez que o
povo comparecesse aos mitingues, aí permaneceria e ouviria os oradores com
atenção.
No início do movimento a sala de festas do Hofbräuhaus de
Munique tinha, para nós nacionais-socialistas, uma significação quase sagrada.
Todas as semanas ali se realizava um comício, quase sempre na mesma sala. A
concorrência era cada vez maior e a assistência cada vez mais atenta. A começar
da questão de saber a quem cabia a responsabilidade na guerra, com que ninguém
mais se preocupava, até ao tratado da paz, tudo era discutido, tudo o que de
qualquer modo, fosse necessário para a agitação em favor das nossas idéias, da
nossa finalidade. Sobretudo a critica do tratado de paz despertava grande
atenção popular. Quase tudo o que o novo movimento profetizou sobre esse
assunto, junto às massas, realizou-se depois. Hoje é fácil falar ou escrever
sobre o tratado de paz. Outrora, porém, um comício popular público composto, não
de fleumáticos burgueses, mas de operários excitados, e que tivesse por tema o
tratado de Versalhes, era considerado como um ataque à República e um sintoma de
reacionarismo, e até mesmo de tendências monárquicas. A primeira proposição
pronunciada por um crítico desse tratado era invariavelmente recebida com o
grito: "É o tratado de Brest-Litowsky?" A gritaria da multidão continuava cada
vez mais forte até atingir o auge da violência, se o orador não abandonasse a
idéia de, tentar persuadir as massas. Era de desesperar o espetáculo que então
oferecia o povo!
O povo não queria ouvir, não queria entender que o
tratado de Versalhes era uma vergonha e um opróbrio para a nação e que esse
tratado de paz que nos fora ditado traduzia-se por um verdadeiro saque. A obra
de destruição do marxismo, a sua propaganda envenenadora tinha cegado o povo. E
ninguém se poderia queixar dessa situação, tão grande era a culpa do lado dos
dirigentes. Que tinha feito a burguesia para conter essa terrível desagregação,
contrariá-la e. por uma melhor e mais inteligente propaganda, abrir o caminho
para a verdade Nada, absolutamente nada. Nunca encontrei, naqueles tempos, os
grandes apóstolos de hoje. Talvez estivessem eles fazendo conferências em
reuniões familiares, em five o' clock teas ou em outros círculos semelhantes.
Não se encontravam nunca no lugar em que deveriam estar, isto é, entre os lobos,
uivando com eles.
Eu via claramente que, para o nosso movimento, então
na infância, a questão da responsabilidade da guerra deveria ser liquidada à luz
da verdade histórica. Foi uma condição sine qua non do êxito da nossa causa o
ter proporcionado às massas a - compreensão do tratado de paz. Como, naqueles
tempos, todos viam nessa paz uma vitória da Democracia, fazia-se necessário
lutar contra essa idéia e gravar na cabeça do povo para sempre o ódio contra
esse tratado, para que, mais tarde, quando essa obra de mentiras, em formas
brilhantes, aparecesse na sua dura realidade, a lembrança de nossa atitude de
outrora servisse para conquistar para nós a confiança do povo. Já naqueles
tempos eu tinha tomado a resolução de, nas importantes questões de princípio,
nas quais a opinião pública geral tinha aceito um ponto de vista falso, tomar
uma atitude contrária, sem preocupação de popularidade. O Partido Nacional
Socialista não deve ser um esbirro da opinião pública mas senhor da mesma.
Em todos os movimentos ainda em inicio, sobretudo nos momentos em que um
adversário mais poderoso, com a sua arte de sedução, conseguiu arrastar o povo a
alguma lunática revolução ou a tomar uma posição falsa, nota-se uma forte
tentação para agir e gritar com as multidões, especialmente quando há algumas
razões, mesmo ilusórias, para assim agir do ponto de vista do partido.
A
covardia humana procura com tanto ardor essas razões que quase sempre encontrará
alguma coisa que ofereça uma aparência de justiça para, do seu próprio ponto de
vista, colaborar em um tal crime.
Tive ocasião de observar, algumas
vezes, esses casos, em que se faz - necessário desenvolver a máxima energia para
evitar que a nau do partido não navegue na corrente geral, ou melhor, não se
deixe por ela arrastar. A última vez que isso aconteceu foi quando a nossa
infernal imprensa, que é a Hecuba da nação alemã, conseguiu emprestar à questão
do sul do Tirol uma proeminência que terá sérias conseqüências para a nação
alemã.
Sem refletirem sobre a causa a que estávamos servindo, muitos dos
chamados nacionalistas, indivíduos, partidos e associações, simplesmente com
receio da opinião pública excitada pelos judeus, fizeram coro comum com o sentir
geral e, idiotamente, deram o seu apoio à luta contra um sistema que nós
alemães, especialmente na crise atual, deveríamos ver como uma brilhante
esperança nesse momento de corrupção. Enquanto os judeus internacionais, lenta
mas firmemente, tentam estrangular-nos, os soi-disants patriotas vociferam
contra um homem e um sistema .que se tinham aventurado a libertar, pelo menos um
trato do planeta, da dominação dos judeus-maçons, e a opor as forças nacionais a
esse veneno internacional. Era mais cômodo, porém, para caracteres fracos,
navegar ao sabor dos ventos e capitular ante o clamor da opinião pública. E, de
fato, tudo não passou de uma capitulação. Podem esses indivíduos, com a
falsidade e maldade que lhes é peculiar, não confessar essa fraqueza, nem mesmo
perante a sua própria consciência, mas a verdade é que só por medo e covardia da
opinião pública preparada pelos judeus consentiram em colaborar no movimento a
que nos referimos. Todas as outras razões que apresentam não passam de
miseráveis subterfúgios de quem tem a consciência do crime praticado.
Tornava-se, pois, necessário, um punho de ferro para dar outra orientação,
a fim de livrá-lo dos danos ocasionados por essa orientação. Tentar uma mudança
dessa natureza em um momento em que a opinião pública era excitada sempre no
mesmo sentido, por todas as forças, não era uma missão popular, mas, ao
contrário, extremamente perigosa, mesmo para os mais audazes. Não, é, porém,
raro na história que, nestes momentos, indivíduos se deixem lapidar por um gesto
que dará à posteridade motivos para prostrar-se a seus pés.
Com esses
aplausos da posteridade deve contar todo movimento de grande alcance e não
somente com os aplausos dos coevos. Pode acontecer que, nesses momentos, os
indivíduos se deixem entibiar. Não devem porém, esquecer de que, depois dessas
horas difíceis, vem a redenção e de que uma agitação que pretende renovar o
mundo, tem que visar mais o futuro do que o presente.
Pode-se constatar
facilmente que os maiores sucessos, os de efeitos mais duradouros, na história
da humanidade foram, geralmente, de começo, pouco compreendidos e isso porque se
contrapunham aos pontos de vista e ao gosto da opinião pública. Isso pudemos
verificar nos primeiros dias de nossa apresentação em público. Não procuramos
conquistar o favor das massas, ao contrário fomos de encontro, em tudo, aos
desvarios do povo. Quase sempre acontecia, naqueles tempos, apresentai--me em
reuniões de homens que acreditavam no contrário do que eu lhes queria dizer e
queriam o contrário daquilo em que eu acreditava. Nossa missão era, durante duas
horas, libertar dois a três mil homens das noções erradas que possuíram, por
golpes sucessivos destruir os fundamentos dos mesmos e, finalmente, atraí-los
para as nossas idéias, para a nossa doutrina.
Em pouco tempo aprendi uma
coisa importante que consistia em tirar das mãos do inimigo as armas de defesa.
Logo se tornou evidente que os nossos adversários, sobretudo tratando-se de
discussões verbais, sempre se apresentavam com um repertório certo de argumentos
que, repentinamente, usavam contra as nossas afirmações, de modo que a
uniformidade desse processo de argumentar proporcionou-nos um treno consciente e
de objetivo bem definido. Pudemos compreender o espírito de disciplina dos
nossos adversários, na sua propaganda. Hoje orgulho-me de ter descoberto os
meios não só de tornar a sua propaganda ineficiente como também de vencer os
seus próprios líderes. Dois anos depois eu era mestre nesta arte.
Em
cada discussão, o importante era ter, de antemão, uma idéia clara da forma e do
aspecto prováveis dos argumentos que se esperavam por parte dos adversários e,
mencionar, de começo, as possíveis objeções e provar a sua falta de
consistência. Assim o ouvinte, apesar das numerosas objeções que lhe tinham sido
inspiradas, pela destruição antecipada das mesmas, era facilmente conquistado
para a causa, desde que fosse um homem bem intencionado. A lição que lhe
ensinavam de cor era abandonada e sua atenção era cada vez mais atraída para a
exposição do orador.
Foi essa a razão por que, depois da minha
conferência sobre o tratado de Versalhes, dirigida às tropas, na qualidade de
"instrutor", mudei a minha orientação e comecei a falar sobre os dois tratados,
de Versalhes e de Brest-Litowsky, o último dos quais antes sempre irritava o
auditório. Depois de algum tempo, no decorrer da discussão que se seguiu à
primeira conferência, pude afirmar que o povo, na realidade, nada sabia sobre o
tratado de Brest-Litowsky e que isso era devido à bem sucedida propaganda dos
partidos políticos que apontavam esse tratado como um dos mais vergonhosos atos
de opressão da história da humanidade. À tenacidade com que essa mentira era
posta diante dos olhos das grandes massas, deve-se o fato de milhões de alemães
verem no tratado de Versalhes nada mais do que um justo castigo pelo crime que
havíamos cometido em Brest-Litowsky. Influenciados por essa propaganda, os
nossos compatriotas viam uma campanha forte contra o tratado de Versalhes como
injusta e, freqüentemente, se irritavam ou se enojavam ante qualquer tentativa
nesse sentido.
Foi por isso também que o povo se pode acostumar com a
impudente e monstruosa palavra "reparação". Por milhões de nossos compatriotas,
iludidos por uma propaganda falsa, essa mentira passou a ser vista como u